Autor Tópico: Morte de um ente querido  (Lida 21822 vezes)

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Offline Olho de Hórus

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #25 Online: 01 de Dezembro de 2006, 08:13:27 »
Eu penso que os teístas sofrem bem menos. Quem de nós nunca se viu pensando em quanto é desperdício de material que seres "tão especiais e complexos" como nós tivéssemos apenas essa breve passagem terrestre? Vocês concordam ou não que a gente deveria viver no mínimo uns 300 anos?
“A humanização da natureza deriva da necessidade de pôr fim à perplexidade e ao desamparo do homem frente a suas forças temíveis, de entrar em relação com elas e, finalmente, de influenciá-las. (...) O homem primitivo não tem escolha, não dispõe de outra maneira de pensar. É-lhe natural, algo inato, por assim dizer, projetar exteriormente sua existência para o mundo e encarar todo acontecimento que observa como manifestação de seres que, no fundo, são semelhantes a ele próprio.” Sigmund Freud

Offline Mussain!

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #26 Online: 01 de Dezembro de 2006, 10:04:10 »
Hahahaha tudo é relativo mesmo... só pode. Já eu penso o contrário. Acho que vivemos demais... pô... 50,60,70 às vezes até mais 100! Nã...

Offline Pregador

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #27 Online: 01 de Dezembro de 2006, 10:46:59 »
Por mim eu viveria para sempre, existir é melhor que não existir.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline Mussain!

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #28 Online: 01 de Dezembro de 2006, 11:29:05 »
É bom especificar como seria heheh, pois sempre que alguém diz "viver para sempre", eu só imagino aquelas pessoas com doenças sem poder nem sequer saírem do lugar para fazer suas necessidades básicas....

Aê... gostaria de viver eternamente dessa forma...? :)

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #29 Online: 01 de Dezembro de 2006, 11:51:59 »
Por mim eu viveria para sempre, existir é melhor que não existir.

É? E para chegar a essa conclusão, você perguntou a alguem que não existe o que ela acha de não existir?

(desculpe, não resisti :) )

Eu só quero ter uma vida longa porque sou curioso. Quero poder testemunhar o desenrolar
da História e os avanços do conhecimento. No dia em que minha curiosidade se acabar, talvez
seja a hora de sair de cena.
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Alan Watts

Offline Agnostic

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #30 Online: 01 de Dezembro de 2006, 14:06:50 »
É bom especificar como seria heheh, pois sempre que alguém diz "viver para sempre", eu só imagino aquelas pessoas com doenças sem poder nem sequer saírem do lugar para fazer suas necessidades básicas....

Aê... gostaria de viver eternamente dessa forma...? :)
Eu só quero ter uma vida longa porque sou curioso. Quero poder testemunhar o desenrolar
da História e os avanços do conhecimento. No dia em que minha curiosidade se acabar, talvez
seja a hora de sair de cena.

Penso mais ou menos assim também. A vida eterna depende muito de como se vive. Um ser eterno confinado num universo com um número limitado de possibilidades eventualmente esgotaria todas elas, com tudo se repetindo para sempre. Ou ainda se for impossibilitado de interagir com o meio, como exemplo do Mussolim, sendo um mero observador. Nestes casos acho que a existência eterna seria um fardo, um verdadeiro inferno.
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Offline Stéfano

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #31 Online: 01 de Dezembro de 2006, 23:31:05 »
Na minha experiência de dar notícia a uma quantidade razoável de famílias que um ente querido morreu é a de que as famílias aparentemente mais religiosas aparentemente sofrem bem mais.
"Alternative and mainstream Medicine are not simply different methods of treating ilness. They are basically incompatible views of reality and how the material world works." Arnold S. Relman

Luz

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #32 Online: 02 de Dezembro de 2006, 00:20:50 »

Penso mais ou menos assim também. A vida eterna depende muito de como se vive. Um ser eterno confinado num universo com um número limitado de possibilidades eventualmente esgotaria todas elas, com tudo se repetindo para sempre. Ou ainda se for impossibilitado de interagir com o meio, como exemplo do Mussolim, sendo um mero observador. Nestes casos acho que a existência eterna seria um fardo, um verdadeiro inferno.

