Autor Tópico: Repitam os políticos  (Lida 9629 vezes)

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Offline Fabi

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #50 Online: 25 de Fevereiro de 2009, 14:39:18 »
Isso mesmo, Fabi: compare alunos de escola pública a alunos de escola particular. Um que vive em um universo em que a educação nunca ou raramente é incentivada ao passo que o outro vê a educação como uma forma de progredir e se manter dentro do status social em que vive. Os pais de um aluno de escola pública pagam caro pelo ensino e exigem da escola e dos professores uma educação de qualidade; pais de alunos de escola pública geralmente não está incomodados com a péssima qualidade (existe uma porção que se preocupa, claro) do ensino já que não 'pagam' por ele.
Você acha? Quando são filhos de pais muito ricos, os pais não tão muito aí para a escola, ou se o filho tira nota baixa vai na escola pedir que aumente a nota, ou se o filho é bagunceiro e o pai tem muitas influências, a direção tem que lidar com isso.

O universo de uma escola particular é diferente do universo de uma escola pública: se você se recusa a ver isso, sinto muito. Imagino que você nunca deva ter ido à uma escola de um bairro pobre: faça uma visita e vai constatar que o problema não é unicamente de professores, mas também dos pais e dos próprios alunos.

A diferença é que na escola particular te dão tudo na mão. Quer computador? Tem. Quer retroprojetor? Tem. Quer pegar um livro na biblioteca? Tem, e novinho. Eles dão tudo prontinho e o aluno não precisa correr atrás. E nesse ponto eu acho que a escola pública tem vantagem, porque ninguém na vida vai te dar tudo na mão, você vai ter que correr atrás.

E no mais todas as crianças se tiverem oportunidade vão fazer bagunça, vão querer que o professor falte, que o professor não dê aula, e se puderem fazer um exercício simples pra passar de ano, vão ficar muito contentes... Mas veja, são crianças, não tem noção de responsabilidade, de consequencias, não dá pra ir atrás deles e não dar aula porque eles não querem aula.

Estudei em uma escola pública e tive o prazer de contar com excelentes professores que cumpriam cronograma, horários e exigiam bastante nas provas (salvo raras exceções).
E eu tive o desprazer de ter professores ruins. Mas vou te contar um caso, numa matéria que nenhuma criança gosta: Matemática. Eu tive 4 tipos de professores dessa matéria na minha jornada em escola pública, bom 2 professores eram excelentes, e 2 uma bela porcaria.

O primeiro professor bom, ele entrava em sala de aula, ele explicava de um jeito que todo mundo entendia, todo mundo ficava quieto e prestava atenção, tinha um murmurinho ou outro, mas nada de bagunça descontrolável. Esse professor deve ter o dom de ensinar matemática. (Ah, ele era feio, careca, baixinho, e corcunda).

O segundo professor bom, ele entrava em sala de aula explicava, e passava os exercicios (tipo uns 50) pra fazer em casa, e na outra aula ele mandava todo mundo ir no quadro fazer esses exercícios (mesmo que não tivessem feito em casa). Daí um por um iam lá fazer os exercícios. Os que não fizeram em casa, faziam lá na frente de todo mundo. Punição? Tortura? Não, ele vendo o aluno fazendo o exercício no quadro, ele sabia exatamente o que o aluno não tinha entendido. E o método dele funcionava, no começo ninguém nem tentava fazer os exercícios em casa, mas no final todo mundo tentava fazer. Cade os alunos desinteressados? O problema não era o interesse, o problema é que os alunos não entendiam, não perguntavam, e achavam que não iam conseguir fazer e nem tentavam.
 
Agora vou falar das 2 porcarias. A primeira era desse tipo de professora que acham que os alunos não tem interesse, e que tudo acontece por culpa do governo, pais e dos alunos. Deixava a sala uma bagunça, só reclamava, todo mundo tirava nota baixa. Era o caos.

A segunda era igual, tudo é culpa dos pais, alunos e governo, e o salário é baixo demais. Também era o caos, e ela até fazia parte da bagunça, conversava junto. Também todo mundo tirava nota baixa, e ninguém aprendia nada.

Percebe a diferença? Os bons professores acharam métodos para ensinar matemática, e as duas porcarias só ficaram reclamando e não ensinaram nada (além de faltar um monte).  Não adianta culpar o aluno. Por que magicamente um professor consegue a atenção dos alunos numa matéria que ninguém gosta, e o outro não consegue e tudo vira um caos? É culpa dos alunos?

Mas em momento algum vou atribuir a culpa de tudo aos professores. Aliás, caso não saibam, não são tão raros os casos de professores que perdem o estímulo diante de uma classe de alunos desinteressados.
Eu já discordo, se perder o estímulo na primeira dificuldade que aparece, e não acha uma solução para o "desinteresse", então tá na carreira errada, nem devia ser professor. Se a gente for perder o estímulo para todo o problema que aparece na frente, nossa, nem imagino como seria o mundo.

E não penso que isso é ficção: um dos fatores que mais influencia o péssimo rendimento das escolas públicas são os alunos.
E o maior problema da saúde pública são as pessoas doentes. Se as pessoas não ficassem doentes, não teríamos filas nos postos de saúde. Veja que incrivel! Os doentes são responsáveis pelos problemas no SUS, se eles não existissem, ninguém morreria na fila do SUS! :crazy:

Percebe como é fácil inverter responsabilidades? Colocar a culpa nos alunos, que as vezes vão pra escola, e o professor só reclama, ou ele não entende a matéria, e o professor não tá nem aí pra isso. E aí os alunos são "desinteressados", e os professores os coitados que não tem absolutamente nada a ver com isso.


Só a título de experiência: Já dei aulas em séries que variam da 1ª à 8ª série. Me deparei com todo tipo de aluno e alguns me estimulavam a ensinar ao passo que outros me davam as costas e até fui ameaçada por um. Já me deparei com uma sala em que todos os alunos conversavam o tempo inteiro e que sequer estavam preocupados com o conteúdo. Mas claro, se eles não conseguiam aprender, a culpa certamente era minha, que me desdobrei em explicar algo que eles sequer estavam interessados em ouvir.
Confesso que nem todo mundo consegue chamar a atenção dos alunos, e nem todo mundo consegue ser claro e falar tudo, se for muito complicado os alunos perdem o interesse.
Eu não tenho experiencia em dar aula, só apresentei alguns trabalhos, mas mesmo assim a questão é conseguir a atenção das pessoas que estão aí pra te ouvir, e falar de uma maneira que elas entendam, porque se elas não te entenderem, elas vão perder o interesse, se você ficar monótona, elas vão perder o interesse.

E você pode estar num nível cultural e social acima dessas pessoas, mas não pode falar como se tivesse falando para pessoas com o mesmo nível cultura e social que você. Um bom professor tá ciente das coisas que levam ao desinteresse, e trabalham em cima delas. Que nem aquele professor que eu falei que fazia todos os alunos fazerem os exercícios no quadro, ele sabia que não era desinteresse o verdeiro problema, mas era porque não entendiam e por isso nem tentavam fazer.
« Última modificação: 25 de Fevereiro de 2009, 14:41:34 por Fabi »
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Re: Repitam os políticos
« Resposta #51 Online: 25 de Fevereiro de 2009, 14:43:03 »
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E eu tive o desprazer de ter professores ruins. Mas vou te contar um caso, numa matéria que nenhuma criança gosta: Matemática. Eu tive 4 tipos de professores dessa matéria na minha jornada em escola pública, bom 2 professores eram excelentes, e 2 uma bela porcaria.

O primeiro professor bom, ele entrava em sala de aula, ele explicava de um jeito que todo mundo entendia, todo mundo ficava quieto e prestava atenção, tinha um murmurinho ou outro, mas nada de bagunça descontrolável. Esse professor deve ter o dom de ensinar matemática. (Ah, ele era feio, careca, baixinho, e corcunda).

