08/04/2009 - 14:05
Agência Estado
Cigarro mata sete fumantes passivos por dia, apontam dados do Inca
São Paulo - Estatísticas para comprovar os males do tabaco para a saúde não faltam. Órgãos que estudam o tabagismo apontam que cerca de 200 mil pessoas morrem todos os anos no Brasil em razão do problemas causados pelo fumo. O impacto do cigarro entre os não-fumantes também é considerável. Cerca de sete não-fumantes morrem por dia em decorrência da inalação da fumaça do cigarro, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Ainda de acordo com o Inca, 22 pessoas morrem por hora vítimas do cigarro no País. Cerca de 90% dos pacientes com câncer de pulmão são fumantes. O tabagismo também favorece o surgimento de outros tipos de tumores, como os cânceres de esôfago, laringe, faringe, boca e mama. E, de acordo com o instituto, 24% das crianças são, de alguma forma, fumantes passivas e estão sujeitas aos efeitos nocivos do tabaco. O tratamento de pessoas com câncer em decorrência do tabaco consome cerca de R$ 373 mil dos cofres da Secretaria de Estado da Saúde por dia, segundo o governo.
O prejuízo à saúde também foi fator decisivo para que garçons se posicionassem a favor da lei antifumo, mesmo sob ameaça da redução de empregos no setor. O resultado de uma consulta feita pelo Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Restaurantes, Bares e Lanchonetes de São Paulo (Sinthoresp), foi unânime na categoria. "Não podemos ser contra a lei. Antes do trabalho vem a saúde do trabalhador”, diz o presidente do Sinthoresp, Francisco Lacerda.
Pesquisa feita pela equipe do médico Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade de Pesquisa de Álcool e Drogas (Uniad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em 1998, ou seja, já posterior à lei que instituiu uma área separada para fumantes em bares e restaurantes, apontou 50% mais monóxido de carbono no organismo de garçons do que de quem trabalha em locais sem cigarro. Com isso, os garçons teriam mais chances de desenvolver doenças cardiovasculares e até câncer, diz o médico. Ele lembra que das 5 mil substâncias tóxicas do cigarro, 50 são cancerígenas. “O impacto na saúde de pessoas que trabalham ou moram onde há fumantes é inegável.”
Aprovação
A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou por 69 a 18 votos ontem o projeto de lei que proíbe o fumo em locais fechados e parcialmente fechados, públicos e privados, em todo o Estado. O texto, que vai à sanção do governador José Serra (PSDB) dentro de 15 dias, não permite nem os fumódromos. Foram aprovadas ainda três emendas ao texto: a que prevê que a nova lei entra em vigor 90 dias após a sanção, a que diz que o governo deve oferecer tratamento a tabagistas que queiram deixar de fumar e a que determina que o Estado faça campanhas educativas sobre o tema. As informações são do Jornal da Tarde
03.11.08
FUMANTE PASSIVO
Governo gasta R$ 37 milhões por ano com vítimas do fumo passivo
O Sistema Único de Saúde gasta pelo menos R$ 19,15 milhões por ano com diagnóstico e tratamento de doenças causadas pelo tabagismo passivo. E a despesa do governo federal não pára aí: o INSS desembolsa mais de R$ 18 milhões por ano com pensões e benefícios relacionados ao fumo passivo. Os dados do trabalho Impacto do Custo de Doenças relacionadas com o tabagismo passivo no Brasil foram divulgados dia 30/10 pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), durante a realização do Seminário Rede Ibero-Americana de Controle do Tabagismo (RIACT), no Rio de Janeiro.
O estudo, encomendado à Coordenação do Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e financiado pelo Projeto Iniciativa Bloomberg Brasil, constatou que a maior parte dos gastos com o tratamento de fumantes passivos é com pacientes de doenças isquêmicas do coração. “Cerca de 64% dos gastos são com diagnóstico, tratamento e remédios para vítimas de infarto do miocárdio e angina”, revelou o professor Alberto José de Araújo, responsável pelo estudo.
No estudo, foram avaliados os gastos com as três principais causas de adoecimento devido ao fumo passivo em pessoas acima de 35 anos que residem em aglomerados urbanos: doenças isquêmicas do coração, acidente vascular cerebral e câncer de pulmão. Os gastos do SUS devido a acidentes vasculares cerebrais nos fumantes passivos somam cerca de 31%, e com o câncer de pulmão, 5%.
Por ano, o tabagismo passivo mata 2.655 pessoas no país: 1.224 devido a doenças do coração; 1.359 por AVC e 72 em decorrência de câncer de pulmão (72).
As fontes de dados foram a pesquisa Estimativa de Mortalidade Atribuível à Exposição Passiva á Fumaça do Tabaco na População Residente em Aglomerados Urbanos, desenvolvida pelo INCA e Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da UFRJ, em agosto de 2008; a tese de doutorado Custo-efetividade das intervenções de controle do tabaco no Brasil (Coppe-UFRJ, 2008); e o Boletim Epidemiológico do INSS, de junho de 2008.
Tabagismo Passivo
Absorção da Fumaça do Cigarro por Não-Fumantes
Os não-fumantes expostos à fumaça do cigarro absorvem nicotina, monóxido de carbono e outras substâncias da mesma forma que os fumantes, embora em menor quantidade. A quantidade de tóxicos absorvidos depende da extensão e da intensidade da exposição, além da qualidade da ventilação do ambiente onde se encontra a pessoa.
