Caros colegas, eu também conheço muito bem as técnicas que os charlatães usam. Estudei demais esta questão e até desenvolvi hipóteses a respeito. O rei que eu citei anteriormente. Frederico II, um ateu em plena Idade Média, disse que o mundo foi enganado por três grandes impostores, Moisés, Jesus Cristo e Maomé. Isso aí quer dizer o seguinte: com uma ótima lábia e um grande poder de persuasão podemos operar milagres na mente dos ignorantes. Quando costumam me perguntar se eu acredito em Deus, depois de eu responder qual deles, eu digo que acredito em estória bem contada e estória mal contata. Isso é muito relevante. Já ouviram falar do homem que vendeu a torre Eiffel e depois passou a perna no Al Capone? Já ouviram falar na máquina de xadrez "o Turco", que enganou mentes brilhantes em plena Europa Iluminista? Pois se alguém já consegui vender a torre Eiffel na lábia imaginam o que é possível fazer quando se trata de religião. Os exemplos são inúmeros. Existiram muitos Jim Jones por aí.
Eu tenho um dom muito aguçado de inventar estórias e improvisar seus mínimos detalhes na hora. Sem querer me gabar, mas acho que conseguiria provar para uma pessoa muito ignorante que o Papai Noel derrubou as torres gêmeas. Então, quando meu pai era um empresário ele decidiu comemorar junto com os funcionários o aniversário da empresa numa churrascaria. Eu convidei um amigo para ir, mas não foi um amigo qualquer. Era o crânio da sala e vocês sabem que esse tipo de gente é mais difícil de convencer. Acontece que nessa noite eu estava inspirado e comecei a inventar uma estória para ele que eu e minha família era de alienígenas. Claro que no começo ele riu bastante, mas a medida que eu ia acrescentando detalhes e respondendo todas as perguntas que ele me fazia eu consegui convencê-lo. Ele achou que ia conseguir me colocar na parede, mas foi eu quem colocou ele na parede. Conclusão: percebi com o tempo que ele passou a me evitar na escola. Quando o interroguei ele confessou que estava com medo de mim porque estava acreditando na minha estória. Quando desmenti ele falou assim que só podia ser verdade, pois ninguém seria capaz de inventar uma estória como aquela com tantos detalhes. Essas foram as palavras dele. Levei um tempão para convencê-lo que tinha bolado uma pegadinha. No colegial eu causava reboliços assim. Uma vez me apossei de um livro de magia e inventei estórias fabulosas sobre as proezas que o livro causava. Isso causou o maior bafafá na escola e um monte de gente (a maioria) estava convencida de que eu era um mago. Por isso sou um cético, pois as religiões estão cheias de pregadores que possuem o mesmo dom que eu tenho. Aliás, se eu estivesse mexendo com isso (um monte de gente já me deu essa sugestão), eu estaria rico.