O estado com uma decisão acaba com o tráfico. É um problema fabricado. (como acabou o tráfico de alcool em chicago com o fim da lei seca)
Com 1000 não acaba com o roubo.
Outro 2:
Não me consta que nossos legisladores associam o ato de fumar um baseado ilegal com o assassinato pelo tráfico, assim como não associam a compra de um diamante ao massacre em serra leoa. Deve exisitir alguma linha de bom senso para as associações.
Seria bom termos alguém de "filosofia do direito" para dar uma palhinha a esse respeito.
A questão de se considerar um "problema fabricado" é uma posição ideológica não consensual. Também é dado como certo para muitos (comunistas) que o fato das pessoas não terem, todas, tudo que é necessário para viver, é um problema fabricado. Ou que, o preço caro demais de diversos ítens, por taxação que se pode considerar injustificada. Essas discordâncias ideológicas não justificam, a meu ver, esquemas criminosos que sabidamente tem muitas vítimas fatais, como compra de ítens roubados ou de drogas.
Não é ideológico. Existe um forte racional você dizer que, ao ter a liberação de algo, o mercado negro que movimento esse algo vai sofrer um sério dano.
Mas não é consenso que as drogas devem ser legalizadas, que a liberação traria menos problemas do que a criminalização. Tanto que é ilegal. Podemos até concordar com isso, que seria melhor legalização (não é exatamente o que penso, outra discordância) mas o estado não proibe apenas por ser o bicho papão malvado, mas porque a maior parte das pessoas acha que é o melhor, estejam certos ou errados.
Buck, eu te peço um favor. Na minha argumentação, que você resolveu não responder no seu apanhado, eu coloquei esse ponto:
2- Da razoabilidade do uso OU PELAMORDEDEUS NÃO VENHAM COMPARAR MACONHA COM ASSASSINATO
Tanto eu quanto Bucaroo estamos de acordo em liberar a droga.
Tanto eu quanto o Bucaroo como qualquer pessoa que conheço não pensam em liberar estupro.
Isto é, o uso é razoável.
Ora as metaforas tem que ser razoáveis, para não corromper o debate.
Com isto tento discutir o tema si e evitar comparações que podem ser diversionistas como estupros, assassinatos, roubos, etc.. coisas que ninguém pensa em liberar, exatamente porque não são razoaveis.
Para ficar mais evidente a distinção entre os atos:
O estupro é um ato horrendo contra uma pessoa.
Da mesma maneira roubos, mortes, e qualquer outras coisas.
O Ato de fumar baseado, se não fosse a ilegalidade, não é nada. É um lazer para alguem que assim o classifica.
A analogia Buckaroo entre a proibição da maconha e do roubo do carro é formalmente (logicamente) correta mas não é razoável. Não podemos continuar assim, pois você não iria ser a favor da liberalização do roubo ou do estupro.
Isso me parece um desvio desnecessário e que nos faz fugir do tema em debate.
Eu não estou condenando o consumo da maconha ou de qualquer droga (tampouco exatamente aprovando, insira um disclaimer aqui do tipo "consulte o seu médico para se informar sobre os efeitos dessa substância), comparando com assassinato ou estupro.
O que é comparável ao assassinato são os assassinatos cometidos pelo tráfico que fornece a droga. Só isso.
Esses também são comparáveis a assassinatos envolvidos em se fornecer qualquer outra coisa que não esteja disponível no mercado por um preço X.
Não a compra ou o uso dessas outras coisas, que é de modo geral, perfeitamente aceitável (a menos é claro, o uso de uma arma, matando o mesmo número de pessoas que foram mortas pelo tráfico de armas, mas isso não vem tanto ao caso).
3- Dos passos entre o uso e a violencia
Falam que quem compra a droga está financiando uma rede assassina. No meu ponto de vista, isto é uma simplificação da realidade e vou mostrar, com outros exemplos, que esse mesmo raciocínio equivocado poderia ser utilizado contra compradores de N produtos.
O surfista compra maconha. Ele não está financiando uma rede assassina. Ele esta comprando drogas para seu uso. A rede assassina é decorrencia de diversas coisas, entre elas da imposicao do estado de não permitir comprar algo que vão comprar DE QUALQUER MANEIRA.
Vai existir a compra. Quem gera o tráfico é a proibição. O uso vai existir.
Vejamos: O cara compra o baseado. Veja a cadeia de acontecimentos.
1- Milhares de pessoas compram um baseado
2- Um desnivel socias absurdo, ignorancia e pobreza fazem as pessoas no mesmo lugar que se compra droga, formar uma visão obtusa da realidade, onde não ha valorizacao a vida
3- Meninos pre-adolescentes querem subir na vida, veem novelas, propagandas, filmes e não tem uma direção melhor dada por ninguem... e econtram o status do tráfico
4- Os traficantes ganham milhoes e conseguem comprar armas de um tráfico ilegal, subornando uma rede imensa de fiscais, autoridades (veja, temos mais papeis aqui)
5- Os deputados e a maioria da populacao sao refratarias à discussão
6- Os presidios são um absurdo. Um cara prefere lutar ate as ultimas consequencias a ser preso
....
335- O surfista vai para a praia, depois de uma semana de prova, compra um baseado para se divertir
Não vou considerar o surfista um assassino
O problema aqui é que simplesmente não consigo imaginar um critério para estabelecer quantos passos é que tem que ter para que eu possa comprar algo que envolveu homicídios, para que eu possa dormir tranqüilo.
Digamos, se eu quero um carro X, não existente no preço que eu posso pagar, por falta de subsídios ou tarifas exageradas do governo. Quantos intermediários entre mim e assassinatos tem que haver para que eu seja isento de culpa?
