Claro que a troca de frota seria gradual, bem como a produção (ainda mais se depender do etanol não-celulósico; mas com a previsão do etanol celulósico estando disponível entre 5 e 10 anos, a produção virtualmente dobra, ficando no mínimo 60% maior, não considerando o aproveitamento de oturas fontes de celulose, mas apenas com a soma da celulose das fontes já aproveitadas) mas não é porque não dá para resolver tudo duma vez de repente que não se vai fazer nada.
5 à 10 anos? Otimista, hein? A popularização de uma nova tecnologia demora de 20 à 40 anos. Podemos não ter esse tempo, sem contar que o estrago está feito. Ilusão achar que se agirmos agora tem conserto.
Etanol celulósico chega em até 10 anos"
Podemos não ter tempo". Não quer dizer "não teremos tempo".
O problema com os ambientalistas superficiais é justamente esse: medidas paliativas e desconsideração completa para energias que elegeram como nocivas. A implementação de energia nuclear por fissão é relativamente simples e muito eficaz. Sua tecnologia é madura, seus riscos, mínimos.
Bem, o Lovelock é tido como ambientalista e apoia energia nuclear. O físico da USP / ex secretário do meio ambiente (ou algo que o valha) de SP, José Goldemberg, não acha que é a saída adequada/necessária ao menos para o Brasil. Não sei se há "desconsideração completa". Decerto não se pode desconsiderar também o que está sendo chamado aqui de paliativo, sem saber se não faria mesmo diferença significativa.
Há claro os eco-fanáticos com aversão a tudo de tecnológico que defenderiam por exemplo que todos devessem ir morar no meio do mato e derrubar as cidades. Mas eu prefiro me restringir ao lado racional da coisa toda.
Eu acho estranha essa atitude "está tudo f*dido mesmo de qualquer forma, então vamos f*der tudo de vez" sendo aplicada só com o clima…
Não, meu caro. Não é por não suportar esses band-aids ambientalistas, alguns pseudo-ambientalistas, que eu seja do time "o que for, será". Acho até que estamos é com a corda no pescoço. E justamente por isso que acho que essas medidas paliativas não resolvem. Não estamos diante de um arranhão e basta colocar um band-aid.
E quais seriam as medidas não-"band-aid"?
Não, não são as 6bi. Mas as 6bi QUEREM ir pro supermercado num SUV. Faz parte de nossa natureza o descontentamento para com o que se tem se está dentro de nossas capacidades ter mais, mais potente, maior, etc. Normal. Ruim pro ambiente, mas normal. Seja qual for o meio de transporte, terão de ser movidos com alguma coisa? Já imaginou a frota de carros do mundo movida à etanol? Metade das terras favoráveis à vida estão sendo exaustivamente usadas para produzir comida. Vamos usar a outra metade para etanol e outros bio- combustíveis?
Bem, esse "metade", eu não sei se é exatamente correto. A Marina Silva disse numa entrevista ainda há pouco que se tem área cultivável desaproveitada no Brasil de sobre, de forma que qualquer desmatamento de florestas é praticamente injustificável.
A produção de etanol celulósico de qualquer forma não precisa de que se plante nada especificamente para isso, de qualquer forma. A matéria prima é o refugo da produção agrícola, aquilo que ninguém come e que teria que se dar um jeito de se livrar de qualquer forma (quiçá incinerando).
Num dos debates que vi sobre o tema, ao mesmo tempo, quando um cara disse "será que todos precisam mesmo dos SUVs? Não poderiamos ter carros menores?", o outro retrucou que já se tem ou pode ter SUVs
e menos poluentes. Não sei o quão disponíveis, de qualquer forma.
E se é para se pensar em medidas menos "band aid", seria uma mini cirurgia aceitável, acho, leis que impusessem aos fabricantes de carros limites ainda menores de poluição. Talvez com benefícios de impostos conforme desenvolvessem tecnologias menos poluentes.
E se os eletrodomésticos forem trocados por mais econômicos? (nos casos de outros países; no Brasil, ou qualquer um que tenha matriz limpa de energia, a energia elétrica não representa poluição significativa…
Eletro-eletrônicos são até da categoria "menos nocivos". Eletricidade em si realmente não polui muito. Já sua produção...
A isso que eu me referia... as matrizes energéticas no Brasil são razoavelmente limpas.... em outros paises, a economia de energia elétrica por outro lado representa uma necessidade menor de produção de energia. Enquanto eu não sei se a economia representa uma não-poluição meio "proporcional" no sentido de que poderiam produzir menos energia e poluir menos, certamente demora-se mais para chegar num limite onde seja necessária a construção de mais usinas para suprir a demanda por energia.
a economia é boa de qualquer forma para evitar apagões e a necessidade de construir mais e mais usinas que não saem de graça)
É... mais usinas, mais demanda, mais usinas... Mais carvão queimando, mais gás usado, mais rios represados, mais campos ocupados com ineficientes turbinas eólicas, mais painéis caros para captar energia solar, mais gastos em tecnologias-bebés, mais tempo sendo usado.
