Autor Tópico: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?  (Lida 20534 vezes)

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Offline Marcelo Terra

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #175 Online: 17 de Julho de 2006, 18:47:53 »
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Se descartarmos tudo que não pode ser falseável por experimentos físicos o que nos diferencia das outras espécies se perde.

Por que você quer ser diferente das outras espécies? E por sinal muitas pesquisas com animais (em liberdade) mostram que a diferença entre humanos e animais é muito mais tênue do que se imagina.

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A realidade humana está muito além da realidade física e é justamente isso o que nos diferencia.

Não vi nenhuma base para essa afirmação.

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E foi essa “diferença” quem criou diversas formas de “realidade” presentes e essenciais na vida, como a Ética, a Justiça, a Ciência, a Filosofia, deuses, o ateísmo etc.

Não vejo como você poderia chamar os termos que risquei de "realidades". Ciência e Filosofia são palavras que descrevem um conjunto de atividades humanas que não vejo motivo algum para não serem consideradas como "realidade física", o mesmo se aplica a moral, justiça e ética que são termos que descrevem a forma como grupos humanos decidem coexistir, ou seja palavras que definem conjuntos de regras que alguns grupos de indivíduos de uma especíe estabelecem para o seu convívio, no caso a espécie humana. Não vejo nada que faça isso parecer algo não físico. Onde está a realidade "não física" de tudo que você falou?

Só por que um amontoado de células se comporta de forma mais estranha ou exótica que outros amontoados de células você acha que isso deixa de ser algo físico?

As respostas que a Ciência pode fornecer com seus experimentos físicos explicam de fato toda a nossa “realidade”?

Qual é o critério que você usaria para decidir se algo explica ou não a nossa realidade?

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Não seria a Ciência mais uma área do conhecimento humano, que diz respeito somente ao plano “material” do conhecimento, sendo o próprio conhecimento uma abstração?

Como alguém pode saber se existe um plano não material do conhecimento?

Offline HSette

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #176 Online: 17 de Julho de 2006, 18:52:17 »
Ele podia não saber como fazer para atravessar. Mas considerava a idéia de existir um outro lado.
E se existe um lado, água e outro lado, atravessando a água chego do outro lado e verifico se há terra.

Não é obrigatório que ele abstraia a possibilidade de atravessar.

Não é obrigatório mas é altamente plausível.
"Eu sei que o Homem Invisível está aqui!"
"Por quê?"
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Chaves

Offline Gil

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #177 Online: 17 de Julho de 2006, 18:57:42 »
Não é obrigatório mas é altamente plausível.

Continua não sendo obrigatório.
Se eu não sei eu não digo nada.

Offline Alenônimo

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #178 Online: 17 de Julho de 2006, 19:25:25 »
Não é obrigatório mas é altamente plausível.

Continua não sendo obrigatório.

E daí?
“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

Offline Gil

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #179 Online: 17 de Julho de 2006, 19:29:29 »
E daí?

Leia e pense comigo, se ele não abstrair forma alguma de falsear a hipótese, a hipótese torna-se infalseável.
Se eu não sei eu não digo nada.

Offline HSette

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #180 Online: 17 de Julho de 2006, 20:35:33 »
E daí?

Leia e pense comigo, se ele não abstrair forma alguma de falsear a hipótese, a hipótese torna-se infalseável.

Não entendi.
Nada a ver uma coisa com a outra. A possibilidade de falseabilidade só surge a partir do momento em que a hipótese é levantada.
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Chaves

Offline L. Duran

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #181 Online: 17 de Julho de 2006, 20:55:50 »
E daí?

Leia e pense comigo, se ele não abstrair forma alguma de falsear a hipótese, a hipótese torna-se infalseável.

Não entendi.
Nada a ver uma coisa com a outra. A possibilidade de falseabilidade só surge a partir do momento em que a hipótese é levantada.

Exato. O que estamos discutindo é a falseabilidade ou não da hipótese. Não a capacidade de abstração do formulador.

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Luz

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #182 Online: 17 de Julho de 2006, 21:49:07 »
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Se descartarmos tudo que não pode ser falseável por experimentos físicos o que nos diferencia das outras espécies se perde.

Por que você quer ser diferente das outras espécies? E por sinal muitas pesquisas com animais (em liberdade) mostram que a diferença entre humanos e animais é muito mais tênue do que se imagina.

Não é uma questão de querer, Marcelo, é uma questão de ser. Somos "sapiens". E se ficou uma impressão ética, não entenda por diferente superior ou inferior, melhor ou pior, mas apenas "diferente".

Essas pesquisas, concordo plenamente, mostram que a diferença biológica é tênue. Mas em termos de "sapiens" podemos dispensar as pesquisas e observamos por nós mesmos que não é comum ver animais por aí, em liberdade ou cativeiro, calculando, filosofando, fazendo Ciência, experimentos científicos, criando tenologia de ponta (...) enfim, raciocinando. E se não admitirmos esse diferença por um simples questão de lógica, então, realmente não há grande diferença.


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A realidade humana está muito além da realidade física e é justamente isso o que nos diferencia.

Não vi nenhuma base para essa afirmação.

A razão, pura e simplesmente, aquilo que chamamos de "sapiens" extrapola o que pode ser percebido apenas pelos sentidos. A imaginação que essa razão permite e todas as suas criações podem extrapolar toda a realidade material. Grande parte das "palavras" do nosso vocabulário não designam coisas que podem ser percebidas por nenhum dos sentidos, mas compoem nossa "realidade". Negar isso é o mesmo que negar "eu sou".

