Autor Tópico: Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético  (Lida 3925 vezes)

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Offline Pedro Reis

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #50 Online: 04 de Janeiro de 2020, 00:26:14 »
Abaixo transcrevo a introdução do livro "Tudo Que Você Precisou Desaprender Para Virar Um Idiota", supostamente de autoria do jornalista Álvaro Borba e da professora Ana Flávia Nerino. Supostamente suponho que seja mais do Álvaro. E falo por suposição porque na publicação o autor consta como Meteoro.doc apenas. Referência ao canal do Youtube Meteoro Brasil.

Este texto poderia ser postado em diferentes tópicos com os quais se relaciona - direta ou indiretamente - mas vou inclui-lo aqui como resposta a um comentário do Horácio, que enxerga em fóruns como este uma arma a serviço da "guerra cultural". Uma opinião com a qual não concordo e acredito que o texto abaixo parece não concordar também. Contudo o leitor pode aprender nessa leitura que diabos é essa tal de "guerra cultural", de onde veio e quem e o quê está por trás disso. E, claro, o papel das mídias sociais nisso tudo.

Porém a reflexão contida no texto caberia bem ao tópico "Nós e as Mídias Sociais", criado pelo forista Muad´Dib. Onde ele manifesta sua preocupação com o uso político destas ferramentas e lamenta que a Academia não investigue o tema com o devido interesse que deveria suscitar.

Ao ler este capítulo Muad poderá descobrir que existe sim, muito interesse. O texto cita e se apoia em vários trabalhos importantes que nos ajudam a entender como e porque as redes sociais estão causando o impacto político e ideológico que estão causando.

No entanto acredito que o livro tem muito a dizer também ao forista que perde o sono com a Nova Ordem Mundial. Que na sua imaginação viria a ser uma radical reordenação do mundo a ser imposta por uma elite extremamente poderosa agindo nas sombras. Manipulando governos, empresas, meios de comunicação e, principalmente, organismos internacionais multilaterais.

Em concatenação com essa teoria da conspiração ( e também com várias outras ), a leitura deste capítulo também seria  relevante para os que se assombram com o fenômeno do "terraplanismo" e buscam entendê-lo. De fato, o autor faz uma afirmação específica que vem ao encontro de uma tese que defendi extensamente em vários posts, em tópicos diferentes.

Também pode ajudar ao sergiomgbr a descobrir como ele mesmo veio a se tornar um bolsominion fanático. Acreditando que ideologia de gênero existe e que a esquerda quer negar as diferenças biológicas entre os sexos. Acreditando que Paulo Freire come criancinhas e que a ONU está a serviço do marxismo gramcista. Acreditando na teoria da conspiração do marxismo gramcista! Idolatrando Donald Trump, flertando com o racismo e já pondo em questão até a realidade das mudanças climáticas. Enfim, acreditando no arsenal inteiro de bobagens que enfiaram em sua cabeça pelo zap através do grupo da família.

E tudo isso apenas nos poucos meses em que ele ficou afastado do Clube Cético, sozinho e vulnerável na selva hostil das redes sociais, exposto a perigosos predadores ideológicos, de onde voltou lobotomizadamente convicto de que a atual administração seria totalmente integrada por "homens de bem tentando fazer um bom governo".

E não só o Sergio, mas até o Huxley - tão culto e inteligente - pode daqui começar a extrair subsídios para compreender porque em pelo século 21, em pleno 2020, ele foi capaz de ser abduzido por um neo-macartismo totalmente anacrônico. Provando mais uma vez que o preço da liberdade é a eterna vigilância e que ninguém está imune a ondas de insanidade coletivas.

As inserções em azul serão minhas.



E antes de que eu me esqueça: compre o livro e diga não à pirataria.

Boa leitura.




Antes de tudo, o idiota.

Um idiota é, antes de tudo, tudo mesmo, um marginal.
Originalmente, o termo ídhios era usado de maneira
depreciativa para definir aqueles que se apartavam da vida
pública na antiga Atenas: o cara abria mão da vida em
sociedade, com suas regras e anseios civilizatórios, e
automaticamente era chamado de idiota. Esse é o idiota
ancestral.

O tempo passou e o jogo virou. Antes marginalizado, o idiota agora se
apossa com facilidade das estruturas de poder. Com essas estruturas nas
mãos, constrói um mundo à sua imagem e semelhança – um mundo no qual
estamos todos condenados a viver.

Alguém pode ver aí uma prova incontestável da ascensão do idiota: de
mero marginal para um político de destaque, grande empresário, digital
influencer, milionário ou pensador pop. Mas há outra maneira de ver as
coisas, bem menos amarga.

Os idiotas que ditam os rumos de nossas vidas têm muito pouco a ver
com aqueles ancestrais e marginalizados. Um olhar atento para o termo
ídhios revela as diferenças: o significado original é “próprio, ao mesmo, a
si”. Era o ateniense que olhava e cuidava de si em oposição ao cidadão
grego, sempre integrado e dedicado às questões da cidade-estado (ou, como
os gregos chamavam, pólis). Se o cidadão era um animal político, o ídhios
era apenas um animal. Justamente por não querer saber de política, passou a
ser designado por um termo depreciativo.

No século XXI, ao contrário, os idiotas estão obcecados pela política. E
é nessa contradição entre o sujeito apartado das questões da vida pública,
mas em imensa proporção disposto a atuar diretamente sobre elas, que mora
uma explosiva combinação comunicacional. Pois o idiota agora não está
sozinho. Em grupo, em rede, conectado, ele não quer saber de política, mas
participa dela continuamente.

Os idiotas mudaram porque o próprio termo mudou, adquirindo novos
usos e assimilando novos conceitos. Aqui e agora, idiota é sinônimo de falta
de inteligência, baixo discernimento. Mas idiota – e o Aurélio e o Houaiss
concordam – também significa “pretensioso” ou “vaidoso”. A lista de
sinônimos é grande, mas mantém alguns laços com ídhios. Se o idiota
ancestral optava por renunciar ao coletivo e se dedicar à sua vida particular,
pode-se pensar que se considerava superior à coletividade rejeitada. Havia
uma vaidade ali e, aos olhos da sociedade ateniense de então, também
tolice.

Nesse ponto, o idiota ancestral e apolítico se encontra com o
contemporâneo e obcecado por política: desde sempre, o idiota é um sujeito
autocentrado, preocupado exclusivamente consigo mesmo.
O idiota era um egoísta no passado – e continua sendo. A diferença é
que, na antiga Atenas, ele ficava de fora da política. Hoje, ele é a política.
Tudo é feito por ele, para ele, em nome dele. Por isso, a prioridade absoluta
do idiota é combater qualquer filosofia ou doutrina que pregue valores
coletivos. Se há um coletivo, o idiota se sente ameaçado em seu direito
sagrado de ser idiota.

Essa é a primeira lição que foi preciso desaprender para virar um idiota:
o respeito a todos e a tudo que não está relacionado a si mesmo.
Até aqui, vimos como, por trás de cada palavra, há ideias, conceitos e
abstrações que são a matéria-prima com a qual moldamos nosso léxico e a
nossa subjetividade. A etimologia – que investiga a origem das palavras –
estuda, por tabela, a história da consciência humana.

Nas mãos da Filosofia, a etimologia tem se revelado um verdadeiro
canivete suíço: ela parece ser só um campo específico da Gramática, mas há
muitas ferramentas contidas nela. Nietzsche que o diga! Certa vez ele abriu
seu canivete etimológico e dissecou as origens dos termos bem e mal. Lá se
vão uns cento e trinta anos, e ainda debatemos o que Nietzsche escreveu.
No presente idiotizado, há quem use o mesmo instrumento para assaltar
as palavras, destituindo-as de sua riqueza histórica, seus conceitos, suas
abstrações e suas ideias acumuladas ao longo dos séculos. O assaltante
linguístico é perigoso, e a periculosidade aumenta quando ele encontra
outras armas, como a comunicação pública. Aí, ele ganha acesso a armas de
destruição em massa.

Reagir a um assalto, bem se sabe, é sempre perigoso. Sendo assim, é
prudente avisar: lendo este livro, é exatamente isso que você estará fazendo.
O lado bom é que talvez você consiga reaver coisas preciosas – talvez até
coisas que nem sabia que tinha.

A gente resolveu falar do idiota primeiro porque ele sempre acha que é
mais importante que todo o resto; e também porque quase ninguém lê os
prólogos. Dito isso, precisamos avisar que este livro é dividido em duas
grandes partes: a primeira, onde você está, apresenta as fundações do que
entendemos como os procedimentos de comunicação das teorias
conspiratórias.


[ É exatamente a análise e compreensão destes procedimentos que relacionam este texto com os vários temas e foristas que listei acima. Pode ajudar a entender como as redes sociais estão levando cada vez mais pessoas a se tornarem receptivas a teorias improváveis. ]

Estão aqui os autores que nos instigaram a escrever esta obra
e que nós acreditamos que possam funcionar como aliados na luta para
entender – e combater – a idiotice. Depois desta (longa) introdução, aí sim,
começamos a desconstruir algumas das teorias conspiratórias que, no
momento, embasam a política e a comunicação no Brasil.


[Sim, percebi lendo este livro que há muito interesse acadêmico em entender como a internet está mudando a forma de se fazer política. Entre outras coisas. ]

Faça o seu caminho entre os capítulos como quiser, mas, acima de tudo, não deixe de
questionar e buscar novas referências. Por enquanto, nós vamos tentar
desvendar um assassinato.