O segundo professor bom, ele entrava em sala de aula explicava, e passava os exercicios (tipo uns 50) pra fazer em casa, e na outra aula ele mandava todo mundo ir no quadro fazer esses exercícios (mesmo que não tivessem feito em casa). Daí um por um iam lá fazer os exercícios. Os que não fizeram em casa, faziam lá na frente de todo mundo. Punição? Tortura? Não, ele vendo o aluno fazendo o exercício no quadro, ele sabia exatamente o que o aluno não tinha entendido. E o método dele funcionava, no começo ninguém nem tentava fazer os exercícios em casa, mas no final todo mundo tentava fazer. Cade os alunos desinteressados? O problema não era o interesse, o problema é que os alunos não entendiam, não perguntavam, e achavam que não iam conseguir fazer e nem tentavam.
 
Agora vou falar das 2 porcarias. A primeira era desse tipo de professora que acham que os alunos não tem interesse, e que tudo acontece por culpa do governo, pais e dos alunos. Deixava a sala uma bagunça, só reclamava, todo mundo tirava nota baixa. Era o caos.

A segunda era igual, tudo é culpa dos pais, alunos e governo, e o salário é baixo demais. Também era o caos, e ela até fazia parte da bagunça, conversava junto. Também todo mundo tirava nota baixa, e ninguém aprendia nada.

Percebe a diferença? Os bons professores acharam métodos para ensinar matemática, e as duas porcarias só ficaram reclamando e não ensinaram nada (além de faltar um monte).  Não adianta culpar o aluno, porque magicamente um professor consegue a atenção dos alunos numa matéria que ninguém gosta, e o outro não consegue e tudo vira um caos? É culpa dos alunos?
O que aconteceu parecido comigo. O curioso é que os professores que melhor sabiam dar aula tinham orgulho de si, e diziam "minha aula é boa, quem não gosta, o pior professor é a vida".

Os professores que não sabiam muito da própria matéria e não sabiam controlar a turma, bom, a frase era sempre a mesma "o aluno faz o professor"...





Indo para o outro assunto:

Pra começar, como já disse antes, o problema é a falta de meritocracia. Essa "estabilidade" inflada convém para os sujeitos não quererem trabalhar. Existe professor que se esforça? Existe, e é por isso que a meritocracia é necessária, senão pagam o pato pela incompetência dos outros. Salários iguais com funcionários bons misturados com funcionários ruins dá nisso.

Segundo que não há competição entre alunos. Se é para reclamar alguma coisa sobre pais ou alunos, não é pelo que fazem em aula, e sim como querem que as aulas sejam. Se um professor quer repetir os ignorantezinhos, já vem choradeira que é injusto. Aí querem passar todo mundo de ano. E o governo ainda atrapalha mais querendo pintar estatísticas bonitas, ainda chacotam mais para alunar passar de ano de graça.

Terceiro, nós temos "us interectuais da aria" que gostam de criar regras de como devia isso ou aquilo ser ensinado. Aí nós temos um amontado de leis sobre como o ensino deve ser, que tira a liberdade das escolas privadas, e basicamente ficam todas iguais, igualmente ruins. Certas coisas as escolas privadas devem ter liberdade. E se é ou não melhor será comprovado pela prática, não pela teoria. As escolas vão competir e isso é bom.

Pensando bem, tudo que eu disse tem o mesmo princípio: competição.
« Última modificação: 25 de Fevereiro de 2009, 14:45:15 por Ilovefoxes »

Offline Lua

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #52 Online: 25 de Fevereiro de 2009, 15:04:26 »
Você acha? Quando são filhos de pais muito ricos, os pais não tão muito aí para a escola, ou se o filho tira nota baixa vai na escola pedir que aumente a nota, ou se o filho é bagunceiro e o pai tem muitas influências, a direção tem que lidar com isso.

Aham. E isso influencia no ensino de qualidade de que forma? Esses casos que você citou não são a regra geral nas escolas privadas: uma escola comprometida com um ensino de qualidade não altera notinha de aluno ou manda os professores aguentarem calados um pirralho baderneiro. No máximo, indica um acompanhamento psicológico e encaminha o garoto para uma monitoria.  :) Ah, estou falando de escolas sérias, claro... Essas 'papai pagou passo' não contam, de fato.

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A diferença é que na escola particular te dão tudo na mão. Quer computador? Tem. Quer retroprojetor? Tem. Quer pegar um livro na biblioteca? Tem, e novinho. Eles dão tudo prontinho e o aluno não precisa correr atrás. E nesse ponto eu acho que a escola pública tem vantagem, porque ninguém na vida vai te dar tudo na mão, você vai ter que correr atrás.

E no mais todas as crianças se tiverem oportunidade vão fazer bagunça, vão querer que o professor falte, que o professor não dê aula, e se puderem fazer um exercício simples pra passar de ano, vão ficar muito contentes... Mas veja, são crianças, não tem noção de responsabilidade, de consequencias, não dá pra ir atrás deles e não dar aula porque eles não querem aula.

Na escola particular não te dão tudo na mão: é o seu dinheiro que faz com que existam coisas à sua disposição. É um aparato que faz parte do próprio conceito da escola e que é essencial para que ela consiga atrair mais alunos todos os anos. Quem paga se acha no direito de exigir. Porque será que exigimos ser bem atendidos num restaurante e não exigimos o mesmo se estivermos num restaurante 'prato do povão'? Ora, no primeiro nós pagamos, no segundo, a coisa muda de figura. Ah, sim, o governo tem a obrigação de prestar o serviço de qualidade. Sim, mas ele não presta e aí?

E não acho que todos os alunos de escola pública sejam crianças. Até onde pude acompanhar, os maiores problemas são com adolescentes de 5ª ao 3º ano do Ensimo Médio. Há uma grande diferença entre querer moleza e agir com total desprezo diante da escola: um pai que paga uma escola particular para um filho quer resultados. Quem paga caro geralmente se esforça para isso e não quer um filho brincando de estudar.

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Percebe a diferença? Os bons professores acharam métodos para ensinar matemática, e as duas porcarias só ficaram reclamando e não ensinaram nada (além de faltar um monte).  Não adianta culpar o aluno, porque magicamente um professor consegue a atenção dos alunos numa matéria que ninguém gosta, e o outro não consegue e tudo vira um caos? É culpa dos alunos?

Onde eu disse que não existem professores bons e competentes? À parte esses, existem professores péssimo e já me deparei com muitos assim - inclusive numa faculdade privada de renome. Existem casos e casos, Fabi. O que não admito é que se atribua a culpa exclusiva aos professores. Aliás, aproveitando a deixa: "Se eles(professores) tiverem essa consciencia de que são responsáveis por ensinar da melhor maneira possível, com o melhor conteúdo possível, aí sim a educação vai melhorar e os políticos podem fazer alguma coisa.". Queria que você me explicasse como um professor conseguirá, sozinho, melhorar uma educação que já nasce fracassada. Aproveite e leia o texto que postei e que fala da influência da corrupção nas salas de aula.

O aluno não é vítima, os pais não são, o Estado e os governantes não são... Assim como professores não são os responsáveis pela péssima qualidade da educação. Querer pensar dessa forma é empurrar para debaixo do tapete um problema complexo e que abrange não apenas diversas esferas governamentais, mas também nichos importantes da sociedade.

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Eu já discordo, se perder o estímulo na primeira dificuldade que aparece, e não acha uma solução para o "desinteresse", então tá na carreira errada, nem devia ser professor. Se a gente for perder o estímulo para todo o problema que aparece na frente, nossa, nem imagino como seria o mundo.

Você já ouviu falar em dificuldades o tempo inteiro em classes que concentram alunos que mais parecem marginais? Ou aquelas classes em que os alunos sequer comparecem às aulas? É bem fácil afirmar que perder o estímulo na primeira dificuldade é estar na profissão errada. O difícil é encarar uma sala de aula num local como esses e sair completamente feliz por ser professor todos os dias. A propósito, tenho um exemplo familiar: uma tia minha desenvolveu câncer de laringe graças ao esforço em sala de aula. Só parou de dar aula durante os meses do repouso e já está terminando a pós graduação dela, assim como praticamente todas as colegas do colégio em que ela leciona. Já a vi chorando vários dias seguidos... É verdade... Desistir diante de uma dificuldade é para fracos, sim? Ah, novamente... Já dei aulas em escola pública e felizmente fui bem elogiada pela diretoria e pelos meus colegas. Me deparei com esses problemas, chorei (e olhe que eu era professora substituta), procurei soluções e em alguns casos elas não surgiram. Será que foi fruto da minha incompetência ou fraqueza? Duvido muito...:)

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Confesso que nem todo mundo consegue chamar a atenção dos alunos, e nem todo mundo consegue ser claro e falar tudo, se for muito complicado os alunos perdem o interesse.
Eu não tenho experiencia em dar aula, só apresentei alguns trabalhos, mas mesmo assim a questão é conseguir a atenção das pessoas que estão aí pra te ouvir, e falar de uma maneira que elas entendam, porque se elas não te entenderem, elas vão perder o interesse, se você ficar monótona, elas vão perder o interesse.