Considerando-se o monóxido de carbono, sabe-se que o padrão de qualidade do ar bom é de 9ppm (partes por milhão) e que a concentração máxima permitida no ar urbano é de 30ppm. Nas cidades com altos índices de poluição ambiental, ao serem atingidas 40ppm de monóxido de carbono, são acionadas medidas de controle de poluição, a fim de proteger e alertar a população para o problema.
Nos ambientes de trabalho fechados, a Organização Internacional do Trabalho-OIT considera 50ppm como a concentração máxima a ser atingida, uma vez que o homem é um ser biológico capaz de suportar exposições dessa natureza por algum tempo. No entanto, colocando-se 25 fumantes consumindo 4 cigarros por hora em uma sala de 1.000 m³, rapidamente se atingirá 100ppm de monóxido de carbono, sem que haja nenhum controle ou preocupação em desencadear ações para o controle da poluição ambiental.
A permanência em um ambiente poluído faz com que se absorvam quantidades de substâncias tais como a nicotina em concentrações semelhantes às de quem fuma. Tal comprovação é feita através da medição da cotinina, principal produto da decomposição da nicotina. Esta substância pode ser encontrada no sangue e na urina de não-fumantes que moram ou trabalham com fumantes.
Tendo em vista que as pessoas passam 80% de seu tempo em locais fechados tais como trabalho, residência, locais de lazer e hospitais, o cigarro é considerado, pela Organização Mundial de Saúde, como o maior agente de poluição doméstica ambiental.
Cada vez mais autoridades governamentais estabelecem regulamentos que protegem o não-fumante. Além disso, houve um aumento da conscientização dos indivíduos sobre o ar que eles respiram, não só em casa, como nos ambientes de trabalho e locais públicos. No Brasil progressivamente surgem leis em nível estadual e municipal preservando os direitos dos não-fumantes, o que mostra um avanço na conscientização das autoridades no que tange à poluição tabágica ambiental.
Mas pode-se fazer mais, estimulando-se locais de trabalho, escolas, unidades hospitalares e outros setores da sociedade a desenvolverem uma política de proteção ao não-fumante em ambientes fechados.
Efeitos da Fumaça sobre a Saúde do Não-Fumante
Os fumantes passivos sofrem os efeitos imediatos da poluição tabágica ambiental, tais como irritação nos olhos, manifestações nasais, tosse, cefaléia, aumento de seus problemas alérgicos, principalmente das vias respiratórias, e aumento de problemas cardíacos, principalmente elevação da pressão arterial e angina (dor no peito). Outros efeitos a médio e longo prazos são a redução da capacidade funcional respiratória (o quanto o pulmão é capaz de exercer a sua função), aumento do risco de ter artérioesclerose e aumento do número de infecções respiratórias em crianças. Além disso, os fumantes passivos morrem duas vezes mais por câncer de pulmão do que as pessoas não submetidas à poluição tabágica ambiental.
As crianças, principalmente as de baixa idade, são enormemente prejudicadas em sua convivência involuntária .
O que notei nessa discussão é que seu foco se reduz ao incômodo que o cigarro causa ou à possibilidade que um fumante passivo tem de adquirir um câncer de pulmão. Em razão disso, postei 3 notícias que abordam o assunto, falam sobre a perspectiva dos garçons (que acabam sendo fumantes passivos), sobre o custo que o fumo representa para o sistema de saúde e outros sintomas aos quais está submetido um fumante passivo.
Ignorar esses fatores e criar espantalhos como os que foram citados aqui (proibiu porque político passou a se incomodar, etc) não apenas representa uma fuga da realidade como demonstra a falta de pesquisa a respeito do assunto. O fumante passivo é exposto à uma fumaça rica em substâncias tóxicas capazes de alterar o funcionamento do seu organismo e provocar uma série de doenças. É uma questão de saúde pública evitar que não-fumantes estejam expostos à algo que será prejudicial à saúde deles.
Para quem discorda ou acha que o governo não tem mais o que fazer e resolveu mexer em algo que é uma 'besteira' diante de outros assuntos 'mais importantes', vale lembrar o art. 196 de nossa CF, que diz:
"Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.Até onde posso entender, a lei que dá as diretrizes para elaboração de todas as outras leis (estaduais, federais, municipais) afirma que é dever de todos e do Estado adotar políticas que reduzam o risco de doenças ou outros agravos. Se o fumante passivo está exposto a agentes tóxicos provenientes da fumaça do cigarro - que causam doenças e oneram o sistema de saúde -, é dever e prerrogativa do poder público agir de acordo a reduzir os riscos. Como se sabe, a redução dos riscos a que estão submetidos os não-fumantes está intimamente ligada ao não contato dessas pessoas com a fumaça do cigarro. E como tal é feito? Através da proibição de que fumantes consumam o cigarro em locais onde estão pessoas que não fumam.
À parte isso, penso que o cigarro incomoda quem não fuma. Não sou contra a criação de ambientes exclusivos para fumantes, mas isso resvalaria na questão dos garçons e demais profissionais que estarão em contato com a fumaça do cigarro. Confesso que já mudei de lugar em determinados ambientes só para não respirar a fumaça de cigarros... A comida perde o gosto, a bebida perde o gosto, a roupa e o cabelo ficam com aquele cheiro horrível - isso sem contar os efeitos prejudiciais à saúde.
Uma lei como essa não visa discriminar fumantes, mas dar aos não-fumantes a garantia de que algo está sendo feito para reduzir os riscos que o fumo passivo provoca.