CAUSA MORTIS

Aconteceu nos Estados Unidos, no Brasil e em uma porção de outros
lugares: o poder político foi entregue a homens que dizem coisas até então
inadmissíveis. Nos Estados Unidos, o candidato a presidente diz que uma
minoria étnica é formada por estupradores. No Brasil, seu equivalente
tropical recomenda dar umas porradas no filho que estiver ficando “assim,
meio gayzinho”. No fim, ambos vencem suas respectivas corridas eleitorais,
não apesar de declarações como essas, mas, como veremos aqui, em função
delas.

Enquanto isso, do outro lado do mundo, há quem se compare sem
pestanejar a um ditador: “Hitler massacrou 3 milhões de judeus. Agora há
aqui 3 milhões de viciados em drogas. Eu gostaria de massacrá-los todos”,
disse o presidente das Filipinas. Qualquer dúvida a respeito da veracidade
da declaração seria reconfortante, mas o mundo não tem esse luxo. O trecho
consta na transcrição divulgada oficialmente pela presidência do país. Da
Turquia, vem um discurso presidencial segundo o qual “uma mulher que se
nega a cuidar da casa é incompleta e deficiente”. Já na Hungria, o primeiro
ministro diz que os refugiados vindos de um Oriente Médio devastado por
guerras sucessivas são um “veneno” matando a Europa lentamente.
Não costumava ser assim. Houve um tempo em que o mais comum era
que políticos optassem por discursos menos polarizadores e mais
consensuais. Fazia sentido: não queriam magoar ninguém, não por nobreza
ou consideração, mas por votos. No entanto isso mudou – do consenso
como padrão, passamos à polarização como ferramenta política.


[Por que a polarização passou a funcionar como ferramenta política? Qual o papel das redes sociais nisso? O texto apresenta mais adiante uma ótima explicação. ]

E, com as declarações propositalmente polarizadoras, vieram as
mentiras. Não que em política isso seja novidade, mas, na década em que
esse novo paradigma de liderança emergiu, as mentiras passaram a se
organizar para formar teorias conspiratórias elaboradas e complexas. O líder
dos Estados Unidos nos avisa que as mudanças climáticas são a invenção de
“uma indústria que ganha dinheiro” e sustenta com a mesma convicção (ao
menos na aparência) que a certidão de nascimento de seu antecessor foi
fraudada para esconder o fato de que ele representava interesses
estrangeiros infiltrados no país. Na Hungria, a questão migratória é
atribuída integralmente ao financista George Soros, que teria inclusive um
exército particular trabalhando para entupir a Europa de muçulmanos. No
Brasil, ministros falam em globalismo, marxismo cultural e, claro, na
ameaça sempre presente de uma ditadura comunista. No decorrer deste
livro, compreenderemos o que há por trás desses termos e o que nos permite
afirmar, mesmo diante dos mais estritos critérios metodológicos, que há aí
uma superteoria conspiratória. Por ora, as questões são outras e mais
urgentes: como isso foi acontecer? Como teorias conspiratórias passaram a
ocupar um espaço central no debate político? Ou, com o perdão antecipado
da carga dramática: como foi que a verdade morreu?

Muita gente está tentando entender o que quer que esteja acontecendo
no mundo. Não é tarefa fácil: além das ferramentas metodológicas
necessárias à análise do fenômeno, algum distanciamento histórico também
é demandado. Nesse caso, os objetos de estudo tendem a ser grandiosos
demais para serem contemplados tão de perto. Steven Levitsky, cientista
político da Universidade Harvard, faz parte desse esforço coletivo de
interpretação da realidade. Seu Como as democracias morrem foi concluído
meses antes de o Brasil ter escolhido entregar a presidência a um
representante dessa nova tendência polarizadora. Levitsky nos alerta para o
fato de que líderes que se demonstram autoritários no discurso costumam
fazer o que falam. Ao que tudo indica, embora sejam conhecidos por
descumprir promessas, os políticos costumam levar suas ameaças mais a
sério. Dessa forma, é sempre prudente considerar que um líder que diz que
este ou aquele grupo merece “porrada” eventualmente estará disposto a
transformar palavras em ação. Parece óbvio que discursos violentos
ensejem ações violentas, mas estamos precisando que alguém nos aponte
essa tendência – exatamente o que Levitsky faz. Talvez essa necessidade
seja uma das consequências mais evidentes do esvaziamento simbólico de
uma era de polarização.

Recorrendo com frequência ao trabalho deixado por Juan Linz em seu
The Breakdown of Democratic Regimes [O colapso dos regimes
democráticos], Levitsky elabora um modelo simples para identificarmos as
potenciais tendências autoritárias de um líder. O mérito de Levitsky é dar
clareza e atualidade ao texto de Linz, que nem sempre é compreendido com
facilidade. Usando Linz como ponto de partida, Levitsky elabora uma
metodologia simples e direta para a identificação de tendências autoritárias.

O teste de autoritarismo de Levitsky precisa de apenas 4 etapas para
entregar um resultado: primeiro observamos se o líder em questão rejeita as
regras do jogo democrático. Por exemplo: se alguém, ao disputar uma
eleição, diz que não aceitará o resultado em caso de derrota; isso é sinal de
autoritarismo. Em segundo lugar, precisamos ficar atentos a qualquer
discurso ou comportamento que encoraje a violência: um político que,
durante sua campanha, ensinasse uma criança a simular uma arma com as
mãos, certamente se enquadraria aqui. Na terceira etapa do teste,
observamos se o político em questão nega a legitimidade da existência de
seus adversários políticos; se ele diz, hipoteticamente, que os adversários
merecem ser metralhados, o que nunca é bom sinal, pouco importam as
qualidades morais dos adversários. Por fim, devemos reparar se o aspirante
ao cargo, em algum momento, sugere que usará seu poder para restringir as
liberdades civis de seus opositores ou prejudicá-los de alguma forma; aí
poderíamos enquadrar alguém que se dissesse capaz e disposto a acabar
com “todos os ativismos do Brasil”.

Quando olhamos para a obra de Levitsky, concluímos que há uma
tendência autoritária unindo todas aquelas declarações polarizadoras e
teorias conspiratórias.


[Há um interesse autoritário por trás de muitas teorias conspiratórias. Poderia se dizer que o fascismo é essencialmente conspiratório porque precisa iludir as pessoas sobre vários aspectos da realidade. O real então é substituído por alguma teoria da conspiração martelada na cabeça das pessoas.]

Além de abrangente, o fenômeno é perigoso: no século XXI, não é com tanques de guerra nas ruas e tiros de canhão que se mata uma democracia, mas elegendo alguém disposto a subverter as regras
do jogo. Nesse empenho, a comunicação é a ferramenta perfeita, pois é no
âmbito dos significados que reside a maior disputa por poder na atualidade.
A guerra é semântica, e mesmo os adeptos das teorias conspiratórias mais
alucinadas parecem reconhecê-la quando escolhem nominar seus esforços
para exercer poder na arena discursiva como “guerra cultural”.

A maioria de nós aprendeu na escola sobre as grandes tragédias
políticas humanas. Sabemos quando e onde ocorreu o Holocausto,
recitamos os nomes e as datas de posses de generais, decoramos os nomes
de regimes e guerras. Contudo – e não dizemos isso necessariamente como
uma crítica ao sistema de ensino, mas talvez por reconhecermos as
limitações que a imaturidade escolar nos impõe –, nos acostumamos a
pensar muito mais no que aconteceu (assim, no passado) do que no que está
acontecendo.

Como funciona o fascismo, de Jason Stanley, é outro livro que se
esforça para levar ao grande público alguma compreensão das
transformações políticas em curso. Stanley, que pesquisa na Universidade
Yale a respeito de movimentos neofascistas, destaca 10 características
fundamentais que se unem para formar o conceito escondido na palavra
“fascismo”. De história ultrajante, essa palavra é ainda pouco discutida e
conhecida em sua mecânica de produção de sentido.

Com o passar do tempo, velhas palavras podem ganhar novos
significados: o que hoje é um insulto já foi uma filosofia tida como válida,
um movimento político tido como legítimo e uma visão de mundo tida
como defensável. É só quando olhamos para trás e reconhecemos os
padrões que podemos compreender como as coisas aconteceram – e como
podem voltar a acontecer, mesmo que os movimentos não venham
convenientemente embalados com a etiqueta do fascismo. Nesse caso, ao
mostrar os 10 pilares em que o fascismo se apoia, Stanley nos permite
ponderar se essa safra de líderes polarizadores que observamos hoje pode
ou não ser chamada – para muito além do puro insulto – de fascista.
Há quem entenda o fascismo como um regime específico; outros, como
uma ideologia particular; outros, ainda, como um modo de fazer política.

Na obra de Stanley, ele aparece não apenas como ideologia, mas como uma
técnica para obter e manter o poder. Tanto quanto as características
definidoras do fascismo, os tais 10 pilares descrevem os procedimentos
adotados por essa técnica.


[Nota: quando Jason Stanley publicou seu livro o Bolsonarismo ainda não existia. Mas qualquer semelhança com fatos e personagens reais vai além da mera coincidência.]

O primeiro desses pilares consiste em despertar nas pessoas uma
nostalgia que viabilizará as etapas seguintes. Na retórica fascista, há sempre
uma busca por aquilo que Stanley chama de “passado mítico”. Ao menos na
superfície discursiva, toda política existe como um meio para promover a
volta a um determinado período histórico glorificado pelo fascista – que
invariavelmente se coloca como herdeiro legítimo desse passado patriarcal
em que ainda existia a ordem que ele quer fazer valer no presente. Se
percebêssemos no Brasil uma nostalgia nesses moldes, direcionada ao
período da ditadura militar, saberíamos que o primeiro pilar foi erguido.