Quem compra uma unidade de droga pode não ser "assassino", e de fato não é, é mais análogo a um "acionista" de uma rede de assassinos.
Não há problema, desde que você se veja como acionista de uma rede que paga salários indecentes aos seus funcionários quando compra um produto eletrônico,
Até aceito me ver assim. E não vejo problema nisso. Tem alguém sendo assassinado nessa fábrica? Os trabalhadores que recebem salários indecentes estão seqüestrados sob a mira de fuzis? Não.
ou acionista de uma rede que está fazendo o aquecimento global porque quando você come carne,
Também é verdade, e não vejo como algo comparável a pagar para que alguém faça o que for necessário para me dar drogas ou outra coisa que eu não puder obter por um preço X. A começar pelos mortos serem apenas os animais abatidos. Alimentação também é muito menos trivial do que drogas para entretenimento. Mesmo se considerando crises de abstinência extremas, não sei sobre levarem a morte.
Não sei nem se o aquecimento global tem jeito, nem se todos virassem vegetarinos, ou mesmo se é totalmente ruim (teoricamente pode impedir uma nova, prevista, era do gelo, que é muito pior). Mesmo se tiver jeito, e o melhor for mesmo reduzí-lo, ainda não foi estabelecido que se tornando vegetarianos isso seria alcançado.
De modo geral, me parece que você quer igualar a causalidade entre os criminosos que alguém financia para fornecerem criminosamente algo que ele queira e os crimes que eles cometem para fornecer, com teoria do caos, com "uma borboleta bate as asas no Brasil e provoca um furacão na Flórida". Simplesmente forçado demais.
ou acionista de uma rede que mata pessoas em serra leoa ao comprar diamantes...
Não há como fugir deste tema.
Bem, eu não compro diamentes, e se diamantes todos tem uma procedência que implica uma rede criminosa, acho que ninguém deveria comprar.
Se, como madeira, há madeira de boa procedência e de má procedência, acho que tudo bem estar comprando apenas o de boa procedência.
E na sua opinião? Tanto faz comprar madeira irregular, de devastação da Amazônia, e madeira regularizada, de reflorestamento e etc?
Será que, igualmente, não seria condenável eu apenas investir no tráfico, sem ser traficante eu mesmo? Oras, todas as "justificativas" poderiam se aplicar. É um negócio que eu julgo que deveria ser legal, o governo é que cria o problema, etc, etc. Então eu me junto com uns amigos, fazemos uma vaquinha, e emprestamos para os traficantes investirem na estrutura, lavo as minhas mãos para o que eles fazem, e ganho a minha fatia dos lucros. Mas não pegamos nenhuma droga deles, para consumo ou redistribuição. Nessa lógica complacente com o usuário, não temos culpa de nada, somos só investidores inocentes. Poderia até dar uns milhões do meu bolso para o PCC, tudo culpa do governo; eu sou só um homem de bem, investindo em empreendedores mal compreendidos pelo estado.
acho que todo o restante está respondido.
Na verdade ainda não ficou claro se essas racionalizações valem apenas para usar drogas, comer um hamburguer numa rede de fastfood (e causar assim desigualdade social no mundo todo), comprar diamantes, lápis, ou sei lá o que, ou se valeriam também para obter outros produtos ilegalmente, sob condições de pagamento não existentes no mercado legal, possibilitado pelo estado.
O maior ponto que vejo aqui é: O estereótipo que se faz ao usuário de droga. E esse estereótipo alimenta raciocínios que fatalmente levam a correlações com assassinos, assaltos, estupros, e etc..
Eu nem estou me importando tanto com a questão do estereótipo ou não. Tem quem foge dele (a Soninha, por exemplo usava maconha), ainda que talvez a maioria se enquadre em algum. Isso é o de menos.
O ponto é: pagar para que forneçam através de uma rede criminosa, sabidamente assassina, isenta o comprador da responsabilidades do que é feito para possibilitar criminalmente esse fornecimento? Para carros, videocassetes, rádios, computadores, etc, etc, geralmente costuma se considerar que não. Não a ponto de considerar assassino ou ladrão quem compra um carro roubado; mas não é um inocente, mera vítima do estado que não possibilita o mercado ser como ele queria que fosse. Para drogas, se faz uma exceção arbitrária.
Eu quero ter ________ . Mas o governo tem uma política tal que faz com que eu não possa obter _______, a menos que eu desmbolsasse um dinheiro que eu não tenho, ou que não estou disposto a pagar. E é possível obter ________ mais barato do crime organizado; eu não mando eles matarem, roubarem, etc; apenas compro o que eles me fornecem, logo, não tenho culpa de nada que eles façam, mesmo sabendo estarem freqüentemente envolvidos em roubos, assassinatos, violência, etc.Preencher o espaço com qualquer outra coisa além de uma droga ilegal, seria uma admissão tipicamente recriminavel; preenchendo com uma droga ilegal qualquer, há muitos que de repente acham que tudo bem.
Será que conviveram com usuparios de drogas? Será que sabem que são pessoas como nós, e que existe sim pessoas que se estouram nisso, mas sequer deve ser a maioria?
Que estereotipar um usuário de maconha dessa maneira seria chamar de alcolotra todo o bebedor de cerveja?
Não sei, e não vem ao caso. Não é intenção minha estereotipar nem nada, apenas chamar atenção para o fato de que se pagando para criminosos obterem algo para você através de um esquema criminoso notoriamente violento, está se financiando a violência, infelizmente. E esse "infelizmente", não está aí apenas para se dar de ombros, "fazer o quê", não se aceitaria isso para obter videogames, não se deixaria de condenar isso para obtenção de videogames, é então também digno de repreensão quem faz isso para obter outros tipos de entretenimento.