Se ao menos consciênte e de alguma forma interagindo com o meio, talvez não. Seria interessante, por exemplo, saber que o opinião o Halking teria sobre a eternidade nas atuais circunstâncias em que vive. Será que ele preferiria morrer que continuar vivendo, apesar de tudo? Não sei.  :?

Offline Agnostic

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #33 Online: 02 de Dezembro de 2006, 01:05:04 »

Penso mais ou menos assim também. A vida eterna depende muito de como se vive. Um ser eterno confinado num universo com um número limitado de possibilidades eventualmente esgotaria todas elas, com tudo se repetindo para sempre. Ou ainda se for impossibilitado de interagir com o meio, como exemplo do Mussolim, sendo um mero observador. Nestes casos acho que a existência eterna seria um fardo, um verdadeiro inferno.

Se ao menos consciênte e de alguma forma interagindo com o meio, talvez não. Seria interessante, por exemplo, saber que o opinião o Halking teria sobre a eternidade nas atuais circunstâncias em que vive. Será que ele preferiria morrer que continuar vivendo, apesar de tudo? Não sei.  :?

Aproveitando sua mensagem, este assunto me lembrou que a situação de "viver para sempre num ambiente confinado" é muito bem retratada no filme O Feitiço do Tempo, onde o protagonista acorda sempre no mesmo dia (4 de fevereiro, não me lembro bem) numa cidadezinha norte-americana com todas as estradas fechadas por uma nevasca e linhas telefônicas caídas (na época não existia ainda telefones celulares e seria impossível pousar um helicóptero para buscá-lo). É interessante porque todas as possibilidades são repetidas até a exaustão após "zilhões" de dias semelhantes (o protagonista sempre se lembra do dia "anterior" ao acordar, com uma memória sem limite - o filme é uma ficção, claro). De uma inicial alegria ao perceber que viverá para sempre, na medida em que os dias se passam, e sempre repetindo as mesmas coisas, ele passa a conhecer todos os eventos na cidade, tal como os passos de cada pessoa em cada segundo, uma leve brisa que passa entre uma árvore e outra em cada bosque, a vida de todos os moradores, decora as falas de todos os programas de televisão etc, e a vida dele se torna uma monotonia sem fim. Ele tenta se matar várias vezes por não mais suportar o "inferno" em que vive, mas sempre acorda no mesmo dia, não importa o que faça (se passar a noite acordado ou se pular de um prédio, ele milagrosamente acorda sempre no mesmo dia, vendo as mesmas pessoas fazendo as mesmas coisas e todo o resto se repetindo ad infinitum).

Acho que esse filme ilustra bem como seria um tédio sem fim viver eternamente num universo de finitas possibilidades.

Off: gosto de usar exemplos de filmes. Sou cinéfilo de carteirinha. :-P
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Luz

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #34 Online: 02 de Dezembro de 2006, 01:21:48 »
Aproveitando sua mensagem, este assunto me lembrou que a situação de "viver para sempre num ambiente confinado" é muito bem retratada no filme O Feitiço do Tempo, onde o protagonista acorda sempre no mesmo dia (4 de fevereiro, não me lembro bem) numa cidadezinha norte-americana com todas as estradas fechadas por uma nevasca e linhas telefônicas caídas (na época não existia ainda telefones celulares e seria impossível pousar um helicóptero para buscá-lo). É interessante porque todas as possibilidades são repetidas até a exaustão após "zilhões" de dias semelhantes (o protagonista sempre se lembra do dia "anterior" ao acordar, com uma memória sem limite - o filme é uma ficção, claro). De uma inicial alegria ao perceber que viverá para sempre, na medida em que os dias se passam, e sempre repetindo as mesmas coisas, ele passa a conhecer todos os eventos na cidade, tal como os passos de cada pessoa em cada segundo, uma leve brisa que passa entre uma árvore e outra em cada bosque, a vida de todos os moradores, decora as falas de todos os programas de televisão etc, e a vida dele se torna uma monotonia sem fim. Ele tenta se matar várias vezes por não mais suportar o "inferno" em que vive, mas sempre acorda no mesmo dia, não importa o que faça (se passar a noite acordado ou se pular de um prédio, ele milagrosamente acorda sempre no mesmo dia, vendo as mesmas pessoas fazendo as mesmas coisas e todo o resto se repetindo ad infinitum).

