Buck, vou respeitar sua opinião, e vou parar por aqui.
Para mim, você cria qualquer ad hoc para concluir que no final usuários são diferentes, e como disse o Dona, encontra qualquer diferença para que a analogia não bata com uma premissa que você já tem como verdadeira: usuários de droga financiam um esquema criminoso.
Você não se vê como carrasco das pessoas que trabalham por uma miséria porque, bem, porque é você. Mas essas pessoas estão sim sendo prejudicadas e a maneira como é feita a produção atrapalha muitos trabalhadores em todo o mundo. E se não comprássemos tecidos e roupas da asia por causa deste comportamento predatório, esses países teriam que se adequar a padrões melhores aceitos. Muita gente perdeu seu emprego no Brasil por causa da industria têxtil chinesa.
Você não se vê como vetor do aquecedor global porque, bem, porque é você, mais uma vez. Falar que pode que esteja aquecendo ou que você esteja salvando o mundo é estranho.
Seguindo o seu raciocínio: Eu compro algo que gera algo de mal para muitas pessoas. Isso está errado.
Se esse é o raciocínio, deveríamos seguir até o fim. Mas não, para você ser malvado, esse algo tem que ser distribuido por alguém malvadão. E... além disso, o mal que vale é apenas o mal que gera assassinatos por arma de fogo, e não outro qualquer.
Qualquer exemplo que eu te der, vai ser diferente, porque ao final, não é a droga que você tanto odeia.
Na boa, eu acho que você deveria explicitar seu problema com as drogas.
E até agora você não deu uma distinção, nem colocou como igualmente aceitável, comprar drogas de redes criminosas e qualquer outra coisa que não puder ser obtida legalmente nas mesmas condições que o crime oferece. A droga é um caso especial, ou vale para tudo que se queira, e que não exista no mercado da forma como estamos dispostos a pagar?
EU já falei sobre isso Buck. Mas não estamos conseguindo o mesmo protocolo de comunicação. Você vai me dizer que eu tenho uma idéia fixa sobre o assunto, e eu vou dizer o mesmo de ti.
Eu não vejo o mundo preto-no-branco. Para mim, é razoável que as pessoas consumam maconha, como é razoável alguém consumir alcool, e é razoável que se saia com prostitutas.
Eu nem sequer entendo como você continua argumentando coisas como carros roubados, radios, etc.. porque simplesmente não são comparações válidas para mim. Eu não estaria roubando de alguém para comprar drogas, nem teria outra opção a não ser comprar do mercado ilegal pois só existe esse... e para mim, o uso de maconha é uma decisão pessoal, o estado não deve se intrometer.
Então, por filosofia, eu não aceitaria a proibição do estado se eu quisesse consumir a droga.
Outro ponto: para mim, é evidente que o tráfico não gera a violência na favela. Ele é um componente. Se você fosse relativizar tanto a droga quanto você faz com os outros exemplos, você poderia me falar que se não fosse a droga seria o roubo (como de fato também é), ou que é óbvio que um ambiente miserável é de se esperar que exista uma grande violência, ou que no lugar onde há um desemprego enorme é razoável que seja mais violento, ou que aqueles muquifos poderiam gerar outro tipo de tráfico (eletrônicos, roupas, etc..) e o da droga prolifera porque é mais rentável.
Você poderia pensar um pouco mais e ver a condição desses lugares como gerador de miséria, sendo a droga apenas uma oportunidade para isso.
Mas não, sua relação é de um para um. Usuário é responsável por assassinatos.
Então, nem consigo entender sua dúvida Buckaroo, de verdade. E acho uma visão bem simplista.
Por isso, eu digo que entre nós a diferença está nos fundamentos. Eu respeito sua opinião. Mas não concordo.