Não concordo com os métodos terroristas dos palestinos, mas entendo o ódio que os motiva. Imagine você saber que seu pai ou avô era um comerciante rico na Jerusalém dos anos 30 ou 40, e que, após 1947, perdeu tudo e foi obrigado a levar uma vida de refugiado, em acampamentos de lona, sem saneamento básico, etc.
É uma ferida ainda muito recente para esses descendentes dos que tiveram casas e posses confiscadas (roubadas) e/ou destruídas. Imagino que eu também odiaria Israel se acontecesse comigo. Felizmente, meu bisavô veio do Líbano para o Brasil em 1915, portanto, antes do desfecho desses tristes acontecimentos. Sou brasileiro, não tenho nenhum contato com a cultura árabe (exceto a culinária, que adoro), mas me compadeço profundamente dessas pessoas que estão sofrendo inocentemente no Líbano. Meu bisavô, por ser árabe cristão, odiava os árabes muçulmanos. Como se vê, o ódio não é coisa nova por aquelas bandas. A criação de Israel foi como uma cutucada numa colméia. O enxame hoje se espalha pelo mundo inteiro.
Israel tem se comportado como um Estado insano. Defender-se é um direito de qualquer povo ou nação. Destruir famílias inteiras, toda a infra-estrutura de um país não.
O Hezbolah faz tão mal ao Líbano quanto a Israel. O Líbano enfrentou duas sangrentas e longas guerras civis. É natural que hoje as pessoas mais tolerantes queiram evitar um embate com os radicais. Tentam dialogar, o único caminho possível para a paz e o entendimento.
O que o governo israelense deveria reconhecer é que estão destruindo o Líbano pela segunda vez. A primeira, ao permitir e incentivar que milhares de refugiados palestinos rumassem ao norte, como que passando seu problema adiante (uma hora ele retornaria, já era sabido). A segunda, com esses bombardeios covardes que atingem a população civil e a infra-estrutura libanesa.
Enquanto o governo libanês tentava lidar com a questão dos refugiados em seu território, Israel investia pesadamente em seu exército e tecnologias bélicas. Se todo esse dinheiro, investido em armas, muros e prisões, tivesse sido usado no pagamento de indenizações justas ao povo palestino, é bem provável que não houvesse um conflito tão arraigado atualmente.
Numa comparação delirante, porém sugestiva, imaginem que um povo indígena, originário do território uruguaio atual, resolvesse, numa guerra, criar um país para si encravado entre Argentina, Brasil e Paraguai. Muitos refugiados uruguaios fugiriam para o Brasil, outros para a Argentina, e alguns tantos para o Paraguai. Será que esses países teriam a obrigação de conter o ódio uruguaio em seu território? Será que tentariam reverter a situação, iniciando uma guerra de retomada? Como a economia reagiria? Questões como estas se apresentaram aos países árabes após a criação do estado de Israel. O exercício da empatia é necessário para que analisemos com justiça a questão dos palestinos e dos países do Oriente Médio que foram afetados pela ocupação israelense. Colocar-se no lugar do outro, enxergar com seus olhos. Só assim poderá haver paz e justiça.
O Líbano está sofrendo por algo que não lhe pertence. A presença de radicais palestinos em território libanês não trouxe nenhum ganho para o Líbano, apenas perdas. E que perdas! Uma coisa é certa: o Líbano merece um pedido de perdão, não bombardeios indiscriminados.