O segundo pilar do fascismo é a propaganda, que se dedica a inverter as
coisas: doutrinadores falam em luta contra a doutrinação e corruptos falam
em luta contra a corrupção. Se qualquer iniciativa brasileira no sentido de
fechar os ralos por onde escorrem os recursos públicos se confirmasse como
parte de um plano de poder igualmente corrupto, teríamos a certeza da
solidez desse pilar.


[Vemos também como o discurso da "escola sem partido" está sendo pretexto para promover doutrinação ideológica nas escolas. Olavo de Carvalho esteve prestes a receber todos os meses uma pequena fortuna do contribuinte para vomitar seu besteirol aleatorio justamente na TV Escola.]

A terceira característica fascista é o anti-intelectualismo: as
universidades são hostilizadas por disseminar muita doutrinação e pouca
educação, servindo como propagadoras de todo o tipo de imoralidade. É,
portanto, parte fundamental dessa técnica encarar a universidade como
balbúrdia a ser combatida. Infelizmente, Stanley não diz se um ministro da
educação rejeitar a própria área contaria pontos extras nesse jogo.

É o quarto pilar que se relaciona de maneira direta com a nossa
pretensão de entender o esfacelamento da verdade e a presença massiva de
teorias conspiratórias no debate político. A destruição da realidade também
é fundamental. Stanley explica que a liberdade depende da realidade: sem
uma compreensão adequada da realidade, não temos qualquer capacidade
de embasar nossas decisões e ficamos perdidos. Quando o consenso sobre a
realidade é destruído e o medo de inimigos imaginários é disseminado por
meio de teorias conspiratórias, tudo que poderemos fazer é confiar em um
líder e acreditar que seus discursos são verdadeiros. Essa quarta parte
consiste, assim, em transformar as palavras do líder no único referencial
possível para a compreensão da realidade. E até faz sentido que seja dessa
forma, afinal, o fascismo é sobre lealdade – nunca sobre liberdade.

Numa quinta divisão da técnica fascista, encontramos a hierarquização
da sociedade. É aqui que o subtítulo da obra de Stanley – A política do
“nós” e “eles” – encontra sua justificativa. Aqueles que estão ou ainda
pretendem estar no comando, sempre seguidos dos que os apoiam, não
hesitam em expressar sua pretensa superioridade. Radicalizada, essa
tendência poderia chegar a ponto de um deputado dizer a uma colega de
posicionamento ideologicamente oposto que ela não é estuprada por ele
porque não merece.

O sexto pilar do fascismo é a vitimização: o grupo dominante, já
devidamente enquadrado naquele esquema de lealdade ao líder, se diz
vítima das minorias. Toda e qualquer tentativa, por mais branda que seja, de
estabelecer alguma justiça social e de promover igualdade é encarada como
uma violência cometida contra o grupo dominante. Se o Brasil em algum
momento passasse a atacar o sistema de cotas que levou negros e pobres às
universidades, então saberíamos estar diante da tentativa de erguer o sexto
pilar.

A sétima prática fundamental do fascismo é a criminalização de suas
dissidências por meio de um princípio batizado por Stanley de “Lei e
Ordem”. Aqui, qualquer questionamento ao líder ou às posições do grupo
que o cerca é visto como indício de crimes ainda maiores que o próprio
questionamento. As dissidências, criminalizadas, devem ser vigiadas, e o
líder encoraja seus seguidores a ajudá-lo nessa tarefa. Se um presidente
vence uma eleição e, ao comemorar sua vitória, diz que o concorrente logo
estará na cadeia, ele ergue o sétimo pilar instantaneamente e não importa
que fosse uma bravata. Se um ministro da educação soltasse um
comunicado incentivando estudantes de todo o país a denunciar professores
com ideias que pareçam contrárias à política governamental, talvez
poderíamos pensar que este pilar estivesse em pleno riste.

O oitavo pilar do fascismo é surpreendente apenas se considerarmos que
a política é feita de grandes questões públicas, excluindo aspectos mais
particulares de cada indivíduo. Trata-se da disseminação de uma tensão
sexual que apela para nossos medos mais íntimos. Os opositores do líder
são considerados naturalmente imorais, dados a todo tipo de prática sexual
para lá de contestável. Quando uma mamadeira erótica vira um dos assuntos
mais comentados de uma corrida presidencial, definitivamente não é um
bom sinal.

Em seu nono passo, o fascismo expande o que conquistou espalhando
tensão sexual. Em referência à Bíblia, Stanley chama esse pilar de “Sodoma
e Gomorra” e sintetiza seu significado da seguinte forma: existiria no líder e
no grupo dominante uma pureza tradicional e ancestral que se contrapõe
àquela imoralidade moderna e urbana de seus opositores. Cria-se no núcleo
do fascismo um sentido de dever: o grupo dominante precisa assumir a
liderança moral e ensinar aos seus opositores, muito hipoteticamente, que
menino veste azul e menina veste rosa.

Por último, o fascismo estabelece a noção de que qualquer um que
resista a seu domínio é um preguiçoso. Ao batizar o décimo pilar de “Arbeit
macht frei” [o trabalho liberta],[1] Stanley nos alerta para todos os horrores
que se tornam justificáveis quando julgamos que contra nós há apenas
monstros imorais e preguiçosos. Tudo começa com a acusação de que a
oposição só quer a queda do fascista para continuar na mamata.

É necessário ressaltar o papel central da destruição da realidade nisso
tudo: é só porque os seguidores do grande líder perderam qualquer contato
com a verdade que eles se rendem a seus piores ódios e temores. E pouco
importa se esses ódios e temores são exatamente os mesmos do fascismo da
primeira metade do século XX. O que importa aqui é que os métodos são os
mesmos: o ataque deliberado contra a realidade faz parte da técnica. De
fato, alguns fantasmas são recorrentes na história da humanidade; basta
lembrar que o mundo luta contra uma poderosa onda comunista que ainda
não chegou desde os anos 1950. Mas sempre há espaço para um novo
bicho-papão nos armários das mentes seduzidas pelo fascismo.

Uma síntese precisa do ideário dos líderes polarizadores – agora já
tecnicamente compreendidos como potenciais fascistas – está em O ódio
como política. Organizado por Esther Solano Gallego e publicado em 2018,
o livro reúne artigos de diferentes autores e concentra seus esforços na
tentativa de compreender o caso específico do Brasil dentro de toda essa
história. Um desses textos, “A nova direita e a normalização do nazismo e
do fascismo”, pode ser especialmente útil na medida em que traça uma
síntese das ideologias que compõem o fenômeno político que estamos
tentando compreender. Assinado por Carapanã, o artigo identifica que
“misturam-se ideais do conservadorismo, do libertarianismo e do
reacionarismo”. E mais: segundo o autor, a nova direita flerta, “de maneira
consciente ou inconsciente, com construtos que remetem ao nazismo e ao
fascismo”. Por aqui, gostamos de chamar esse tipo particular de
combinação política de “estado mínimo fio dental” ou o tradicional “liberal
na economia e conservador nos costumes”: deseja-se um estado que não
cobre a educação ou a saúde, mas que se importa sumariamente em cobrir
as partes mais íntimas dos seus cidadãos.

Nesse ponto, a percepção de diferentes autores se soma. Levitsky nos
avisa que há democracias que estão em risco porque foram entregues a
políticos interessados em subverter suas regras em nome da obtenção ou da
manutenção do poder. Stanley expõe 10 procedimentos pelos quais essas
regras são subvertidas. Por sua vez, Caparanã nos dá os argumentos
necessários para sustentar que “nova direita” é um termo adequado para
definir a coisa toda. E ele vai além, complementando a obra de Stanley, ao
nos contar o que existe de fato dentro do tal “aglomerado ideológico” que a
técnica fascista colocou em evidência. Ao observar uma recessão
democrática no cenário global, Carapanã também conta que “a atual
movimentação política tem muitos pontos em comum, algo definitivamente
favorecido pela internet”.


Offline Pedro Reis

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #51 Online: 04 de Janeiro de 2020, 00:33:07 »
E é aqui que tudo começa a ficar mais complexo. Até esse ponto,
buscamos na política – e, ingenuamente, apenas dentro dela – a causa
mortis da verdade. Talvez tecnologia e comunicação também possam ser
mencionadas no atestado de óbito. A suspeita é legítima: tudo bem que a
técnica fascista contenha dentro de si procedimentos bem estruturados para
destruir a realidade, como afirma Stanley, mas não é surpreendente que essa
técnica volte a ser bem-sucedida no exato momento histórico em que as
redes sociais consolidam sua presença dentro do instrumental usado pelas
campanhas eleitorais?

