Autor Tópico: o "dilema de Haldane" e a evolução humana  (Lida 20061 vezes)

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Offline DeadLock

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #25 Online: 18 de Setembro de 2006, 17:16:08 »
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Não significa que só teriam sido possíveis 1667 substituições de nucleotídeos para toda a diferença genética entre os humanos e o chimpanzé; isso seria referente ao número aproximado de genes mais relevantes para as diferenças adaptativas entre eles.

O cálculo siginifica que só 1667 mutações com valor seletivo poderiam ter se fixado em 10 milhões de anos.Na verdade mutações neutras têm muito mais dificuldade de se fixar, exatamente pelo fato de não ter valor seletivo.Toda mutação neutra para se fixar precisa pegar carona com uma mutação seletiva.

Offline Nina

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #26 Online: 18 de Setembro de 2006, 22:42:23 »
Toda mutação neutra para se fixar precisa pegar carona com uma mutação seletiva.

Prove.

Deriva não pode fixar, com probabilidade equivalente de eliminar?
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline DDV

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #27 Online: 19 de Setembro de 2006, 04:18:06 »
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1-  Os 2,7 % de diferença entre o homem e o chimpanzé são em pares de nucleotídeos, e não em genes (gene é uma sequência do DNA de tamanho variável que codifica uma determinada proteína).  Apesar do DNA do ser humano ter bilhões de pares de bases, possui "apenas" cerca de 30 000 genes. A salamandra possui muito mais pares de bases do que o ser humano (!), no entanto possui muito menos genes, pois a vasta maioria é de "DNA-lixo".  Portanto, só devem entrar no cálculo do "custo de fixação" as diferenças entre genes funcionais (as únicas que sofrem a seleção natural), e não todos os pares de bases.

Posso estar errado e esses 2,7 % realmente se referir apenas aos genes funcionais. Poderia citar a fonte confirmando isso?

A diferença é de genes funcionais, mas eu vou levantar os sites do projeto genoma do homem e do chimpanzé pra você

Ok, estou aguardando.

Citação de: deadlock
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2-   Já supondo que os 2,7 % se refiram apenas a genes funcionais, o cálculo coloca cada evento mutacional como afetando apenas 1 par de nucleotídeos por vez. Porém mutações envolvendo dezenas, centenas ou até mesmo milhares de bases de uma só vez (seja copiando-os, deletando-os, transpondo-os. etc) também ocorrem. Se for considerar que cada mutação afete apenas 1 par de bases por vez, então a quantidade de mutações necessárias para a diferença se acumular será igual à quantidade de pares de bases diferentes, o que obviamente produz uma gigantesca superestimação da quantidade de mutações realmente ocorridas ou necessárias.

No cálculo não existe restrição de quantas bases vão ser alteradas por vêz.Entretanto, mutações envolvendo dezenas , centenas ou milhares de bases de uma só vêz se é que existe com certeza é danosa.

Nada disso. Uma sequência inteira de um gene pode ser copiada, mantendo o original intacto e depois alterando mais "levemente" a cópia, que passa a produzir outra enzima diferente, ou seja, a quantidadede nucleotídeos diferentes não representa a quantidade de mutações ocorridas. Não é necessário haver uma mutação para cada nucleotídeo diferente. Cópias levemente alteradas de genes inteiros é uma das coisas que mais se vê no DNA (Um exemplo disso é o gene que codifica a enzima "anti-congelante" dos peixes árticos, que é uma cópia levemente alterada de um gene de uma enzima pancreática).

Além disso, até que você mostre que os 2,7% de diferença entre o DNA do homem e do chimpanzé representam todos genes funcionais, o fato de uma "mega-mutação" não ser vantajosa é irrelevante, pois ela ajudaria a produzir as diferenças no "DNA-lixo". (e a maioria destas cópias não funcionais de genes são neutras, pois são muito frequêntes no DNA dos seres vivos).

Citação de: deadlock
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3-   O cálculo também usa como pressuposto que as mutações foram fixadas “em fila indiana”, ou seja, cada mutação benéfica levava o seu tempo inteiro de fixação sem que outras mutações fossem concomitantemente fixadas no mesmo período, como se cada mutação só começasse a se fixar após a precedente terminar de se fixar. O cálculo não considera a possibilidade muito mais realística de que em um determinado período, diversas mutações benéficas eram fixadas simultaneamente, cada qual contribuindo à sua maneira para a sobrevivência dos seus possuidores e eventualmente se encontrando nos mesmos indivíduos através da reprodução sexuada.

Voce está extremamente equivocado, o cálculo não pressupõe nada disso.Eu acho que voce não entendeu o cálculo


Olhe bem: no cálculo que você apresentou aqui, foi considerado que havia apenas 1 mutação benéfica na população.
Os portadores da mutação tinha uma vantagem sobre os não portadores, que foi quantificada como sendo o s= 0,1, que é o fator que permite calcular qual proporção dos não portadores da mutação morrerão a cada geração devido à desvantagem por não possuirem o gene.
O "custo de fixação" da mutação seria a quantidade total de mortes que ocorrerão entre os não-portadores devido à essa desvantagem até que todos os indivíduos da população tenham a mutação. Ok até aqui?

Poderemos então dizer que a "adaptabilidade" da mutação A é 1, e dos não-portadores é 0,99.

