Governo brasileiro participa de reunião com negacionistas do climaTelegrama relata a primeira participação do país em reunião com alguns dos mais famosos críticos ao aquecimento global
30.jul.2019 às 12h50
Atualizado: 30.jul.2019 às 14h31
SÃO PAULO
Patrícia Campos Mello
Pela primeira vez, o governo brasileiro enviou representantes diplomáticos a uma reunião de negacionistas do clima nos Estados Unidos.
Em um telegrama ostensivo, assinado pelo encarregado de negócios da embaixada do Brasil em Washington, Nestor Forster, um diplomata relata a participação em reunião na 13ª Conferência Internacional sobre Mudança do Clima, promovida pelo The Heartland Institute em 25 de julho. O instituto defende políticas libertárias e reúne os maiores defensores da tese de que o
Estado não deve agir para mitigar os efeitos do aquecimento global
(
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/07/no-brasil-89-afirmam-que-o-planeta-esta-se-aquecendo.shtml).
Segundo o telegrama, obtido pela Folha, participaram da Conferência alguns dos maiores negacionistas do clima: “o cientista e ex-assessor da ex-primeiraministra Margaret Thatcher, Lord Cristopher Monckton; o cientista
hidrólogo Jay Lehr; e o cientista e ex-assessor para Assuntos Climáticos da Casa Branca, Myron Ebell."
Procurado, o Itamaraty afirmou: "É da natureza do trabalho diplomático informar, representar e negociar. Para dar cumprimento ao seu dever de informar, diplomatas acompanham constantemente, em seus postos no exterior, discussões mantidas na academia, em think tanks, órgãos de imprensa e com formadores de opinião".
O evento teve um depoimento em vídeo do cientista climatologista Timothy Ball,autor do livro "Human Caused Global Warming - The Biggest Deception in History (Aqeucimento global causado pelo homem – a maior fraude da história), “muito influente sobre o governo norte-americano em matéria de clima”.
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo
(
https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/11/as-teses-do-chanceler.shtml), já demonstrou ceticismo em relação ao aquecimento global. Segundo ele, há equívocos na medição de temperaturas e é “necessária uma discussão aberta e não ideológica desse tema”. “Não há um termostato que meça a temperatura global. Existem vários termostatos locais”, disse Araújo em audiência na Câmara”.
“Nos Estados Unidos, foi feito um estudo sobre estações meteorológicas, e diz que muitas estações que, nos anos 30 e 40, ficavam no meio do mato hoje ficam no asfalto, na beira do estacionamento. É óbvio que aquela estação vai registrar um aumento extraordinário da temperatura na comparação com os anos 50. E isso entra na média global."
A França sinalizou que o sinal verde do país ao acordo EU-Mercosul “depende de ações concretas e resultados" apresentados pelo governo brasileiro, e não apenas de compromissos verbais —sobretudo no que se refere à preservação ambiental. Em entrevista à Folha, o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, afirmou que um dos quesitos a serem considerados é a implantação concreta pelo Brasil das provisões do Acordo de Paris sobre o Clima (2015), que lista iniciativas para mitigar o aquecimento do planeta.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/07/governo-brasileiro-participa-de-reuniao-com-negacionistas-do-clima.shtml