Os precedentes apontam para uma relação entre transformações sociais
e a chegada de novas tecnologias de comunicação. Basta olhar para como
Johannes Gutenberg sacudiu o mundo no século XV. Filho de um ourives,
Gutenberg deveria estar familiarizado com as habilidades técnicas
necessárias para dar forma ao metal, o que forneceu os pré-requisitos
necessários para que pudesse conceber sua grande invenção: a prensa de
tipos móveis. Em linhas gerais, o equipamento permitia que blocos
metálicos contendo letras em relevo fossem combinados numa chapa que,
besuntada em tinta e pressionada contra uma folha de papel, poderia
imprimir diferentes textos. Até então, a reprodução de um livro era o
trabalho moroso dos monges, feita à mão, com muita técnica e, claro, sob o
poder de escolha da Igreja a respeito dos temas privilegiados. Graças a
Gutenberg, do século XV em diante, os livros se tornaram mais abundantes
e, portanto, mais baratos. Renascença e revolução científica podem ser
colocadas na conta dessa nova tecnologia: ambas cresceram e se espalharam
graças à facilidade de reproduzir suas ideias. O mesmo vale para a reforma
protestante de Martinho Lutero que, ao combater a noção de pobreza como
virtude desejável, é parte do que nos levou ao capitalismo. Será que uma
revolução desse porte seria possível sem o auxílio da facilidade e
velocidade de disseminação de informação que a prensa de tipos móveis
representa?

Séculos depois, precisamente em 1895, os irmãos Lumière apresentaram
ao público seu cinematógrafo. Inicialmente, o cinema era visto como uma
curiosidade sem maiores consequências. Os próprios irmãos Lumière
chegaram a afirmar que o cinema não passava de um divertimento que logo
perderia seu encanto ao longo da história. Talvez por isso tenham dedicado
os primeiros anos da invenção ao monopólio de sua empresa, que fazia as
máquinas, registrava os filmes e controlava as exibições. Mais à frente,
abririam o mercado para outros produtores de conteúdo, o que permitiu que
gente como Georges Méliès começasse a experimentar em direções muito
diferentes dos filmes dos Lumière – e também permitiu que o cinema se
consolidasse como mercado e como cultura, para além de uma moda
passageira. E foi por isso que, em 1917, quando estourou a Revolução
Russa, o governo bolchevique percebeu que havia ali uma peça importante
para o aparato de propaganda que sustentaria o novo regime e logo tratou de
financiar e distribuir produções que propagavam seus ideais.

O que o cinema fez pelos bolcheviques, o rádio fez pelos nazistas. É
mais que simbólico o fato de o receptor de rádio mais difundido na
Alemanha de então se chamar Receptor Popular 301 (ou VE301, na sigla
original). O número 301, aqui, faz referência ao dia 30 de janeiro,
aniversário da chegada de Adolf Hitler ao poder. Não por acaso, o
ministério da propaganda buscou envolvimento direto com a produção e a
distribuição do equipamento. O Estado obrigou os três grandes fabricantes
(Telefunken, Blaupunkt e Loewe) a produzir o mesmíssimo aparelho e fixou
seu preço máximo em acessíveis 76 reichsmark.

Percebendo que o rádio permitia ao Führer e aos ideais do regime uma
presença massiva e simultânea nos lares alemães, o ministro Joseph
Goebbels, encarregado pela comunicação nazista, chegou a comparar o
advento do rádio ao da escrita. Goebbels não tinha, certamente, o mesmo
refinamento estético que Leni Riefenstahl desenvolvia no cinema
documental, demonstrado nos famosos e monumentais planos abertos de
Triunfo da vontade. A sutileza de Riefenstahl a estabeleceu como a cineasta
do regime nazista, mas também foi fundamental para que ela não fosse
acusada durante os julgamentos pós-guerra, sob a alegação de estar apenas
documentando a realidade. Mas talvez o grande trunfo de Goebbels tenha
sido perceber seu papel como agente de controle do fluxo de informação,
atuando como ampliador dos canais que permitiriam a chegada da
mensagem do partido a quem mais pudesse ser influenciado por ela. Nesse
caso, o investimento governamental no rádio permitiu que a versão do
governo para as notícias mais quentes do dia estivesse servida diariamente
na mesa de cada família alemã.

O VE301 vinha equipado apenas para captar as transmissões internas do
regime. Consta que, em 1939, o rádio estava em 12,5 milhões de residências
alemãs, embora os dados do regime sejam sempre dignos de uma prudente
desconfiança. Os proprietários do VE301 só tinham acesso às transmissões
que reproduziam o discurso nazista. Outros aparelhos, que permitiam o
acesso a conteúdo estrangeiro ou “inimigo”, eram comercializados de
maneira limitada, apesar do esforço do nazismo para combatê-los. Garantir
a presença massiva do VE301 era uma necessidade estabelecida pela
propaganda nazista, que corresponde ao segundo dos pilares descritos por
Jason Stanley. Já a pretensão de evitar que as notícias estrangeiras fossem
captadas com outros receptores certamente se apoia no quarto pilar – a
destruição da realidade.

Da mesma forma, no século XXI, alguém capaz de mobilizar um
aparato de disparo massivo de conteúdo estaria operando segundo os
mesmos princípios – seja por meio de um aplicativo de troca de mensagens,
seja instruindo seus apoiadores a consumirem informação apenas de suas
fontes selecionadas, retirando a credibilidade de todas as outras. Talvez a
verdade tenha morrido porque o fascismo – e aqui voltamos a falar de
fascismo como técnica, mais do que como regime ou ideologia – finalmente
voltou a encontrar as ferramentas necessárias para cometer o ato. Para que
essa hipótese seja válida, é necessário assumir que o fascismo nunca deixou
de estar entre nós. Se conseguiu muito do que queria só agora, foi porque a
tecnologia lhe concedeu novas possibilidades.

É claro que o entremeio entre tecnologia e sociedade não é
simplesmente uma linha reta em que a primeira induz transformações
diretas na outra. Os estudos sociotécnicos, a filosofia da técnica e a teoria
ator-rede de autores como Bruno Latour, Gilbert Simondon e Vilém Flüsser,
entre outros, nos apontam para as complexas relações entre humanos e
tecnologia. Já não podemos dizer que a tecnologia é apenas produto da
sociedade e nem que os efeitos sociais são apenas produto da tecnologia,
mas sim que uma coisa influencia a outra. Mais do que isso: aprendemos
que a tecnologia também é feita por pessoas, e que pessoas são feitas de
interesses, culturas e contextos sociais, econômicos e políticos. Quando os
interesses políticos de um determinado momento histórico encontram nas
tecnologias disponíveis uma ferramenta que os permite manipular a
realidade, o que temos é a tempestade perfeita.

A eleição de um meme, de Paulo Sérgio Guerreiro, é outra dessas obras
concebidas enquanto a ascensão disso que já foi definido aqui como “nova
direita” ainda estava em curso. O texto aparece, portanto, em meio à
construção coletiva da qual participam os autores anteriormente citados.
Guerreiro, logo no título, se mostra disposto a contemplar qualquer
articulação possível entre tecnologia, comunicação, cultura e política que
ajude a explicar o fenômeno. Focado no Brasil, o autor parece concordar
com a perenidade do fascismo cogitada anteriormente. Guerreiro contesta as
chances de que a eleição do político que ele define como um “meme” se
deva exclusivamente ao que os jornais, por meses, definiram como uma
“crise de representatividade” no sistema político. E alerta: o sistema
representativo “cumpriu bem sua função de fazer coexistir na esfera política
o racismo, a homofobia, o autoritarismo, o fanatismo e demais
características fascistas na esfera civil”. Aqui, Guerreiro parece se referir ao
que Carapanã define como o “conglomerado ideológico” do fascismo, e não
àquele fascismo concebido por Stanley. Seja como for, estamos diante da
possibilidade de que tanto o ideário fascista quanto a técnica usada para
infectar as estruturas de poder com esse ideário tenham sobrevivido até
nossos dias.

Ainda que não mencione os pilares descritos por Stanley, Guerreiro nos
alerta para as consequências de cada uma das estratégias de dominação do
fascismo. É difícil deixar de pensar sobre o quarto pilar (aquele que
presume a destruição da realidade) quando o autor tenta nos dar uma
medida da gravidade da profusão de notícias falsas: as fake news não terão
impactos “puramente eleitorais, mas também consequências científicas. A
eleição não é um fato isolado de uma sociedade política, mas sim uma ação
ligada a vários outros fatores, entre eles, a educação, o conhecimento
artístico, econômico, político, científico, filosófico, sociológico, geográfico,
matemático, biológico e físico, entre outras tantas disciplinas que poderiam
ser citadas”.



[Acompanhavam o avanço das tropas nazistas arqueólogos das SS. Estes encontravam "evidências"
da antiga ocupação por povos germânicos das estepes russas. Porém Hitler ficava contrariado
quando estas evidências eram cacos de cerâmica manufaturados em uma época em que os gregos já
construíam acrópoles. A História precisaria ser reescrita e a Ciência ser submetida à ideologia.

Atualmente estes movimentos neo-fascitas e proto-fascitas contam com o apoio de interesses diversos
que se unem pela característica comum de financiarem cruzadas anti-científicas. Sejam estes interesses religiosos, ou da indústria que lucra com os combustíveis fósseis, da indústria do tabaco, ou até do agronegócio interessado em desmatamento e no acesso a defensivos cientificamente demonstrados como nocivos à saúde.

É significativa esta aliança que se estabelece naturalmente entre ideologias negacionistas da realidade e interesses econômicos contrariados pelo consenso científico.]


É assustador que tamanha promessa de obscurantismo possa se
concretizar apenas com a eleição de um personagem que é menos um
político do que um meme; coisa que, ao menos como a internet a entende,
nasceu como uma curiosidade sem maiores consequências. Algo análogo ao
surgimento do cinema, que posteriormente se revelaria uma poderosa forma
de propaganda política – o que sugere que já poderíamos ter aprendido a
lição.

