Lunática e Italian guy, daqui das frias, mas belas terras escandinavas - suecas, mais precisamente -, lendo-os com prazer, fica-me a impressão de que pertencem a uma geração anterior à minha, visto que já estou há 32 anos lecionando, 8 dos quais aí na terrinha brasilis, e o restante do tempo aqui.
Ouço-os mencionar, explícitamente ou não, seus velhos mestres, o que me remete aos meus quando ainda estudante no Brasil. Não conheci pessoalmente o Emir Sader, ou não me lembro disso, mas fui aluno de seu irmão, Éder Sader, já falecido, um professor que, mais do que isso, foi mestre.
Também me apraz, Lunática e Italian guy - e parece ser lícito incluir Damásio -, constatar que ainda há jovens - na hipótese de que sua geração é posterior à minha - capazes de sustentarem ideais, passe a palavra, nobres, ideais, também se diga, que, às mentes presunçosas e arrogantes - arrogantes porque ostentam uma "erudição", na melhor das avaliações, hauridas em manuais de citações, quando não nas wikipédias da vida, o supremo graal da ignorância supostamente ilustrada e autossatisfeita com a própria ignorância, que sequer se reconhece como tal - são decretados, tais ideais, como caducos.
Lunática, Italian guy e Damásio, e certamente aos espíritos receptivos às ideias fora dos clichês, tão próprias, me permito repetir, dos"sabichões", crédulas almas que, com a sem-cerimônia típica dessa tribo, lançam seus "juízos" como Zeus destruía seus desafetos, sugiro a leitura de um marxista sueco, Göran Therborn.
Erudito sem aspas, porque profundo em seus estudos, indo a fontes originais, não wikipédicas, Göran já tratou em artigos e ensaios dos caminhos e descaminhos do ideário da esquerda em nosso tempo, estudando os argumentos de seus defensores e detratores. Um desses últimos, estudado pelo sociólogo sueco, foi um intelectual brasileiro, de talhe liberal-conservador - para usar expressão comum no mundo anglo-saxão, mas estranha ao universo cultural brasileiro -, José Guilherme Merquior, nome conhecido nos círculos acadêmicos europeus, tendo escrito alguns livros diretamente em inglês e em francês, casos de seu estudo sobre o marxismo ocidental e sobre a estética de Lévi-Strauss, obras publicadas por editoras de Londres e Paris. Quando nos anos 70's me graduei em antropologia na França, tive o Merquior como colega, e ele, por sua vez, foi aluno de minha tia-avó por parte de mãe, a saudosa professora Dirce Cortes-Riedel.
Daqui, da madrugada sueca, bom dia, boa tarde, boa noite a todos.