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E foi essa “diferença” quem criou diversas formas de “realidade” presentes e essenciais na vida, como a Ética, a Justiça, a Ciência, a Filosofia, deuses, o ateísmo etc.

Não vejo como você poderia chamar os termos que risquei de "realidades". Ciência e Filosofia são palavras que descrevem um conjunto de atividades humanas que não vejo motivo algum para não serem consideradas como "realidade física".

Como substantivos, todas elas são apenas "palavras" que descrevem uma realidade, mas por si mesmas não representam qualquer realidade perceptível aos sentidos, apenas à razão.

O mesmo se aplica a moral, justiça e ética que são termos que descrevem a forma como grupos humanos decidem coexistir, ou seja palavras que definem conjuntos de regras que alguns grupos de indivíduos de uma especíe estabelecem para o seu convívio, no caso a espécie humana. Não vejo nada que faça isso parecer algo não físico. Onde está a realidade "não física" de tudo que você falou?

A abstração da realidade humana é tão real que é quase "material". Levando em conta o argumento que eu pretendia refurtar, que as coisas só podem ser falseáveis com um mínimo de experimentação física (os cinco sentidos com auxílio de tecnologia) moral, justiça e ética, no que representam substantivamente, não podem ser experimentadas por nenhuma dos nossos sentidos, mas novamente, apenas pela razão, lógica, "sapientismo".

Só por que um amontoado de células se comporta de forma mais estranha ou exótica que outros amontoados de células você acha que isso deixa de ser algo físico?

Podemos chamar moral, justiça e ética de amontoado de células? No sentido substantivo dessas palavras o máximo que podemos é chamá-las de amontoados de letras, que nada mais são que símbolos que refeletem o que a nossa razão elabora.

As respostas que a Ciência pode fornecer com seus experimentos físicos explicam de fato toda a nossa “realidade”?

Qual é o critério que você usaria para decidir se algo explica ou não a nossa realidade?

Aquele coisinha que nos diferencia - sapiens.
 
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Não seria a Ciência mais uma área do conhecimento humano, que diz respeito somente ao plano “material” do conhecimento, sendo o próprio conhecimento uma abstração?

Como alguém pode saber se existe um plano não material do conhecimento?

Uzando o raciocínio - essa ferramenta que só os "sapiens" possuem.

Offline L. Duran

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #183 Online: 17 de Julho de 2006, 22:39:16 »
Partindo desse pressuposto, muita coisa além de deus, não pode ser experimentada e então, como provar que realmente existe ou que não existe?

Reclame com Popper, que é filósofo, inclusive.

Desse ponto de vista nenhum substantivo abstrato pode ser falseável, e portanto não poderiam compor as hipóteses, modelos e teorias científicas, como por exemplo, infinito e eterno. A própria palavra Ciência é um substantivo abstrato, assim como lógica, da qual depende.

Substantivo abstrato é uma abstração. Não é uma teoria científica. Você está confundindo as coisas.
Leia esse texto para entender do que tratam as hipóteses e teorias científicas: http://www.projetoockham.org/ferramentas_metodo_1.html

Para os sentidos, com ou sem tecnologia auxiliar, nenhuma dessas coisas, entre muitas outras que compõem a “realidade” existem de fato ou podem ser falseadas.

Que coisas? Dê nome aos bois.

O mesmo vale para os sentimentos – que são produzidos por reações eletroquímicas, mas isso não é o mesmo que afirmar que sejam as próprias reações e sim “produto” delas, gerado pelo cérebro. (a própria frase já contem a lógica: uma coisa não pode produzir e ser o produto ao mesmo tempo). Na presença de grande parte dos sentimentos o cérebro induz o corpo a produzir adrenalina e os efeitos físicos são frutos da presença dessa adrenalina. E é a mesma adrenalina quem faz o coração disparar no medo ou no amor, mas certamente, não é o que os diferencia e sim a razão – outro substantivo abstrato.

E o que é a razão e os sentimentos senão uma série reações eletroquímicas?

Se descartarmos tudo que não pode ser falseável por experimentos físicos o que nos diferencia das outras espécies se perde.

A realidade humana está muito além da realidade física e é justamente isso o que nos diferencia. E foi essa “diferença” quem criou diversas formas de “realidade” presentes e essenciais na vida, como a Ética, a Justiça, a Ciência, a Filosofia, deuses, o ateísmo etc.

Foi a mente humana que criou isso. E estamos aprendendo e conhecendo os mecanismos que possibilitaram isso. Ainda não sabemos tudo. Já leu algo sobre cognição ou psicologia evolutiva? Veja "Como a mente funciona" ou "Tábula Rasa" do Pinker. Em o "Macaco Nu", de Desmond Morris também há algo interessante.

E nada disso é assunto de Ciência, uma vez que não pode ser experimentado, pois as experiências se limitam ao que de fato existe “fisicamente” falando, mas sem muitas dessas coisas “inexistentes” em forma, como a própria lógica e razão, a Ciência não seria possível.

O que não é assunto da ciência? A lógica e razão são oriundas de processos cerebrais. Ainda não sabemos precisamente como.
Só não podemos ficar tentados a enfiar um deus ou algo sobrenatural no meio.
Não estou entendendo aonde você quer chegar com esse papo...

E se a nossa “realidade” fosse apenas sobreviver como os outros animais, reproduzir e perpetuar a espécie, nos bastariam os extintos naturais que ainda carregamos. E se somos frágeis para sobreviver apenas com isso, que nos estinguíssemos como tantas outras espécies. O que temos de especial?