Originalmente, o termo meme surge de uma analogia entre os
funcionamentos da genética e da memória (e, por extensão, da cultura
também). Formulado em 1976 por Richard Dawkins em seu O gene egoísta,
o meme é uma unidade básica de informação, transmitida pelas mais
variadas formas de comunicação. Como os genes, que definem as
características de vários corpos físicos por meio da propagação, memes
definem culturas na medida em que se propagam. Guerreiro, no entanto, ao
nos narrar os efeitos da eleição de um meme, está se referindo à
compreensão, ainda que pouco consensual, que a internet tem do termo: “A
duplicação e a proliferação são as principais características dos memes da
internet; não há meme sem duplicação de um espaço para outro. Portanto, é
a partir dessas características que se relacionam os conteúdos de internet, e
assim foram designados memes”.

As duas visões, com efeito, se relacionam; uma enfatiza os aspectos
unitários da informação memética, enquanto a outra reconhece nas formas
de transmissão da rede o canal ideal para esse tipo de pedaço de
informação. Na internet, os memes replicam, segundo Guerreiro, “ideias
reduzidas a pequenos conteúdos”. Quanto mais síntese e quanto mais
caricatura, maior a capacidade de reprodução: “A capacidade de um texto
científico tornar-se viral é quase zero, e se acontece, não é um meme, pois
ninguém consegue reproduzir com facilidade 40 páginas de um texto
científico”. Esse é um ponto de virada importante na reflexão. Se
reconhecermos que a informação memética que circula na internet depende
de algum tipo de redução e apelo de transmissão a fim de manter o efeito
viral, talvez possamos entender por que alguns tipos de mensagens parecem
circular mais facilmente do que outros e quais as consequências disso para a
formação da cultura – ou para uma eleição.

Nesse ponto, já bem fundamentado, o título A eleição de um meme
perde um pouco da graça, mas, em compensação, ganha em precisão: é a
candidatura que se apresenta de maneira sintética e caricatural – talvez até
grosseira – que tem mais chances de se replicar no ambiente das redes
sociais digitais. Na medida em que as redes acumularam relevância dentro
dos aparatos de propaganda, foram essas as candidaturas beneficiadas. Sua
mensagem é feita sob medida para os métodos de propagação viral:
informação direta; muitas vezes cômica, outras vezes polêmica; em outras
palavras, curta e grossa.


[É me baseando neste aspecto, especificamente, que discordo do Horácio quando ele enxerga
também o formato de fórum como arma conveniente ao que chama de "guerra cultural".

A eleição de memes como Bolsonaro e Trump, assim como a disseminação de absurdos como o terraplanismo e o negacionismo climático, se aproveitam do caráter superficial e replicante que a informação adquire nas redes sociais. Características que as tornam ideais para promover a desinformação. Reforçadas ainda pelos algoritmos usados por estas mídias, que tendem a empurrar mais desinformação para quem consome desinformação e a suprimir involuntariamente o contraditório e o debate.

E além de tudo concorre para isso o chamado "efeito manada", porque a desinformação é consumida em um contexto de  compartilhamento com pessoas de um mesmo grupo, que pensam de forma semelhante e se retroalimentam em seus processos de radicalização. Devido ao "efeito manada", àqueles do grupo mais críticos em relação à informação tendem a ajustar suas opiniões de forma a melhor se integrarem ao grupo.

Por essa razão é uma lástima que o formato de fórum esteja sendo dizimado pelo advento das redes sociais. Porque o fórum não replica memes da mesma forma que o twitter, facebook, YT e similares, e nem favorece a extrema superficialidade no debate e na análise da informação.]


De maneira semelhante, poderíamos assumir que aquela incapacidade
de reduzir textos científicos a memes tenha fortalecido a presença das
teorias conspiratórias na esfera comunicacional.


[Veja, Horácio. O CC não ajuda muito a reduzir textos científicos a um meme.]

Offline Sergiomgbr

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #52 Online: 04 de Janeiro de 2020, 00:36:27 »
Mas Sergiomgbr não é bolsominion, Sergiomgbr é  sim remediominion. Ou curaminion. Qualquer coisa mesmo opostominion.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Pedro Reis

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #53 Online: 04 de Janeiro de 2020, 00:42:12 »
Tomemos como exemplo a fantasia globalista que reduz toda a complexidade da geopolítica ao embate
entre três blocos distintos: o ocidental, o islâmico e o temido bloco
comunista eurasiano prestes a aniquilar os dois anteriores. Grosseira e
imprecisa como pode ser, ela é dona de um superpoder de síntese que a
viabiliza como meme e, portanto, como peça comunicacional capaz de se
reproduzir. Se os memes replicam “ideias reduzidas a pequenos conteúdos”,
então era mesmo de se esperar que toda e qualquer redução da realidade
ganhasse prioridade na internet.


[Assim, o simplismo do Terraplanismo ou do Criacionismo, se disseminam muito mais
facilmente pela internet do que as complexas teorias científicas que precisam lidar
com a complexa realidade. Assim é fácil transformar Paulo Freire em bicho papão; muito
mais fácil do que realmente estudar para se saber alguma coisa de Pedagogia.]


Tomemos outro exemplo, a vasta obra de Antonio Gramsci. Apenas
seus Cadernos do cárcere contêm 29 volumes e justificaram a publicação
posterior de um dicionário dedicado a auxiliar o leitor na missão de
desvendar as centenas de conceitos, até então inéditos, apresentados pelo
autor. Na internet, todo esse conteúdo, que abrange diversas áreas do
conhecimento, é falsamente sintetizado no termo “gramscismo”. A
falsidade está na noção ofensiva e redutora de que o “gramscismo” não
passa de uma técnica de dominação social, associada, claro, ao globalismo –
porque internet é interação, e as teorias conspiratórias sabem muito bem
interagir entre si.

A verdade morreu porque ignoramos que havia entre nós gente disposta
a empreender todos os passos de uma técnica de dominação baseada, entre
outras coisas, na morte da verdade. Desconsideramos que havia motivação
para matá-la e, se por acaso percebemos que a motivação estava lá,
subestimamos as chances de que ela encontrasse meios de agir. Falhamos
terrivelmente nisso. A verdade morreu porque a internet, uma revolução
recebida com tanto otimismo, uma tecnologia que deveria disseminar o
conhecimento e elevar a humanidade ao próximo patamar, tem sido tudo
menos isso. Todo o potencial do maior aparato de comunicação já criado
esbarrou nas limitações de seus usuários e dos operadores dos algoritmos
que definem como o conteúdo será distribuído. A matemática Cathy O’Neil
bem avisou: “algoritmos são formas de automatizar o status quo”. Também
falhamos em nos dar conta disso.

É possível que a internet seja uma boa representação daquilo que
Garrett Hardin chamava de “tragédia dos comuns”? Num debatido artigo
para a revista Science, em 1968, Hardin argumentou que, sem que haja
algum tipo de regulação em curso, talvez os humanos não saibam se
comportar de forma sustentável em relação a bens comuns, tendendo a
destruir sistemas coletivos por pura falta de capacidade de agir de forma
não egoísta. Logicamente, o problema das ideias de Hardin começa quando
tentamos definir quem vai regular o que, porque, ao que parece, muitos
grupos sociais (curiosamente aqueles que já gozam de algum tipo de
privilégio) possuem a estranha tendência de acreditar ter um direito natural
ao trono, como se fossem todos legítimos herdeiros de um Targaryen. A
tragédia dos comuns vira a tragédia das diferenças num estalar de dedos.
Em face de outros modos humanos de cooperação e compartilhamento, o
crítico americano Howard Rheingold defendeu mais à frente a revisão do
conceito de tragédia dos comuns quando aplicado à internet. Rheingold
apontou, por exemplo, para as formas de autorregulação da Wikipédia como
um modelo possível para uma divisão social menos destrutiva de espaços
virtuais. Mais otimista, Rheingold acredita na possibilidade de
aproveitamento da inteligência coletiva como oportunidade criada a partir
da tecnologia.

Seja como for, tivemos múltiplas chances de agir preventivamente: as
histórias da prensa de tipos móveis, do cinema e do rádio deveriam ter sido
o suficiente para que nos adiantássemos às transformações sociais que
sempre sucedem a chegada de novas tecnologias comunicacionais. Também
já deveríamos estar cientes de como as tendências autoritárias se
manifestam no âmbito da comunicação de massa. No início dos anos 1990,
houve um último chamado para esse aprendizado; e isso foi antes que a
internet se tornasse algo grande. A história que vem a seguir pode até
parecer se distanciar da nossa pretensão de compreender a morte da verdade
como observada no início de século XXI, mas será útil para entendermos
como chegamos até aqui.

Mais uma vez, a narrativa se passa na Alemanha: o muro de Berlim
havia caído e, ao otimismo inicial, logo se seguiu um choque de realidade.
Não seria fácil reintegrar as metades ocidental e oriental do país, sobretudo
do ponto de vista econômico. O período era de crise e o principal problema
era o desemprego.

Nas ruas de Hoyerswerda, manifestantes expressavam sua vontade de
trabalhar. Começaram o movimento pedindo trabalho e, dias depois,
reclamavam da presença dos estrangeiros que estariam roubando seus
empregos. Nesse ponto, o protesto passou a adotar o slogan “emprego
alemão para trabalhador alemão”. Um leitor vacinado pode imaginar para
onde a história vai: as manifestações se espalharam pelo país. Inicialmente
convocadas em avenidas e praças, agora cercavam as obras em que os
imigrantes trabalhavam, principalmente os de Moçambique. Não demorou
muito para que os manifestantes depredassem os alojamentos dos
imigrantes e agredissem alguns deles. A imprensa alemã lidou com os
conflitos com alguma naturalidade; a xenofobia não era execrável, apenas
polarizadora. Se o slogan “emprego alemão para trabalhador alemão” era
considerado polêmico, foi também visto como aceitável naquele contexto,
como uma tese a ser debatida.

