- mais modificado em caracteres fenotípicos (por evolução neutra ou "total", todos os seres são igualmente evoluídos desde um ancestral comum, a menos grupos que tenham se extinguido. Mesmo "fósseis vivos".)
Não existe essa igualdade evolutiva. Certos genes se adaptaram melhor que outros, ocorrendo a especiação, uma aquisição evolutiva. Esse adaptacionismo do organismo, possibilitou a evolução, de acordo com as pressões evolutivas. Os organismos que submetidos as pressões evolutivas tirevem que se adaptar, desenvolver novos atributos, diferente de outros que não sofreram pressões evolutivas. E existe uma grande escala entre os níveis de evolução, de acordo com as pressões evolutivas. O homem é o resultado de ser vivo que sofreu mais pressões evolutivas, e por isso a sua superioridade de atributos biológicos (cérebro).
Dennett é "adaptacionista", iguala evolução com adaptação, mas tem mais na evolução do que adaptação. Na verdade, adaptação é de certa forma uma parte do total, por isso há, verificada empiricamente, equidistância molecular de todos os descendentes de um grupo ancestral comum. Isso significa que tanto sapos quanto humanos evoluíram, no total das seqüências de ADN, igualmente desde o ancestral comum com os peixes, mesmo que os humanos tenham sofrido mais modificações adaptativas que possamos considerar importantes.
Sim, mas essas modificações adaptativas que geraram a nossa espécie, são de grande relevância. São as bases biológicas das ciências humanas, que tragem a objetividade das ciências naturais para o entendimento da natureza humana, que é estudado pelas ciências de mesmo nome.
A pequena diferença genética, e portando evolutiva (já que a base de toda espécie são seus genes), dos demais primatas e do homem, já evidência a grande importância do entendimento da biologia humana para o avanço de nosso conhecimento. Aliás, o conhecimento, no nível que temos, é uma qualidade adaptativa sem igual na natureza.
Embora todas as espécies tenham evoluído, a capacidade de adaptação de umas é maior que de outras. Nenhuma outra espécie tem desejos e vontades como a nossa. Não tem realizações e interações sociais como nós. Eles não tem a sensibilidade humana, a percepção cerebral e estética que temos. E tudo isso é resultado da pequena diferença genética que temos com os primatas mais próximos.
Ou seja, mesmo as pressões seletivas não alteram significativamente o "total" de evolução nesse aspecto, as coisas mais significativas são taxas de mutação e tempos de geração.
Isso nas espécies que não desenvolveram pelo menos a seleção de parentesco. Esse tipo de sociabilidade parental contribui em muito o desenvolvimento das mesmas. É isso que a sociologia busca examinar nas espécies sociáveis. O altruísmo recíproco é mais característico da espécie humana, e isso modifica completamente a sua estrutura cultural, comparativamente as de seleção de parentesco.
Taxa de mutação e tempos de geração são variáveis para a grande maioria das espécie, mas que não servem para avaliar os animais superiores, os com cérebro mais desenvolvido. Esses tem a afetividade, que é um fator evolutivo, enquanto espécie. A reprodução através da seleção de parentesco favorece o "egoísmo" genético, dando-lhe mais condições. Nos animais mais simples, a sobrevivência é um méro calculo de absorção de energia do ambiente, para reprodução, sempre com base em aspectos fisiológicos, anatômicos. Somente uma estrutura cerebral maior possibilita a afetividade. É por isso que aquele felino acolheu o filhote de babuino, o instinto maternal "falou" mais alto.
Mas descontando a parte neutra, "mais evoluído", poderia ainda ser algo que não colocasse o ser humano no topo, poderia ser simplesmente mais modificação não-neutra, sem uma valorização qualquer do tipo de modificação. Assim, por exemplo, talvez besouros ou avestruzes sejam mais evoluídos que humanos desde o seu ancestral comum universal.
É bem fácil distinguir características fisiológicas/anatômicas, da estrutura externa dos animais, das características cognitivas dos animais sociáveis. Não existiria outra razão de ser para a sociobiologia existir. É devido a essa diferenciação não neutra, uma capacidade interna de adaptação com o ambiente, diferente de desenvolvimentos secundários, como as características anatômicas de diversos animais. Além disso nós conseguimos voar, desenvolvemos tecnologia para isso. Até mesmo para outros planetas conseguimos ir. Também exploramos o fundo do mar e os vulções, para poder afirmar que existem animais adaptados a essas situações.
Nos avaliando como estécie, sem fazer a distinção artificial de cultura, que considera as criações humanas como artificiais, então veremos que somos bem mais desenvolvidos evolutivamente. O problema é querer pensar que o progresso e a cultura humana são algo a parte da natureza, uma artificialidade, pois não são. Artifício é apenas um nome que damos as realizações da espécie humana em sua cultura.