E se foi a luta pela sobrevivência que aprimorou a nosa espécie e possibilitou que ela alcançasse por si mesma os mecanismos de entendimento da natureza?

As respostas que a Ciência pode fornecer com seus experimentos físicos explicam de fato toda a nossa “realidade”?
Não seria a Ciência mais uma área do conhecimento humano, que diz respeito somente ao plano “material” do conhecimento, sendo o próprio conhecimento uma abstração?
Sem toda essa filosofia “barata” e a rica filosofia universal a Ciência seria possível?

E qual outro plano senão o material?
Luz, diga logo o quer propor, sem meias palavras, vamos lá.


[]´s
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Offline Hold the Door

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #184 Online: 17 de Julho de 2006, 22:44:32 »
Ãngelo, se eu estiver falando bobagem, me corrija, mas me parece que a teoria ondulatória está em contradição com a possibilidade de "propagação retilínea" da mecânica newtoniana. Isso significaria que a teoria ondulatória não permanece, conforme você afimrou anteriormente, pois segundo ela a luz somente se propagaria em ondas.
Não existe contradição entre a teoria ondulatória e a propagação retilínea da luz. É possível não só demonstrar por meio do princípio de Huygens que a propagação de um feixe de luz (representado por várias frentes de onda planas) é retilínea como também é possível derivar as leis de refração e reflexão da ótica geométrica por este mesmo princípio.

Sobre o texto da wiki que você colocou, existem vários erros nele.

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Depois de vários séculos o éter, conceito que surgiu nos tempos antigos, tomou uma conotação propriamente científica

Dá a entender que o éter luminífero é o mesmo éter dos gregos antigos, quando a única semelhança é o nome, como já disse antes.

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Tão evidente parecia, no século XVII, a existência do éter, que o próprio Isaac Newton (1642-1727), após estudar os fenômenos óticos, sugeriu, para explicá-los, que a luz fosse constituída de corpúsculos muito pequenos emitidos pela fonte luminosa.

Essa frase não faz o menor sentido. Ela sugere que o motivo de Newton ter formulado a teoria corpuscular foi devido a "evidente existência do éter", o que é uma grande bobagem, já que a teoria de Newton não necessita de um éter.

Além disso, falar que a existência do éter era evidente no século XVII é outra grande bobagem. As teorias de Newton e Huygens são contemporâneas, uma tratava a luz como partícula e outra como onda. Nunca houve unanimidade no meio científico sobre qual das teorias era correta e conseqüentemente nunca houve uma "evidente existência do éter durante este período. Para falar a verdade, foi exatamente o contrário. Devido ao prestígio de Newton e o sucesso de suas teorias, a teoria corpuscular da luz se impôs como preferida sobre a teoria ondulatória. Ou seja, durante este período, apenas uma minoria defendia a última e a conseqüente existência do éter. Foi somente no século XIX, com os experimentos de Young e Fresnel que o caráter ondulatório da luz é revelado, a teoria corpuscular é abandonada em favor da teoria ondulatória e a idéia de um éter luminífero ganha força.

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Como a teoria corpuscular era insuficiente para explicar a interferência luminosa Newton aceitou também a existência das ondas etéreas de Huygens.

Outra bobagem. Experimentos de interferência só começaram a ser feitos bem após a morte de Newton, conseqüentemente ele nunca usou a hipótese do éter luminífero para explicar qualquer coisa.

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Assim, durante séculos, negar a existência do éter seria a maior asneira possível.
Quais séculos? Dado que a teoria ondulatória só foi totalmente aceita no início do século XIX, a hipótese do éter luminífero como algo necessário nasceu e morreu em menos de um século.
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline L. Duran

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #185 Online: 18 de Julho de 2006, 09:30:44 »
A razão, pura e simplesmente, aquilo que chamamos de "sapiens" extrapola o que pode ser percebido apenas pelos sentidos. A imaginação que essa razão permite e todas as suas criações podem extrapolar toda a realidade material. Grande parte das "palavras" do nosso vocabulário não designam coisas que podem ser percebidas por nenhum dos sentidos, mas compoem nossa "realidade". Negar isso é o mesmo que negar "eu sou".

Você está confundindo as coisas, Luz. Não é porque imaginamos algo que isso se torna verdadeiro. É verdadeiro apenas com processo de nosso cérebro.
E palavras são abstrações de coisas a que damos significado. Não tem absolutamente nada a ver com hipóteses e teroria científicas.

Como substantivos, todas elas são apenas "palavras" que descrevem uma realidade, mas por si mesmas não representam qualquer realidade perceptível aos sentidos, apenas à razão.

A abstração da realidade humana é tão real que é quase "material". Levando em conta o argumento que eu pretendia refurtar, que as coisas só podem ser falseáveis com um mínimo de experimentação física (os cinco sentidos com auxílio de tecnologia) moral, justiça e ética, no que representam substantivamente, não podem ser experimentadas por nenhuma dos nossos sentidos, mas novamente, apenas pela razão, lógica, "sapientismo".

Moral, justiça e ética NÃO SÃO teorias científicas!
Você está misturando as coisas!

As respostas que a Ciência pode fornecer com seus experimentos físicos explicam de fato toda a nossa “realidade”?

Depende do que você quer explicar...
E depende do que você chama de ciência. A Antropologia e a Psicologia tentam elaborar teorias científicas para explicar essas abstrações que você cita. Acham que elas não servem pra nada?

Uzando o raciocínio - essa ferramenta que só os "sapiens" possuem.

Afirmaçãozinha perigosa essa...
Nenhum outro animal tem raciocínio?
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Offline Gil

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #186 Online: 18 de Julho de 2006, 10:18:20 »
Exato. O que estamos discutindo é a falseabilidade ou não da hipótese. Não a capacidade de abstração do formulador.

