A Medicina é uma profissão que faz uso do conhecimento científico para diagnosticar e tratar as doenças humanas.
Embora pareca uma definição simples ela merece algumas considerações:
Medicina não é ciência no sentido estrito do termo pois o médico não necessariamente tem obrigação de realizar pesquisa em sua prática. Porém é imprescindível que tenha uma boa formação em metodologia científica para não só poder realizar pesquisa , se o desejar , mas fundamentalmente poder ter a base teórica para ler e avaliar criticamente as publicações científicas que embasarão sua prática. O atual paradigma da prática médica denomina-se " Medicina Baseada em Evidências" , que significa o basear a prática médica no uso das melhores evidências disponíveis , daí o esforço das entidades médicas e sociedades de especialidades de realizar revisões sistemáticas e divulgar diretrizes de conduta científicamente embasadas.
Dizer que a Medicina ( ou melhor que a Pesquisa Médica) não é ciência como a Física ou a Química . é um sofisma grosseiro , pois as especificidades da metodologia em saúde , que incluem não só o desenho dos estudos ( com uso de grupos-controle , p.ex.) como a obrigação ética do consentimento informado dos participantes, não a faz deixar de ser científica. Assim como nas outras ciências os dados devem ser coletados e analisados para gerar conclusões confiáveis e , principalmente , serem reprodutíveis para poder ser incorporadas à prática.
Dizer que todo ser humano é único e por isso a Pesquisa Médica não é ciência como as outras é uma inverdade. Desde Aristóteles sabemos que só há ciência do geral e não do particular , ciência se baseia na reprodução de experimentos ,no caso da pesquisa médica é a reprodução dos achados em grandes séries que permite concluir pela realidade do fenômeno observado ( p.ex. a redução da mortalidade com uso de aspirina em Infarto do Miocárdio).
A denominação de arte para a Medicina vem justamente do fato de sua prática exigir o aprendizado de técnicas para o diagnóstico ( anamnese , exameclínico ,...) a que se deve aliar a construção de um elo de confiança e lealdade para com o paciente ,que é a base da relação médico-paciente, para poder aplicar uma diretriz científica geral àquela pessoa particular.
Folha Espírita - Existem pesquisas que comprovam a integração entre cérebro-mente-corpo-espírito?
Sérgio Felipe de Oliveira - Existe uma divisão na ciência. Existem os organicistas que acreditam que a mente, o psiquismo, a alma são secreções do cérebro. Mas existe uma tendência, mesmo na Medicina, a considerar que o ser humano é composto por sistemas, que interagem entre si. O biológico, psicológico, social e espiritual. Estas questões referentes à integração de sistemas não vieram por comprovação científica, mas por uma questão muito própria da Medicina. Ela não é exatamente uma ciência, como é a Física, Química, Biologia, que você tem um fato que você detecta ou vê ao microscópio e configura que aquilo é uma verdade. A Medicina tem um compromisso com o paciente e ele, por ser humano, integrado à sociedade, possui algo mais do que aquilo que se possa ver no microscópio. Então, isso foi um consenso junto à Organização Mundial de Saúde (OMS) de forma que o ser humano passa a ser visto do ponto de vista biopsicosocioespiritual. No que diz respeito, por exemplo, à Psiquiatria, que lida muito com esse universo da relação entre mente e cérebro, a Associação Americana de Psiquiatria trouxe uma contribuição muito interessante, quando trabalhou o DSN4, o manual de estatística de desordens mentais, que coloca uma nova forma de fazer um diagnóstico. O diagnóstico médico não pode estar restrito ao universo orgânico. Precisa da abertura para outras possibilidades, psíquicas e, inclusive, espirituais. Em termos de comprovação científica eu não diria, mas de encaminhamento filosófico do raciocínio médico, acho que já existe essa abertura."
Usar o termo "secreção" para se referir à forma como os neurocientistas postulam o surgimento da mente e da consciência é simplesmente absurdo , e vindo de quem se diz pesquisador da área denota clara má-fé. O desenvolvimento da consciência a partir do cérebro não tem nenhuma relação com a forma como uma glândula produz um hormônio , nem como metáfora serve , pois a integração das redes neurais de forma hierarquizada e integrada para gerar a consciência são estruturalmente muito mais complexos que a forma de regulação de um gLãndula. Aliás esta críitica , com estes termos, exala um forte odor de século XIX , que é quando foi criada.
Dizer que o ser humano é um todo complexo que tem aspectos ( ou se quiser sistemas ,vá lá) integrados que devem ser levados em consideração no atendimento à saúde como bem lembra a OMS é um fato estabelecido
por comprovação científica , ou o dignissimo não sabe que a Sociologia , a Psicologia , a Antropologia são ciências ? Ou para ele ciência são só as exatas e as físicas ?( que São Ernst Mayr nos proteja!)
Quanto ao termo espiritual que por vezes é usado não tem o sentido de existência transcendente como querem os espiritas , nem implica a aceitação de uma sobrevivência da consciência após a morte , espiritual se refere ao conjunto de crenças , aspirações , desejos individuais que não podem ser resumidos apenas pelas características sociais gerais do grupo ao que o indivíduo pertence ( e que estão incluidos no aspecto social do ser humano).
O termo Pineal para se referir à glândula Hipófise ( que na verdade são duas: a Hipófise Anterior e a Posterior , com origens embriológicas e funções distintas) já foi abandonado há muito tempo , acho muito estranho a manutenção de termo arcaico por alguem que se diz pesquisador .