Se houver uma outra mutação benéfica B na população, então a adaptabilidade dos portadores da mesma em relação aos portadores de A, não poderá ser também 0,99, pois o benefício proporcionado por B atenua ou neutraliza a desvantagem por não terem a mutação A. Portanto, a adaptabilidade de B, na escala comparativa com os demais, deverá ser maior do que 0,99 (pode ser inclusive igual ou maior do que 1). Logo, a proporção dos portadores de B que morrerão a cada geração será menor do que a proporção dos portadores de nenhuma mutação. Sendo assim, o "custo de fixação" (quantidade de portadores de B mortos que A terá que substituir) de A em relação a B será menor do que o de A em relação aos portadores de nenhuma mutação, ou então nula.

Portanto, a existência de portadores de outras mutações benéficas diminuem o custo de fixação de uma determinada mutação justamente porque a adaptabilidade desses portadores em relação à mesma será maior do que 0,99 ( o s deles será menor do que 0,1). Não há portanto essa de que a única forma do custo ser reduzido é se as mutações ocorrerem no mesmo indivíduo.

Para complementar o que eu disse, como os não-mutantes tem menor adaptabilidade em relação a A e B, eles "sumirão" primeiro. A população inicialmente decrescerá, pois eles são a maioria. Mas quando os portadores de A ou de B passarem a ser maioria, a população total poderá voltar crescer (nascimentos superando mortes). A e B se encontrarão nos mesmos indivíduos via reprodução sexuada. Os portadores dos dois genes (AB), passarão a ter maior adaptabilidade do que os portadores individuais, o que fará que ocorram mais mortes nos A ou B se comparados a AB (devido à desvantagem competitiva, or exemplo). Como a quantidade de novos ABs surgidos por reprodução sexuada é alta, o "custo de fixação" dos mesmos será facilmente pagável, e a população não terá redução inicial tão drástica desta vez, se tiver.   

Agora só umas dúvidas com relação a alguns posts seus: 

"Eu estou desconfiado que voce não sabe o que significa fixação de alelo.Um alelo se torna fixo quando sua frequência é de 100%. Então, como A, B e C de acordo com o seu exemplo estão em individuos diferentes e tem o mesmo valor seletivo, eles não vão se fixar nunca"

 Eles não podem se encontar via reprodução sexuada? Por quê?


"Para frequência do alelo se tornar 1, todos os individuos da população que não tenham a mutação precisam ser removidos.Quando eu falo removidos, eu não estou dizendo que é em uma só geração, é ao longo do tempo, e esse tempo é exatamente o custo de fixação"

Afinal de contas, "custo de fixação" é a quantidade de mortes que ocorrerão entre indivíduos que não possuem uma mutação benéfica devido às suas desvantagens adaptativas, mortes essas que os possuidores da mutação terão que cobrir; ou é simplesmente "a quantidade de indivíduos que não possuem uma mutação que "precisam" ser removidos"?

 
"Seu raciocinio de genética populacional está totalmente equivocado.Se para A se fixar é necessário que todos que não tenham A sejam eliminados, então quem tem B e C terá que ser eliminado pela seleção, já que eles não tem A.Agora para B se fixar é necessário que todos que não tem B sejam eliminados, ou seja A e C.E o mesmo serve para C.Aquele gene que tiver maior valor de seleção irá eliminar os outros. Se todos tiverem um valor de seleção equivalente então nenhum se fixará.Ou seja, aqueles  que não têm A mas que tem B ou C irão sobreviver. Aqueles que não tem B mas que tem A ou C irão sobreviver.E aqueles que não tem C mas que tem A ou B também irão sobreviver.Para fixação dos três, é necessário que um único individuo tenha os 3 alelos simultaneamente. No seu exemplo o custo de substituição só começou a ser pago na sétima geração, quando surgiu o primeiro ABC.Cabe ressaltar que o quadro acima só é viável se os alelos tiverem o mesmo valor de seleção.Só que ai surge um problema, se os alelos têm o mesmo valor de seleção não há motivo para que ABC se fixe em detrimento de A, B e C.Então na verdade ABC tem que surgir em único individuo de inicio para poder se fixar ".

Novamente:

Por que você acha que os três genes não podem “se toparem” nos mesmos indivíduos via reprodução sexuada?

Por que você afirma que ABC teria o mesmo valor seletivo em um indivíduo do que A, B ou C isolados?

Na reprodução sexuada os descendentes não herdam os cromossomos intactos de seus pais.Por isso cada mutação tem que pagar seu custo de fixação independentemente

Por quê?

Citação de: deadlock
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Se tivermos as mutações benéficas A, B e C, cada uma delas contribuirá de forma diferenciada para a sobrevivência dos seus respectivos possuidores. Em relação ao portador de A, os portadores de B, C e os de nenhuma das três teriam desvantagem; porém a desvantagem dos portadores de B e C em relação aos de A é atenuada ou neutralizada por suas respectivas mutações benéficas ou mesmo podem ter mais vantagens do que A. Tudo isso vai depender dos “s” (fator usado no cálculo de Haldane) relativos de cada um deles. O que importa é que se B ou C possuem desvantagem em relação a A, os que não possuem nenhuma das três mutação terão menos vantagem ainda, de forma que serão eliminados primeiramente, sobrando apenas os portadores de A, B e C  em proporção a depender de suas “aptidões” relativas. Tendo apenas os portadores de A, B e C restado, é inevitável que estas mutações se encontrem nos mesmos indivíduos através da reprodução sexuada (na verdade, poderiam se encontrar bem antes dos portadores de nenhuma das três mutações terem desaparecido completamente).

