Olá, Ângelo.
Como o DBhor já disse, há um tópico de apresentação
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O meu nome é Pedro Amaral Couto. Como podes ver pelo avatar, sou um pouco parecido com as figuras de Jesus. Só tenho de deixar crescer o cabelo e tirar os óculos para entrar num filme do género.
Nunca fui um crente religioso. Fui baptizado na Igreja de São Pedro, nos Açores, o padre jogava voleibol na praia com o meu pai e tios, participei em procissões, assisti filmes sobre a Bíblia, e tenho uma adaptação infantil da Bíblia e uma Bíblia do Gedeões oferecida por uma avó, interessei-me em informar-me sobre religião... mas nunca fui educado numa religião e nunca fui crente.
Isso não quer dizer que não tenho questionado se existe algum Deus ou não? Isso acontecia especialmente nos meus momentos mais filosóficos, especialmente quando estudei Filosofia. Os argumentos apresentados a seu favor pareciam-me ter erros nas premissas, mas isso não quer dizer nada. Fiz experiências para ver se algum deus respondia, e assumi-me como agnóstico: é impossível provar que existe um deus ou não. Só mais tarde é que entendi que fui sempre um ateu: nunca acreditei que houvesse qualquer tipo de Deus, mesmo que tenha dado o benefício da dúvida.
Acho que a razão de ser ateu é natural.
São as mesmas razões por não acreditarmos em Papai Noel, nas fadas, nos unicórnios, no papão, etc. sejam materiais ou espirituais. E a razão para não acreditar num determinado deus, é a mesma para não acreditar noutros deuses, e para além disso, se tiver a oportunidade de aceder a livros sagrados, o número de razões pode crescer.
Por exemplo, considero um deus judaico-cristão impossível,
por ter lido a própria Bíblia. Para ser mais exacto, não li as Lamentações nem muitos Salmos (e há muito tempo que é assim), mas li o resto. Quando comecei a ler, não era com esse intuito. Ao ler os Génesis, comecei a pensar que a ideia popular que têm de Deus estava errada. Quando continuei com os livros restantes, reparei no achava serem inconsistências, e fui anotando-as.
Ao ler o romance histórico "O Homem que se tornou Deus", quis informar-me como os judeus viviam, e como Jesus teria vivido e morrido. Fui assistindo documentários, guardando páginas de revistas, procurando na Web, anotando, desenhando, etc. Quando ia para a escola, ou vinha para casa, umas Testemunhas de Jeová abordavam-me, e como sabia que elas acreditavam que Jesus foi crucificado numa estaca, estive curioso, e aceitei receber literatura, e fui também fazendo perguntas. Quando perguntei sobre o que achavam que era o Inferno, aproveitaram-se para entrarem em casa, e iniciaram um "estudo". Como estava a ter acesso a literatura diversificada, que não acedia nas ruas, aproveitei essa situação. Descobri imensos erros, e pesquisei na Web sobre o assunto - muitas das páginas eram de evangélicos (é interessante, que um evangélico abordou-me na faculdade com uma folha com ensinamentos iguais aos dos Gedeões, e no final tinha uma crítica severa às Testemunhas de Jeová). Ganhei mais confiança para debater com elas, e no final parece que desistiram de mim.
Também fui informando-me sobre arqueologia, o hebraico, o grego e diversas doutrinas. Curiosamente encontrei um "site" de um muçulmano que criticava doutrinas cristãs, especialmente referindo-se a Paulo, e fui encontrando "sites" que falavam de contradições na Bíblia: algumas que já tinha encontrado, outras mais obscuras e ainda outras que não concordava.
Com algumas coisas que tomei conhecimento, fiz isso
.
Também tenho um Livro de Mórmon (oferecido a meu pai, por um mórmon), e livros como "Eram os deuses astronautas?", uma análise ao Alcorão (infelizmente não tenho um...), etc.
A questão não foi decidir ser ateu. Era ateu, mas não o associava ao termo. E muitas vezes quando nos colocam a questão sobre as razões de não acreditarmos num Deus, na verdade referem-se ao seu Deus, e essas razões variam.
Sobre deuses teístas, supostamente devia haver efeitos no mundo feitos por esse tipo deuses, e nunca observei tal coisa, mesmo testando. Sobre a questão do deus ominpotente, omnipresente, omnisciente e sumamente bom, a maioria dos ateus responderiam com uma variação do dilema de Epicuro (acho que é tão óbvio, que nem sequer é necessário ter a cultura para conhecer esse dilema para o elaborar). Para cada deus, há as suas razões particulares, para além daquela relacionada com a parcimónia.
N
o caso dos deuses deístas e panteístas, que em geral têm origens meramente filosóficas, sem necessidade de dogmas - e por isso não são tão discutidos, pois
para um céptico o problema é os dogmas -, as razões são apenas as mesmas que para o Papai Noel, etc. Sou como Tomé.
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Já agora, para não achar que tenho uma espécie de raiva em relação à Bíblia:
gostei muito do Eclesiastes (parece muito filosófico), dos Cântico (muito belo) e alguns trechos dos Provérbios. Nos outros livros, o que acho interessante para lições morais e desenvolvimento pessoal está disperso, mas no caso dos livros finais do Antigo Testamento (profecias), e a Revelação, confesso que é outra história...
Abraços