Sempre achei bobo essa coisa de cultuar algo. Quando eu tinha sete anos de idade, lembro da minha mãe tendo uma longa conversa comigo, porque eu não queria ir pra aula de religião, eu dizia "Deus é muito chato. Jesus é muito chato. A bíblia é muito chata". Ela ficou horas tentando me convencer o contrário e com o propósito de não desapontá-la, fingi na hora crer realmente. Mas nunca foi algum sustentado. Nisso minha família era católica e eu era forçado a ir em missas e decorar rezas. Sempre achei aquilo um tédio e uma mentira. Sempre achei bobagem respeitar uma estátua. Vivia brincando de comandos em ação com a imagem de nossa senhora que tinha lá em casa. Claro, sempre escondido. Depois, minha família passou por uma fase espirita e depois evangélica. Tudo cheio de fervor. E isso me fez ficar mais anti-religião do que nunca. Porque eu via que na verdade aquilo era carência. Se Deus existisse e as pessoas se importassem realmente com ele, não iriam fazer tudo que fazem. Mas fazem. Além disso também sempre acheio idiota escrever Deus ou Ele. Com letra maiuscula... Bom, eu também não achava que se Deus existisse, ele iria ficar perseguindo todos os meus atos como pecados. Então minha idéia de Deus era "uma força boa e sem julgamentos". Passei por uma fase budista, porque me identifico com a filosofia, mas depois de descobrir que algumas vertentes do budismo acreditam realmente em "vida após a morte" e que "gente feia, nasceu feia por estar pagando pecados de outra vida", eu desisti do budismo. Ainda curto alguns lance filosoficos, mas aquilo não é real como religião pra mim. Sempre odiei religião com vida após a morte, ou vidas. Que saco isso de ficar pagando pecado e espiritos vindo de comunicar, acho isso chato, por isso nunca virei espírita.
Daí um tempo depois, eu vi na igreja evangélica uma grande chance de influênciar os outros de um modo político e maldoso. Poderia fazer boas amizades, usando simplesmente um suposto modo de vida. Então decidi acreditar. Porque era conviniente. Senti algumas presenças e algumas coisas davam certo. Mas, quanto mais convivia com gente evangélica, mais enojado me sentia. Porque era tudo fake e utilitarista. E eu estava me propondo a isso. Assumia isso pra mim. Mas tinha gente lá que realmente acreditava no que fazia. Péssimo.
Daí, meses atrás eu vi um "espirito" no meu quarto. E isso me fez virar ateu. Eu achei muito idiota isso. Não acredito no espirito. Mas eu pensei "então é isso? eu vejo algo parecido com uma pessoa a noite no meu quarto e isso deveria mudar minha vida?" ou "agora eu tenho que achar o mundo espiritual genial por causa disso?" comecei a me questionar e percebi que qualquer coisa podia ser verdade se eu quisesse.
Então, sempre li bastante. Comecei a ler um livro do Voltaire "O túmulo do fanatismo" e comecei e pesquisar diversos cultos radicais e observei com mais intensidade o ser humano. E comecei a notar a ciência, a matemática, a física, a biologia, a cultura, a música... Sei lá... acabou sendo libertador.
Foi libertador saber que a vida não precisa ser o que está em um livro de centenas de anos, com histórias cheias de imaginação e sem provas. Então posso dizer que foi com 20 anos? mais ou menos isso.