Enfim, o pressuposto da “fila indiana” na fixação das mutações também superestima muito o cálculo do tempo necessário para as diferenças se acumularem.

Eu acho que voce não entendeu o cálculo.Voce está comentendo os mesmos erros do Buckarro.Favor ler os posts anteriores.

Eu não enxerguei até o momento erros de Buckaroo.
 Faça o seguinte: mostre nesse meu post, frase por frase, o que tem de errado.

Citação de: deadlock
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4- Por fim, o cálculo procurou estabelecer a quantidade de mutações necessárias para causarem a atual diferença entre o homem e o chimpanzé. Nesse caso, o resultado do cálculo não seria apenas as mutações ocorridas na corrente dos seres humanos desde que divergiu do seu ancestral, mas a soma das mutações ocorridas na corrente dos seres humanos com as mutações ocorridas na corrente dos chimpanzés. A falta dessa consideração também superestima (em cerca de 2 vezes) a quantidade de mutações ocorridas na corrente do ser humano desde que a mesma divergiu de seu ancestral.

De novo a história de dobrar as diferenças ? Favor ler os posts anteriores e voce verá que o Buckaroo já usou esse argumento.Na Verdade eu acho que voce só está repetindo os argumentos do Robert Williams que está no TalkOrigins.Eu já respondi tanto esse artigo do Talkorigins que reconheço quando alguém usa ele.

Na verdade eu não li uma letra do talk origins sobre esse assunto.  O que eu apresentei é o que inevitavelmente vem à mente de qualquer pessoa que acompanhe o assunto. Mas isso é irrelevante! Poderia apresentar o que há de errado e por quê no meu post?

Citação de: deadlock
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Explicado em 2 e 3 acima.
Você fala que não importa se estão mais de uma mutação se fixando. Mas o fato de terem mais de uma mutação benéfica na população não faria com que os "s" relativos entre os portadores das mesmas sejam menores do que em relação aos portadores de nenhuma mutação?
Isso não faria com que os portadores de nenhuma das mutações sejam eliminados mais rapidamente?
Isso não faria com que só restassem os portadores das mutações benéficas na população, fazendo com que as mutações benéficas com certeza se encontrem nos mesmos indivíduos via reprodução sexuada e acelerem ainda mais a fixação das mesmas? ( aliás, não é essa a vantagem proporcionada pelo surgimento da reproduçãp sexuada, que é mais complexa e custosa do que a assexuada?)

Se não (a qualquer uma das perguntas), por quê?

Quanto mais rápido a eliminação de quem não têm a mutação, maior o custo de substituição de quem tem a mutação.Digamos que numa população de 1000 , 1 tenha uma nova mutação e 900 não tenha.Se s for 10% então 90 vão morrer a mais por geração por não ter a mutação, e aquele que tem a mutação vai ter que repor esses individuos a mais que morreram para que a espécie não sofra extinção.

Quando eu falo que os portadores de nenhuma mutação seriam eliminados mais rapidamente, eu quis dizer mais rapidamente em relação aos portadores da outras mutações benéficas. Eu utilizei um termo inapropriado. Favor trocar “rapidamente” por “primeiro” ou “primeiramente”.

Citação de: deadlock
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Ou seja, o resultado do cálculo que leva em conta todos os fatores já expostos (portanto, não subestimado) será a soma das mutações ocorridas na corrente dos seres humanos com as mutações ocorridas na corrente do chimpanzé. Logo, a quantidade de mutações que precisou ocorrer na corrente dos seres humanos para produzir a atual diferença entre o mesmo e o chimpanzé será por volta da metade do resultado do cálculo.
Portanto, o tempo necessário para as diferenças acumuladas entre o homem e o chimpanzé serem produzidas será menor (cerca da metade do tempo necessária para que quantidade de mutações dadas no resultado do cálculo se fixem) .

Favor ler os posts entre mim e o Buckaroo porque voce não entendeu nada do cálculo.
Especifique melhor: que partes das minhas postagens estão erradas e porquê?


Citação de: deadlock
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Ok.
Porém você disse no tópico algo como "para a população se manter constante, os indivíduos que possuem a mutação vantajosa deverão substituir as mortes ocorridas entre os não-mutantes, o que está fora das possibilidades reprodutivas de qualquer mamífero", Ora, se a população não precisa obrigatoriamente ficar constante, então não há nenhum problema ou nenhuma impossibilidade de nada ocorrer que esteja relacionado à capacidade de reprodução dos indivíduos mutantes.

Para que uma expécie não vá a extinção ela tem que pagar alguns custos.No mínimo ela tem que produzir uma prole de 2 por casal , um para substituir o macho e outro para substituir a fêmea, isso se chama custo de continuidade.Depois muitos vão ser mortos por predadores, outros por doenças  e outros por mutações danosas, isso chamamos custo de seletividade.Então toda espécie tem que ter uma taxa de reprodução suficiente para manter a espécie em equilibrio.Se a cada mutação voce tem uma taxa de seletividade alta que vai aumentar ainda mais o custo de sobrevivência, simplesmente nenhum mamífero sobrevive.O custo de substituição é exatamente aqueles nascimentos extras que o individuo com mutação tem que ter para pagar as mortes extras do aumento de seletividade.Se por outro lado voce reduz a seletividade ao extremo, então o custo de substituição vai levar muito tempo para ser pago.È um verdadeiro dilema.