E você pode estar num nível cultural e social acima dessas pessoas, mas não pode falar como se tivesse falando para pessoas com o mesmo nível cultura e social que você. Um bom professor tá ciente das coisas que levam ao desinteresse, e trabalham em cima delas. Que nem aquele professor que eu falei que fazia todos os alunos fazerem os exercícios no quadro, ele sabia que não era desinteresse o verdeiro problema, mas era porque não entendiam e por isso nem tentavam fazer.

Professor não é palhaço pra viver chamando a atenção de aluno. Aluno precisa ter responsabilidade sim. Não é criança, na maioria das vezes, mas quer ser tratado como se fosse. É por essas e outras que nosso país privilegia menores criminosos que demonstram pouco ou nenhum apreço pela sociedade e pela vida humana. E claro, eu já apresentei trabalhos para alunos de universidade e estava pouco me importando se eles iriam entender ou não: eram adultos, responsáveis. O mesmo não aconteceu quando encarei uma sala em que tinha alunos de 1ª à 4ª série para ensinar. A propósito, você já entrou em uma classe assim? Tente me explicar como um professor consegue obter um bom desempenho por um problema causado pelos governantes.

Sabe o que é interessante? Sairmos de nossa cadeirinha privilegiada diante da internet e enfrentarmos uma sala com alunos de escola pública que tem pouca ou nenhuma perspectiva de vida. Aí vamos entender o porquê de muitos professores serem desinteressados. Aí sim, vamos poder falar se a culpa pela péssima qualidade da educação brasileira é exclusivamente dos professores. Aliás, propagar essa idéia é até interessante, do ponto de vista social: é como se cada setor da sociedade fosse completamente isolado e um não influenciasse em nada nos demais. Se não fosse tão 'walt disney', seria até bonitinho se fosse assim. :)




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Offline Lua

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #53 Online: 25 de Fevereiro de 2009, 15:10:30 »
Indo para o outro assunto:

Pra começar, como já disse antes, o problema é a falta de meritocracia. Essa "estabilidade" inflada convém para os sujeitos não quererem trabalhar. Existe professor que se esforça? Existe, e é por isso que a meritocracia é necessária, senão pagam o pato pela incompetência dos outros. Salários iguais com funcionários bons misturados com funcionários ruins dá nisso.

Segundo que não há competição entre alunos. Se é para reclamar alguma coisa sobre pais ou alunos, não é pelo que fazem em aula, e sim como querem que as aulas sejam. Se um professor quer repetir os ignorantezinhos, já vem choradeira que é injusto. Aí querem passar todo mundo de ano. E o governo ainda atrapalha mais querendo pintar estatísticas bonitas, ainda chacotam mais para alunar passar de ano de graça.

Terceiro, nós temos "us interectuais da aria" que gostam de criar regras de como devia isso ou aquilo ser ensinado. Aí nós temos um amontado de leis sobre como o ensino deve ser, que tira a liberdade das escolas privadas, e basicamente ficam todas iguais, igualmente ruins. Certas coisas as escolas privadas devem ter liberdade. E se é ou não melhor será comprovado pela prática, não pela teoria. As escolas vão competir e isso é bom.

Pensando bem, tudo que eu disse tem o mesmo princípio: competição.

Então concordamos quanto à meritocracia como forma de incentivo e melhoria. Não apenas o aumento dos salários mas a capacitação como critério de valorização do professor. É exatamente o que penso, embora isso não me leve, em momento algum, a atribuir culpa exclusiva a qualquer grupo social ou profissional.

Quanto às estatísticas governamentais, temos aí um ponto em que o governo é responsável pela péssima qualidade: números não significam qualidade em lugar nenhum. Números servem apenas ao ego de governantes que não estão de fato preocupados com a qualidade do que quer que seja.
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Offline Renato T

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #54 Online: 25 de Fevereiro de 2009, 15:24:47 »
Fabi, você é professora/conhece professores de ensino público e particular?

Offline Fabi

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #55 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 04:23:24 »
Aham. E isso influencia no ensino de qualidade de que forma? Esses casos que você citou não são a regra geral nas escolas privadas: uma escola comprometida com um ensino de qualidade não altera notinha de aluno ou manda os professores aguentarem calados um pirralho baderneiro. No máximo, indica um acompanhamento psicológico e encaminha o garoto para uma monitoria.  :) Ah, estou falando de escolas sérias, claro... Essas 'papai pagou passo' não contam, de fato.
Você não está na diretoria para saber o que aparece, e nem sabe o que os pais fazem, e isso qualquer escola particular enfrenta. E você acha que alguém milionário vai deixar o filho numa escola pagou passou?
::) Doce ilusão.

Na escola particular não te dão tudo na mão: é o seu dinheiro que faz com que existam coisas à sua disposição. É um aparato que faz parte do próprio conceito da escola e que é essencial para que ela consiga atrair mais alunos todos os anos.
Não são os brinquedinhos que atraem os pais, são os bons professores, e o ensino de qualidade.
E não acho que todos os alunos de escola pública sejam crianças. Até onde pude acompanhar, os maiores problemas são com adolescentes de 5ª ao 3º ano do Ensimo Médio.
São adultos, tem entre 11 e 17 anos, são completamente adultos e responsáveis.
Quem entende um pouco de biologia, sabe que na adolescencia todos os adolescentes perdem o interesse fácil, e sempre querem novidades, e isso não é porque os pais educaram assim, e nem porque os políticos não ligam pra eles, e sim porque o cérebro está mudando, criando novas sinapses, e tem os hormonios que são abundantes nessa fase. Então adolescentes desinteressados não é culpa do governo, e nem dos pais, e nem deles mesmo, é a biologia. E advinha só, todos os adolescentes do mundo passam por essa fase. Agora a solução fácil é culpar eles e não ensinar.

Há uma grande diferença entre querer moleza e agir com total desprezo diante da escola: um pai que paga uma escola particular para um filho quer resultados. Quem paga caro geralmente se esforça para isso e não quer um filho brincando de estudar.
E um pai que coloca ele numa escola pública não? Acha que os pais não tem consciência que somente estudando que podem melhor a condição social? Acha que todos os pais largam o filho na escola pública e não querem que ele aprenda?
É... se os professores de escola pública pensam assim, não me surpreende que a escola pública seja assim tão péssima.

Queria que você me explicasse como um professor conseguirá, sozinho, melhorar uma educação que já nasce fracassada.
Se você pensar assim, como professora, então não dê aulas. A gente não pode começar uma coisa achando que está ruim e nada vai melhorar, porque a gente se condiciona a ficar parado esperando um milagre acontecer e tudo ficar bem, e não faz nada porque já tá ruim mesmo pra que tentar?

