Não sei se é o caso de outros aqui, mas o que me preocupa seriamente é quando pessoas como a Governadora Rosinha Garotinho forçam sua crença a outras pessoas, através das escolas públicas. Pior do que violar o princípio da separação entre Igreja e Estado é o precedente de igualar crença pessoal ao método científico. E muito pior que isso é violar os direitos individuais de cada um.
Devemos lutar constantemente pelo laicismo, separando sempre assuntos religiosos de assuntos políticos.
Sou totalmente a favor do laicismo. Não se pode misturar coisas que têm naturezas e objetivos diferentes. Mas a justificativa (ou, melhor dizendo, a desculpa) que usam para introduzir os ensinos de religião nas escolas é que o ser humano precisa crescer com valores morais. Como normalmente mistura-se o conceito de moral com religião, como se os não religiosos não tivessem moral, o ensino religioso é introduzido nas escolas livremente.
Não reprovo a iniciativa de se ensinar valores morais às nossas crianças e jovens, mas elas deveriam adequar-se a todas as crenças (e descrenças). Me formei numa Universidade Católica e tive 8 períodos de religião sobre o catolicismo. A justificativa para a existência era a mesma: introduzir nos alunos valores morais. Mas na prática eram aulas que se destinavam a explicar e justificar a existência de diversos dogmas católicos. E perante a lei (o MEC), eles estavam cumprindo a sua obrigação de manter cadeiras para o desenvolvimento moral humano. Acho isso um erro. Penso que deveriam substituir as aulas de religião por aulas de filosofia, que é mais geral e atende a todo mundo, e transformar as aulas de religião católica em cadeiras eletivas, para quem quisesse cursar. Mas a Universidade era católica, particular, e quando eu entrei eu sabia disso tudo, por isso eu não posso reclamar. Mas para as universidades e escolas públicas, penso que coisas desse tipo seriam inadmissíveis.
Voltando ao assunto anterior:
Quinto, eu não sei se algum dia a Neurologia desenvolverá uma Teoria da Mente, que possa descrever sensações e sentimentos - que descreva a Subjetividade, enfim. Eu suspeito que alguma teoria da Mente possa ser criada, mas não uma que dê conta da Subjetividade. Enfim, quem viver, verá.
Sensata a sua resposta. Opina, mas não se compromete com coisas que ainda não estão definitivamente resolvidas nem para um lado nem para outro. Essa é a verdadeira postura cética (ou melhor dizendo, filosófica). Isso ultimamemente tem sido raro por aqui. Alguns aqui se expressam como se fossem possuidores da verdade.
Por fim, eu devo discordar a respeito dos fenômenos metafísicos terem precedência. Se existir algum fenômeno metafísico que afete o mundo real, então por definição, ele tem que ser um fenômeno físico
Sobre a dúvida de eles terem precedência sobre os fenômenos físicos, eu concordo com você. Sendo materialista poderia-se crer que os fenômenos metafísicos teriam origem nos fenômenos físicos. Mas veja bem: a inteligência, a subjetividade, a criatividade, os sentimentos, são todas elas coisas impalpáveis e estão além do físico (metafísico). E esses mesmos fenômenos metafísicos (que podem ou não ter origem nas reações químicas do cérebro), afetam os fenômenos físicos do planeta (e quiçá do universo) através da atuação da inteligência, que é capaz de transformar o mundo através do controle e manipulação dos fenômenos físicos.
A questão é: os fenômenos metafísicos têm origem na matéria (ou seja, nas leis físicas atualmente conhecidas), ou têm origem fora dela? Os materialistas diriam que sim. Eu, como espírita convicto, digo que não. Eu diria que o princípio inteligente é o que chamamos de "alma" (e inclusive defendemos que ela é imaterial, como os fenômenos metafísicos). É a alma que anima a matéria e a faz comportar-se metafisicamente. Quando ocorre a morte, a alma se retira e o corpo volta a obedecer às leis comuns da matéria. Para mim isso é uma certeza lógica, mas para não ser forçado a apresentar provas que me são impossíveis de conseguir do modo que impõem aqui neste fórum, vou dizer que é somente uma opinião.
Primeiro: as leis físicas não são todas determinísticas. A Mecânica Quântica, por exemplo, não é determinística - mas também não é aleatória, no sentido estrito.
São determinísticas no sentido de que têm comportamento delimitado e previsível. Pela mecânica quântica sabemos que não se pode, por exemplo, determinar a posição exata de um elétron. Mas sabe-se a região em que devem se encontrar e não espera-se que se comportem inteligentemente. Por exemplo, sabemos que num metal existem muitos elétrons na banda de condução que se movimentam de maneira aleatória dentro dele, pulando de um átomo para outro. Mas não espera-se, por exemplo, que eles decidam-se por si próprios realizar um movimento regular dentro do material. Ou que uma parte dos elétrons decida-se simplesmente a não se movimentar e a "trocar de átomo", como se dissessem: "eu achei o meu lugar e não quero sair". Isso sim seria inesperado, imprevisível e demonstraria a intervenção de força inteligente. Fisicamente falando, isso é impossível de acontecer. Estou errado?
Um abraço.