A população cairá inicialmente, mas não sempre. Quando a proporção de indivíduos mutantes passar a predominar, a queda populacional cessará e novo crescimento ocorrerá. Além disso, a própria queda é a taxas decrescentes (pois a proporção dos não-mutantes na população vai decrescendo).
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline DeadLock

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #28 Online: 19 de Setembro de 2006, 08:08:17 »
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Nada disso. Uma sequência inteira de um gene pode ser copiada, mantendo o original intacto e depois alterando mais "levemente" a cópia, que passa a produzir outra enzima diferente, ou seja, a quantidadede nucleotídeos diferentes não representa a quantidade de mutações ocorridas
Duplicação genética, como o nome mesmo diz é uma cópia do gene original o que resulta em um resultado nulo, já que esse gene precisa depois sofrer mutações para ter uma função nova , então voce choveu no molhado.

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Não é necessário haver uma mutação para cada nucleotídeo diferente.
Eu não disse que cada mutação envolve apenas um nucleotídeo, eu disse que a maioria envolve apenas um nucleotídeo, quando muito três.

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"Cópias levemente alteradas de genes inteiros"
Por Favor defina "levemente".Toda mutação gera uma cópia levemente alterada de genes inteiros, e daí ? Continua chovendo no molhado

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(Um exemplo disso é o gene que codifica a enzima "anti-congelante" dos peixes árticos, que é uma cópia levemente alterada de um gene de uma enzima pancreática).

Poderia me informar em quantos nucleotideos eles são diferentes ? E o artigo que prova que um é uma mutação do outro.

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Portanto, a existência de portadores de outras mutações benéficas diminuem o custo de fixação de uma determinada mutação justamente porque a adaptabilidade desses portadores em relação à mesma será maior do que 0,99 ( o s deles será menor do que 0,1). Não há portanto essa de que a única forma do custo ser reduzido é se as mutações ocorrerem no mesmo indivíduo.

Voce continua não entendendo.O custo de substituição não é simplesmente a morte do que não tem a mutação, mas o fornecimento do substituto dessa morte que é o que garantirá a sobrevivência da espécie e a proliferação do novo gene.Por sua vez a velocidade de substituição está limitada pela taxa reprodutiva da espécie.

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Para complementar o que eu disse, como os não-mutantes tem menor adaptabilidade em relação a A e B, eles "sumirão" primeiro. A população inicialmente decrescerá, pois eles são a maioria. Mas quando os portadores de A ou de B passarem a ser maioria, a população total poderá voltar crescer (nascimentos superando mortes)

Só que voce tem que colocar isso em números.Se a taxa de seletividade for maior que a capacidade de A e B de repôr, a espécie irá a extinção.Mas se por outro lado você reduzir a taxa de seletividade a fim de que A e B possam pagar então a fixação vai demorar mais tempo.Taí o dilema de novo.Não se esqueça que estamos falando de mamíferos e não de bactérias ou insetos.

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Eles não podem se encontar via reprodução sexuada? Por quê?

Fixação de um alelo significa que ele atingiu a frequência de 100%.Ou seja, no caso do exemplo, só poderia existir individuos ABC.Mas como os genes têm o mesmo valor seletivo, na verdade o que vamos ter é uma população de ABC, AXX, ABX,AXC e etc. Sem nenhuma combinação se fixando.

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Afinal de contas, "custo de fixação" é a quantidade de mortes que ocorrerão entre indivíduos que não possuem uma mutação benéfica devido às suas desvantagens adaptativas, mortes essas que os possuidores da mutação terão que cobrir; ou é simplesmente "a quantidade de indivíduos que não possuem uma mutação que "precisam" ser removidos"?

Na verdade, o custo de fixação é a quantidade de individuos que não possuem uma mutação que precisam ser removidos. Pagar o custo já é fornecer os individuos que irão substituir essas mortes. Eu falei em tempo por que estamos diante de um dilema.Para tornamos o custo pagável pelos mamíferos temos que transformar esse custo em tempo.Mas concordo que acabei dando margem para confusão.

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Por que você acha que os três genes não podem “se toparem” nos mesmos indivíduos via reprodução sexuada?

Eles podem se topar via reprodução sexuada.Como disse anteriormente, como eles têm o mesmo valor seletivo então eles não vão se fixar, ou seja nenhum vai atingir 100% de frequência.

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Por que você afirma que ABC teria o mesmo valor seletivo em um indivíduo do que A, B ou C isolados?

Por que para ABC ter maior valor seletivo, significa que algum dos 3 genes tem maior valor seletivo do que os outros dois então esse gene eliminaria os outros dois.Para que os 3 continuem é necessário que o valor seletivo seja o mesmo.

Obs. Mais tarde eu continuo, agora tenho que trabalhar.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #29 Online: 19 de Setembro de 2006, 20:11:54 »
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Eles não podem se encontar via reprodução sexuada? Por quê?

Fixação de um alelo significa que ele atingiu a frequência de 100%.Ou seja, no caso do exemplo, só poderia existir individuos ABC.Mas como os genes têm o mesmo valor seletivo, na verdade o que vamos ter é uma população de ABC, AXX, ABX,AXC e etc. Sem nenhuma combinação se fixando.

