Ué, você não disse que tem muita gente de fora de SP na USP? Então, do mesmo jeito há gente de SP em universidades paranaenses... E se você fosse colocar na ponta do lápis, talvez mesmo com mais paulistas estudando no Paraná o gasto pro Estado ainda poderia ser menor do que os não paulistas na USP, uma vez que ela paga bem melhor que a UEL ou UEM ou qualquer outra estadual paranaense, além dos investimentos que também são maiores em SP. Mas isso é irrelevante.
Concordo. O que é relevante é que o estado de São Paulo, ou o Paraná, ou qualquer outro, deveria aplicar suas receitas próprias (de impostos como o ICMS ou que sejam os repasses da União) em benefício das pessoas que lá vivem. Isso é federalismo, oras.
Essa visão de "isso é do Paraná, isso é de São Paulo" não se mantém em "uma visão de Estado que se sustente". Você bem sabe que o ICMS de SP mantém a folha de pagamento da USP, por exemplo. Agora, o único gerador de ICMS em SP são os paulistas?
Pra te ser sincero, não sei nem a quantas anda a questão do ICMS
Agora, repetindo (a repetição exaustiva acaba levando ao entendimento): a receita de impostos
é do estado de São Paulo. Deveria, portanto, ser aplicada em benefício apenas dos paulistas. Idem para a receita de impostos do Paraná, para a de Minas, para a do Rio de Janeiro, e por aí vai. Que a receita de impostos da União seja aplicada em benefício de todos os brasileiros (como se isso fosse possível), vá lá. Mas com a receita própria dos estados, dentro de um modelo genuinamente federalista (que é aquele que nossa Constituição estabelece como sendo o nosso), não é assim.
Por isso não vejo como paulistas estudarem no Paraná ou paranaenses estudarem em SP possa ser uma injustiça, uma vez que estamos todos no mesmo país.
Uma vez mais: também não vejo injustiça nenhuma nisso. Só vejo injustiça em que estudem de graça
Se você ainda estivesse sendo contrário aos extrangeiros estudando no Brasil e ganhando bolsa do CNPq eu poderia até concordar, mas dentro do mesmo país não.
Sei lá. Muitos brasileiros ganham bolsa pra estudar lá fora (do DAAD, por exemplo).
Não é um privilégio, mas um direito, uma vez que paguei por ele e sou brasileira.
O que é direito exclusivo de alguns, e não de todos, é privilégio (é esta a própria definição da palavra). Até aí, nenhum problema. O problema começa quando quem sustenta o privilégio é o Estado, com o dinheiro... de todos. Um Estado que se propõe a universalizar direitos já é algo questionável em muitos aspectos. Um Estado que sustenta privilégios, por outro lado, é simplesmente inaceitável. Ao menos pra mim, claro.
Interessante seu raciocínio... pensando na direção contrária, você teria que assumir que quem reclama é porque não tem o "privilégio", mas o queria. Se é o caso, Raveiga, é só tentar outra vez. Vestibular tem todo ano!
Eu já tive o privilégio (e "privilégio" é sem aspas mesmo
). Sei lá, gosto de ser a exceção que confirma a regra. Como disse ao Poindexter em mensagem anterior, autocrítica é pra poucos...
Mas qual a utilidade da genereralização (independente de ser falaciosa ou não) se não é esquecer os extremos e se firmar no comportamento geral? O brasileiro de forma geral sempre quer tirar vantagem em tudo, e isso não seria diferente com o imposto. É só parar num cruzamento com semáforo e ver quantos páram na faixa de contenção quando o sinal fica amarelo....
Sem entrar no mérito da utilidade da generalização, vejo nela o perigo de criar estereótipos negativos, que afetam indistintamente quem se adequa e quem não se adequa a ele. Os favelados no Brasil que o digam.
Ah, muito fácil falar em justiça compartimentalizada.... isso parece coisa de político, Raveiga... e de político da situação!
Nina, injustiças não se anulam, resultando justiça daí. Pelo contrário, injustiças apenas se acumulam. Por isso não vejo sentido algum em você apontar a existência de outras injustiças que não te beneficiam(aram) como argumento para justificar a injustiça que te beneficia(ou). Continuo achando irrelevante mencionar bolsa-esmola e outros assistencialismos aqui, pois se são justos ou não não muda em nada quaisquer conclusões a que cheguemos em nossa discussão sobre o ensino superior gratuito ser justo ou não (e o contrário seria verdadeiro, se estivéssemos a discutir a bolsa-esmola).
