Salve, Poindexter!
Como vai?
Há poucos séculos, um "grupinho" de "rebeldes" derramou seu próprio sangue em nome de alguns ideais (parabéns aos que lembraram da Revolução Francesa!)... Não vou dar uma aula de história aqui; vou direto ao ponto:
Graças a essa galerinha, hoje temos o direito de não sermos queimados em fogueiras só porque discordamos da Satânica Igreja Católica Apostólica Romana... Claro que eles não lutaram só por isso... Cabeças rolaram para consquistar a igualdade dos homens perante a lei... Cabeças rolaram para não haver uma "religião oficial do Estado"... cabeças rolaram em nome do direito à propriedade; em nome da república; em nome da democracia...
Que "Revolução Francesa", o quê... quem introduziu isso aí foi a Revolução Americana, treze anos antes.
Post Hoc Ergo Propter HocCaro Poindexter, até admiro sua paixão pelos EUA, mas é preciso fazer um enorme exercício de cegueira para dizer o que você disse...
Que ideiais a Revolução Americana introduz?
Todo o discurso mascarado de Iluminismo tinha como objetivo tão somente a independência da colônia americana sob a metrópole inglesa. Onde é que Thomas Jefferson vai buscar inspiração para escrever a "Declaração de Independência Americana"? Ora, em Rousseau, em Montesquieu...
Ademais, os norte-americanos nunca entenderam muito bem essa história de liberdade, igualdade, fraternidade:
"Quando no curso dos acontecimentos humanos torna-se necessário a um povo dissolver os laços políticos que o ligavam a outro e assumir perante os poderes da terra um status separado e igual, ao qual as Leis da Natureza e o Deus da Natureza lhe confere, ele deve declarar as causas que o impele à separação, por um decente respeito à opinião da humanidade. Nós sustentamos estas verdades como auto evidentes: que todos os homens nascem iguais e que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais estão a Vida, a Liberdade e a busca da Felicidade".
"que todos os homens nascem iguais": Que o digam os negros americanos sobre as "Universidades" só para brancos e todas as aberrações racistas institucionalizadas e "legalizadas" do país que possui em sua carta de independência esta frase. Salve, Martin Luther King!
"e que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais estão a Vida": Que o digam os que esperam no "corredor da morte"!
"Liberdade e Felicidade": Que o digam os escravos!
"A lei só deve estabelecer as penas estritas e evidentemente necessárias(...)" (Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, VIII). A isso se chama "Princípio da necessidade/eficácia da pena". Ora, todo crime carece da imposição de uma sanção capaz de puni-lo de forma que não mais se cometa ou se queira cometê-lo.
E quem define o que é "estrito" e "necessário"?
O bom senso...
Em alguns casos, acho a morte necessária.
Bom ter usado esta expressão...
Veja, "necessidade da pena" não é um elemento de análise subjetiva... Como já disse, "necessidade da pena" significa "eficácia da pena".
"É necessário/eficaz punir um 'ladrão de galinhas' com um prisão perpétua?": É sob este modelo de raciocínio que se deve analisar a necessidade/eficácia de uma pena.
Todas as penas devem ser na medida para punir o criminoso e nutrir nele, primeiro, um sentimento de arrependimento; depois, a vontade de se reintegrar ao convívio social; e, não menos importante, deve impor ao criminoso (e a qualquer um que conheça da pena) um receio de praticar o ato punível... Se não houver estes três elementos não há uma pena eficaz/necessária; é, repito, o mesmo que punir um motorista por uma infração de trânsito rodoviário com a pena de não mais poder pilotar caças à jato...
Faz algum sentido punir o jogador de futebol que tomou seu segundo cartão vermelho com a pena de não poder participar de partidas de baseball profissional? Faz algum sentido punir um motorista por uma infração de trânsito rodoviário com a pena de não mais poder pilotar caças à jato? Tais sanções são eficazes/necessárias?
Espantalho.
Espantalho - Está deturpando o sentido do que eu disse atribuindo falsamente a qualidade de falácia a uma exemplificação que apenas ilustra a argumentação utilizada.
A pena de morte é eficaz/necessária como pena em si? Muitos podem argumentar positivamente de alguma forma quanto a isto. Mas, para se responder de maneira satisfatória a esta indagação, ou seja, para saber se uma pena é necessária/eficaz deve-se analisar os dois pólos da prevenção penal.
Olha, com relação à eficácia eu sei uma coisa: a menos que exista o sobrenatural, o sujeito que sofre a Pena de Morte jamais volta a cometer crimes.
Evidência AnedotaNão tenho nada contra Evidências Anedotas, contanto que elas ilustrem com fidelidade a argumentação exposta.
Você não refutou o que eu disse sobre a necessidade de haver dois pólos a serem analisados para a adoção de uma pena e ainda repetiu o modelo argumentativo que analisei e critiquei. Inobstante a isto, confirmou minha argumentação com a seguinte frase:
"Então que se mate-o logo e se acabe logo com isso!" (citações seguintes), endossando o que eu disse e concluindo com o seu "Então"...
ou seja, para o criminoso que se vê na possibilidade de ser condenado à sanção capital não há qualquer motivo para o arrependimento, não há qualquer estímulo para o desejo da volta ao convívio social. Num exemplo plausível, tal possibilidade de condenação impele o criminoso a eliminar qualquer um que se ponha em seu caminho; qualquer policial que tente prendê-lo; qualquer um que ameace denunciá-lo.
Então que se mate-o logo e se acabe logo com isso!
Então, que se mate logo o criminoso, acabando logo com "isso"... dando exemplos públicos de como o criminoso não tem a mínima chance de se redimir de seus erros e incentivando outros criminos a realizarem fugas e guerras cada vez mais intensas por suas próprias vidas...
Quem rasgar este artigo está rasgando todos os outros direitos conquistados... E que volte o "Tribunal da Santa Inquisição"!
Super-ultra-hiper-mega Declive Escorregadio.
Espantalho.
Antes de apontar uma falácia com tanta veemência
Analise com cuidado a inferênciaAprenda a diferenciar
Hipérbole de
Declive Escorregadio.
Todo o rol de direitos em questão é expressamente declarado inalienável e imprescritível... Se um direito deixar de ser assim, todos deixam de ser:
"Os representantes do Povo Francês constituídos em Assembléia Nacional, considerando, que a ignorância o olvido e o menosprezo aos Direitos do homem são as únicas causas dos males públicos e da corrupção dos governos, resolvem expor uma declaração solene os direitos naturais, inalienáveis, imprescritíveis e sagrados do homem, a fim de que esta declaração, sempre presente a todos os membros do corpo social...". (Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão).
"CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo...". (Declaração Universal dos Direitos Humanos).
O "Tribunal da Santa Inquisição" é mero exemplo das atrocidades e da barbárie que imperam quando não existem direitos e garantias fundamentais como cláusulas pétreas.
Para mim, a instituição da pena de morte é um retrocesso à Idade das Trevas, das "fogueiras santas"...
Para mim, não.
Você abre mão do seu direito à vida caso cometa um crime que, na visão de alguns, "mereça" ser assim punido ou caso alguém prove que cometeu um crime desta espécie (mesmo sendo inocente)?
Saudações!