O aluno não é vítima, os pais não são, o Estado e os governantes não são... Assim como professores não são os responsáveis pela péssima qualidade da educação. Querer pensar dessa forma é empurrar para debaixo do tapete um problema complexo e que abrange não apenas diversas esferas governamentais, mas também nichos importantes da sociedade.
É um problema complexo que começa com o professor que vai dar aulas num ensino fracassado, e que não pode fazer nada pra melhorar. ::)

Você já ouviu falar em dificuldades o tempo inteiro em classes que concentram alunos que mais parecem marginais? Ou aquelas classes em que os alunos sequer comparecem às aulas?
Tem um porém, essas escolas não são a maioria das escolas públicas, e se você falar essas coisas pra crianças de 1 a 4 série que vão continuar em escola pública até terminar o ensino médio. Não me surpreende nada os alunos serem uns desinteressados que só faltam as aulas... Já começam a fazer o estrago neles desde cedo... ::)

A propósito, tenho um exemplo familiar: uma tia minha desenvolveu câncer de laringe graças ao esforço em sala de aula. Só parou de dar aula durante os meses do repouso e já está terminando a pós graduação dela, assim como praticamente todas as colegas do colégio em que ela leciona. Já a vi chorando vários dias seguidos... É verdade... Desistir diante de uma dificuldade é para fracos, sim?
Pode parecer cruel o que eu vou falar, mas é realista. Se ela tem que se esforçar tanto assim, e tem que ficar gritando tanto, é porque das duas uma...ou a profissão de professor não é pra ela, ou tem algo de errado no método dela.
Ah, novamente... Já dei aulas em escola pública e felizmente fui bem elogiada pela diretoria e pelos meus colegas. Me deparei com esses problemas, chorei (e olhe que eu era professora substituta), procurei soluções e em alguns casos elas não surgiram. Será que foi fruto da minha incompetência ou fraqueza? Duvido muito...:)
Dificil dizer... não sei como eram seus alunos. E nem sei como você dava aulas. Posso estar pré-julgando mal, mas você parece aquelas professoras que chegam na sala de aula falando baixinho, mansinho e ninguém dá bola. Sabe, já tem aquela voz baixinha de nascença, e já tem sabe.. uma estatura que não colabora...Não sei se você tem essas características, só to julgando pelo que você disse aqui no CC sobre ter 1,60, e o jeito que você fala algumas coisas, eu sei que não é suficiente pra dizer que você é do jeito que eu falei. Mas de qualquer forma, pessoas com voz baixinha, calminha, mansinha, com jeito calminho, não servem pra dar aula pra adolescentes. Assim como pessoas de 1,50 não servem pra jogar volei ou basquete.  Eu sei que podem gostar muito disso, mas simplesmente não servem.

Professor não é palhaço pra viver chamando a atenção de aluno.
E nem leitor pra sentar na mesa e ficar lendo um texto achando que tá dando aula. E nem é pago pra somente reclamar com alunos.
Aluno precisa ter responsabilidade sim. Não é criança, na maioria das vezes, mas quer ser tratado como se fosse.
Alunos são adultos responsáveis. ::)

E claro, eu já apresentei trabalhos para alunos de universidade e estava pouco me importando se eles iriam entender ou não: eram adultos, responsáveis.
E eu já apresentei trabalhos para crianças. Tá, eu levei algumas coisas coloridas pra representar o que eu tava falando. Mas consegui a atenção deles, até dos mais "bagunçeiros e desinteressados". Mas é que eu sabia que eu ia falar com crianças, e não adultos responsáveis. Então eu falei pra crianças, sei que crianças não vão se interessar se você só ficar falando e falando, elas gostam de coisas coloridas, são crianças, é biológico, isso é um estímulo, se for monótona eles vão ficar bagunçando e nem vão te dar atenção. Você também não pode falar calminho, você tem que ser firme mas ao mesmo tempo falar a língua deles.
O mesmo não aconteceu quando encarei uma sala em que tinha alunos de 1ª à 4ª série para ensinar. A propósito, você já entrou em uma classe assim? Tente me explicar como um professor consegue obter um bom desempenho por um problema causado pelos governantes.
Os governantes só não dão o preparo suficiente, e pegam pessoas sem esse preparo. Mas se quer ser professor de uma determinada idade, você tem que saber mais sobre essa determinada idade, você não está ensinando adultos, e sim crianças. Se você só der chocolate eles vão ficar contentes, mesmo que fiquem subnutridos. Eles não tem noção de consequencia e responsabilidade. Mas também não são esses vilões que alguns professores pintam, são crianças.

Sabe o que é interessante? Sairmos de nossa cadeirinha privilegiada diante da internet e enfrentarmos uma sala com alunos de escola pública que tem pouca ou nenhuma perspectiva de vida.
Eu não ia conseguir encarar professores que só culpam os alunos e o governo e não fazem nada pra melhorar. Eu prefiro ficar do lado que pressiona eles a melhorarem e admitirem a culpa da má qualidade de ensino, porque assim eu estou fazendo alguma coisa. E não me contaminando com idéias deturpadas sobre alunos, e nem tratando esses alunos conforme essas idéias deturpadas.

 
Aí vamos entender o porquê de muitos professores serem desinteressados. Aí sim, vamos poder falar se a culpa pela péssima qualidade da educação brasileira é exclusivamente dos professores. Aliás, propagar essa idéia é até interessante, do ponto de vista social: é como se cada setor da sociedade fosse completamente isolado e um não influenciasse em nada nos demais. Se não fosse tão 'walt disney', seria até bonitinho se fosse assim. :)
Uma vez que a gente tire o mal que contamina o ensino público: os professores ruins, aí a gente pode pensar em soluções pra melhorar ainda mais. Mas já tirando esses professores ruins o ensino já iria melhorar.
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Offline Fabi

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #56 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 04:25:03 »
Fabi, você é professora/conhece professores de ensino público e particular?
Sim, conheço.
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Re: Repitam os políticos
« Resposta #57 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 05:18:49 »
Se esforçam como? Comprando material para as aulas com dinheiro do próprio bolso? Indo trabalhar em salas de aula onde têm a integridade física ameaçada? Lecionando para crianças que não valorizam educação?

Eu vim de um colégio público onde um colega meu em certa ocasião se levantou, foi até a professora de uns 60 anos, pegou uma cadeira e deu uma cadeirada nela, a matando. Isso porque a boa senhora tinha proibido ele de entrar com uma corrente na mochila, que ele usava para bater nos outros depois da aula. Existem professores e professores. Atribuir a eles toda a culpa do péssimo sistema de ensino é não querer ver que a coisa é muito mais complexa.
Eu já falei que há excessões. É mais fácil escrever generalizando e não vou ficar repetindo detalhes.

Offline FxF

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #58 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 05:21:27 »
Fabi, fala mansa com certeza é um problema, mas altura não significa nada. ::)

Aliás, você falou uma coisa interessante, quando o professor não fica só reclamando para si e para os colegas de trabalho, mas reclama para os alunos.

Aí a gente tem que ouvir que os pais não dão educação em casa, e que por isso os alunos não respeitam o ensino. Será mesmo? Os professores esquerdistas entram na aula reclamando de tudo sobre o sistema. Isso já mata qualquer expectativa do aluno, como esperar que ele vai respeitar o ensino, se os próprios funcionários dão esse exemplo? Quem será que tem mais culpa nisso?

Offline Fabi

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #59 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 06:41:41 »
Fabi, fala mansa com certeza é um problema, mas altura não significa nada. ::)
:D Eu sei, mas falar baixinho e ser pequenininho, aí não ajuda muito.

Mas algumas pessoas já nascem com o tom de voz mais baixo, e outras com um tom mais alto e claro. E quem tem essa voz mais baixa vai ficar gritando e se esgoelando na frente dos alunos, e vai acabar com problema nas cordas vocais. Mas com cantor é assim, não é todo mundo que pode ser cantor, tem que ter "voz" pra isso. Se não tem essa voz e ficar insistindo, gritando e desafinando, vai prejudicar as cordas vocais também.

Eu fiz um curso de oratória, então talvez por isso eu saiba que falar baixinho, ou entrar na sala e ir pro cantinho, e ficar com postura de insegurança, não são coisas que fazem as pessoas prestarem atenção em você. Principalmente se são crianças ou adolescentes.

E você tem que saber com quem está falando, não pode falar com crianças como se fossem adultos, porque aí elas não vão te entender, e se isso acontece... eles perdem o interesse, e desistem de você.

E tem outra coisa, não são só marginais e criminosos que estudam em escola pública. Tem pessoas que estão lá porque os pais não podem pagar uma escola particular, e por isso mandam os filhos para uma escola pública. Eles querem que o filho aprenda, querem que o filho tenha um ensino de qualidade, mas a escola não oferece isso, os professores não oferecem isso (e não adianta reclamar já que o governo não paga bem os professores ::) ).

