O artigo em questão está demonstrando que mesmo que você ache que é um altruísmo verdadeiro, o que está por trás é o efeito da liberação da dopamina, que lhe dá prazer. Doar é realizado para receber prazer, apenas isso. A questão da intenção ou não é mero devaneio de nosso antropocentrismo. O que está por trás é químico.
Não, Atheist. O artigo pode até tentar demonstrar isso. Mas está errado. Não é a dopamina que está por trás. O que o artigo demonstra é que a liberação da dopamina é uma conseqüência da satisfação da caridade feita (considerando-se o estudo correto), mas não demonstra de forma alguma ser ela o fator motivador. Você está confundindo o efeito com a causa.
É uma recompensa. Como o rato que aperta o botão certo para receber comida. Doe que você terá prazer.
A causa da prática da caridade tem haver com princípios éticos e morais de cada indivíduo, assim como com as suas respectivas crenças pessoais.
E o estudo está demonstrando de onde vieram tais princípios éticos e morais.
Por que será que eu entendi as conclusões do estudo como opiniões pessoais dos pesquisadores e não como uma demonstração irrefutável? Não estou questionando os resultados das experiências, muito pelo contrário. É perfeitamente normal que a caridade feita cause prazer. Mas de onde o pesquisador concluiu que a busca do prazer era a motivação da caridade em todos os casos? Falácia...
Aliás, eu raramente tive a oportunidade de presenciar, como agora, a inteligência humana, a única coisa que nos distingue dos animais, colocado a um nível tão baixo. Só falta agora explicar porque as pessoas entram em programas de recuperação para se livrarem de suas necessidades de prazer, já que, ao que parece, segundo suas opiniões, o desejo de obtê-lo é irresistível. Por que algumas pessoas deixam as drogas? Por que outras deixam de fumar? Por que outras deixam de comer chocolate? Certamente não é pelo mesmo motivo que, segundo vocês, fazem as pessoas praticarem a caridade, pois nesse caso a motivação seria oposta.
Pelo que entendi com o que escreveu, você diz que as pessoas não praticariam a caridade porque acreditam nela, mas simplesmente para satisfazer uma necessidade fisiológica. É nisso mesmo que você crê? Ou eu interpretei mal as suas palavras?
Perfeitamente! Eu não creio nisso. Até o momento é isso que se demonstra pelos fatos.
Lá vem você de novo... "demonstra". Os fatos não demonstram nada disso. Isso é somente uma conclusão sua. Muito pelo contrário, os fatos demonstram (ups.... parecem demonstrar) que existe o livre-arbítrio. Eu faço o que quero, eu penso o que quero, eu vou onde quero, desde que hajam meios materiais para isso. Então tenho livre-arbítrio. Não me recordo de nunca ter mudado a minha opinião em nada por causa de algum composto químico ou ação física. Já mudei, sim, por causa de elementos metafísicos, como as informações de um livro, por exemplo.
Temos a capacidade de compreender tudo isso e forçar-nos a agir de modo diferente em muitas ocasiões. No entanto, somos animais altamente instintivos, sim. Não é uma questão de reducionsimo, mas de fatos. Aponte evidências contrárias!
Sim, temos instintos. Mas diferentemente dos animais, podemos controlá-lo. Através de que? Do auto-conhecimento e do livre-arbítrio. Quando um animal encontra uma fêmea no cio, vai ao seu encontro e não pergunta se ela quer ou não copular. Ele já monta em cima. Não há questionamento de certo e errado.
Já o homem tem os mesmos instintos quando encontra mulheres bonitas, mas ele é capaz de refletir, analisar e controlar esses instintos porque tem a percepção de que não é assim o modo correto de proceder e decide não fazer. E o fato de decidir significa que usa o livre-arbítrio. É verdade que alguns abrem mão de usar o discernimento e se deixam levar pelos instintos, cometendo estupros, como os animais. Mas a maioria se controla e não vemos pessoas copulando na rua como fazem os animais, embora a maioria tenha esse desejo instintivo (me refiro aos elementos do sexo masculino). O homem, como já disse, tem algo mais além do instinto. O homem tem consciência de si próprio e livre arbítrio para resistir ao mecanicismo dos instintos.
Quanto às evidências contrárias, olhe em volta. Você verá pessoas o tempo todo tomando decisões baseadas apenas na vontade. Você verá idéias que sobrevivem séculos após os seus autores terem morrido. Você verá pessoas e filósofos questionando o sentido da existência e encontrando soluções hipotéticas provenientes do raciocínio, criatividade e observação. Tudo isso é decorrente do livre-arbítrio.