A violência escalou e as lideranças do movimento logo se sentiram à
vontade para serem fotografadas fazendo saudações nazistas. Das paredes e
muros de Hoyerswerda, epicentro da onda de violência, começaram a brotar
suásticas. Foi só aí que o movimento perdeu apoio popular e midiático. Os
seus integrantes agora se sentiam constrangidos demais para voltar às ruas.
O espaço deixado por eles foi ocupado por uma contramanifestação. Dessa
vez, o slogan era “não ao racismo, não ao terror”.

Amplamente registrado pela mídia alemã, esse breve revival do nazismo
nos anos 1990 é o ponto de partida de “Movements and Media: Selection
Processes and Evolutionary Dynamics in the Public Sphere” [Movimentos e
mídia: processos seletivos e dinâmicas evolucionárias na esfera pública],
artigo publicado pelo pesquisador Ruud Koopmans. Observando com
cuidado a cobertura do movimento na imprensa alemã, Koopmans conclui
que foi justamente o caráter polarizador do slogan o responsável pelo
sucesso, ainda que temporário, das manifestações.

Em seu artigo, Koopmans nos apresenta 3 conceitos distintos que
interagem entre si: legitimidade, ressonância e visibilidade. Toda
mensagem, notícia e slogan pode ser medido em função desses 3
parâmetros. É a razão entre as qualidades que determina as possibilidades
de que a mensagem se dissemine, se reproduza e ocupe espaço na esfera
pública de comunicação. Se compreendermos esses conceitos e
considerarmos as novas possibilidades que as redes sociais nos trouxeram,
teremos novas perspectivas sobre a morte da verdade.

A legitimidade, dentro do arsenal teórico de Koopmans, é uma régua
feita para medir o consenso. Assim, se emitirmos uma mensagem com a
qual todos nossos interlocutores concordam, teremos emitido uma
mensagem legítima. Se, ao contrário, dizemos algo que é universalmente
tido como inválido, teremos emitido uma mensagem ilegítima. Uma
informação polarizadora ficaria bem no meio dessa régua imaginária e
provocaria, por sua vez, bastante ressonância.

Ressonância é a capacidade que uma mensagem tem de gerar debate a
respeito de si mesma, ao menos em ambientes particulares. Se encontramos
um estranho no ponto de ônibus e nos sentimos dispostos a puxar papo
sobre um determinado tema, é porque o tema tem ressonância. A
ressonância, explica Koopmans, depende da legitimidade. Mensagens
altamente legítimas não são capazes de gerá-la: como todos concordam com
ela, não há muito que acrescentar, e qualquer possibilidade de debate se
esgota. Da mesma forma, mensagens ilegítimas também carecem de
ressonância porque, quando todos discordam, forma-se um consenso que é
igualmente eficaz em limitar as possibilidades de um debate. Para alcançar
a ressonância, é necessário estar naquele ponto central da régua imaginária
da legitimidade. Em síntese, é preciso ser polarizador. E a ressonância é o
que define se a mensagem em questão terá visibilidade.

Em Koopmans, visibilidade é a “extensão da cobertura dos meios de
comunicação de massa”, proporcional à ressonância. Ou seja: assuntos que
geram debates na sociedade ganham mais atenção na mídia. A ideia aqui é
simples: são as teses apenas mais ou menos legítimas que ganham
ressonância entre nós. Elas geram debates longos e talvez desgastantes,
quem sabe até uma briga na mesa do almoço de domingo. São elas que os
meios de comunicação de massa preferem. Afinal, se elas nos mantêm
discutindo durante horas, certamente terão potencial de nos manter colados
diante da televisão por períodos igualmente longos.

A relação entre esses 3 conceitos não está muito longe de um tradicional
conselho apresentado aos estudantes de jornalismo como uma definição
informal do “valor-notícia”, um conceito mais complexo que trata de
compreender os motivos pelos quais um ou outro acontecimento na
realidade é selecionado para ser noticiado. A definição completamente
informal do que é uma notícia diz: se um cachorro morde um homem, não é
notícia; mas se um homem morde um cachorro, é! Um cachorro mordendo
um homem é consensual e legítimo; um homem mordendo um cachorro é
polarizador e, portanto, ressonante.

Retornemos à Alemanha. Percebendo como esses 3 conceitos
interagem, Koopmans traça o histórico das manifestações iniciadas em
Hoyerswerda. Num primeiro momento, elas tinham muita legitimidade. Ao
levantar a ideia de que a Alemanha precisava de mais empregos, os
manifestantes geravam poucas discussões (ressonância) e ganhavam pouco
espaço na mídia (visibilidade). Quando adotaram o slogan “emprego
alemão para trabalhador alemão”, a legitimidade caiu, fazendo disparar a
ressonância e a consequente visibilidade. Mas quando as saudações nazistas
e suásticas apareceram, a legitimidade se esgotou. Nem cinquenta anos
separavam a manifestação analisada por Koopmans do fim da Segunda
Guerra Mundial. O conjunto da sociedade reprovava unanimemente esse
posicionamento, pois ele evocava um trauma coletivo. Surgiu outro
consenso capaz de limitar a ressonância – e, com ela, a visibilidade.
Koopmans também explica que a chamada esfera pública de
comunicação tende a jamais ficar vazia. Por esfera pública de comunicação,
entendemos um espaço limitado dentro do qual cabem todos os temas que
podem ser discutidos de maneira simultânea pela sociedade. Quando um
tema sai, outro entra. No caso analisado, o slogan “emprego alemão para
trabalhador alemão” foi substituído por “não ao racismo, não ao terror”. É
um final feliz, sem dúvidas, mas não foi possível atingi-lo sem atravessar
uma onda de vandalismo e violência. Sempre haverá o próximo homem
mordendo um cachorro.

As relações que Koopmans estabelece entre seus 3 conceitos precede a
internet, mas nem assim caem em desuso. Sabemos, por puro empirismo,
que numa rede como o Facebook, por exemplo, publicações que recebem
mais comentários tendem a ser mostradas a públicos maiores. Aqui, nossas
interações correspondem à ressonância, e o alcance total da publicação (o
número final de usuários ao qual a plataforma decide mostrar o conteúdo)
corresponde à visibilidade. Naturalmente, publicações polarizadoras tendem
a atrair mais interações e, com isso, conquistar mais visibilidade. Mais uma
vez, o aparato comunicacional contribui para a eleição de um meme. A
disseminação de teorias conspiratórias, polarizadoras por natureza, também
leva vantagem. Sabendo disso tudo, já não podemos nos surpreender que
nesses meios a mamadeira erótica ganhe mais visibilidade do que a
discussão da política tributária. Essa mensagem é talhada para ganhar
fôlego no sistema.


[Eis aqui uma excelente explicação sobre como idiotas polarizadores como Trump
e Bolsonaro conseguem vantagens exatamente por suas declarações idiotas.
São mensagens com legitimidade média, o que as torna polarizantes. O que gera
interesse (ou seja, ressonância) e os mecanismos das redes sociais captam este
interesse gerando enorme visibilidade instantânea a estas figuras. Visibilidade que
não é concedida tão facilmente a pessoas dizendo coisas sensatas e neutras.]

Houve um tempo, não muito distante, em que a política tinha a
comunicação como instrumento. Uma boa reunião entre o político e o
magnata da mídia seria o suficiente para direcionar a cobertura. A lógica se
inverteu: as redes sociais transformam todos nós, ainda que em escala
moderada, em veículos de comunicação. Assim, é a política que se torna um
instrumento nas mãos da comunicação; uma comunicação digital que, como
vimos, é feita de síntese, caricatura e polarização. Não há como voltar atrás.
Resta-nos apenas desenvolver estratégias para lidar com o novo paradigma.
Até lá, a comunicação continuará privilegiando uma política feita à sua
imagem e semelhança.

Consta no atestado de óbito da verdade, portanto, não apenas a política,
mas também a comunicação e a nossa já conhecida incapacidade de usar de
maneira responsável as tecnologias que criamos. Eis a causa mortis em seu
duplo sentido: além de apontar literalmente a causa da morte, o termo
também faz referência ao imposto que pagamos para coletar uma herança à
qual tenhamos direito. Quando a verdade morre, pagamos com a
democracia. Só resta ao leitor um último e melancólico questionamento que
não temos nenhuma pretensão de responder: será que a verdade morta
deixará uma herança que compense o preço de seu assassinato?



Offline Pedro Reis

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #54 Online: 04 de Janeiro de 2020, 00:49:42 »
AS BOBAGENS QUE PRECISAMOS LEVAR A SÉRIO

Quem ainda não perdeu totalmente os vínculos com a realidade e deu
uma boa olhada no sumário pode até estar questionando, possivelmente em
choque, a necessidade de afirmar que vacinas não fazem mal à saúde, que
nosso planeta orbita o Sol e que a Religião Biônica Mundial não existe; isso
para citar apenas alguns dos títulos. Lamentamos o possível estranhamento,
mas, ao mesmo tempo, reafirmamos a necessidade urgente de tratar desses
temas e, principalmente, nesses termos. Mais: garantimos que este livro
também é do seu interesse, apesar de repetir muitas das coisas que você já
sabe. Se o leitor nunca duvidou da segurança das vacinas, ele descobrirá aqui
como, quando, onde e por que nasceu toda uma desconfiança em torno
delas. E se o leitor sempre soube o lugar de seu planeta no Sistema Solar,
talvez ele se surpreenda ao perceber que o questionamento ao
heliocentrismo se relaciona diretamente com a invalidação enfática do
método científico como um todo – e até com uma tentativa de subjugar a
própria ciência.