Isso apenas só SE estivesse se falando de genes que determinassem um fenótipo redundante, ou seja, tanto faz um ou outro. Não há motivos para supor que só ocorressem ao mesmo tempo numa população mutações que provocassem o mesmo tipo de alteração fenotípica.


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Por que você afirma que ABC teria o mesmo valor seletivo em um indivíduo do que A, B ou C isolados?

Por que para ABC ter maior valor seletivo, significa que algum dos 3 genes tem maior valor seletivo do que os outros dois então esse gene eliminaria os outros dois.Para que os 3 continuem é necessário que o valor seletivo seja o mesmo.
Isso não faz sentido. Se digamos, agora temos numa espécie genes bons para audição, visão e olfato. Pela sua lógica, supondo que os genes para visão fossem mais importantes (ao mesmo tempo em que não se nega a importância dos outros sentidos), uma vez que ocorresse uma mutação que afetasse negativamente a audição ou o olfato, ela tenderia a se fixar, só porque a visão é mais importante para a adaptação. O que me parece mais provável é que essa mutação fosse eliminada ou permanecesse em freqüências menores, por ser adaptativamente desvantajosa se comparada com a sua versão melhor e mais popular, não importando que a visão seja mais importante.

Na verdade, assim como isso não tende a ocorrer, o inverso pode ocorrer, ou seja, se há mutação que aprimore a visão, numa espécie em que esse sentido é mais importante que a audição e olfato - que não deixam de ser importantes - não vejo porque a fixação dessa mutação impediria a fixação de mutações que aprimorassem o olfato e a audição, desde que esses aprimoramentos também representassem vantagem significativa. O aumento da freqüência do gene para melhor visão seria mais rápido, mas teria por que eliminar os genes para melhor audição ou olfato, eles iriam acabar se cruzando.

Offline DeadLock

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #30 Online: 20 de Setembro de 2006, 06:19:22 »
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“Na reprodução sexuada os descendentes não herdam os cromossomos intactos de seus pais.Por isso cada mutação tem que pagar seu custo de fixação independentemente”

Por que ?

Por que se um individuo tem duas mutações que não são no mesmo locus, então a tendência é que essas mutações se espalhem entre os descendentes de forma individual ao invés de todos os descendentes herdarem as duas mutações.Essa é uma caracteristica da reprodução sexuada

Offline DeadLock

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #31 Online: 20 de Setembro de 2006, 06:32:21 »
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Eu não enxerguei até o momento erros de Buckaroo.
 Faça o seguinte: mostre nesse meu post, frase por frase, o que tem de errado.
Primeiro, voce diz que Haldane partiu do pressuposto de que as mutações são em fila indiana.Isso não é verdade, mesmo por que o fato das mutações ocorrerem simultâneamente em individuos diferentes não muda nada.

Segundo, voce só se preocupa com as mortes mas esquece que essas mortes têm que ser pagas com excesso reprodutivo que por sua vez é limitado pela taxa de reprodução da espécie.

Terceiro, na reprodução sexuada até que todos os genes se fixem voce não tem garantia de que todos os descendentes vão nascer com os genes mutados. Por exemplo, se ABC cruza com AXC, voce não tem garantia de que todos os descendentes vão ser ABC, e como os mamíferos tem uma taxa de reprodução baixa isso atrasa muito a fixação.

Quarto, Como toda mutação começa com um individuo e geralmente é recessiva a probabilidade de que ela seja eliminada por deriva é imensa.

para ver boa explicação sobre isso acessar o link abaixo:
http://www.talkorigins.org/faqs/genetic-drift.html

Offline DeadLock

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #32 Online: 20 de Setembro de 2006, 06:36:51 »
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A população cairá inicialmente, mas não sempre. Quando a proporção de indivíduos mutantes passar a predominar, a queda populacional cessará e novo crescimento ocorrerá. Além disso, a própria queda é a taxas decrescentes (pois a proporção dos não-mutantes na população vai decrescendo).

Como eu disse antes, voce tem que colocar isso em números.Foi exatamente o que Haldane fez usando cálculo diferencial.Para que essa relação de decréscimo e acréscimo se mantivesse em equilibrio e a espécie não fosse a extinção que Haldane concluiu que somente 1667 mutações poderiam ter se fixado em 10 milhões de anos.

Offline DeadLock

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #33 Online: 20 de Setembro de 2006, 06:47:29 »
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Além disso, até que você mostre que os 2,7% de diferença entre o DNA do homem e do chimpanzé representam todos genes funcionais, o fato de uma "mega-mutação" não ser vantajosa é irrelevante, pois ela ajudaria a produzir as diferenças no "DNA-lixo". (e a maioria destas cópias não funcionais de genes são neutras, pois são muito frequêntes no DNA dos seres vivos).

Veja bem, mega-mutação danosa não é irrelevante, ela irá matar o individuo que a possui e ele simplesmente não deixará prole.

Segundo, já as neutras também precisam ser fixadas, e como não tem valor seletivo precisão pegar carona com outra mutação com valor seletivo.

Por exemplo, se  a 10 milhões de anos atrás um individuo tem um mutação neutra, no inicio ele é o único a tê-la.Agora , se 10 milhões de anos depois todos na população a tem, o que isso significa ? Obviamente, que ela se fixou através da morte daqueles que não a tinham e do nascimento daqueles que a tinham.Como ela não tem valor seletivo, obviamente ela se fixou de maneira indireta através de outro gene com valor de seletividade que os individuos por coincidência também tinham.

