Eu cresci em um bairro que era dividido entre gangues de brigões adolescentes... tinha a turma do 'Éti', a turma do Mossoró, a turma do 'ratin'... esse tipo de coisa. Nos colégios, a porrada comia solta e quem não soubesse brigar, ficava reduzido a humilhações durante o resto da vida escolar.
Felizmente, nessas horas, ter cara de marginal conta demais. Do prézinho até o fim do ensino médio, briguei em todos os anos, daquelas porradas de final de aula. A pior de todas foi quando juntaram uma sala inteira do colégio contra eu e 4 amigos. Foi uma chacina e resultou na minha expulsão no meio do 1º ano do ensino médio. Nesse colégio tinham matado uma professora na minha sala com uma cadeirada. Então, só gente boa...
Depois, participei de alguns campeonatos, perdi uns, ganhei outros, mas não era a mesma coisa. Daí quando entrei pra polícia e fui pro grupamento de choque, todo fim de semana tinha algum confronto corporal. Campo de futebol, show, rebelião...
A pior de todas foi uma rebelião no início de 2007 quando eu vacilei e um grupo de uns 10 presos conseguiu segurar a alça do meu colete e me puxou pro meio da muvuca. Apanhei e bati literalmente como se minha vida dependesse daquilo, quebrei perna, braço, dente, de qualquer um que aparecesse na minha frente. Tomei um belo talho de estilete perto do pescoço e no braço. Amigo meu, no desespero, deu um tiro de bala de borracha e uma das esferas me acertou em cheio, mas serviu pra afastar o povo e eu consegui sair do meio... Saí com ossos trincados e cheio de lesões...