E o caso das
Drosophila melanogaster que sofreram mutações? Isso não é observável?
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MUTAÇÕES GÊNICAS E
MUTAÇÕES CROMOSSÔMICAShttp://dreyfus.ib.usp.br/bio203/texto13.pdf•
Cruzamento de Drosophila melanogaster apresentando mutações:https://prezi.com/v3n8csnpahr5/cruzamento-de-drosophila-melanogaster-apresentando-mutacoes•
Drosophila melanogasterhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Drosophila_melanogaster___________________
http://dreyfus.ib.usp.br/bio203/texto13.pdfA DESCOBERTA DAS MUTAÇÕES
Os relatos de De Vries (1901-1903, 1909-
1910) sobre o aparecimento freqüente de mutantes
na planta Oenothera glazioviana (Onagraceae),
abundante nas dunas da Holanda, estimularam
muitos geneticistas e evolucionistas a
procurar novos mutantes em outros organismos
(veremos a seguir que os “mutantes”de De Vries
não eram mutações verdadeiras, definidas por ele
como uma mudança hereditária em um dos alelos
de um gene). Era isto que Morgan tinha em mente
quando iniciou suas culturas de D. melanogaster.
Em espécies de Drosophila, assim como em
qualquer outro organismo, o aparecimento de
novos mutantes é um evento extremamente raro.
Drosófilas com olhos brancos ou asas vestigiais
só foram encontradas após a análise minuciosa
de milhares de indivíduos. Em 1914, Morgan
escreveu: “Na realidade, nossa experiência com
Drosophila nos dá a impressão que as mutações
são eventos raros, embora o número de mutações
obtidas por nós até o momento tenha sido muito
grande.”
Existem duas razões principais para a raridade
das mutações. Uma delas é a baixa freqüência
MUTAÇÕES GÊNICAS E
MUTAÇÕES CROMOSSÔMICAS
Décima terceira
aula (T13)
Objetivos
1. Distinguir mutação espontânea de mutação
induzida.
2. Conceituar gene letal.
3. Explicar como Morgan identificou mutações
letais ligadas ao sexo em Drosophila.
4. Conceituar sistema balanceado de genes letais.
5. Definir inversão cromossômica.
6. Explicar como inversões em estado heterozigótico
suprimem recombinação gênica.
7. Descrever as características do sistema ClB de
Drosophila melanogaster.
8. Explicar a detecção de mutações letais ligadas ao
sexo em Drosophila por meio do sistema ClB.
9. Conceituar mutação homeótica.
Texto adaptado de:
MOORE, J. A. Science as a Way of Knowing -
Genetics. Amer. Zool. v. 26: p. 583-747, 1986.
com que um determinado gene sofre mutação; a
outra é a recessividade da maioria dos alelos
mutantes. Como conseqüência dessa última situação,
a quase totalidade dos alelos mutantes encontra-se
no estado heterozigótico, mascarados pelo
alelo dominante selvagem. Imagine uma população
de 1.000 moscas, em que haja apenas um
alelo recessivo presente em um indivíduo heterozigótico,
como seria possível detectá-lo?
Durante as primeiras décadas do século XX,
os organismos foram submetidos a diversos tratamentos
visando o aumento da taxa de mutação.
Na esperança de obter novos mutantes, Morgan
injetou várias substâncias químicas em diferentes
espécies de insetos. Posteriormente, ele expôs
drosófilas à radiação, idéia que deve ter vindo de
seu colega da Columbia University, James Howard
McGregor, que foi um dos primeiros a testar o
efeito da radiação por rádio em organismos vivos
(ele usou gametas e embriões de rãs).
O fato de algumas das linhagens de D. melanogaster
de Morgan terem sido submetidas à radiação
traz a remota possibilidade de que alguns dos
primeiros mutantes descobertos possam ter sido
induzidos por ela. Contudo, Morgan (1914a) não
acreditava nesta hipótese e experimentos subse-
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qüentes usando o elemento químico rádio e raios
X pareciam não produzir mutações. Foram os trabalhos
de Muller que, posteriormente, demonstraram
a capacidade mutagênica dos raios X. Morgan
(1914b) também levantou a possibilidade da
eterização das moscas causar mutações, mas não
pôde demonstrar se isso realmente ocorria.
E. B. Lewis (comunicação pessoal) acredita que
seja pouco provável que os mutantes encontrados
na “Sala das Moscas” tenham sido induzidos por
radiação. Uma das razões para isto é que as dosagens
de radiação usadas por Morgan eram muito
baixas. Lewis suspeita que a causa da taxa elevada
de mutações tenha sido a disgenesia do híbrido1
decorrente de numerosos cruzamentos entre diferentes
linhagens de D. melanogaster coletadas no
campo. Se essa hipótese for verdadeira, significa
que o advento da genética de Drosophila foi um
evento pouco provável. Se Morgan tivesse usado
somente uma linhagem, quer de Lutz, Castle, Payne
ou que ele próprio tivesse coletado, a disgenesia
do híbrido não teria ocorrido e o fervilhar de
mutantes não teria sido observado.
Logo após o primeiro macho de olho branco
ter sido descoberto, outros alelos mutantes apareceram.
Em poucos anos o número chegou a 85.
Isto se deveu, em grande parte, à extraordinária
habilidade de Calvin Bridges para detectar variações
entre indivíduos com anomalias e o tipo selvagem.
Na verdade, todos na “Sala das Moscas”
tinham uma grande habilidade em descobrir novos
alelos mutantes. Mesmo Sturtevant, apesar de
daltônico, detectou muitos desses alelos. Um
número enorme de moscas foi analisado e foi,
muito provavelmente, a dedicação, o enfoque e
a disciplina desses pesquisadores da “Sala das
Moscas”, a maior razão para que tanto tenha sido
descoberto em tão pouco tempo.
Convém lembrar que as mutações somáticas
não são hereditárias e apenas aquelas que ocorrem
na linhagem germinal é que podem ser transmitidas
às gerações subseqüentes. Portanto, as mutações
somáticas são aquelas que ocorrem em qualquer
célula que não aquelas que irão originar gametas.