Acho que esse filme ilustra bem como seria um tédio sem fim viver eternamente num universo de finitas possibilidades.

Off: gosto de usar exemplos de filmes. Sou cinéfilo de carteirinha. :-P

Bom, mas dentro da realidade do filme, nem precisava ser eternidade, nossos básicos setenta anos de expectativa já seriam uma verdadeira eternidade.

Por que a eternidade teria necessariamente que ser sempre igual e repetitiva?

Se você tivesse a chance de tomar a "pílula azul da eternidade", escolheria não tomá-la?

Offline Agnostic

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #35 Online: 02 de Dezembro de 2006, 02:27:43 »
A eternidade não tem que ser necessariamente sempre igual e repetitiva, mas se uma vida é eterna as possibilidades devem ser infinitas, pois de outro jeito eventualmente ela se tornaria repetitiva. :-)

Sobre a pílula, dependeria muito. Você está fazendo uma analogia ao filme Matrix, sim? Se me fosse assegurado que, por exemplo, apenas abstraindo, existissem infinitos universos nos quais eu poderia viver, "provavelmente" eu tomaria a pílula vermelha, para sair desta transitoriedade da vida e conhecer a eternidade, vivendo para sempre.
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Luz

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #36 Online: 02 de Dezembro de 2006, 10:44:43 »
A eternidade não tem que ser necessariamente sempre igual e repetitiva, mas se uma vida é eterna as possibilidades devem ser infinitas, pois de outro jeito eventualmente ela se tornaria repetitiva. :-)

Sobre a pílula, dependeria muito. Você está fazendo uma analogia ao filme Matrix, sim? Se me fosse assegurado que, por exemplo, apenas abstraindo, existissem infinitos universos nos quais eu poderia viver, "provavelmente" eu tomaria a pílula vermelha, para sair desta transitoriedade da vida e conhecer a eternidade, vivendo para sempre.

Sim, foi uma analogia a Matrix, por sua citação a filmes. Sabe, quando penso em eternidade eu a relaciono a realidade.

Eu gostaria de estar aqui daqui a mil, dois mil, cinco mil anos... acompanhando as descobertas científicas, a queda dos atuais impérios, religiões, crenças e nascimento de outros... quem sabe, assistir pelo noticiário o dia em que a ciência puder provar a inexistência de deus, ou sua existência, descobrir a existência de vida extraterrestre, e quem sabe, inteligente...

Ver o desenrolar da história, como quando lemos sobre a história, porque o nosso tempo, o tempo em que vivemos, sempre parece algo muito distante do tempo que lemos, como se tudo aquilo não fizesse parte a mesma história. Sempre tenho essa impressão. Sempre imagino como nossa época, o século XX, será visto daqui há 500 ou 1000 anos.

Sempre imagino como será o mundo quando cristianismo e islamismo, por exemplo, forem vistos como hoje são vistos os deuses gregos... me pergunto se um dia a religião deixará de fazer parte da vida humana ou como serão as novas religiões que virão substituir as atuais... e por aí vai.

São essas coisas que me interessam na eternidade... os livros que ainda quero ler, os lugares, aqui mesmo na Terra, que ainda quero conhecer, as novidades, as descobertas... não consigo ver essas coisas com finitude, porque as opções me parecem infinitas. Além da descoberta do espaço, das possíveis viagens, que caso venham existir de fato um dia, tornarão nosso "universo real limitado" muito mais amplo, talvez infinito.

Universos paralelos, também me parece uma idéia encantadora, mas ainda recente que preciso trabalhar na imaginação. Ah... sinceramente, quando penso em eternidade, tudo me parece muito interessante... sei que existem os momentos de monotonia, como eles existem até mesmo na realidade, que é tão curta... e momentos ruins, mas são momentos, não são a vida toda.