E mesmo essa modificação ser em maior ou menor grau também não implica em uma linhagem ter passado por mais ou menos pressões seletivas. Isso é um tipo de lamarckismo, porque presume implicitamente ou que o ambiente que "pressiona" os organismos vá "fazer" as variações que estão por trás dessa modificação, ou que sempre tem alguma variação presente que vai ser "vista" pela seleção. Depende em primeiro lugar da variação já existir, ou seja, das mutações. Ao mesmo tempo, modificações podem vir independentemente de "pressões" seletivas num sentido de "crises" ambientais ou algo do tipo. Uma mutação pode dar vantagem reprodutiva mesmo sem qualquer mudança no ambiente, seria um tipo de "oportunidade" seletiva, mais do que uma "pressão"; e podem também se acumular gradualmente apenas por não trazerem desvantagem significativa.
Temos a noção de habitat. Mas tem um conceito maior, dentro do ecossitema, que é a biosfera, o planeta. Dentro desse habitat expandido, as demais espécies se relacionam conosco. A civilização é a nossa demonstração de potência, extinguimos muitas espécies devido a isso. E se estamos preocupados com a vida em nosso planeta, é porque nos sentimos ameaçados em destruir o meio ambiente, nos prejudicando com isso, enquanto espécie.
O altruísmo recíproco explica a admiração que temos com a espécie humana, com a preocupação do futuro da humanidade. Agora estamos evoluindo um pouco mais culturalmente e estamos dando mais valor a vida na terra, a muitos outros animais.
O problema é que a biologia tradicionalmente só estuda a "natureza", um conceito que distingue a civilização desse todo. Mas sabemos que não é bem assim, que a humanidade é mais uma espécie de animal e não deve ser excluída do estudo biológico, como normalmente é. Por isso que a sociobiologia merece aplausos, por estar desbravando uma área que sempre foi muito limitada a biologia. A psicologia evolutiva traz grandes contribuições por estudar o homem como aninal, através dos seus processos cognitivos, sua principal característica biológica.
Tudo depende de como se define "mais evoluído", não há apenas um significado possível.
Mas não precisa ser também algo tão vago. A história evolutiva do homem traz bastante objetividade a expressão.
Isso não significa que não se possa dizer coisas como que o ser humano tem o mais alto grau de liberdade dos próprios genes e que essa característica é a melhor na nossa opinião e etc, mas isso não é exatamente científico, ou no mínimo está longe de ser consensual.
Não se esqueça que o adjetivo científico também não tem um significado consensual. Nós ainda compartilhamos da filosofia de Karl Popper, que é a base do método científico mais utilizada nas ciências naturais. A ciência é a opinião da espécie humana, e não uma endidade alheia. O consenso científico é o mais válido de todos, mas antes de surgir através de evidências empíricas, a discussão filosófica se antecipa. E por vezes não é nem entre os filósofos, mas entre os próprios cientístas que questionam seus métodos e trazem inovações metodológica em conjunto com novos conhecimentos.
A verdade relativa, um dos axiomas da ciência, é uma demonstração que a verdade sempre está além. E o racionalismo crítico é uma filosofia que permite um bom avanço nas discuções científicas, pois agrega o evolucionismo nas hipóteses e teorias.
Eu acho meio inútil discutir se isso é uma "verdade científica"; não precisa ser. Cientificamente, podemos ficar só com dados sem essas valorações subjetivas: humanos tem as características X, Y e Z, mudaram em tantos darwins ou tantos haldanes desde o último ancestral comum com chimpanzés nessas características, e mudaram em N% em genes, e mudaram em M% nas seqüências reguladoras, etc. Funcionalmente, isso significa A, B e C.
A sua aceitação ou não da proposta de Dennett, da pespectiva intencional ser usada na biologia através da teoria da evolução, não muda a importância do tema na atualidade. Dennett é um filósofo renomado, e um conhecido Darwinista. Suas idéias tem bases sólidas e bem fundamentadas, e não devemos nos prender a conceitos tradicionais da filosofia da ciência, aplicados a biologia, que nem sequer foram bem analisados. Dennett deu essa passo a frente.
"Filosoficamente", isso é bom, por causa disso e daquilo outro, para nós humanos é muito melhor ser um humano do que um javali ou uma lacraia.
Isso é fazer descado com a filosofia. Filosofia não é algo inútil como insinua essa frase. Filosofia, como o Dante costuma dizer, é o resultada de uma tradição intelectual, de mais de dois mil anos. É muito conhecimento para ser jogado fora, e para considerar que só serve para agradar o ego de um indivíduo qualquer.