Enquanto isso usinas nucleares seriam mais baratas, menos perigosas, MUITO mais limpas, MUITO mais eficientes... mas ninguém quer, porque os lobbies ambientalistas transformaram essa alternativa num bode expiatório (thanks, USA, pelo grande favor!).
Bem, o Lovelock ao menos é a favor, acho que do jeito que a hipótese de Gaia dele é popular, deve ter uma boa dose de outros ambientalistas também a favor.
Eu não sei se os custos totais valem a pena, de qualquer forma. Para o Brasil ao menos parece não ser uma alternativa necessária.
E se dessem um jeito de capturar metano emitido, usando como combustível? (emitindo CO2 de qualquer forma, mas é melhor que emitir o metano tanto por ter um efeito menor ("individualmente") no efeito estufa, tanto por usar a energia que estaria de outra forma só sendo desperdiçada e tendo que ser obtida de outra forma, talvez mais poluente)
Reitero que o famigerado efeito-estufa é apenas um entre vários problemas. Nem seria problema, se não fosse acompanhado pela destruição de habitats naturais e não fosse um perigo para alguns mecanismos naturais.
Veja bem, a primeira experiência na captura de CO2 está saindo agora. A de metano, nem começou, que eu saiba. Podemos até pensar em coisas assim, mas não como solução, mas como um hobby ao qual nos dedicaríamos quando e se fixarmos o problema de suprir energia.
Mas essas coisas são relacionadas à produção de energia..... e pode ser falácia de apelo ao ditado, mas "a necessidade é a mãe da invenção".
E quanto a tecnologias de captura de CO2 atomsférico, que não apenas diminuem a emissão de CO2 mas de fato reduzem o CO2 no ar em algum grau, ao mesmo tempo em que funciona como fertilizante, por exemplo, ou até mesmo podendo ser usada em usinas de energia, segundo uns?
Sim, todo ano teríamos uma montanha de CO2 para enterrar. Bela solução, ainda mais sem contar que se ocorrer um desastre natural e essa montanha for novamente liberada. Mas eu acho a idéia ótima, enquanto atividade extra-curricular. A principal agora é ter substituto para o carvão, petróleo e gás. Substituto, não tapa-sol-com-peneira.
Bem, não tanto quanto ao atmosférico, mas o CO2 que poderia ser capturado em qualquer grande fonte de CO2 normal não tem nem de longe os mesmos problemas do lixo nuclear, por exemplo. Pelo contrário, pode ser usado como um tipo de fertilizante. Esse tipo de fertilizante, ao mesmo tempo meio que ativamente captura mais e mais CO2. Eventualmente deve saturar, mas não sei, não me parece nada mal.
Amazonian Terra Preta Can Transform Poor Soil Into Fertile… e outras coisas mais… e terem menos filhos, que é algo que acho até difícil de falar se há resistência até quanto a medidas menos polêmicas, menos facilmente rotuláveis de neo-maltusianismo.
Pois é, pois é... outra "solução" necessária cuja implementação e eficiência demorariam décadas para se tornarem realidade...
Acho que ainda que tenha relação, a melhor estratégia para promoção disso é a conscientização sobre a diferença na qualidade de vida mais direta das pessoas ao terem menos filhos, não que seja algo "para salvar o mundo".
Oh, mas o que precisamos é que a Humanidade se toque que não precisa "salvar" nada. Ela tem mais é que dançar de acordo com a música que a Terra toca, não o contrário.
Novamente não entendo. Gaia agora está para realizar uma espécie de apoptose, e é essencialmente isso?
Essas medidas não tem nada a ver com uma consciência de que a humanidade não pode crescer indefinidamente e de que o crescimento deve ser planejado (se for sequer desejável)?
Pois eu acho que as medidas paliativas das energias alternativas querem mais é distrair as pessoas do problema real e deixa-las vivendo como querem.
Uma espécie de racionalização?
De certa forma então se opõe àquilo que o Catino disse, de que apesar de sermos os culpados, também podemos ter as soluções então...
Eu não sei.... acho que se fosse para viver como vivem.... não haveria preocupação razoavlemetne popular com reciclagem (razoavelmente inútil em vários sentidos, segundo uns) e essa questão toda, que envolve mudanças no estilo de vida...
talvez eu seja demasiadamente otimista...