E de qualquer forma, até onde sabemos, a eternidade não existe... se é para pensar nela, por que nos limitarmos á idéia de tédio, mesmisse, repetição... imaginação deveria servir para tornar as coisas fascinantes e não entediantes.  :)
« Última modificação: 02 de Dezembro de 2006, 10:48:32 por Luz »

danieli

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #37 Online: 02 de Dezembro de 2006, 17:53:10 »
Humm, lendo aí o que a Luz falou eu queria algo assim. Poder ver sem me intrometer só pra saber como as coisas estão depois de tanto tempo que eu passei a viver em outra dimensão, ver como se comporta a minha família (ou melhor o que foi a minha família), se as coisas iriam mudar muito, se os políticos continuariam corruptos.... Mas só ver mesmo sem me meter nas coisas e sem voltar pra fazer nada.
Nem penso se existe a possibilidade de algo assim acontecer, mas sem sombra de dúvidas eu escolheria a pílula vermelha....

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #38 Online: 04 de Dezembro de 2006, 09:43:45 »
Por mim eu viveria para sempre, existir é melhor que não existir.

É? E para chegar a essa conclusão, você perguntou a alguem que não existe o que ela acha de não existir?

(desculpe, não resisti :) )

Eu só quero ter uma vida longa porque sou curioso. Quero poder testemunhar o desenrolar
da História e os avanços do conhecimento. No dia em que minha curiosidade se acabar, talvez
seja a hora de sair de cena.

Não precisa perguntar, eu mesmo respondo, já que antes de eu nascer eu não existia, e me parece bem melhor existir no momento atual. É claro que viver eternamente depende das condições dessa vida, mas mesmo em certas condições bem adversas, existir é melhor que não existir.
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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #39 Online: 04 de Dezembro de 2006, 10:52:20 »
Eu me pergunto se a crença em "É melhor viver o maior tempo possível" é algo recente...

Imagine que você é um camponês, vivendo na Europa no século X [1]. Durante sua vida você dificilmente vai se deslocar mais do que 20 kilômetros da sua vila. Você trabalha o dia inteiro no campo, acorda antes do sol nascer e vai dormir pouco depois do pôr-do-sol. Sua esposa casou com você aos 14 anos, e já lhe deu 10 filhos. Desses 10, 5 morreram antes de completar 2 anos, e 3 morreram de doenças infecciosas antes de chegar à adolescência. Você ainda espera ter mais uns 5 filhos antes que sua esposa morra (provavelmente de complicações do parto).
Algum dia talvez o senhor feudal para quem você trabalha vá precisar dos seus serviços como soldado. Essa vai ser sua única oportunidade de viajar. Nesse caso, você vai ter grandes chances de morrer pela espada ou (mais provável) de alguma epidemia. Mesmo assim, seu grande medo é que alguma praga destrua a plantação. Nesse caso, você e sua família vão correr sério risco de passar fome no inverno. O mundo para você é algo imutável e misterioso, assombrado por demônios e bruxas. As sua roupas e a casa onde você mora são semelhantes às roupas de seus avós e à casa onde eles moraram. Você sabe que
seus filhos e os filhos deles vão ter uma vida idêntica à sua.
Para completar, o padre na igreja vive repetindo que o mundo
está em decadência e que futuramente tudo será destruído no
Armagedon. Então eu pergunto: nessas circunstâncias, alguem
realmente ia desejar viver para sempre?

Acho que o fato de desejarmos vida longa está relacionado não
só à nossa curiosidade, mas também é uma consequência do
sentido de progresso que a tecnologia e a ciência têm
proporcionado. Se vocês pensarem bem, nós vivemos em uma
época única na história. Uma época em que as pessoas de fato
anseiam pelo futuro, pois temos testemunhado mudanças
rápidas que nos trazem mais conforto e bem-estar. Não é à toa
que tanta gente queira ficar "até o fim do filme"! :)


[1] Quando as pessoas se imaginam vivendo na Idade Média, elas costumam se ver como damas da nobreza e cavaleiros. Mas esses eram uma pequena minoria.
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Alan Watts

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #40 Online: 04 de Dezembro de 2006, 11:05:10 »
Claro que depende da qualidade e do contexto atual. Mas se este camponês aí fosse, digamos, imortal, hoje ele estaria vivo e provavelmente estaria ancioso pelo futuro...
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Luz

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #41 Online: 04 de Dezembro de 2006, 11:21:37 »
Dr. Manhattan,

Eu não acredito que seja algo recente, não!

Temos diversos exemplos comtemporâneos de vidas muito semelhantes à vida medieval, na Africa ou aqui mesmo, no pior do sertão nordestino. E as pessoas querem viver ou sobreviver, custe o que custar e do jeito que der.