A idéia é fazer uma paralelo entre a hipótese de deus existir para nós e a de um continente além mar existir para os índios. Entrar no mérito da capacidade de abstrair uma forma de falseabilisar a hipótese, é de grande importância.
Se eu não sei eu não digo nada.

Offline Alenônimo

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #187 Online: 18 de Julho de 2006, 10:47:34 »
O índio conseguia sim abstrair a formulação. Onde já se viu um índio não saber que se poderia hipoteticamente nadar até o outro lado do oceano? Se não, de que forma ele imaginaria que tivesse algo por lá?
“A ciência não explica tudo. A religião não explica nada.”

Offline Marcelo Terra

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #188 Online: 18 de Julho de 2006, 10:53:26 »
O índio conseguia sim abstrair a formulação. Onde já se viu um índio não saber que se poderia hipoteticamente nadar até o outro lado do oceano? Se não, de que forma ele imaginaria que tivesse algo por lá?

Só se ele fosse de alguma crença religiosa que tivesse como dogma a inatravessibilidade oceânica. :biglol:

Offline Gil

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #189 Online: 18 de Julho de 2006, 11:06:13 »
O índio conseguia sim abstrair a formulação. Onde já se viu um índio não saber que se poderia hipoteticamente nadar até o outro lado do oceano? Se não, de que forma ele imaginaria que tivesse algo por lá?

Você está impondo ao índio a sua capacidade de abstração, que tem muito a ver com conhecimento préviamente adquirido. O conhecimento desse índio não chega perto do que você tem.
Se eu não sei eu não digo nada.

Luz

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #190 Online: 18 de Julho de 2006, 11:39:36 »
Reclame com Popper, que é filósofo, inclusive.
Quem propôs a idéia já não faz mais diferença se a idéia existe. O que tem que ser reclamado, se é que tem, é a idéia. Você disse que segundo a idéia (deduzo que seja aceita) tudo aquilo que não pode ser minimamente verificado (físico) não é falseável e citou o caso de deus, que é algo que só pode ser percebido pela razão (deus é uma idéia), mas não pelos sentidos com ou sem tecnologia auxiliar.

Muito bem, esquecendo deus, mas partindo desse pressuposto, todas as coisas que podem ser percebidas apenas pela razão, mas não pelos sentidos com ou sem tecnologia auxiliar, não pode ser falseáveis.

Se considerarmos o modelo cósmico de um Universo que se contrai e se expande no tempo estamos considerando a eternidade. Se considerarmos um Universo em expansão a partir do Big Bang, estamos considerando um começo, mas não um fim, e portanto, a infinidade.

Acontece que eternidade e infinidade não são falseáveis, pois não possuem formas que podem ser percebidas ou submetidas a experimentos. Isso significa que estamos partindo de pressupostos que podem ser falsos, mas não são falseáveis. E se não são teorias, são modelos e hipóteses aceitos pela Ciência, que possuem a mesma característica que não permite aceitar deus como modelo ou hipótese para o universo – a infalseabilidade. Se eu afirmo que o infinito e o eterno existem, como falsear minha afirmação, se são invisíveis, inodoros, incolores, insípidos, impalpáveis etc?

Substantivo abstrato é uma abstração. Não é uma teoria científica. Você está confundindo as coisas.

Não estou confundindo, estou questionando: por que hipóteses ou modelos feitos em cima de abstrações que não podem ser falseáveis são “válidos”?

Que coisas? Dê nome aos bois.

As coisas acima mencionadas, tipo a lógica.

A lógica, por exemplo, não possui condições minimamente “verificáveis” de aspecto físico, está condicionada ao plano intelectual (é uma abstração) e portanto não pode ser falseável.

E o que é a razão e os sentimentos senão uma série reações eletroquímicas?

A “aceleração” do carro, por exemplo, é gerada pelo motor através da queima de combustível (reação química), mas a aceleração não é o mesmo que a queima, é o produto da reação.

Existe algo que comprove que a razão e os sentimentos são reações eletroquímicas ou tudo que sabemos comprovadamente e tudo que ainda não sabemos “pode também” sugerir que são apenas produtos dessas reações?

Existe forma de falsear a afirmação de que a razão seja uma reação eletroquímica, se tudo que percebemos são as reações, mas não a própria razão que também é insípida, incolor, inodora (...)?

Invertendo a situação, poderíamos dizer que a aceleração é uma reação química e não uma força gerada por essa reação?

Foi a mente humana quem criou isso. E estamos aprendendo e conhecendo os mecanismos que possibilitaram isso. Ainda não sabemos tudo.

Nem tudo que a mente cria pode ser fisicamente verificável, portanto, nem tudo que a mente cria, pode ser falseável. Entre tudo aquilo que não pode ser falseável, devido sua própria condição de abstração, que critério a Ciência usa para definir o que é assunto de Ciência e o que é assunto de Filosofia e que “método científico” utiliza para embasar isso?

O que não é assunto da ciência? A lógica e razão são oriundas de processos cerebrais. Ainda não sabemos precisamente como.

Estou partindo do pressuposto apresentado de “não verificável”. A lógica possui atributos que podem ser fisicamente verificáveis, para que possa ser falseada? Observar processos cerebrais equivale a dizer que estamos observando a lógica? Fisicamente falando, partindo do pressuposto de “verificável” a lógica existe ou é apenas uma idéia que não pode ser percebida por tato, olfato, paladar, visão e audição? Não é sobre as coisas que não podem ser captadas pelos sentidos que estamos falando?