Conclui-se que é irrelevante se a mutação é neutra ou não, se a população hoje a tem isso significa que ela se fixou e teve que pagar o custo.

Offline DeadLock

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #34 Online: 20 de Setembro de 2006, 06:54:41 »
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Prove.

Deriva não pode fixar, com probabilidade equivalente de eliminar?

Tenho que provar uma coisa tão óbvia ?

Se uma mutação é neutra, ou seja, não tem valor seletivo, é óbvio que aqueles da população que não a têm vão continuar se reproduzindo da mesma maneira, então não há motivo para a mutação se fixar.Agora, se por coincidência aqueles que tem a mutação neutra também tiverem uma mutação seletiva, então eles vão se sobrepor aos que não têm, fixando a mutação neutra na carona.

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #35 Online: 20 de Setembro de 2006, 06:59:27 »
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Isso apenas só SE estivesse se falando de genes que determinassem um fenótipo redundante, ou seja, tanto faz um ou outro. Não há motivos para supor que só ocorressem ao mesmo tempo numa população mutações que provocassem o mesmo tipo de alteração fenotípica.

Agora você viajou na maionese.Quem está falando de fenótipo redundante ?

Estamos falando de 3 mutações A, B e C que ocorrem em locus diferentes e que por contra-partida tem seus genes não mutantes na população.

E não se esqueça, estamos falando de reprodução sexuada.Metade dos genes são do pai e a outra metade da mãe.Eles se misturam e recombinam.

Offline DeadLock

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #36 Online: 20 de Setembro de 2006, 07:08:55 »
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Isso não faz sentido. Se digamos, agora temos numa espécie genes bons para audição, visão e olfato. Pela sua lógica, supondo que os genes para visão fossem mais importantes (ao mesmo tempo em que não se nega a importância dos outros sentidos), uma vez que ocorresse uma mutação que afetasse negativamente a audição ou o olfato, ela tenderia a se fixar, só porque a visão é mais importante para a adaptação. O que me parece mais provável é que essa mutação fosse eliminada ou permanecesse em freqüências menores, por ser adaptativamente desvantajosa se comparada com a sua versão melhor e mais popular, não importando que a visão seja mais importante.

O buckaroo, você tá lendo meus posts direito ? Eu falei que o mais vantajoso eliminaria os outros dois e não o menos.

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Na verdade, assim como isso não tende a ocorrer, o inverso pode ocorrer, ou seja, se há mutação que aprimore a visão, numa espécie em que esse sentido é mais importante que a audição e olfato - que não deixam de ser importantes - não vejo porque a fixação dessa mutação impediria a fixação de mutações que aprimorassem o olfato e a audição, desde que esses aprimoramentos também representassem vantagem significativa. O aumento da freqüência do gene para melhor visão seria mais rápido, mas teria por que eliminar os genes para melhor audição ou olfato, eles iriam acabar se cruzando

Se ele não eliminar os outros dois , então as mutações não irão se fixar.Ou seja , atingir 100% de frequência. Por que se a mutação para o olfato compensa a mutação para a visão, isso significa que continurá existindo na população individuos sem a mutação para a visão mas que tem a do olfato.Não se esqueça que fixação significa 100% de frequencia.

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #37 Online: 20 de Setembro de 2006, 09:38:28 »
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Prove.

Deriva não pode fixar, com probabilidade equivalente de eliminar?

Tenho que provar uma coisa tão óbvia ?

Se uma mutação é neutra, ou seja, não tem valor seletivo, é óbvio que aqueles da população que não a têm vão continuar se reproduzindo da mesma maneira, então não há motivo para a mutação se fixar.Agora, se por coincidência aqueles que tem a mutação neutra também tiverem uma mutação seletiva, então eles vão se sobrepor aos que não têm, fixando a mutação neutra na carona.

Agora quem está esquecendo da reprodução sexuada e recombinação é você... Os genes não estão todos grudados uns nos outros...

É possível sim, haver fixação de alelos neutros, principalmente em se tratando de pequenas populações. Isso é básico.

Offline DeadLock

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #38 Online: 20 de Setembro de 2006, 09:43:04 »
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Agora quem está esquecendo da reprodução sexuada e recombinação é você... Os genes não estão todos grudados uns nos outros...

É possível sim, haver fixação de alelos neutros, principalmente em se tratando de pequenas populações. Isso é básico.

Deus do céu, fixar significa 100% de frequência.Como é que um alelo neutro vai se fixar sem pegar carona com um alelo seletivo. Me explica esse milagre.

Por favor vamos estudar um pouco de genética antes de debater

Offline Luis Dantas

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #39 Online: 20 de Setembro de 2006, 09:47:03 »
Essa agora foi engraçada, Deadlock...
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Nina

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #40 Online: 20 de Setembro de 2006, 14:18:27 »
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Agora quem está esquecendo da reprodução sexuada e recombinação é você... Os genes não estão todos grudados uns nos outros...

É possível sim, haver fixação de alelos neutros, principalmente em se tratando de pequenas populações. Isso é básico.

Deus do céu, fixar significa 100% de frequência.Como é que um alelo neutro vai se fixar sem pegar carona com um alelo seletivo. Me explica esse milagre.

Por favor vamos estudar um pouco de genética antes de debater

Análise combinatória, lembra? Matéria de segundo grau... revise e verás.