Em qualquer instante, acredito que eles preferem estar vivas, já que estão vivas e lutando para continuar vivas.

Eu acredito no poder do "instinto".

Offline Dr. Manhattan

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #42 Online: 04 de Dezembro de 2006, 11:37:33 »
Eu não sei se é algo recente. Ainda não pensei a fundo sobre isso.

Por outro lado, existe uma diferença entre o instinto de sobreviência e uma expectativa consciente de sobrevivência.
Além disso, qualquer pessoa jovem, em qualquer época, desejaria
uma vida longa, pois ainda não realizou todos os seus projetos.
A questão mesmo é saber se as expectativas de pessoas idosas
mudaram ou não. É sabido que em certas culturas os anciãos se
retiram voluntariamente para morrer, e conheço pessoas idosas
(especialmente pessoas religiosas) que realmente não têm interesse
em viver, e que apenas... continuam, esperando o dia final.
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Offline Fred

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #43 Online: 04 de Dezembro de 2006, 12:03:29 »
Eu me pergunto se a crença em "É melhor viver o maior tempo possível" é algo recente...


O instinto de sobrevivência é algo inato de qualquer ser vivo.
A abreviação consciente da vida só ocorre em raríssimos casos onde a dor física ou emocional se torna insuportável.
Não é natural encarar a aniquilação total com serenidade.
A visão do tédio e do eterno sofrimento em filmes como "Highlander" é puramente romântica.
Mas se a fonte da juventude eterna existisse, com certeza todos nós beberíamos a sua água...
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Offline Agnostic

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #44 Online: 05 de Dezembro de 2006, 00:13:26 »
A eternidade não tem que ser necessariamente sempre igual e repetitiva, mas se uma vida é eterna as possibilidades devem ser infinitas, pois de outro jeito eventualmente ela se tornaria repetitiva. :-)

Sobre a pílula, dependeria muito. Você está fazendo uma analogia ao filme Matrix, sim? Se me fosse assegurado que, por exemplo, apenas abstraindo, existissem infinitos universos nos quais eu poderia viver, "provavelmente" eu tomaria a pílula vermelha, para sair desta transitoriedade da vida e conhecer a eternidade, vivendo para sempre.

Sim, foi uma analogia a Matrix, por sua citação a filmes. Sabe, quando penso em eternidade eu a relaciono a realidade.

Eu gostaria de estar aqui daqui a mil, dois mil, cinco mil anos... acompanhando as descobertas científicas, a queda dos atuais impérios, religiões, crenças e nascimento de outros... quem sabe, assistir pelo noticiário o dia em que a ciência puder provar a inexistência de deus, ou sua existência, descobrir a existência de vida extraterrestre, e quem sabe, inteligente...

Ver o desenrolar da história, como quando lemos sobre a história, porque o nosso tempo, o tempo em que vivemos, sempre parece algo muito distante do tempo que lemos, como se tudo aquilo não fizesse parte a mesma história. Sempre tenho essa impressão. Sempre imagino como nossa época, o século XX, será visto daqui há 500 ou 1000 anos.

Sempre imagino como será o mundo quando cristianismo e islamismo, por exemplo, forem vistos como hoje são vistos os deuses gregos... me pergunto se um dia a religião deixará de fazer parte da vida humana ou como serão as novas religiões que virão substituir as atuais... e por aí vai.

Eu também gostaria muito de presenciar esses acontecimentos, mas somente ser for de camarote. :-)

Citação de: Luz
São essas coisas que me interessam na eternidade... os livros que ainda quero ler, os lugares, aqui mesmo na Terra, que ainda quero conhecer, as novidades, as descobertas... não consigo ver essas coisas com finitude, porque as opções me parecem infinitas. Além da descoberta do espaço, das possíveis viagens, que caso venham existir de fato um dia, tornarão nosso "universo real limitado" muito mais amplo, talvez infinito.

Universos paralelos, também me parece uma idéia encantadora, mas ainda recente que preciso trabalhar na imaginação. Ah... sinceramente, quando penso em eternidade, tudo me parece muito interessante...