Aí com esses professores que já chegam achando o ensino fracassado, os alunos desinteressados, e age como se os alunos fossem causa perdida, é claro que os alunos vão se desinteressar. E se um professor sem noção faz isso, os outros professores bons pagam o pato, porque aí os alunos vão ficar desinteressado em todas as matérias, já que subconscientemente vão achar que nem adianta tentar aprender já que são desinteressados e não vão conseguir.

Os professores bons vão ter que achar alternativas pra convencer os alunos de que eles não são culpado se não entendem alguma coisa, e que não é verdade que eles não sabem nada e não aprenderam nada, Qual é? Eles estão numa escola, não é possível que não saibam nada. Vide o caso do professor de matemática que fazia os alunos fazerem os exercicios no quadro, quando você chegava lá, ele não te dava a resposta, ele fazia você achar a resposta, e no final todo mundo sabia matemática.


Por isso essa história de alunos desinteressados não me convence, se estão desinteressados é um feedback.
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Offline Renato T

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #60 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 08:25:18 »
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E tem outra coisa, não são só marginais e criminosos que estudam em escola pública. Tem pessoas que estão lá porque os pais não podem pagar uma escola particular, e por isso mandam os filhos para uma escola pública. Eles querem que o filho aprenda, querem que o filho tenha um ensino de qualidade, mas a escola não oferece isso, os professores não oferecem isso (e não adianta reclamar já que o governo não paga bem os professores  ).

Não são só marginais mas quantos marginais você acha que são necessários para desestruturar todo o ambiente, fazendo o professor ter medo de dar aula e os alunos terem medo de ir à escola? Acho que, depois do episódio citado pelo jaf, um só já pode deixar todos em uma escola alarmados.

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Aí com esses professores que já chegam achando o ensino fracassado, os alunos desinteressados, e age como se os alunos fossem causa perdida, é claro que os alunos vão se desinteressar. E se um professor sem noção faz isso, os outros professores bons pagam o pato, porque aí os alunos vão ficar desinteressado em todas as matérias, já que subconscientemente vão achar que nem adianta tentar aprender já que são desinteressados e não vão conseguir.

Daonde você tirou esse efeito dominó que vai até o subconsciente dos alunos, Fabi?
« Última modificação: 26 de Fevereiro de 2009, 08:36:30 por Renato T »

Offline Lua

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #61 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 10:08:12 »
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Você não está na diretoria para saber o que aparece, e nem sabe o que os pais fazem, e isso qualquer escola particular enfrenta. E você acha que alguém milionário vai deixar o filho numa escola pagou passou?
::) Doce ilusão.

Tenho parentes que trabalham em diretoria de escola privada, tenho parentes que são donos de escola privada, tenho amigos que são donos de escola privada. De escolas públicas? Tenho parentes que são diretores e professores. Já fui professora de escola pública. Ah, e cresci no ambiente governamental e sempre tive especial interesse pela educação. Isso tudo para te dizer o seguinte: eu já estive em todos os ambientes que citei, já estudei a respeito deles e fiz constatações que hoje são problemas graves aos olhos do governo. 

Fabi, só pra ilustrar: também tenho inúmeros amigos ricos, filhinhos de papai e muitos deles não estão nem aí para os estudos. Ah, mas eles estudaram e estudam nas melhores escolas de Salvador. Como é mesmo aquela sua história de que 'milionário não deixa filho em escola pagou passou'? Eu diria que muitos não deixam, mas uma grande parte deixa. Mas se isso não existe na sua cabeça... ::)

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Não são os brinquedinhos que atraem os pais, são os bons professores, e o ensino de qualidade.

Qual parte de "é uma aparato que faz parte do próprio conceito da escola (...)" você não leu?

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São adultos, tem entre 11 e 17 anos, são completamente adultos e responsáveis.
Quem entende um pouco de biologia, sabe que na adolescencia todos os adolescentes perdem o interesse fácil, e sempre querem novidades, e isso não é porque os pais educaram assim, e nem porque os políticos não ligam pra eles, e sim porque o cérebro está mudando, criando novas sinapses, e tem os hormonios que são abundantes nessa fase. Então adolescentes desinteressados não é culpa do governo, e nem dos pais, e nem deles mesmo, é a biologia. E advinha só, todos os adolescentes do mundo passam por essa fase. Agora a solução fácil é culpar eles e não ensinar.

 :) Quem entende um pouco de psicologia sabe tudo isso que você disse e em momento algum eu neguei que os alunos perdem o interesse fácil. Estou me referindo ao desinteresse de muito que acaba tomando ares de vandalismo, comportamento anti-social e nocivo perante os colegas. Mas como eu disse antes: vá numa sala de aula e tente passar um ano numa escola pública de periferia. Por favor, faça isso... Assim você vai entender que, na prática, as coisas funcionam de forma diferente.  ::) Aluno vítima? :love:

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E um pai que coloca ele numa escola pública não? Acha que os pais não tem consciência que somente estudando que podem melhor a condição social? Acha que todos os pais largam o filho na escola pública e não querem que ele aprenda?
É... se os professores de escola pública pensam assim, não me surpreende que a escola pública seja assim tão péssima.

Fabi, você que banca a professora do CC deveria entender algo substancialmente simples: geralmente alunos de escola pública não estão lá pelo apreço que eles ou seus pais tem pela educação. Estão lá porque precisam de uma formação mínima para arranjarem um emprego. E eu nunca generalizei, isso quem está fazendo é você: muitos pais realmente querem o melhor para seus filhos mas infelizmente não podem pagar uma escola privada. E não me referia ao pensamento dos professores, mas ao que eu percebi e que outras pessoas, teóricos da educação e pedagogos, notaram. Então o meio não influencia a qualidade do aprendizado, Fabi?  ::)

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Se você pensar assim, como professora, então não dê aulas. A gente não pode começar uma coisa achando que está ruim e nada vai melhorar, porque a gente se condiciona a ficar parado esperando um milagre acontecer e tudo ficar bem, e não faz nada porque já tá ruim mesmo pra que tentar?

Não sou professora, sou advogada. E que mania de colocar palavras onde eu não disse... :) Um professor não pode, sozinho, alterar uma realidade inteira. Você, enquanto cidadã, consegue alterar a realidade corrupta do nosso país?

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É um problema complexo que começa com o professor que vai dar aulas num ensino fracassado, e que não pode fazer nada pra melhorar. Rolling Eyes

  ::) Ah... Porque a aprendizagem independe de qualquer fator externo... Social? Nunca. Culpa dos professores, esse malvadões!!  :x

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Tem um porém, essas escolas não são a maioria das escolas públicas, e se você falar essas coisas pra crianças de 1 a 4 série que vão continuar em escola pública até terminar o ensino médio. Não me surpreende nada os alunos serem uns desinteressados que só faltam as aulas... Já começam a fazer o estrago neles desde cedo...

E claro, culpa dos professores... De novo, culpa dos professores... Onde eu disse que eles não são culpados? É bem simples, o problema da educação não está unicamente nos professores. Mas se você acha isso, poderia estudar um pouquinho de Sociologia aplicada à educação. Eu recomendo. É meio chatinho, mas acho que dá pra você entender.  :ok:

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Pode parecer cruel o que eu vou falar, mas é realista. Se ela tem que se esforçar tanto assim, e tem que ficar gritando tanto, é porque das duas uma...ou a profissão de professor não é pra ela, ou tem algo de errado no método dela.

Uau! Agora câncer da laringe surge com os gritos da professora que não sabe retórica? Essa foi risível. Ela dá aula há 25 anos em escolas públicas. Você já ouviu falar em desgaste natural da voz pelo uso? É um problema crônico em alguns professores e atualmente o governo de SP está criando um programa que visa atenua-lo ou extingui-lo. A fonoaudiologia explica.  ::)

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Dificil dizer... não sei como eram seus alunos. E nem sei como você dava aulas. Posso estar pré-julgando mal, mas você parece aquelas professoras que chegam na sala de aula falando baixinho, mansinho e ninguém dá bola. Sabe, já tem aquela voz baixinha de nascença, e já tem sabe.. uma estatura que não colabora...Não sei se você tem essas características, só to julgando pelo que você disse aqui no CC sobre ter 1,60, e o jeito que você fala algumas coisas, eu sei que não é suficiente pra dizer que você é do jeito que eu falei. Mas de qualquer forma, pessoas com voz baixinha, calminha, mansinha, com jeito calminho, não servem pra dar aula pra adolescentes. Assim como pessoas de 1,50 não servem pra jogar volei ou basquete.  Eu sei que podem gostar muito disso, mas simplesmente não servem.