Só não podemos ficar tentados a enfiar um deus ou algo sobrenatural no meio.

Não estou tentada a enfiar nada no meio, estou tentada a saber como é que coisas sobrenaturais como infinidade e eternidade estão no meio. Estou tentada a saber como é que uma Ciência que só pode lidar com dados materiais e fisicamente verificáveis pode se utilizar de “idéias” que não podem ser submetidas ao método científico, isso, é claro, partindo do pressuposto de “falseabilidade”.

Não estou entendendo aonde você quer chegar com esse papo...

Estou querendo chegar ao perfeito entendimento e "emprego" de falseabilidade. Se apenas o que pode ser observado é matéria de Ciência, temos que parar nas reações eletroquímicas, porque a partir daí é questão de filosofia. O raciocínio, como fruto do cérebro e suas reações é algo inverificável, materialmente falando. Podemos palpar o raciocínio? Podemos ver o raciocínio? Podemos cheirar o raciocínio? Podemos ouvir o raciocínio? Podemos degustar o raciocínio?
Observando as reações eletroquímicas a Ciência pode chegar à mesma conclusão que observando a queima de combustível: há produção. O que é observado é a “fonte” e as “reações” dessa fonte – “o produto” é apenas dedução dos efeitos que causa. Não percebemos a aceleração pelos sentidos, mas apenas como é produzida (reações) e seus efeitos sobre o objeto (movimento). O mesmo se passa com o raciocínio, não o percebemos pelos sentidos, apenas como é produzido (reações) e seu efeito sobre o homem (idéias).

E se foi a luta pela sobrevivência que aprimorou a nosa espécie e possibilitou que ela alcançasse por si mesma os mecanismos de entendimento da natureza?

“Se” é algo que não existe. Pois um crente pode alegar que “se” deus existe blá blá blá(...). Trabalhamos com fatos e o fato é que todas as espécies desenvolvem habilidades físicas para sobreviver, mas o homem, extraordinariamente, desenvolveu habilidade intelectual. O homem evoluiu do macaco, até aí tudo bem, mas isso não explica porque o macaco não evoluiu, sendo anterior ao homem e vivendo no mesmo espaço físico. E também não explica porque o macaco não se extinguiu com a evolução para a condição de homem. E também não explica porque o chipanzé, por exemplo, com 95% de semelhança física, não desenvolveu o raciocínio apurado, capaz de calcular, filosofar, inventar, deduzir.

Todas as outras espécies vivas mostram que não é necessário raciocínio para perpetuar, mas apenas habilidades físicas. E as que não desenvolvem essas habilidades se extinguem. Os primatas com toda sua semelhança, mostram que o raciocínio não é necessário a perpetuação dos primatas. Se a Navalha de Ockham tivesse aplicação nesse caso, o homem teria desenvolvido habilidades semelhantes a dos macacos ou simplesmente se extinguido, como tantas outras espécies. Mas por algum estranho mistério, em vez de pegar o caminho mais simples, como tudo na natureza, o homem pegou o caminho mais complexo.

E qual outro plano senão o material?

O intelectual - o raciocínio – essa ferramenta excepcional que somente o “sapiens” possui e cria coisas que não existem para compor sua “realidade”, como a fantasia, a imaginação, os mitos, as lendas, o sobrenatural, o metafísico. Ou tudo isso não faz parte da “realidade” humana?

Luz, diga logo o quer propor, sem meias palavras, vamos lá.

Quero propor que em vez de ficarmos questionando apenas coisas banais como mitos, lendas e religiões, ocupemos melhor nosso tempo questionando a Ciência, suas limitações, suas falhas, suas lacunas como propôs Sagan. Não temos que apoiar cegamente o que a Ciência diz ou faz e nem temos que defendê-la. Não temos que ser convenientes a ela, nós temos que ser a pedra do sapato, testar seus limites, exigir explicações e provas, cobrar, vigiar e fazer parte.

A Ciência não é uma vaca “sagrada”, ela é uma vaca “leiteira”. E nós não somos hindus, nós somos céticos – deveríamos duvidar e escarafunchar os mínimos detalhes de todas as explicações que nos apresenta, mas por algum estranho mistério, tudo aquilo que carrega uma credencial “científica” é adorado como uma “verdade revelada”.

Quem não acredita numa possibilidade que não está “comprovadamente” descartada matou uma dúvida sem precisar de comprovação. Temos que assumir nossa realidade: “eu sou o homo sapiens” e não o macaco do laboratório do homo sapiens científico. Eu proponho que invertamos as posições e coloquemos essa Ciência que existe para servir ao homem como cobaia de nossas investigações.

Offline L. Duran

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #191 Online: 18 de Julho de 2006, 11:43:44 »
Exato. O que estamos discutindo é a falseabilidade ou não da hipótese. Não a capacidade de abstração do formulador.

A idéia é fazer uma paralelo entre a hipótese de deus existir para nós e a de um continente além mar existir para os índios. Entrar no mérito da capacidade de abstrair uma forma de falseabilisar a hipótese, é de grande importância.

Na verdade a idéia era explicar como funciona a falseabilidade.
O resto é interpretação do texto colocado pelo Tarcísio.
Veja o que o indio disse: Há terra do outro lado desse oceano.
Ora, se ele afirma que há outro lado, ele abstraiu que há aqui, o oceano e algo do outro lado. Talvez ele faça analogia com um rio, por que não?
Dado isso, ele conhece há a possibilidade de verificar que há um outro lado indo até lá, mesmo que ele não tenha capacidade para verificar(o que é bem diferente).
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Luz

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #192 Online: 18 de Julho de 2006, 11:53:17 »
Você está confundindo as coisas, Luz. Não é porque imaginamos algo que isso se torna verdadeiro. É verdadeiro apenas com processo de nosso cérebro.
E palavras são abstrações de coisas a que damos significado. Não tem absolutamente nada a ver com hipóteses e teroria científicas.