Eu não sei, estou achando tudo estranho, dum lado a sua argumentação parece dos ex-céticos fatalistas "não podemos fazer nada, de qualquer modo, então que se dane", por outro parece mais radical, dos ambientalistas extremistas, de que meio termo não daria certo…
Para consertar o que está feito, acho que não podemos fazer nada. O gelo que derreteu não vai se solidificar. As florestas que foram devastadas ou estão em risco de extinção, não vão se regenerar tão cedo. O que vem por aí é pesado e não tem como escapar. O que fizemos, direta ou não, vai nos garantir isso. O que podemos fazer é tentar salvar alguma coisa para as gerações futuras. Aí entra o "outro": meios termos não resolveriam ou até mesmo deixariam tudo nas mesma (ou pior).
E já calcularam de verdade o impacto desse tipo de mudança, umas mais simples, outras nem tanto, e pode-se dizer que com certeza são totalmente irrelevantes?
Algumas, sim...
Bio-combustíveis são menos eficientes na conversão de matéria em energia que os combustíveis fósseis. Para que possam suprir a necessidade gulosa que temos de energia, seria preciso talvez ter uma Terra só para plantações que supririam bio-combustíveis. Isso sem contar no pesadelo logístico e tecnológico que demandaria.
Mas segundo quem? Porque se diz umas coisas dum lado, e de outro lado se diz outras.
Ethanol Can Replace Gasoline With Big Energy Savings
Putting ethanol instead of gasoline in your tank saves oil and is probably no worse for the environment than burning gasoline, according to a new analysis by researchers at the University of California, Berkeley.
[...]
In 2004, ethanol blended into gasoline comprised only 2 percent of all fuel sold in the United States. But auto manufacturers are able to make cars that run on 85 percent ethanol, and nearly 5 million such "flex-fuel" vehicles are now on the road.
Kammen noted that almost all light trucks now sold have flex-fuel capability, though frequently unadvertised. Converting a car into a flex-fuel vehicle able to burn E85, as the 85/15 ethanol/gas mix is called, costs about $100. More flex-fuel vehicles than diesel vehicles are on the road today in California.
"Converting to fuel ethanol will not require a big change in the economy. We are already ethanol-ready. If ethanol were available on the supply side, the demand is there," Kammen said.
[...]
Kammen last year published a paper, also in Science, arguing that even Africa could exploit its biomass to build a biofuel industry that could meet energy needs for the poor and develop a sustainable local fuel supply, a future much better than using fossil fuels.
Enquanto numas entrevistas que ouvi todos estavam bem otimistas e disseram que a área de cultivo não seria um problema com argumentos que não me lembro exatamente (vou escutar de novo e depois menciono), na Popular Mechanics vi que o etanol apenas nos EUA necessitaria que eles usassem para o cultivo apenas de etanol 70% da área cultivável. Mas nessa matéria que passei acima já sutilmente dá impressão que isso é meio dentro daquilo que os caras calcularam que mais tarde avaliaram ser falho, não considerar tudo. Também na PopMec não falaram se o etanol seria celulósico, o que potencialmente reduziria a necessidade de área drasticamente, por produzir de 60% a 100% a mais, sem falar que não necessitaria produção/cultivo per se além de poder se utilizar de fontes melhores do que milho como
switchgrass.
Sem falar que a estimativa era contando uma substituição exclusiva por etanol, negligenciando as outras possibilidades como amônia, hidrogênio, etc e assumindo a mesma necessidade de energia, em vez de redução por outras medidas de economia.
Na entrevista que estou ouvindo, por exemplo, o cara mencionou que há áreas sendo pagas para para que não sejam cultivadas e coisas que são queimadas para se livrar delas que potencialmente poderiam ser fonte de celulose para etanol.... é uma porcaria de stream então tenho problemas para voltar e escutar mais detalhes..... vou passar os links:
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America's Oil Needs and New Energy Options (a página tem um link para um stream)
MP3 de outra edição do mesmo programa, sobre o mesmo assunto:
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http://cache.libsyn.com/sciencefriday/scifri-2007030911.mp3Solar é algo tão cara e ineficiente que me admira ser encarado por muitos como energia alternativa capaz de suprir o que precisamos.
Bem, está passando na tv por aqui atualmente uma propaganda que diz que qualquer figura histórica dizia que o carro era só uma moda, e o cavalo é que estava lá para ficar.
Não que eu ache que energia solar vá ser a substituição exclusiva de energia elétrica, ou que os carros todos vão ser aquelas baratinhas elétricas, nem nada disso.
Mas penso se seria negligenciável um barateamento das células fotovoltáicas (e outras coisas bem mais low-tech e baratas como uso para aquecimento direto de água, em uma tubulação de PVC nas lages) e conseqüente popularização, suprindo uma fração da energia de um bom número de casas e estabelecimentos diversos. Eu não sei o quanto isso representaria na economia doméstica/local (tomara que algo que seja no mínimo economicamente interessante no fim do ano, por exemplo), mas somando tudo, intuitivamente me parece substancial a diminuição do consumo via abastecimento elétrico convencional.