Ad hominem? Não cola, Fabi... Até porque tem gente de 1.70, 1.75 por aí que o cérebro esqueceu de crescer junto. Mas me mande essa sua tese de doutorado em que 'altura representa competência e conhecimento'. Fiquei curiosa... ::) Se for no nível de suas aulas aqui, vou adorar ler.  :)


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E eu já apresentei trabalhos para crianças. Tá, eu levei algumas coisas coloridas pra representar o que eu tava falando. Mas consegui a atenção deles, até dos mais "bagunçeiros e desinteressados". Mas é que eu sabia que eu ia falar com crianças, e não adultos responsáveis. Então eu falei pra crianças, sei que crianças não vão se interessar se você só ficar falando e falando, elas gostam de coisas coloridas, são crianças, é biológico, isso é um estímulo, se for monótona eles vão ficar bagunçando e nem vão te dar atenção. Você também não pode falar calminho, você tem que ser firme mas ao mesmo tempo falar a língua deles.

Ah, dar aulas para crianças é excelente. Isso eu posso atestar. Mas com adolescentes de 12, 15, 18 anos de uma escola pública de bairro perifério?

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Os governantes só não dão o preparo suficiente, e pegam pessoas sem esse preparo. Mas se quer ser professor de uma determinada idade, você tem que saber mais sobre essa determinada idade, você não está ensinando adultos, e sim crianças. Se você só der chocolate eles vão ficar contentes, mesmo que fiquem subnutridos. Eles não tem noção de consequencia e responsabilidade. Mas também não são esses vilões que alguns professores pintam, são crianças.

Curso de qualificação custeado pelo governo em políticas públicas de melhoria da qualidade do ensino. Aqui na Bahia já tem. E são todas crianças, claro.  ::) A título de informação: criança, até 11 anos, adolescente, dos 12 aos 18. Informação do ECA.

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Eu não ia conseguir encarar professores que só culpam os alunos e o governo e não fazem nada pra melhorar. Eu prefiro ficar do lado que pressiona eles a melhorarem e admitirem a culpa da má qualidade de ensino, porque assim eu estou fazendo alguma coisa. E não me contaminando com idéias deturpadas sobre alunos, e nem tratando esses alunos conforme essas idéias deturpadas.

Nem todos os professores usam a sala de aula para reclamar do salário assim como nem todos eles são professores ruins. Mas como eu te disse: seu mundo rosa só existe na sua cabeça. Se você pensa que fatores sociais não influenciam o aluno e alteram o comportamento dele em sala de aula, só posso lamentar que sua tese tenha destruído anos de estudo de muitos sociólogos e educadores. Aguardo ansiosa a publicação dessa sua tese.  :)

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Uma vez que a gente tire o mal que contamina o ensino público: os professores ruins, aí a gente pode pensar em soluções pra melhorar ainda mais. Mas já tirando esses professores ruins o ensino já iria melhorar.

Uma vez que existam cursos de capacitação e um sistema meritocrático (ação governamental) aí sim poderemos culpar professores de forma mais veemente. Até lá, eu sugiro que você passe um ano numa escola pública utilizando seu curso de retórica. Procure uma sétima série, de um bairro pobre, de preferência favela, aí de sua cidade.

De resto, eu desisto: debater com alguém que se utiliza de ad hominens para ofender e que demonstra um conhecimento superficial e teórico é gastar meu tempo de forma desnecessária. Cada um no seu mundinho e todos felizes no seu canto. Até porque eu sou baixinha, de voz mansa e falo coisas assim...sabe... :chorando:    :ok:

« Última modificação: 26 de Fevereiro de 2009, 10:44:20 por Lua »
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Re: Repitam os políticos
« Resposta #62 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 10:56:34 »
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Dificil dizer... não sei como eram seus alunos. E nem sei como você dava aulas. Posso estar pré-julgando mal, mas você parece aquelas professoras que chegam na sala de aula falando baixinho, mansinho e ninguém dá bola. Sabe, já tem aquela voz baixinha de nascença, e já tem sabe.. uma estatura que não colabora...Não sei se você tem essas características, só to julgando pelo que você disse aqui no CC sobre ter 1,60, e o jeito que você fala algumas coisas, eu sei que não é suficiente pra dizer que você é do jeito que eu falei. Mas de qualquer forma, pessoas com voz baixinha, calminha, mansinha, com jeito calminho, não servem pra dar aula pra adolescentes. Assim como pessoas de 1,50 não servem pra jogar volei ou basquete.  Eu sei que podem gostar muito disso, mas simplesmente não servem.

Fabi, essa foi uma generalização grosseira e beira o Ad-Hominem. Esta discussão não precisa disso, OK?

Vamos todos esfriar os ânimos. 

Offline Lua

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #63 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 11:15:14 »
Daonde você tirou esse efeito dominó que vai até o subconsciente dos alunos, Fabi?

Resposta removida devido ao conteúdo ácido... ::)
« Última modificação: 26 de Fevereiro de 2009, 11:18:28 por Lua »
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Re: Repitam os políticos
« Resposta #64 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 12:17:45 »
Fabi, essa foi uma generalização grosseira e beira o Ad-Hominem. Esta discussão não precisa disso, OK?

Vamos todos esfriar os ânimos. 
Sim, eu estou calma. Mas isso foi uma coisa que eu sempre achei parte do problema em ensinar crianças e adolescentes. Já tive professoras* assim que falavam baixinho, e elas não conseguiam controlar a turma, elas falavam tão baixinho... Será que tem a ver com a bagunça e "desinteresse"? (Você que é professor, podia dar seu palpite sobre como é ensinar). :?

*Ah sim, não estou falando sobre a lua, e sim sobre experiencias que eu tive em sala de aula com professoras assim, era uma bagunça descomunal, ninguém nem ficava sentado, era horrível, e era tipo assim...quinta série. E nessa mesma série eu tive uma professora que falava alto e claro sem gritar, ela era segura e falava assim como uma pessoa que impõe diciplina, e todo mundo ficava quieto e prestava atenção. Eu sempre fiquei pensando se isso tinha alguma coisa a ver com interesse e desinteresse.  :?

Posso falar sobre esses problemas que eu acho (como ex-aluna) que faziam os alunos perderem o interesse?

Minha irmã me contou um caso sobre uma professora que foi obrigada a tirar licença médica, porque os alunos se uniram e começaram a pegar no pé dela até ela sair.

Não são só marginais mas quantos marginais você acha que são necessários para desestruturar todo o ambiente, fazendo o professor ter medo de dar aula e os alunos terem medo de ir à escola? Acho que, depois do episódio citado pelo jaf, um só já pode deixar todos em uma escola alarmados.
Estudei numa escola pública que não tinha marginais, que nunca mataram um professor, e nem andavam com armas.
Daonde você tirou esse efeito dominó que vai até o subconsciente dos alunos, Fabi?
Psicologia. Principalmente sobre eventos na infância, várias coisas estão no seu subconsciente que você nem imagina. Ás vezes uma fobia, um medo, evitar certas coisas tem a ver com eventos que aconteceram na infância, mas você não está consciente disso (na verdade você precisa de um psicólogo que te ajude a achar esses eventos).

E nessas duas fases tão complicadas que são a infância e adolescencia, uma coisinha fica lá gravado no subconsciente afetando o comportamento, causando desinteresse, ou causando revolta anormal.

E temos professores tão despreparados no ensino público que não sabem lidar com crianças e adolescentes, que desconhecem isso, aí você vê que tem muitas coisas que os professores precisam aprender pra trabalhar com crianças sem "estragar" elas. 