Veja tópico anterior.

Moral, justiça e ética NÃO SÃO teorias científicas!
Você está misturando as coisas!

O que desejo saber é se são consideradas coisas inexistentes pelo fato de não serem falseáveis.

Depende do que você quer explicar...
E depende do que você chama de ciência. A Antropologia e a Psicologia tentam elaborar teorias científicas para explicar essas abstrações que você cita. Acham que elas não servem pra nada?

"se depende do que eu desejo" isso impõe uma condição de limitação - significa que existem coisas que desejo explicar que a Ciência não pode auxiliar. Isso significa que devemos discartar tudo aquilo que a Ciência não alcança? Esquecer nossas dúvidas e deixar de questionar tudo o que não é cientificamente questionável? Limitar o sapientismo as limitações da Ciência? É a Ciêncfia quem nos auxilia ou nós quem devemos auxiliá-la?

Afirmaçãozinha perigosa essa...
Nenhum outro animal tem raciocínio?

Exatamente - afirmaçãozinha perigosa essa, mas não fui eu quem me auto-intitulei "homo sapiens" e nem tão pouco quem denifiniu o significado desse "sapiens". Eu já nasci "homo sapiens", sou fruto do meio.

Offline Luis Dantas

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #193 Online: 18 de Julho de 2006, 12:16:26 »
O que estamos discutindo é a falseabilidade ou não da hipótese. Não a capacidade de abstração do formulador.

Acho que esse é o ponto central da questão.  A capacidade de abstração é algo bastante valioso, a ponto de alguns acharem importante ressaltar que ela é algo, em algum sentido, real.

Mas em outro sentido, o que não pode ser comprovado não deve ser considerado real, porque é apenas abstração.

Daí a confusão em que vivemos esbarrando em tópicos como este.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline L. Duran

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #194 Online: 18 de Julho de 2006, 12:26:27 »
Se considerarmos o modelo cósmico de um Universo que se contrai e se expande no tempo estamos considerando a eternidade. Se considerarmos um Universo em expansão a partir do Big Bang, estamos considerando um começo, mas não um fim, e portanto, a infinidade.

Veja que você deu nomes que queriaa dois conceitos de cosmologia.  Isso pode confundir!

Acontece que eternidade e infinidade não são falseáveis, pois não possuem formas que podem ser percebidas ou submetidas a experimentos. Isso significa que estamos partindo de pressupostos que podem ser falsos, mas não são falseáveis. E se não são teorias, são modelos e hipóteses aceitos pela Ciência, que possuem a mesma característica que não permite aceitar deus como modelo ou hipótese para o universo – a infalseabilidade. Se eu afirmo que o infinito e o eterno existem, como falsear minha afirmação, se são invisíveis, inodoros, incolores, insípidos, impalpáveis etc?

Pelo pouco que sei, os modelos (não os nome que você deu )são falseáveis através de postulados e complexas equações matemáticas. Não são criados do nada. São criados modelos que representam esse teorias. e se esses modelos não atendem são descartados. E esses modelos podem falseáveis matematicamente. Mas vou deixar por Angelo falar sobre isso.


Que coisas? Dê nome aos bois.

As coisas acima mencionadas, tipo a lógica.

A lógica, por exemplo, não possui condições minimamente “verificáveis” de aspecto físico, está condicionada ao plano intelectual (é uma abstração) e portanto não pode ser falseável.

A lógica é uma ferramenta. Ela não é uma hipótese ou teoria científica. Você leu o link que eu te passei?

E o que é a razão e os sentimentos senão uma série reações eletroquímicas?

A “aceleração” do carro, por exemplo, é gerada pelo motor através da queima de combustível (reação química), mas a aceleração não é o mesmo que a queima, é o produto da reação.

Não. O produto da reação é CO2 e H2O. A aceleração é uma abstração da equação entre a velocidade, o tempo e o espaço  percorido pelo carro utilizando a energia gerada pela queima do combustível.

Existe algo que comprove que a razão e os sentimentos são reações eletroquímicas ou tudo que sabemos comprovadamente e tudo que ainda não sabemos “pode também” sugerir que são apenas produtos dessas reações?

As recentes descobertas da neurologia, as ressonâncias magnéticas levam a crer que sim.
Se houver uma hipótese melhor ela será testada e farão de tudo para falseá-la. Se não conseguirem ela se torna a teoria padrão.
Mas o estudo do cérebro é recente, já disse isso.


Foi a mente humana quem criou isso. E estamos aprendendo e conhecendo os mecanismos que possibilitaram isso. Ainda não sabemos tudo.

Nem tudo que a mente cria pode ser fisicamente verificável, portanto, nem tudo que a mente cria, pode ser falseável. Entre tudo aquilo que não pode ser falseável, devido sua própria condição de abstração, que critério a Ciência usa para definir o que é assunto de Ciência e o que é assunto de Filosofia e que “método científico” utiliza para embasar isso?

O critério da falseabilidade. Você entendeu o que é isso? Repito, leia o link que te passei. leia algo sobre Filosofia da Ciência e verá como a ciência evolui quanto aos seus métodos.

O que não é assunto da ciência? A lógica e razão são oriundas de processos cerebrais. Ainda não sabemos precisamente como.