Viagens por este e possivelmente por outros universos (caso existam) realmente é algo que faria querer viver muito mais, porém ainda não vejo sentido em viver para sempre, e somente aqui pela terra imagino que as possibilidades se extinguiriam rapidamente, além do fato da própria terra eventualmente se acabar um dia, juntamente com o sistema solar. E no ponto de vista da eternidade não importa quanto tempo isso leve: 5 anos, 5 bilhões de anos ou 5 "zilhões" de anos são a mesma coisa para um tempo infinito. Viver muito já seria suficiente, não? No nosso mundo eu gostaria de viver muito, mas não para sempre. Particularmente eu vejo a morte como uma coisa boa, embora prefirisse que vivêssemos mais.

Citação de: Luz
sei que existem os momentos de monotonia, como eles existem até mesmo na realidade, que é tão curta... e momentos ruins, mas são momentos, não são a vida toda.

E de qualquer forma, até onde sabemos, a eternidade não existe... se é para pensar nela, por que nos limitarmos á idéia de tédio, mesmisse, repetição... imaginação deveria servir para tornar as coisas fascinantes e não entediantes.  :)


Pois é. Se momentos de monotonia e ruins existem em nossa vida relativamente curta, imagine se fôssemos condenados e viver eternamente! ;-)

No resto eu concordo com você, desde que me fosse assegurado a possibilidade cometer suicídio, cessando minha existência, a qualquer hora que eu desejasse. :-)
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Offline Agnostic

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #45 Online: 05 de Dezembro de 2006, 00:32:01 »
Eu me pergunto se a crença em "É melhor viver o maior tempo possível" é algo recente...


O instinto de sobrevivência é algo inato de qualquer ser vivo.
A abreviação consciente da vida só ocorre em raríssimos casos onde a dor física ou emocional se torna insuportável.
Não é natural encarar a aniquilação total com serenidade.
A visão do tédio e do eterno sofrimento em filmes como "Highlander" é puramente romântica.
Mas se a fonte da juventude eterna existisse, com certeza todos nós beberíamos a sua água...

Eu encaro com serenidade a morte e já vi pessoas muito próximas também encarando com serenidade. Obviamente já vi pessoas no extremo desespero ao morrer, mas quero dizer que há pessoas que conseguem encarar a cessação da existência como algo natural, assim como... nascer. :-)

Já para mim a visão de "ser excitante viver eternamente" é que é muito romântica. Aliás, a vida eterna é um dogma, e não estou me referindo ao sentido religioso.

Eu beberia da fonte da juventude, desde que eu pudesse parar de beber a qualquer momento quando desejasse não continuar mais existindo.
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rizk

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #46 Online: 05 de Dezembro de 2006, 01:40:40 »
Ver o desenrolar da história, como quando lemos sobre a história, porque o nosso tempo, o tempo em que vivemos, sempre parece algo muito distante do tempo que lemos, como se tudo aquilo não fizesse parte a mesma história. Sempre tenho essa impressão. Sempre imagino como nossa época, o século XX, será visto daqui há 500 ou 1000 anos.
Já eu acho que os mortos são muito parecidos com a gente. Com a diferença de eles morrerem mais cedo. E eu penso nos historiadores alienígenas que virão daqui a muitos anos e morro de vergonha do que vão pensar.

Eu quero morrer e sumir. E eu fico contente, em certo grau, que os meus "entes queridos" tenham morrido e sumido, apesar de bater saudades às vezes.
Essas coisas de tempo são muito assustadoras :/

Offline Mussain!

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #47 Online: 05 de Dezembro de 2006, 12:39:17 »
Pra falar a verdade, eu tenho uma curiosidade de como é a sensação da morte... (Macabro, né? :o)
É o mesmo que dormir? Desmaiar? (Se bem que eu tb nunca desmaiei)
Claro que eu não irei me matar só por curiosidade, já que um dia minha dúvida será tirada empiricamente.  :biglol:

Vamos esperar o dia... ...quando eu morrer irei na casa de cada um aqui, viu?! (Só na casa das mulheres, é claro. Eu lá quero ver macho.... nã)  :histeria:


Eu me pergunto se a crença em "É melhor viver o maior tempo possível" é algo recente...