[É auspicioso descobrir que outras pessoas inteligentes e bem informadas também
identificaram as mesmas intenções e os mesmos interesses por trás de aberrações como o terraplanismo.

Já havia defendido aqui, e com base em diversos fatos que se tornaram do meu conhecimento, de que coisas como a difusão da crença de que a Terra é plana foram originalmente planejados. E fazem parte de uma ofensiva maior para promover o descrédito no conhecimento e no consenso científico. Objetivo que atualmente une diversos grupos economicamente poderosos, embora por diferentes razões.

A união entre estes interesses ocorreu de forma bastante semelhante àquela que, no Brasil, aproximou os representantes dos interesses evangélicos, da indústria de armas e do agronegócio. Embora, à primeira vista, seja difícil enxergar um denominador comum, estes interesses adotaram a mesma estratégia de se fazerem representar na esfera política. E ali, no âmbito da atuação política, acabaram por descobrir seus interesses comuns.

Por exemplo: os evangélicos são conservadores e combatem a agenda progressista dos partidos de esquerda. Tanto os ruralistas como os armamentistas são oposição ferrenha a estes partidos, embora por razões diferentes. O agronegócio por causa da aliança entre estes partidos e o MST e por causa da política ambiental. A indústria de armas é contrariada por uma visão de sociedade menos individualista que preconiza o controle ao acesso de armas.

Logo, a oposição às esquerdas une estes grupos, mas não apenas por isso. A mentalidade conservadora é essencialmente individualista, o que vem ao encontro do discurso dos armamentistas. E o negacionismo científico dos evangélicos casa como o negacionismo climático dos ruralistas.

Pontos assim acabaram aproximando estas bancadas, que se tornaram conhecidas por votarem em conjunto. Acabando até apelidadas de bancada BBB pelos jornalistas. Por atuarem no congresso, muitas vezes, como se fossem um único bloco homogêneo.

De forma semelhante, nos EUA, os representantes políticos do lobby sionista, da indústria de armas, das corporações  religiosas e da indústria do tabaco e dos combustíveis fósseis acabaram se aliando através de muitos pontos em comum. E um destes pontos em comum a ligar vários destes segmentos é justamente o interesse em confrontar o consenso científico sobre diversas questões.

Em 1979 Frederick Seitz se tornava um expert em desacreditar o consenso científico defendendo a indústria do tabaco contra todos os estudos que invariavelmente apontavam o males do cigarro. Logo Seitz iria fundar o GMI, um instituto que advogava a causa de qualquer interesse que quisesse confrontar o consenso científico perante a opinião pública. Ele estava usando o know how adquirido enquanto foi consultor da R.J. Reynolds (fabricante de cigarros) para ganhar dinheiro rebatendo argumentos da comunidade científica contra projetos polêmicos como o Guerra nas Estrelas do
Reagan, que daria uma fábula de dinheiro a empresas do complexo industrial militar. Mesmo oferecendo poucas garantias de ser factível na época.

O GMI também contestou os cientistas quanto aos efeitos do CFC e entre os financiadores deste instituto estava a ExxonMobil, cia de petróleo.

Vemos que possivelmente aí, grupos diversos interessados em confrontar o consenso científico perante a opinião pública, começam a perceber que podem formar uma frente comum. E se figuras como Frederick Seitz podem ser patrocinados por estes interesses, por que gente como o exótico geofísico phd terraplanista, Dr. Afonso Vasconcelos, não estariam também financeiramente cooptados para trabalhar para essa frente?]


Por outro lado, o termo “Religião Biônica Mundial” pode
soar infame. É tão infame que qualquer esforço para explicar o ridículo da
coisa se torna desnecessário, certo? Adoraríamos responder de maneira
afirmativa, mas o fato é que a Religião Biônica Mundial é parte integrante
do globalismo, uma tese na qual a política externa brasileira hoje concentra
seus esforços.

Em 2019, o Itamaraty chocou os acadêmicos dedicados ao estudo das
relações internacionais ao convocar um seminário sobre o tema tão
duvidoso – inclusive, a palestra de abertura tinha ponto de interrogação no
título: “Globalismo: teoria da conspiração ou fenômeno político
observável?”. Entre os convidados estavam alunos daquele que nos diz que
a Religião Biônica Mundial é a ferramenta que o globalismo tem para
derrotar a moral judaico-cristã, impondo uma antifé permissiva que abriria
caminho para um governo comunista global. Pois é, isso é globalismo e,
sim, trata-se de teoria conspiratória.

Aqui, é possível que o livro já esteja ofendendo outro grupo de leitores;
aquele contingente que está satisfeito em finalmente ver o Itamaraty
mobilizado contra o globalismo. É possível que os leitores tenham chegado
a esta obra atraídos pela convicção de que os textos falharão
miseravelmente em qualquer tentativa de refutar as teses apresentadas aqui
como teorias conspiratórias. Ironicamente, são as pessoas com mais chances
de sair da leitura completamente satisfeitas. Como veremos, todas as teorias
conspiratórias, por mais mentiras que possam conter, são invariavelmente
irrefutáveis – justamente porque são questões de crença e não
argumentações ancoradas na realidade. Ademais, seus métodos discursivos
blindam qualquer tipo de argumentação contrária, pois quem as critica só
pode estar comprado, a serviço de algum tipo de organização malévola – ou
deve ser respondido com ofensas. As conspirações propõem um jogo em
que elas sempre vencem.

Não surpreende que a realidade tenha caído de joelhos diante delas.
Vivemos em um mundo caótico, e a impossibilidade de compreendê-lo em
sua totalidade nos causa desconforto e insegurança. Ou nos conformamos
com a compreensão de que estes são fatores intrínsecos da condição
humana, ou tentamos superá-los. Teorias conspiratórias vingam nessa
tentativa de superação: embasadas em nada, elas explicam tudo.


Offline Sergiomgbr

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #55 Online: 04 de Janeiro de 2020, 00:55:56 »
Só de esbarrar superficialmente em dois ou três  parágrafos aleatórios dessas transcrições  aí  já  rendeu uma indelével impressão  de viés  e de intenção  de criar uma narrativa, some-se a isso o título  do livro e é  quase como se ficasse um gosto de doutrina rebotante.
« Última modificação: 04 de Janeiro de 2020, 01:02:33 por Sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Pedro Reis

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #56 Online: 04 de Janeiro de 2020, 00:56:18 »
Esta é parte do capítulo de introdução.

Se alguém quiser ter acesso ao livro todo, mas sabe que não vai mesmo compra-lo. Então me mande uma MP.

Offline montalvão

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #57 Online: 04 de Janeiro de 2020, 11:45:48 »
Geotecton deu-se ao gentil trabalho de responder a todas as questões... menos às minhas... :'(

Foram tão tolas que imerecedoras de comentários? Indaguei, isso é à vera ou de brinca?

Resposta: sound of silence...


E também, cadê a manifestação dos demais conselheiros? Ficarão kafkaniamente inacessíveis? Poderiam, ao menos, ter ponhado um recado ancim, ó:

"Ói turma, não deu pra seguir... Ah, duvido que isso não faz mal, não tem importância... assinado em cruz porque nóis num quer escrever"...

Offline montalvão

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #58 Online: 04 de Janeiro de 2020, 11:48:52 »
Foi mal, o Geotecton, gentilmente,  também respondeu-me  :vergonha:

Desculpe-me pela miopia... :no:

Offline Gigaview

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #59 Online: 04 de Janeiro de 2020, 12:33:34 »
Esta é parte do capítulo de introdução.

Se alguém quiser ter acesso ao livro todo, mas sabe que não vai mesmo compra-lo. Então me mande uma MP.

Muito interessante, Já comecei a ler o livro.

Grato pela indicação.  :ok:
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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #60 Online: 04 de Janeiro de 2020, 12:44:19 »
Passei um tempinho no fim de ano acessando pouco o CC e acabei de tomar conhecimento da decisão, fico triste pelo fim, afinal acho que participo diariamente há quase dez anos.

A decisão cabe a vcs que mantém o espaço mas acho que se possível, se um dia houver interesse de criar outro site, que haja algum arquivo de participantes para avisar a todos nós.

Eu realmente vou sentir falta do contato que tive com o pessoal daqui, da mesma forma que senti a perda do contato diário com as pessoas com quem falava diariamente nos tempos do Orkut mesmo que o movimento tenha caído.







Offline montalvão

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #61 Online: 04 de Janeiro de 2020, 12:48:57 »
Esta é parte do capítulo de introdução.

Se alguém quiser ter acesso ao livro todo, mas sabe que não vai mesmo compra-lo. Então me mande uma MP.

Muito interessante, Já comecei a ler o livro.

Grato pela indicação.  :ok:

Que quié MP?

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #62 Online: 04 de Janeiro de 2020, 12:55:45 »
[...]
Só falta o Politburo bancar uma festa com essa grana que vai sobrar para comemorar o fim do fórum.

Isto não ocorrerá, com certeza.