Só não podemos ficar tentados a enfiar um deus ou algo sobrenatural no meio.

Não estou tentada a enfiar nada no meio, estou tentada a saber como é que coisas sobrenaturais como infinidade e eternidade estão no meio.

Está sim. Ao falar de sobrenatural já o enfiou no meio. Infinidade e eternidade são abstrações criadas pela mente humana para explicar conceitos.


Estou tentada a saber como é que uma Ciência que só pode lidar com dados materiais e fisicamente verificáveis pode se utilizar de “idéias” que não podem ser submetidas ao método científico, isso, é claro, partindo do pressuposto de “falseabilidade”.


Hipóteses e teoria científicas são diferentes de ferramentas.

Estou querendo chegar ao perfeito entendimento e "emprego" de falseabilidade. Se apenas o que pode ser observado é matéria de Ciência, temos que parar nas reações eletroquímicas, porque a partir daí é questão de filosofia.


Exatamente. É questão de filosofia.

O raciocínio, como fruto do cérebro e suas reações é algo inverificável, materialmente falando. Podemos palpar o raciocínio? Podemos ver o raciocínio? Podemos cheirar o raciocínio? Podemos ouvir o raciocínio? Podemos degustar o raciocínio?


O raciocínio é um processo. Não é uma coisa. Podemos saber como ele funciona.

Observando as reações eletroquímicas a Ciência pode chegar à mesma conclusão que observando a queima de combustível: há produção. O que é observado é a “fonte” e as “reações” dessa fonte – “o produto” é apenas dedução dos efeitos que causa. Não percebemos a aceleração pelos sentidos, mas apenas como é produzida (reações) e seus efeitos sobre o objeto (movimento). O mesmo se passa com o raciocínio, não o percebemos pelos sentidos, apenas como é produzido (reações) e seu efeito sobre o homem (idéias).

Exatamente. É um processo. E o que a ciência faz é explicar como se dá esse processo.

E se foi a luta pela sobrevivência que aprimorou a nosa espécie e possibilitou que ela alcançasse por si mesma os mecanismos de entendimento da natureza?

“Se” é algo que não existe. Pois um crente pode alegar que “se” deus existe blá blá blá(...). Trabalhamos com fatos e o fato é que todas as espécies desenvolvem habilidades físicas para sobreviver, mas o homem, extraordinariamente, desenvolveu habilidade intelectual.

Não só o homem. Outros animais tem habilidade intelectual. Alguns até se comunicam.

O homem evoluiu do macaco, até aí tudo bem, mas isso não explica porque o macaco não evoluiu, sendo anterior ao homem e vivendo no mesmo espaço físico.

O homem não evoluiu do macaco. Leia mais sobre o caminho evolutivo.

E também não explica porque o macaco não se extinguiu com a evolução para a condição de homem. E também não explica porque o chipanzé, por exemplo, com 95% de semelhança física, não desenvolveu o raciocínio apurado, capaz de calcular, filosofar, inventar, deduzir.

Porque evolução não se dá no sentido de "chegar a algum lugar". Na verdade o termo evolução nem é muito correto. O nome de teoria é Evolução das espécies por seleção natural. E a biologia tem explicado muito bem essas qusetões. Se quiser mais detalhes abra um tópico na área Origens que alguém mais gabaritado que eu te explicará ou indicará bibliografia adequada.

Todas as outras espécies vivas mostram que não é necessário raciocínio para perpetuar, mas apenas habilidades físicas. E as que não desenvolvem essas habilidades se extinguem. Os primatas com toda sua semelhança, mostram que o raciocínio não é necessário a perpetuação dos primatas.

Nenhum primata além do homem tem raciocínio?

Se a Navalha de Ockham tivesse aplicação nesse caso, o homem teria desenvolvido habilidades semelhantes a dos macacos ou simplesmente se extinguido, como tantas outras espécies. Mas por algum estranho mistério, em vez de pegar o caminho mais simples, como tudo na natureza, o homem pegou o caminho mais complexo.

Confusão de conceitos. A Navalha de Ockham é uma ferramenta para selecionar entre duas hipóteses onde temos os mesmos dados para decidir entre uma delas.
E porque você afirma que o caminho foi o mais complexo? Que critérios determinam a complexidade da árvore evolutiva?
 

E qual outro plano senão o material?

O intelectual - o raciocínio – essa ferramenta excepcional que somente o “sapiens” possui e cria coisas que não existem para compor sua “realidade”, como a fantasia, a imaginação, os mitos, as lendas, o sobrenatural, o metafísico. Ou tudo isso não faz parte da “realidade” humana?

Depende do que você chama de realidade. A realidade de um esquizofrênico é bem diferente...

Luz, diga logo o quer propor, sem meias palavras, vamos lá.

Quero propor que em vez de ficarmos questionando apenas coisas banais como mitos, lendas e religiões, ocupemos melhor nosso tempo questionando a Ciência, suas limitações, suas falhas, suas lacunas como propôs Sagan. Não temos que apoiar cegamente o que a Ciência diz ou faz e nem temos que defendê-la. Não temos que ser convenientes a ela, nós temos que ser a pedra do sapato, testar seus limites, exigir explicações e provas, cobrar, vigiar e fazer parte.


Estude Filosofia da Ciência, proponha um novo método científico e ganhe um Nobel.

A Ciência não é uma vaca “sagrada”, ela é uma vaca “leiteira”. E nós não somos hindus, nós somos céticos – deveríamos duvidar e escarafunchar os mínimos detalhes de todas as explicações que nos apresenta, mas por algum estranho mistério, tudo aquilo que carrega uma credencial “científica” é adorado como uma “verdade revelada”.