E concordo com a sugestão (que devia ser por ti adotada) de se estudar antes de querer debater.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #41 Online: 20 de Setembro de 2006, 14:34:18 »

Tenho que provar uma coisa tão óbvia ?

Tão óbvia quando parte-se de pressuspostos errados. Se você soubesse genética não diria isso. O Rubens já explicou, mas como você parece não ler todas as mensagens da área, vou repetir:

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Se uma mutação é neutra, ou seja, não tem valor seletivo, é óbvio que aqueles da população que não a têm vão continuar se reproduzindo da mesma maneira, então não há motivo para a mutação se fixar.

Se é neutra, sua fixação ou eliminação se dá ao acaso. Motivo? Desde quando o acaso deve ter motivo para atuar? Se tiver motivo não é acaso!!!!!!!

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Agora, se por coincidência aqueles que tem a mutação neutra também tiverem uma mutação seletiva, então eles vão se sobrepor aos que não têm, fixando a mutação neutra na carona.

Exato. Assim como aqueles que tem uma mutação deletéria e a neutra a eliminarão. Acaso....
« Última modificação: 20 de Setembro de 2006, 14:38:09 por Nina »
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #42 Online: 20 de Setembro de 2006, 15:38:00 »
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Isso não faz sentido. Se digamos, agora temos numa espécie genes bons para audição, visão e olfato. Pela sua lógica, supondo que os genes para visão fossem mais importantes (ao mesmo tempo em que não se nega a importância dos outros sentidos), uma vez que ocorresse uma mutação que afetasse negativamente a audição ou o olfato, ela tenderia a se fixar, só porque a visão é mais importante para a adaptação. O que me parece mais provável é que essa mutação fosse eliminada ou permanecesse em freqüências menores, por ser adaptativamente desvantajosa se comparada com a sua versão melhor e mais popular, não importando que a visão seja mais importante.

O buckaroo, você tá lendo meus posts direito ? Eu falei que o mais vantajoso eliminaria os outros dois e não o menos.

O que eu estou dizendo é que isso não tem lógica. Se um gene mais vantajoso impede a fixação de outros genes vantajosos em outros loci, por essa lógica deveria promover a fixação de mutações desvantajosas nesses outros loci, mesmo sem ser por carona. (o que não acontece, no máximo mutações desvantajosas em outros loci demoram mais a ser eliminadas ou permanecem em freqüências baixas).

O que ocorre na verdade é que genes de diferentes loci são relativamente independentes numa população sexuada, não importando tanto que hajam genes mais adaptativos em outros loci; se ele é mais adaptativo que seus concorrentes do mesmo locus, é contra eles que vai "disputar", não tanto contra um gene de outro locus.

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Na verdade, assim como isso não tende a ocorrer, o inverso pode ocorrer, ou seja, se há mutação que aprimore a visão, numa espécie em que esse sentido é mais importante que a audição e olfato - que não deixam de ser importantes - não vejo porque a fixação dessa mutação impediria a fixação de mutações que aprimorassem o olfato e a audição, desde que esses aprimoramentos também representassem vantagem significativa. O aumento da freqüência do gene para melhor visão seria mais rápido, mas teria por que eliminar os genes para melhor audição ou olfato, eles iriam acabar se cruzando

Se ele não eliminar os outros dois , então as mutações não irão se fixar.Ou seja , atingir 100% de frequência. Por que se a mutação para o olfato compensa a mutação para a visão, isso significa que continurá existindo na população individuos sem a mutação para a visão mas que tem a do olfato.Não se esqueça que fixação significa 100% de frequencia.
A fixação não ocorre instantâneamente, em algum momento haverão mesmo diferentes distribuições de mutações, como por exemplo um terço da população, com as mutações para melhor visão e olfato, quase outra metade com mutações para melhor audição, e o resto com combinações diferentes, apenas uma, ou nenhuma.

Conforme as mutações aumentam em freqüência, aumenta a probabilidade delas se combinarem umas com as outras. Nesse caso, elas não tem que (ou como) eliminar as outras mutações, por causa da reprodução sexuada e por todas representarem vantagem. Ao mesmo tempo, tem vantagem cumulativa, independentemente de alguma delas ser mais vantajosa que as outras duas. As mutações ou combinações mais vantajosas apenas atingirão a fixação antes, e então a ou as que sobraram continuam a substituir seus respectivos genes "concorrentes", tal como seria se fosse uma mutação e episódio de seleção de cada vez.

Ou poderia ser, num cenário que me parece menos provável (por causa da relativa sincronia), que pares de diferentes combinações de mutações chegassem mais ou menos juntamente a um terço da população, sendo que cada gene mutante então estaria presente em dois terços da população. Daí podem surgir combinações mais adaptadas que todas, as com todas as mutações, quanto, mais raramente (porque sua freqüência já é menor, cada um em apenas um terço da população), com dois ou mais dos genes ruins. Tanto as mutações quanto os genes velhos ainda podem ser selecionados de acordo com suas vantagens e desvantagens, rumo à fixação ou à eliminação, não vejo como seria de outra forma, ainda que haja obviamente diferentes velocidades de ascenção na freqüência dos genes.