Se o fCC realmente for encerrado, todo o dinheiro que restar disponível, ou seja o saldo após o pagamento de todas as eventuais despesas remanescentes, será doado para alguma instituição beneficiente, mesmo por que sou eu o atual tesoureiro do fCC, sucedendo o honorável Skorpios.

Me metendo onde não deveria...

Poderiam doar parte para alguma instituição que cuide de animais abandonados?

Sugestão do velho Lúcifer, muita gente por aqui gostaria disso tb.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #63 Online: 04 de Janeiro de 2020, 12:58:12 »
Esta é parte do capítulo de introdução.

Se alguém quiser ter acesso ao livro todo, mas sabe que não vai mesmo compra-lo. Então me mande uma MP.

Muito interessante, Já comecei a ler o livro.

Grato pela indicação.  :ok:

Que quié MP?

Mensagem pessoal que vc pode enviar em particular a outro forista, basta acessar o perfil dele clicando na imagem do avatar e "enviar mensagem"

Offline Geotecton

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #64 Online: 04 de Janeiro de 2020, 13:21:39 »
Lancei um tópico lá no ReV.

https://religiaoeveneno.com.br/discussion/1268/clube-cetico-vai-morrer-sugestoes-para-a-vida-apos-a-morte#latest

O Sergiombr sugeriu migrar ou fundir o Clube Cético com o Religião é Veneno.

Depois de acessar o link supra eu tenho certeza que NÃO quero nem migrar e muito menos fundir com o ReV.

A "visão" do tal Adamastor parece ser sintomática daquele espaço virtual.
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Offline Fenrir

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #65 Online: 04 de Janeiro de 2020, 13:23:48 »
Imagino que varios foristas vao para o RV.
Muitos tem conta la.
Eu tambem tenho, mas faz bastante tempo que nao posto nada no RV.
"Nobody exists on purpose. Nobody belongs anywhere. Everybody's gonna die. Come watch TV" (Morty Smith)

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Offline Geotecton

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #66 Online: 04 de Janeiro de 2020, 13:24:12 »
Passei um tempinho no fim de ano acessando pouco o CC e acabei de tomar conhecimento da decisão, fico triste pelo fim, afinal acho que participo diariamente há quase dez anos.

A decisão cabe a vcs que mantém o espaço mas acho que se possível, se um dia houver interesse de criar outro site, que haja algum arquivo de participantes para avisar a todos nós.

Eu realmente vou sentir falta do contato que tive com o pessoal daqui, da mesma forma que senti a perda do contato diário com as pessoas com quem falava diariamente nos tempos do Orkut mesmo que o movimento tenha caído.

Vamos aguardar o desfecho.
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Offline Geotecton

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #67 Online: 04 de Janeiro de 2020, 13:26:20 »
Imagino que varios foristas vao para o RV.
Muitos tem conta la.
Eu tambem tenho, mas faz bastante tempo que nao posto nada no RV.

Sim, é possível.

Da minha parte, garanto que não irei para lá por que aquele espaço não me agrada.

Vou tentar manter este espaço ou criar um novo similar.

Se não for possível, simplesmente sairei do meio virtual.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #68 Online: 04 de Janeiro de 2020, 13:31:00 »
Lancei um tópico lá no ReV.

https://religiaoeveneno.com.br/discussion/1268/clube-cetico-vai-morrer-sugestoes-para-a-vida-apos-a-morte#latest

O Sergiombr sugeriu migrar ou fundir o Clube Cético com o Religião é Veneno.

Depois de acessar o link supra eu tenho certeza que NÃO quero nem migrar e muito menos fundir com o ReV.

A "visão" do tal Adamastor parece ser sintomática daquele espaço virtual.

O FCC tem até sub-fórum dedicado num fórum do qual eu nunca tinha ouvido falar! :biglol:

Citar

Fórum Clube Cético
Toda a verdade sobre o Clube Cético: um antro de crentes revoltados disfarçados de ''ateus''.




Acho que tem uma boa parte de gente que já foi banido daqui, mas não sei o quanto isso é representativo do fórum.

Nos tempos que eu freqüentava, me parecia ser mais só uma espécie de fCC mais desbocado e deseorganizado, e com toda a coisa de "comunismo esquerdista viado- (sic*) maconhista do Capeta vs capitalismo do homem moral de bem com bons costumes" mais alastrada.


* aparentemente existem diferenças entre viados, veados, boiolas, bichinhas, etc, etc. não é tudo a mesma coisa.

Offline Sdelareza

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #69 Online: 04 de Janeiro de 2020, 13:40:05 »
Vocês conhecem a rede social russa vk? Lá dá pra criar um fórum de discussões no estilo orkut ( parecido
com o CC também). Só que pelo que saiba, não dá pra postar imagens ou video, só links.

É apenas uma sugestão, caso não tiver outra alternativa.


Offline Geotecton

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #70 Online: 04 de Janeiro de 2020, 13:43:10 »
Lancei um tópico lá no ReV.

https://religiaoeveneno.com.br/discussion/1268/clube-cetico-vai-morrer-sugestoes-para-a-vida-apos-a-morte#latest

O Sergiombr sugeriu migrar ou fundir o Clube Cético com o Religião é Veneno.

Depois de acessar o link supra eu tenho certeza que NÃO quero nem migrar e muito menos fundir com o ReV.

A "visão" do tal Adamastor parece ser sintomática daquele espaço virtual.

O FCC tem até sub-fórum dedicado num fórum do qual eu nunca tinha ouvido falar! :biglol:

Citar

Fórum Clube Cético
Toda a verdade sobre o Clube Cético: um antro de crentes revoltados disfarçados de ''ateus''.




Acho que tem uma boa parte de gente que já foi banido daqui, mas não sei o quanto isso é representativo do fórum.

Nos tempos que eu freqüentava, me parecia ser mais só uma espécie de fCC mais desbocado e deseorganizado, e com toda a coisa de "comunismo esquerdista viado-maconhista do Capeta vs capitalismo do homem moral de bem com bons costumes" mais alastrada.

No link indicado pelo Giga, tem um tal da Adamastor que afirmou isto

Citação de: Adamastor, ReV
Já passou da hora do clube cético ir pro beleléu !

E sugeriu estes links para justificar o seu dissabor com o fórum:


Citação de: Adamastor, ReV
Sugestões interessantes:

Fórum MESTRES DO CONHECIMENTO

Blog DIGA NÃO AO CLUBE CÉTICO

Do primeiro não vou expor um juízo de valor, embora seja fácil de supor qual é.

O do segundo é daquele indivíduo revoltado que foi banido do CC e que tem um gravíssimo desequilíbrio emocional.
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Offline Geotecton

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #71 Online: 04 de Janeiro de 2020, 13:44:01 »
Vocês conhecem a rede social russa vk? Lá dá pra criar um fórum de discussões no estilo orkut ( parecido
com o CC também). Só que pelo que saiba, não dá pra postar imagens ou video, só links.

É apenas uma sugestão, caso não tiver outra alternativa.

Com todo respeito, mas não quero nada que venha ou seja relacionado com a Rússia.
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Offline Sergiomgbr

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #72 Online: 04 de Janeiro de 2020, 14:00:38 »
O "Adamastor" é um fenômeno da internet, mais precisamente de fóruns que tanto como lá, se manifestou aqui também, se trata do "Alquimista". Mas é interessante que lá ele não  teve o protagonismo e a repercussão que teve aqui. Parece que a informalidade de lá de algum modo inibe e desempodera naturalmente tipos como ele.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Pedro Reis

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #73 Online: 04 de Janeiro de 2020, 14:01:11 »
 

Acho que tem uma boa parte de gente que já foi banido daqui, mas não sei o quanto isso é representativo do fórum.


Todos estes fóruns são do Alquimista. E todos os inscritos do fórum são o Alquimista.

 :histeria:

Não é caso pra rir, o pobre diabo sofre. Isso é um nível de neurose gravíssimo.

Olhando agora o DiganaoAoClubeCetico eu vi como ele se "vinga". Em um tópico o Alquimista humilha todos os participantes fazendo trocadilhos com mixes de nicks.

Criaturo + Criaturo = Criafuros ( ilustrado com a imagem de um queijo suíço )

Enjolras + Cientista + Gabarito = Enjoado que se gaba

Agora, comigo ele pegou pesado...

Sergiomgbr + Pedro Reis = Sérgio Reis



 :histeria:


Offline Geotecton

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Re:Encerramento das atividades do Fórum Clube Cético
« Resposta #74 Online: 04 de Janeiro de 2020, 14:03:43 »

Acho que tem uma boa parte de gente que já foi banido daqui, mas não sei o quanto isso é representativo do fórum.


Todos estes fóruns são do Alquimista. E todos os inscritos do fórum são o Alquimista.

 :histeria:

Não é caso pra rir, o pobre diabo sofre. Isso é um nível de neurose gravíssimo.

Olhando agora o DiganaoAoClubeCetico eu vi como ele se "vinga". Em um tópico o Alquimista humilha todos os participantes fazendo trocadilhos com mixes de nicks.

Criaturo + Criaturo = Criafuros ( ilustrado com a imagem de um queijo suíço )

Enjolras + Cientista + Gabarito = Enjoado que se gaba

Agora, comigo ele pegou pesado...

Sergiomgbr + Pedro Reis = Sérgio Reis



 :histeria:



E eu fui 'eleito' duas vezes seguidas para o título de 'Rato Cuzão do CC', ou algo similar.

 :biglol:
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