Tenho a devida coragem de declarar aqui que já tive experiências com o paranormal e farei um relato breve de algumas dessas situações. Numa ocasião, na época em que eu estava na AMORC, eu me encontrava na casa da minha sogra e estava sentado numa mesa de frente a minha cunhada. Eu estava inocentemente brincando de esticar uma liguinha na base de um copo de chop, desses bem altos. De repente, para a minha surpresa, a liguinha penetrou no copo como se tivesse atravessado o vidro. Minha cunhada viu e me olhou espantada (eu tinha fama de paranormal com a família da minha mulher). Ora, como um cético pode explicar que uma liguinha que estava de fora do copo e bem na base dele de repente penetra no mesmo? Noutra ocasião, nessas mesmas épocas de estudos místicos, eu havia ido embora da casa da minha sogra com bastante raiva (bastante mesmo) porque tinha brigado feio com ela. Então eu peguei uma caixa de fósforos para acender um cigarro e quando encostei o palito na lixa ele acendeu com um fogo muito brusco. Eu me recordo perfeitamente que mal tinha encostado o palito na lixa, ou seja, nem usei força. Ainda nesta mesma época fui com dois membros da AMORC de madrugada na casa de um deles para buscar um livro que revelava a tão famosa palavra perdida. Nessa época meu entusiasmo pelos segredos do ocultismo era tanto que cruzamos a cidade inteira a pé de madrugada somente para ter acesso ao tal livro. Minha cidade é considerada muito perigosa, mas estávamos convencidos que nada de ruim iria nos acontecer devido a uma proteção sobrenatural e realmente nada nos aconteceu, mas quando voltei para casa com o dito livro, na hora em que entrei na sala de leitura e acendi a luz para ler, ouvi um estalido na lâmpada e ela se queimou. Foi assustadora essa experiência, pois a minha mulher estava muito impressionada quando cheguei em casa de madrugada após uma longa caminhada perigosa.
Quanto a minha mulher, nós dois estamos convencidos de que compartilhamos de uma certa telepatia, pois são inumeráveis as vezes que ela ou eu pensamos em alguma comida, alguma pessoa ou alguma música e de repente o outro já está sentindo exatamente a mesma coisa. Uma vez eu estava no banho e ela chegou dizendo a que sua irmã havia conhecido um cara, daí me veio um nome na mente e eu perguntei a ela: o nome dele é Leonardo? E ela respondeu espantada que sim. Não havia meios de eu saber disso, nenhuma dica foi dada, ela simplesmente falou “minha irmã conheceu um rapaz” e a intuição me veio. Teve uma vez que sonhei que tinha quebrado o fêmur da perna direita. Nunca havia sonhado com isso, foi a primeira e única vez. Foi um sonho bem ruim. Quando minha mulher foi me acordar ela colocou a mão exatamente sobre o fêmur que estava quebrado no meu sonho e disse assim: e este ossão aí? Agora quero ver que explicação vocês darão a isso: uma vez estava jogando videogame, fazia muito tempo que não jogava e era o game do Moscou contra 007 do PS2. Eu quis jogar nesse dia porque estava numa fase de entusiasmo por James Bond. Então, uma parte do jogo se passa em Istambul e eu estava adorando a sensação de jogar nessa fase. Lembro que ficava pensado a todo o momento e repetindo na minha cabeça, “como é bom passear nas ruas da antiga Bizâncio”. Fiquei muito com esse nome Bizâncio na minha cabeça quando a minha mulher chega do trabalho exatamente nessa hora em que eu estava nessa fase. Sabem o que ela falou então? “Bem cadê você?” Quando ela me viu disse então: “o que você está fazendo, bizantino?” e ficou me chamando de bizantino por um tempão. Percebam, ela nunca me chamou disto e nem sabia que jogo estava jogando. Não havia nenhum meio dela saber que neste exato momento eu estava jogando nas ruas da antiga Bizâncio. Nenhuma dica foi dada e eu nem havia falado nada, mas ela ficou me chamando pela primeira e única vez de nossa vida de casados de bizantino. Como vocês explicam isso? Espero que tenha sido suficientemente claro.
Tive outras experiências paranormais na atual casa em que resido. Em determinada ocasião, estava escrevendo um livro que me consumia muito. Numa noite, quando eu achava que estava ficando louco (eu estava na beira do precipício) eu abri a janela de madrugada, fitei o firmamento e clamei por algum sinal senão iria cometer uma grande besteira. Foi aí que neste exato momento algo aconteceu. No corredor externo, ao lado da janela onde eu estava, de repente explodiu uma luz bem na minha frente. O estouro fez barulho e foi bem luminoso. Isso se deu no exato momento em que pedi por um sinal. Eu estava bem mal e lembro que me concentrei com bastante vontade antes disso acontecer. Isso se deu numa época em que estava estudando ufologia a fundo, a fundo mesmo. Minha mulher e eu dormíamos na sala com as luzes acesas de tanto medo por causa dos relatos de abduções que eu estudava. Fui fundo demais no lado mais pesado e negativo da ufologia, daí começaram a acontecer umas pancadas na porta de vidro que separa a copa do quintal. As pancadas eram como porradas na porta, eram muito fortes e costumavam acontecer sempre numa mesma hora da noite. Numa dessas ocasiões, todos os nossos gatos estavam dormindo na sala conosco, por tanto não tinha como ter sido algum deles quando novamente houve essa porrada na porta. Nessa hora todos os gatos acordaram assustados, bem como a minha mulher e eu. Isso serviu para demonstrar que não se tratou de uma alucinação minha. Depois que eu vi que este assunto estava me fazendo mal, eu me livrei de todo material ufológico que tinha aqui e abandonei totalmente os estudos. Ao mesmo tempo as pancadas se acabaram e nunca mais houve nada de estranho aqui. Em todos os anos que moro aqui nesta casa, isto aí só aconteceu na época em que estava no auge dos meus estudos ufológicos.
Enfim, acho que tenho um certo dom para a paranormalidade. Pessoas próximas a mim já notaram isso. Porém eu nunca me exercitei nessas faculdades como se exercita um músico ou um atleta. Espero ainda sair do ócio e praticar para ver no que vai dar. Por isso me reintegrei a AMORC e espero por a mão na massa com as práticas telecinéticas que esta instituição ensina.