Agora tive certeza que você não entendeu nada sobre falseabilidade e ciência...
Peço encarecidamente que leia aquele link e verá que tudo o que a ciência menos tem são verdades reveladas.

Quem não acredita numa possibilidade que não está “comprovadamente” descartada matou uma dúvida sem precisar de comprovação.


Mostre evidências dessa possibilidade!
E lembre-se, como disse o Sagen que você citou: "Alegações extraordinárias exigem provas extraordinárias."


Temos que assumir nossa realidade: “eu sou o homo sapiens” e não o macaco do laboratório do homo sapiens científico. Eu proponho que invertamos as posições e coloquemos essa Ciência que existe para servir ao homem como cobaia de nossas investigações.

Nós somos o macaco pelado. A diferença para os outros é apenas que podemos conjecturar sobre isso.

Luz, por favor, vamos fazer uns posts menores ou criar tópicos separados. Leva um tempão pra formatar o texto de forma legível!  :)

[]´s
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Offline Marcelo Terra

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #195 Online: 18 de Julho de 2006, 12:28:23 »
Você está impondo ao índio a sua capacidade de abstração, que tem muito a ver com conhecimento préviamente adquirido. O conhecimento desse índio não chega perto do que você tem.

A mim parece mais que você quer impor ao índio a incapacidade de ser capaz de imaginar que poderia atravessar o oceano. Qualquer tribo primitiva litorânea se aventurava no mar por pouco que fosse. Nessa discussão me parece correto quem afirmou que o índio poderia formular a hipótese e a forma de testar a hipótese mesmo que não tivesse condições de executar o teste. Ele saberia que a distância era grande demais para ser executado à nado e que os seus barcos, quais fossem não o levariam tão longe.

Por que forçar tanto e discutir tanto um exemplo que se mostror inapto a demonstrar o que você queria. Não seria melhor procurar outro exemplo?

Offline L. Duran

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #196 Online: 18 de Julho de 2006, 12:32:35 »
O que desejo saber é se são consideradas coisas inexistentes pelo fato de não serem falseáveis.

Luz, o conceito de falseablidade se aplica a uma teoria científica. Moral, justiça e o raio que o parta não são uma teoria científica. Não se propoem a criar uma explicação geral para um fenômeno.
Eu já expliquei isso ao Tarciso lá atrás e passei um link onde tem uma explicação muito melhor.

Depende do que você quer explicar...
E depende do que você chama de ciência. A Antropologia e a Psicologia tentam elaborar teorias científicas para explicar essas abstrações que você cita. Acham que elas não servem pra nada?

"se depende do que eu desejo" isso impõe uma condição de limitação - significa que existem coisas que desejo explicar que a Ciência não pode auxiliar. Isso significa que devemos discartar tudo aquilo que a Ciência não alcança? Esquecer nossas dúvidas e deixar de questionar tudo o que não é cientificamente questionável? Limitar o sapientismo as limitações da Ciência? É a Ciêncfia quem nos auxilia ou nós quem devemos auxiliá-la?

A ciência não explica porquês, ela explica como. Só isso.
Me dê um exemplo do que você quer explicar que a ciência não explica.

Afirmaçãozinha perigosa essa...
Nenhum outro animal tem raciocínio?
Exatamente - afirmaçãozinha perigosa essa, mas não fui eu quem me auto-intitulei "homo sapiens" e nem tão pouco quem denifiniu o significado desse "sapiens". Eu já nasci "homo sapiens", sou fruto do meio.
Mas foi você que afirmou que só o homem tem raciocínio. E em dois posts...
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Offline Luis Dantas

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #197 Online: 18 de Julho de 2006, 12:40:02 »
A mim parece mais que você quer impor ao índio a incapacidade de ser capaz de imaginar que poderia atravessar o oceano.

Também acho.  Parece por vezes que a riqueza da capacidade de abstração humana impressiona tanto a alguns (muitos dos espíritas inclusive) que eles acham de alguma forma necessário crer que há ainda mais resultados concretos dessa capacidade, e até mesmo fantasiam um grau de "evolução" que não chegou a existir de fato.
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Gil

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #198 Online: 18 de Julho de 2006, 12:44:08 »
A mim parece mais que você quer impor ao índio a incapacidade de ser capaz de imaginar que poderia atravessar o oceano. Qualquer tribo primitiva litorânea se aventurava no mar por pouco que fosse. Nessa discussão me parece correto quem afirmou que o índio poderia formular a hipótese e a forma de testar a hipótese mesmo que não tivesse condições de executar o teste. Ele saberia que a distância era grande demais para ser executado à nado e que os seus barcos, quais fossem não o levariam tão longe.

Por que forçar tanto e discutir tanto um exemplo que se mostror inapto a demonstrar o que você queria. Não seria melhor procurar outro exemplo?

Cogitei procurar outro exemplo, mas este ainda mostra-se adequado. Eu não quero impor essa incapacidade a ele, eu escolhi um índio que não tenha essa capacidade, faz parte do exemplo.
Se eu não sei eu não digo nada.

Offline Marcelo Terra

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Re: Clube Cético, Clube Ateu ou Clube Teísta (...)?
« Resposta #199 Online: 18 de Julho de 2006, 12:50:40 »
Não dá pra imaginar um humano que não consiga pensar na possibilidade de seguir sempre em frente no mar uma vez que ele tenha capacidade de imaginar que existe um "em frente" (quando você diz que ele supo~e que exista terra do outro lado). Não faz sentido.

 

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