E como não poderia ser fisiológico? O que há além da fisiologia, da bioquímica, da interação entre moléculas? Mesmo que tal ato tenha sido desencadeado pelo raciocínio lógico que me leve a aceitar que eu tenho responsabilidade ou devo ajudar a alguém, todo esse raciocínio não passou de polarizações e despolarizações de membranas de neurônios em meu cérebro, liberando neurotransmissores.
Até o momento, é isso que temos de evidências, embora não consigamos compreendê-las completamente ainda.
E a questão que fica é: por que não pode ser assim?
Até o momento não é só isso que temos. Até o momento é só isso que você quer enxergar, porque se olhar em volta verá muito mais evidências irrefutáveis. Não é porque você não quer enxergar o universo metafísico que isso signifique que ele não exista. Sócrates morreu há mais de 2000 anos e a sua filosofia continua influenciando as pessoas. Por acaso a sua filosofia é algo que tenha massa ou composição química? Porque ela afeta as reações químicas dos cérebros de muitas pessoas.
E por que não pode ser assim?! Porque o universo é do jeito que é, e não do jeito que a gente quer que ele seja.
A questão é que o estudo está demonstrando de onde vem nossos padrões ético-morais!!!
O estudo não demonstra nada nesse sentido. A única coisa que o estudo demonstra é que a satisfação resultante da caridade libera dopamina, agente de prazer. A conclusão de que o desejo do prazer é fator motivador da caridade é de opinião pessoal e de inteira responsabilidade do autor da pesquisa e não representa a palavra final da ciência sobre o assunto.
Constatado como?
Concordo com o Dantas. É uma questão de algoritmo, não de livre-arbítrio.
Constatado como!? Já disse, olhe em volta e você verá pessoas tomando decisões o tempo todo baseadas apenas na vontade. Quanto aos algoritmos, quem os criou? Não foi o homem, pois está além do nosso entendimento. Só não me diga que ele se criou sozinho.
Talvez. Há parasitas que influenciam o comportamento do hospedeiro...
Influenciar é uma coisa. Agir por ele é outra. As drogas, as doenças, etc... influenciam nosso comportamento, mas não mudam convicções, que são adquiridas através do livre-arbítrio que lhes dá possibilidade de escolha.
Eles sabem que o que fazem é errado, pois temos consciência. O fato de termos instintos não nos redime da consciência e das regras que nós próprios criamos para o bem comum. Alguns conseguem controlar melhor os instintos, outros não. No entanto, mesmo este controle é executado por tarefas dos neurônios.
Se o livre-arbítrio não existe, ninguém tem consciência de nada. Ou se tem, não tem controle de nenhuma situação. E se não temos controle, não temos culpa por nenhum delito que cometamos. Neste caso não haveria exceções. Todos seriam inocentes, desde o Osama Bin Laden até Mahatma Ghandhi.
É algoritmo. Você faz suas escolhas de acordo com seus princípios, certo? Então não há livre arbítrio. Há algoritmo. Você não escolheu ter estes princípios, você os aprendeu. Se você tivesse sido criado em outro ambiente, com outras normas, suas escolhas seriam outras, decorrentes daquele aprendizado. Logo, uma escolha depende das anteriores. Isso é algoritmo, não livre-arbítrio.
Algoritmos respondem aos dados de entrada sempre da mesma forma. As pessoas, para os mesmos dados de entrada, respondem ora de uma forma, ora de outra, baseado sempre em escolhas ou simplesmente na ação da vontade, dos gostos, da posição da Lua, do horóscopo, etc... Isso não é algoritmo, é livre-arbítrio.
E é verdade que eu aprendi vários princípios. Eu aprendi o espiritismo, o catolicismo, o protestantismo, o ateísmo. Mas eu
escolhi o espiritismo. Já outras pessoas igualmente aprendem as mesmas coisas, mas escolhem o catolicismo. Outras o protestantismo. Outras o ateísmo. Cada qual aprendeu as mesmas coisas, mas escolheu caminhos diferentes. Por que seria, a não ser o livre-arbítrio.
Nós, no Portal do Espírito, temos um amigo forista que nos atormenta também com esta questão do livre arbítrio. Talvez eu o convide para vir para cá trocar figurinhas com vocês e ver se ele nos dá um pouco de descanso. Ele fala em nome de Pai Joaquim de Aruanda, que igualmente prega que o livre-arbítrio é uma ilusão. Acho que vocês teriam muito a conversar, pois têm bastante pontos em comum.
Um abraço.