Ora, aí o erro, pois que o Espírito não é uma abstração, é um ser definido, limitado e circunscrito. O Espírito encarnado no corpo constitui a alma. Quando o deixa, por ocasião da morte, não sai dele despido de todo o envoltório. Todos nos dizem que conservam a forma humana e, com efeito, quando nos aparecem, trazem as que lhes conhecíamos.
Como informático, estou habituado a lidar com limitações. Num computador, temos de considerar, por exemplo, a memória e processamento limitados. A Ciência assume que a Natureza tem limites, e desse modo postula Leis. Os limites são muito úteis para aplicações.
O Espíritos são eternos (não têm início nem fim)?
Há algum limite no seu número, de acordo com o volume que ocupam e capacidade do lugar onde podem estar?
Se o Espírito é fonte de inteligência, e o cérebro apenas um instrumento dele, então como se explica mudanças de personalidade e de inteligência quando o cérebro é afectado, como é mostrado na história médica (por exemplo, o caso conhecido de um trabalhador nos caminhos-de-ferros que teve a cabeça trespassada por um ferro)?
Vimo-la mover-se, levantar-se, dar pancadas, sob a influência de um ou de muitos médiuns. O primeiro efeito inteligente observado foi o obedecerem esses movimentos a uma determinação.
Isso é possível com máquinas, como os robots. São controlados por espíritos?
Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. E de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos.
Então eu posso fazê-lo ao seguir instruções?
Os efeitos mais simples são a rotação de um objeto, pancadas produzidas mediante o levantamento desse objeto, ou na sua própria substância.
Os objectos só se movem com o médium presente?
Querendo comunicar-se, o Espírito se serve do órgão que se lhe depara mais flexível no médium. A um, toma da mão; a outro, da palavra; a um terceiro, do ouvido. O médium falante geralmente se exprime sem ter consciência do que diz e muitas vezes diz coisas completamente estranhas às suas idéias habituais, aos seus conhecimentos e, até, fora do alcance de sua inteligência.
Como isso é feito?
Há alguma espécie de telefone para escolher um Espírito?
O Espírito entra na pessoa e controla-a? Isso não é perigoso?
Poder-se- á fazê-la nos termos seguintes, ou outros equivalentes: Rogo a Deus Todo-Poderoso que permita venha um bom Espírito comunicar-se comigo e fazer-me escrever; peço também ao meu anjo de guarda se digne de me assistir e de afastar os maus Espíritos.
Quando queira chamar determinados Espíritos, é essencial que o médium comece por se dirigir somente aos que ele sabe serem bons e simpáticos e que podem ter motivo para acudir ao apelo, como parentes, ou amigos. Neste caso, a evocação pode ser formulada assim: Em nome de Deus Todo-Poderoso peço que tal Espírito se comunique comigo, ou então: Peço a Deus Todo-Poderoso permita que tal Espírito se comunique comigo; ou qualquer outra fórmula que corresponda ao mesmo pensamento.
Então Deus é uma espécie de central telefónica, e os anjos os fios e sinais?
Quer dizer, se eu fizer esse pedido neste momento, posso comunicar com um Espírito? Posso pedir que Aristóteles me fale do seu livro sobre o riso, a Fermat que me explique o seu último teorema, que Hispácia me descreva a Biblioteca de Alexandria e os seus conteúdos e da Matemática do seu tempo, que Platão fale da sua Filosofia, etc. ?
Não posso comunicar com um mau espírito (seja o que isso queira dizer)?
Desculpem-me, mas pelo que li nesse livro, não encontro qualquer evidência para a existência de espíritos. Pelo contrário, encontro uma imensidão de ideias com conveniências que evitam tal confronto e inconsistências com ideias aplicadas com muito sucesso, nomeadamente por mim (por exemplo, na Informática).
Já indiquei as condições para dar crédito ao Espiritismo, e acho-as justas e aceitáveis. Para provar que algo existe, basta um exemplo, mas a condição de provar que algo não existe é dificílimo e pode até ser impossível, por isso existe o ónus da prova.
Pergunto: se os Espíritos existem, o que podemos prever que aconteça em determinado momento ou acção? E se os Espíritos não existem, o que aconteceria? Esse tipo de perguntas é uma necessidade na Ciência para formular Teorias, tal como as que permitem prever acontecimentos astronómicos e localizar astros que ainda não foram descobertos. O Espiritismo pode fazer algo semelhante?
Não há evidência, não é facto.