Acho engraçado ver alguns aqui se deliciando vendo a guria sendo punida por um ato que eu julgaria sendo bem inocente, enquanto essas mesmas pessoas defendem o absenteísmo de funcionários públicos ou alunos violentos em escolas públicas.
É a questão ideológica e o classismo que moldam os julgamentos.
A moça é branca, bonita, não é pobre (ou, o que é mais importante, não tem "cara de pobre"), portanto é uma representante da elite opressora e deve ter o tratamento mais draconiano possível. Os funcionários públicos e alunos violentos são parte das classes "excluídas", portanto seus atos são justificáveis "pelo sistema", merecem mais compreensão e menos repressão.
Pensei o mesmo.
Uma agressão física ou absenteísmo de um médico fere muito mais que gritar "macaco" do alto de um estádio lotado. Não entendo como conseguem igualar, ou até darem mais peso ao ato de racismo mencionado.
Acho que são duas coisas bem distintas, com grupos defensores bem diferentes. Se posicionar quanto a racismo no futebol não é impedimento pra pensar numa coisa diferente em outro assunto.
Esse papo de "normal, estádio de futebol, blablablabla" pra mim, não cola. Sempre fui criado com essa de "é normal te chamarem de negão, crioulo, falarem "tinha que ser preto mesmo", é tudo figura de linguagem, modo de dizer, não tem racismo, etc.
Quando eu era criança, não me incomodava, talvez por eu pertencer a um grupo homogêneo, cresci na favela, todo mundo da mesma cor, da mesma classe social. O primeiro tapa na cara que senti quando fui pro "mundo de verdade" foi no McDonald's, com seguranças me seguindo o trajeto inteiro da entrada até a porta da loja. Aí sim eu comecei a me estressar.
Pra vocês é mimimi, mas se o cara fala um negócio desses na minha cara, barato não sai.