« Última modificação: 26 de Fevereiro de 2009, 12:41:18 por Fabi »
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Re: Repitam os políticos
« Resposta #65 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 12:25:04 »
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Aí com esses professores que já chegam achando o ensino fracassado, os alunos desinteressados, e age como se os alunos fossem causa perdida, é claro que os alunos vão se desinteressar. E se um professor sem noção faz isso, os outros professores bons pagam o pato, porque aí os alunos vão ficar desinteressado em todas as matérias, já que subconscientemente vão achar que nem adianta tentar aprender já que são desinteressados e não vão conseguir.
Daonde você tirou esse efeito dominó que vai até o subconsciente dos alunos, Fabi?
O que tem? Tem professor que entra na aula e só reclama "do sistema", um professor reclamar do ensino não desencoraja os alunos? :/

Offline Diegojaf

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #66 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 12:34:54 »
Não são só marginais mas quantos marginais você acha que são necessários para desestruturar todo o ambiente, fazendo o professor ter medo de dar aula e os alunos terem medo de ir à escola? Acho que, depois do episódio citado pelo jaf, um só já pode deixar todos em uma escola alarmados.
Estudei numa escola pública que não tinha marginais, que nunca mataram um professor, e nem andavam com armas.

Que bom pra você. Isso não significa que não existam escolas onde isso não ocorre só que você ignora que elas existam, como bem tem demonstrado aqui.

Eu vim de uma delas e por isso digo com conhecimento de causa que TAMBÉM depende do aluno decidir que rumo ele vai tomar. Sendo ajudado nessa decisão por vários fatores DENTRE OS QUAIS, professores.

Daonde você tirou esse efeito dominó que vai até o subconsciente dos alunos, Fabi?
Psicologia. Principalmente sobre eventos na infância, várias coisas estão no seu subconsciente que você nem imagina. Ás vezes uma fobia, um medo, evitar certas coisas tem a ver com eventos que aconteceram na infância, mas você não está consciente disso (na verdade você precisa de um psicólogo que te ajude a achar esses eventos).

E nessas duas fases tão complicadas que são a infância e adolescencia, uma coisinha fica lá gravado no subconsciente afetando o comportamento, causando desinteresse, ou causando revolta anormal.

E temos professores tão despreparados no ensino público que não sabem lidar com crianças e adolescentes, que desconhecem isso, aí você vê que tem muitas coisas que os professores precisam aprender pra trabalhar com crianças sem "estragar" elas. 

Quando as crianças já vem estragadas da comunidade delas o professor pode tentar administrar, mas nesses casos já fugiu da alçada da pedagogia e da responsabilidade profissional do professor e passa a ser do campo da psicologia.
« Última modificação: 26 de Fevereiro de 2009, 12:39:26 por Diegojaf »
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Dbohr

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #67 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 12:52:50 »
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Sim, eu estou calma. Mas isso foi uma coisa que eu sempre achei parte do problema em ensinar crianças e adolescentes. Já tive professoras* assim que falavam baixinho, e elas não conseguiam controlar a turma, elas falavam tão baixinho... Será que tem a ver com a bagunça e "desinteresse"? (Você que é professor, podia dar seu palpite sobre como é ensinar).

Não entro em sala de aula faz tempo. Acho que dar aula para Ensino Médio e Fundamental não é exatamente a minha praia... tive muito mais sucesso com aulas particulares (as quais também não gosto muito, mas por razões diversas). Gostaria de dar aula em faculdade algum dia, mas este sonho está mais e mais distante...

Enfim, minha impressão é que a qualidade do ensino numa determinada escola depende de três fatores, cujo peso varia dependendo da situação:

1 - A estrutura familiar e social de cada aluno (inclui-se aqui a performance do aluno);
2 - A performance do professor;
3 - A estrutura administrativa da escola.

Offline Lua

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #68 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 12:55:20 »
Fabi, essa foi uma generalização grosseira e beira o Ad-Hominem. Esta discussão não precisa disso, OK?

Vamos todos esfriar os ânimos. 
Sim, eu estou calma. Mas isso foi uma coisa que eu sempre achei parte do problema em ensinar crianças e adolescentes. Já tive professoras* assim que falavam baixinho, e elas não conseguiam controlar a turma, elas falavam tão baixinho... Será que tem a ver com a bagunça e "desinteresse"? (Você que é professor, podia dar seu palpite sobre como é ensinar). :?

*Ah sim, não estou falando sobre a lua, e sim sobre experiencias que eu tive em sala de aula com professoras assim, era uma bagunça descomunal, ninguém nem ficava sentado, era horrível, e era tipo assim...quinta série. E nessa mesma série eu tive uma professora que falava alto e claro sem gritar, ela era segura e falava assim como uma pessoa que impõe diciplina, e todo mundo ficava quieto e prestava atenção. Eu sempre fiquei pensando se isso tinha alguma coisa a ver com interesse e desinteresse.  :?


Fabi, tenho uma sugestão para você: Porque não lançar uma tese de doutorado? Você pode trabalhar o assunto tomando por base diversas situações que você expôs aqui: "Como o câncer de laringe é provocado pela gritaria em sala de aula"; "Como o ambiente social em nada influi no aprendizado e no comportamento dos alunos"; "Como os professores são os grandes vilões do processo educacional"; "Como o governo deve esperar os professores se motivarem sozinhos para só depois cumprir um papel que lhe foi dado pela CF"; "Como altura é um fator determinante da competência de profissionais". Deixe-me ver mais... ::)



Olha que legal! Você pode abrir outro tópico do CC sobre 'coisas que não te contaram na escola mas eu sei e conto pra vocês".  ::)

E essa da altura é fenomenal, já que você pode abordar o lado biológico-evolutivo da situação: porque todos os profissionais abaixo de 1.70 são incompetentes e não tem domínio do que fazem?  ::) Eu pessoalmente estou curiosa a respeito. E só pra te deixar feliz: fui escolhida a melhor aluna da escola na época em que atuei como professora. Na faculdade eu era uma das melhores na apresentação de trabalhos - obviamente, graças à minha experiência anterior em sala de aula. Se tudo der certo, você pode ganhar um Nobel... Não desista.  :ok:

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Minha irmã me contou um caso sobre uma professora que foi obrigada a tirar licença médica, porque os alunos se uniram e começaram a pegar no pé dela até ela sair.

Alunos? Aqueles que você defende arduamente? Que paradoxal... :|

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Psicologia. Principalmente sobre eventos na infância, várias coisas estão no seu subconsciente que você nem imagina. Ás vezes uma fobia, um medo, evitar certas coisas tem a ver com eventos que aconteceram na infância, mas você não está consciente disso (na verdade você precisa de um psicólogo que te ajude a achar esses eventos).

Você quis dizer, inconsciente não? É lá que estão as tais informações que ocorreram mas não nos lembramos com facilidade. No sub está o conhecimento corrente, aquele que é armazenado e lembrado com relativa facilidade.
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Offline Fabi

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #69 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 12:55:58 »
Que bom pra você. Isso não significa que não existam escolas onde isso não ocorre só que você ignora que elas existam, como bem tem demonstrado aqui.
Eu ignoro porque é a mesma coisa que falar de escolas sem luz do nordeste com professores que ganham 100 reais. É desviar o foco.

Minha madrinha dá aula em escola pública municipal de 1 a 4 série, e ela fazia umas coisas para as crianças, tipo quando era páscoa, ela ficava dia e noite fazendo cestinhas pra distribuir para as crianças, ela gosta mesmo de criança. Mas as outras colegas (perdida na ala da medíocridade) não gostavam que ela fazia isso, ela não podia trazer coisas novas pra sala de aula, sem que as outras professoras não ficassem de cara feia, ou perguntando: "pra que fazer isso para essas crianças?"