Acho que inicialmente é relativamente lento, começa a ficar mais rápido conforme o aumento da freqüência favorece o aparecimento de indivíduos com mais de uma mutação ao mesmo tempo, e volta a desacelerar quando esses atingem toda a população, estando cada gene à um terço da fixação. Quando chega aí, seria mais ou menos como no começo, a ascenção de cada mutação ao terço restante da população seria mais lenta mas ainda possível, tal como foi antes, com a vantagem menor representada por cada mutação individualmente.

 

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #43 Online: 20 de Setembro de 2006, 17:12:12 »
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Agora quem está esquecendo da reprodução sexuada e recombinação é você... Os genes não estão todos grudados uns nos outros...

É possível sim, haver fixação de alelos neutros, principalmente em se tratando de pequenas populações. Isso é básico.

Deus do céu, fixar significa 100% de frequência.Como é que um alelo neutro vai se fixar sem pegar carona com um alelo seletivo. Me explica esse milagre.

Por favor vamos estudar um pouco de genética antes de debater

Procure por Kimura... O livro "Evolutionary Genetics" do Maynard Smith é excelente neste tema. Em populações pequenas, alelos são fixados muito mais por deriva do que por seleção natural... Como eu comentei, isso é básico.

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #44 Online: 20 de Setembro de 2006, 17:12:59 »
Essa agora foi engraçada, Deadlock...

:histeria:

Yep.. acho que vou estudar genética agora mesmo... :D

Offline Luis Dantas

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #45 Online: 20 de Setembro de 2006, 17:47:06 »
Procure por Kimura... O livro "Evolutionary Genetics" do Maynard Smith é excelente neste tema. Em populações pequenas, alelos são fixados muito mais por deriva do que por seleção natural... Como eu comentei, isso é básico.

Este aqui? Evolutionary Genetics (paperback) by John Maynard Smith,  ISBN 0198502311

Ou nesta edição mais econômica, ISBN 0198542151

Você falou em Kimura?  Motoo Kimura, suponho?  Há seis livros dele na Amazon.  Recomenda algum especificamente?
« Última modificação: 20 de Setembro de 2006, 18:11:54 por Luis Dantas »
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Em 18 de janeiro de 2010, ainda não vejo motivo para postar aqui. Estou nos fóruns Ateus do Brasil, Realidade, RV.  Se a Moderação reconquistar meu respeito, eu volto.  Questão de coerência.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #46 Online: 20 de Setembro de 2006, 17:57:25 »
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Agora quem está esquecendo da reprodução sexuada e recombinação é você... Os genes não estão todos grudados uns nos outros...

É possível sim, haver fixação de alelos neutros, principalmente em se tratando de pequenas populações. Isso é básico.

Deus do céu, fixar significa 100% de frequência.Como é que um alelo neutro vai se fixar sem pegar carona com um alelo seletivo. Me explica esse milagre.

Por favor vamos estudar um pouco de genética antes de debater

Procure por Kimura... O livro "Evolutionary Genetics" do Maynard Smith é excelente neste tema. Em populações pequenas, alelos são fixados muito mais por deriva do que por seleção natural... Como eu comentei, isso é básico.

Uma "população pequena" pode ser apenas parte não isolada da população como algo mais ou menos arbitrário.... ou tem que haver algum isolamento mais significativo? E posteriormente, para a fixação se dar na população toda... isso é relevante ou o efeito meio que "desaparece"?

Offline DeadLock

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #47 Online: 20 de Setembro de 2006, 19:19:11 »
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Análise combinatória, lembra? Matéria de segundo grau... revise e verás.

E concordo com a sugestão (que devia ser por ti adotada) de se estudar antes de querer debater.

Minha amiga eu sou formado em Ciências atuariais, você vai querer me ensinar análise combinatória ? Ao invés de fazer espuma , por que você não faz uma demonstração de como uma mutação neutra pode se fixar sem pegar carona com um gene seletivo usando uma população hipotética ?

Offline DeadLock

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #48 Online: 20 de Setembro de 2006, 19:23:50 »
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Se é neutra, sua fixação ou eliminação se dá ao acaso. Motivo? Desde quando o acaso deve ter motivo para atuar? Se tiver motivo não é acaso!!!!!!!

Por favor , nos demonstre com uma população hipotética como uma mutação neutra pode se fixar por acaso.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: o "dilema de Haldane" e a evolução humana
« Resposta #49 Online: 20 de Setembro de 2006, 19:24:43 »
Procure por Kimura... O livro "Evolutionary Genetics" do Maynard Smith é excelente neste tema. Em populações pequenas, alelos são fixados muito mais por deriva do que por seleção natural... Como eu comentei, isso é básico.

Este aqui? Evolutionary Genetics (paperback) by John Maynard Smith,  ISBN 0198502311

Ou nesta edição mais econômica, ISBN 0198542151

Você falou em Kimura? Motoo Kimura, suponho? Há seis livros dele na Amazon. Recomenda algum especificamente?

é muito provável que as coisas básicas (ou até consideravelmente mais do que básicas, ou seja, tudo que for necessário) no que se refere a esse assunto esteja disponível gratuitamente na intenet. Sei que há em algum site alguma correspondência (à moda antiga, não eletrônica) entre Kimura e Dobzhansky, referente à selecionismo e neutralismo.

Nesse site do livro do Mark Ridley, "evolution", há uma série de textos clássicos disponibilizados, inclusive o do Haldane referente ao custo de seleção e "Evolutionary rate at the molecular level" do Kimura, que talvez já seja o suficiente.

 

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