Essa lógica de que indústria não faz porque não dá dinheiro não me desce muito bem.
Bem, o segundo vídeo que citei, ao mesmo tempo em que não é a favor da segmentação dos produtos, coloca isso sim como uma estratégia de marketing funcional, e acho que citam alguns números para confirmar. Ou seja, a indústria começou algo mais "politicamente correta", "neutra em gênero"/unissex, mas aprendeu que vendia mais marketeando coisas como másculas ou femininas, mesmo as mesmas coisas. Em alguns casos, mais caras do que a do outro sexo, até.
Me parece mais provável de ser o caso do que os dirigentes estarem sempre "grrrr... mulheres... deve ter um jeito de prejudicá-las que não pensamos ainda... já sei, segmentação dos produtos!", "mas chefe, vamos perder dinheiro", "não importa, o que importa é prejudicarmos as mulheres, grrrr!! Mulheres, como as odeio, grrrr!!!!", "muito bem pensado, chefinho, você é um gê-ni-o!" (a última fala deve ser imaginada como de um puxa-saco meio efeminado).
Times de esporte não contratavam negros por décadas, não porque não dava dinheiro ou porque negros jogavam pior, mas por puro preconceito de seus dirigentes e da sociedade.
E o último talvez implicasse até em não dar dinheiro para eles mais. Numa época de segregação racial tendo alta aprovação popular, seria arriscado perder torcedores assim. Mas, os dirigentes podiam bem ser eles mesmos contra, meio independentemente disso, também.
Não acho que há uma situação análoga hoje, especialmente no que se refere a produtos masculinos e femininos. Provavemlente deve haver um grande número de mulheres trabalhando nessas coisas, inclusive, em vários pontos da hierarquia, sem serem elas motivadas por misoginia, ou mesmo vendo nisso um conflito com seus valores.
Mas, pode sim, haver também muitas instâncias de puro preconceito, e mesmo preconceito que dá prejuízo. Apenas não me parece ser necessário para explicar o cenário geral.