Sabe...professoras de 1 a 4 série...com crianças de 6 a 10 anos... que não estão na rua cheirando cola, e nem matando professores, e nem fazendo assaltos.  Observe que o problema já vem desde cedo.
Eu vim de uma delas e por isso digo com conhecimento de causa que TAMBÉM depende do aluno decidir que rumo ele vai tomar. Sendo ajudado nessa decisão por vários fatores DENTRE OS QUAIS, professores.
O principal fator é o professor, e depois a direção da escola que tem que fazer com que os professores cumpram o cronograma. Ou você acha que o aluno sai da escola pública praticamente só sabendo ler, e o professor não tem nada a ver com isso? :hein:
Quando as crianças já vem estragadas da comunidade delas o professor pode tentar administrar, mas nesses casos já fugiu da alçada da pedagogia e da responsabilidade profissional do professor e passa a ser do campo da psicologia.
Isso quando vem estragadas. Mas se elas não estão estragadas pela comunidade, e vão a escola e os professores tratam elas como casos perdidos da educação, você espera o que? Interesse?
« Última modificação: 26 de Fevereiro de 2009, 13:09:49 por Fabi »
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Re: Repitam os políticos
« Resposta #70 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 12:57:52 »
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Aí com esses professores que já chegam achando o ensino fracassado, os alunos desinteressados, e age como se os alunos fossem causa perdida, é claro que os alunos vão se desinteressar. E se um professor sem noção faz isso, os outros professores bons pagam o pato, porque aí os alunos vão ficar desinteressado em todas as matérias, já que subconscientemente vão achar que nem adianta tentar aprender já que são desinteressados e não vão conseguir.
Daonde você tirou esse efeito dominó que vai até o subconsciente dos alunos, Fabi?
O que tem? Tem professor que entra na aula e só reclama "do sistema", um professor reclamar do ensino não desencoraja os alunos? :/

Não são maioria, Foxes. E uma sala desinteressada e baderneira desencoraja qualquer professor. Se você pensa que não, experiência não faz mal a ninguém. E nada como a experiência para mostrar a verdade a respeito de determinadas teorias.
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Offline Lua

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #71 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 13:07:45 »
Eu ignoro porque é a mesma coisa que falar de escolas sem luz do nordeste com professores que ganham 100 reais. É desviar o foco.

Minha madrinha dá aula em escola pública municipal de 1 a 4 série, e ela fazia umas coisas para as crianças, tipo quando era páscoa, ela ficava dia e noite fazendo cestinhas pra distribuir para as crianças, ela gosta mesmo de criança. Mas as outras colegas (perdida na ala da medíocridade) não gostavam que ela fazia isso, ela não podia trazer coisas novas pra sala de aula, sem que as outras professoras não ficassem de cara feia, ou perguntando: "pra que fazer isso para essas crianças?"

Sabe...professoras de 1 a 4 série...com crianças de 6 a 10 anos... que não estão na rua cheirando cola, e nem matando professores, e nem fazendo assaltos.  Observe que o problema já vem desde cedo.

Que bom que você tocou no ponto das escolas do nordeste. Certamente um professor que viaja km pra conseguir dar aula, que se depara com uma sala abandonada e sem carteiras e recebe muito mal por isso é culpado pela péssima qualidade da aprendizagem. Ah, inclua aí região norte e centro-oeste também. Sudeste? Rio, MG, SP também tem escolas assim. O Sul eu não conheço, mas segundo suas opiniões deve ter excelentes escolas públicas.

Como você novamente concorda comigo: o problema vem desde cedo. Vem de casa. Lembrando um preceito constitucional que considero fundamental aqui:
Art. 205, Constituição Federal:  A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Como você pode ver, impera a tese de que a educação é dever de todos, e não apenas de professores.  :)

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Isso quando vem estragadas. Mas se elas não estão estragadas pela comunidade, e vão a escola e os professores tratam elas como casos perdidos da educação, você espera o que? Interesse?

Pessoas com boas condições sociais raramento buscam escolas públicas. Quando o fazem, é porque não tem outro meio de custear a educação dos filhos ou sequer ligam para isso (excluo pais que cansam de pagar escola para filhos que não estão nem aí pra nada). Quem está em uma escola pública nem sempre convive com o que há de melhor, não recebe valores que a incentivem a estudar e valorizar o outro. Isso não sou eu que digo, são educadores, pesquisadores, pedagogos. Ações pontuais que modificam essa realidade existem, mas ainda representam uma quantia insignificante para o universo de alunos nas escolas.
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Offline Lua

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #72 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 13:08:53 »
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Sim, eu estou calma. Mas isso foi uma coisa que eu sempre achei parte do problema em ensinar crianças e adolescentes. Já tive professoras* assim que falavam baixinho, e elas não conseguiam controlar a turma, elas falavam tão baixinho... Será que tem a ver com a bagunça e "desinteresse"? (Você que é professor, podia dar seu palpite sobre como é ensinar).

Não entro em sala de aula faz tempo. Acho que dar aula para Ensino Médio e Fundamental não é exatamente a minha praia... tive muito mais sucesso com aulas particulares (as quais também não gosto muito, mas por razões diversas). Gostaria de dar aula em faculdade algum dia, mas este sonho está mais e mais distante...

Enfim, minha impressão é que a qualidade do ensino numa determinada escola depende de três fatores, cujo peso varia dependendo da situação:

1 - A estrutura familiar e social de cada aluno (inclui-se aqui a performance do aluno);
2 - A performance do professor;
3 - A estrutura administrativa da escola.

É exatamente o que penso, Dbohr. :ok:
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Offline Diegojaf

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #73 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 13:10:06 »
Que bom pra você. Isso não significa que não existam escolas onde isso não ocorre só que você ignora que elas existam, como bem tem demonstrado aqui.
Eu ignoro porque é a mesma coisa que falar de escolas sem luz do nordeste com professores que ganham 100 reais. É desviar o foco.

Não, não é. Uma parte enorme das escolas públicas se encontra em periferias ou áreas de risco (Aglomerados e favelas). Esse não é um fatos a ser ignorado.

Lógico que uma escola pública no meio de um bairro nobre vai contar com recursos externos provenientes até mesmo dos pais. Uma festa da escola para arrecadar fundos terá um sucesso absurdamente maior em um bairro nobre do que teria em uma favela.
Eu vim de uma delas e por isso digo com conhecimento de causa que TAMBÉM depende do aluno decidir que rumo ele vai tomar. Sendo ajudado nessa decisão por vários fatores DENTRE OS QUAIS, professores.

O principal fator é o professor, e depois a direção da escola que tem que fazer com que os professores cumpram o cronograma. Ou você acha que o aluno sai da escola público praticamente só sabendo ler, e o professor não tem nada a ver com isso? :hein:

Você afirma isso com tanta certeza baseada em alguma pesquisa ou fonte confiável ou, como o Foxes, só em achismo?

Quando as crianças já vem estragadas da comunidade delas o professor pode tentar administrar, mas nesses casos já fugiu da alçada da pedagogia e da responsabilidade profissional do professor e passa a ser do campo da psicologia.
Isso quando vem estragadas. Mas se elas não estão estragadas pela comunidade, e vão a escola e os professores tratam elas como casos perdidos da educação, você espera o que? Interesse?

Você saberia me dizer em quantos casos isso acontece?
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Offline Renato T

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Re: Repitam os políticos
« Resposta #74 Online: 26 de Fevereiro de 2009, 13:14:20 »
Psicologia. Principalmente sobre eventos na infância, várias coisas estão no seu subconsciente que você nem imagina. Ás vezes uma fobia, um medo, evitar certas coisas tem a ver com eventos que aconteceram na infância, mas você não está consciente disso (na verdade você precisa de um psicólogo que te ajude a achar esses eventos).

E nessas duas fases tão complicadas que são a infância e adolescencia, uma coisinha fica lá gravado no subconsciente afetando o comportamento, causando desinteresse, ou causando revolta anormal.

E temos professores tão despreparados no ensino público que não sabem lidar com crianças e adolescentes, que desconhecem isso, aí você vê que tem muitas coisas que os professores precisam aprender pra trabalhar com crianças sem "estragar" elas. 

Eu entendo o mínimo de psicologia pra saber disso, Fabi... Agora, uma coisa que eu não sei é como você fala que a causa do desinteresse dos alunos, de todos os alunos por todas as matérias, vem de acontecimentos passados, pessoais e individuais de cada pessoa ao mesmo tempo que fala que a causa do desinteresse é de um único professor que "queima" os outros. Sua intenção era falar que o professor "desperta" o que causa desinteresse nos alunos? Ainda que seja sim, não sei qual tipo de acontecimento levaria a grande maioria dos alunos a se tornarem "desinteressados" no futuro...

 

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