O instinto de sobrevivência é algo inato de qualquer ser vivo.
A abreviação consciente da vida só ocorre em raríssimos casos onde a dor física ou emocional se torna insuportável.
Não é natural encarar a aniquilação total com serenidade.
A visão do tédio e do eterno sofrimento em filmes como "Highlander" é puramente romântica.
Mas se a fonte da juventude eterna existisse, com certeza todos nós beberíamos a sua água...

Eu encaro com serenidade a morte e já vi pessoas muito próximas também encarando com serenidade. Obviamente já vi pessoas no extremo desespero ao morrer, mas quero dizer que há pessoas que conseguem encarar a cessação da existência como algo natural, assim como... nascer. :-)

Eu beberia da fonte da juventude, desde que eu pudesse parar de beber a qualquer momento quando desejasse não continuar mais existindo.
Totalmente de acordo. Disse só tudo. :ok:

Offline PedroAC

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #48 Online: 09 de Dezembro de 2006, 17:57:49 »
Na minha experiência de dar notícia a uma quantidade razoável de famílias que um ente querido morreu é a de que as famílias aparentemente mais religiosas aparentemente sofrem bem mais.
  Também tenho essa experiência, mas não só em relação à morte. Os meus familiares beatos emocionam-se mais, e já fiquei muito chocado com certas reacções que não esperava de pessoas tão religiosas.
  Tenho uma avó materna, cujo marido morreu antes de eu nascer, nunca a vi ou ouvi falar lamentosamente sobre a morte dele. O meu avô materno morreu há poucos anos e a minha avó materna ficou muito depressiva, queixando-se de tudo e de todos, fala menos com as pessoas e agora está doente.
  Deus é também um grande confessor para revelar as grandes frustações. "Pai, Pai, por que me abandonaste?"
  Também acho que as pessoas muito beatas esperam que as coisas ocorram de determinada maneira. Têm muitas expectativas e são muito ligadas às coisas. Mas penso que não seja por ter uma crença, mas por ter a mentalidade de uma crença de tristeza, pobreza e sacrifícios. Por exemplo, os Protestantes parecem ser muito mais alegres que os Católicos.

Eu só quero ter uma vida longa porque sou curioso. Quero poder testemunhar o desenrolar
da História e os avanços do conhecimento. No dia em que minha curiosidade se acabar, talvez
seja a hora de sair de cena.
  Também penso assim. Quantas pessoas morreram a pensar que a Terra era um cilindro no centro do Universo?
« Última modificação: 09 de Dezembro de 2006, 18:04:21 por pedroac »
Pedro Amaral Couto
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Offline Siegfried

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Re: Morte de um ente querido
« Resposta #49 Online: 09 de Dezembro de 2006, 21:59:36 »
Vejo a capacidade de sentir como uma habilidade. Posso muito bem sentir uma profunda dor sem externar isso (Aliás, externar pode ser uma saída psicológica para aliviar).

Penso que a sensibilidade daquele que tem espírito crítico é mais desenvolvida, ele é potencialmente capaz de sofrer mais. Não considero que a “fantasia sem sentido” supere a imaginação criativa e artística "da racionalidade" (Ex: pensar torturas e horrores que alguns negam até mesmo ver).

Uma pessoa submetida a tortura acaba perdendo a consciência racional ou parte dela (trauma): por toda vida ou algum período. A dor é menos intensa sem o envolvimento psicológico (sensibilidade menos apurada: despotencializada) e a “visão realista” é afetada (exemplo extremo: não aceitar a morte, pensar que a pessoa vive ao seu redor).

Bem, POTENCIALMENTE os sensíveis sofrem mais. Na prática, esse potencial de sofrer não se manifesta facilmente. O espírito racional organiza melhor a sensibilidade. Então, acredito que o de menor base racional e sensibilidade acaba sofrendo mais, por existir uma dificuldade maior de lidar com a própria capacidade de sentir.

Obs: É preciso pensar melhor na capacidade e força da ilusão (argumentos “não racionais“ para lidar com certos problemas da vida)

Obs: Não usei os termos teísta e ateísta, nesta mensagem. Muito ateu foi teísta por um longo tempo, muito teísta é um ateu em potencial, e muita gente não se importa: apenas vive feliz e REFLETINDO em outras áreas. E, sei lá... penso q a sensibilidade pode ser a mesma.
"Nada neste mundo nos torna necessários a não ser o amor." (Goethe)

 

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