Quero dizer, a menos que você também pense como eu, que uma injustiça não justifica a outra. Se você acha que justifica, aí realmente é outro "causo".
Nunca disse que a forma como está constituído o ensino superior estatal no Brasil era a única coisa errada neste país. Se formos passar para outro tema, penso que teríamos que abrir outro tópico ou procurar por um em que ele já estivesse sendo discutido.
Então a bandeira do "Justice for all" deveria ser arriada. A argumentação deveria tomar outro rumo, então.
E quando foi mesmo que eu a hasteei? Estou apresentando argumentos que, no meu entendimento, demonstram que o ensino superior tal como está constituído é injusto. A existência de outras injustiças é irrelevante para se concluir ou não isso (e tal conclusão é minha única pretensão).
Além disso, a idéia de justiça é completamente condizente com a realidade de ser a classe média quem paga e quem usufrui da educação superior pública.
Nem toda a classe média, Nina. Aliás, nem mesmo a maioria dela. Quem são os alunos das particulares, com suas mensalidades de 800 Reais? Quem ganha salário mínimo e mora em barraco na favela é que não é.
Faltou você demonstrar porque a cobrança de mensalidades sucatearia a educação, se é ela, por exemplo, que garante 1/4 das receitas da Universidade de Harvard, nos EUA, possivelmente a mais prestigiada universidade do mundo. O que está sucateando a educação, Nina, é justamente o contrário: enquanto a educação representar apenas custos para o Estado, sem receitas próprias que a acompanhem, será sempre um bom lugar para se fazer cortes. E é o que vem acontecendo desde a última década (se bem que, segundo alguns professores, o governo Lula esteja aparentemente revertendo a situação, por ora).
Se isso fosse verdade, as universidades particulares seriam melhores do que as públicas no Brasil. Elas são?????
Na minha opinião, que já expressei aqui, o determinante da melhor qualidade, em média, das públicas em relação às particulares é a melhor qualidade do corpo discente das primeiras. O que não muda em nada que está (ou estava) em curso um processo de sucateamento das IES estatais, o que era denunciado, por sinal, pelos seus funcionários e professores.
Você não leu o relato do Atheist sobre a realidade numa faculdade privada de SP?
A propósito, saiu concurso na Federal de Tocantis para professor assistente. Talvez haja uma vaga específica pra área dele.
Você quer aplicar um sistema que deu certo num local com uma cultura completamente diferente da nossa e não considera tais diferenças.... você realmente acha estas diferenças tão desprezíveis?
Uai, diferenças culturais agora servirão de pretexto pra inércia? Se o modelo é injusto e economicamente inadequado, não deve-se mexer nele porque nossa cultura é diferente da de locais que apresentam um modelo mais justo e economicamente viável?
Claro que levo em conta diferenças, não apenas culturais, entre o Brasil e os EUA ou a Inglaterra. Só não vejo em que tais diferenças seriam determinantes na hora de se cobrar ou não mensalidades nas universidades estatais.
E quanto à falta de estrutura das federais, isso não é novidade pra ninguém. Mas mesmo não tendo o luxo de algumas particulares, elas ainda são melhores que estas. O que prova que tem alguma coisa errada com seu raciocínio.
Em média, sim: as federais costumam ter alunos melhores que a maioria das particulares. Mas eu já disse isso.
E não se engane achando que os professores vão ganhar mais nas particulares... você deve avaliar o valor da hora-aula, pois isso traz implicações enormes para a qualidade do ensino superior. A USP e a UNINOVE pagam o mesmo salário para um professor com 40 horas semanais. Mas na UNINOVE o professor só recebe por cada hora em sala de aula (o que significa que a pesquisa é inexistente) e tem cerca de 3000 provas pra corrigir por semestre (o que significa que não tem finais de semana ou as outras 20 horas do dia passa corrigindo provas). Você acha que um profissional levado a esse extremo rende da mesma forma que um que tem uma ou duas turmas por semestre? Você acha que este professor doutor terá condições de orientar IC, MSc e DR, e supervisionar pos-docs? Se você pensa em acabar com a educação superior de vez, então acabe com as pós-graduações, e em 20 ou 30 anos não terá mais doutores pra dar aula na graduação em área alguma.
Se isso não for matar o ensino superior então nada matará... joga ácido pra ver de que cor fica!
Concordo com quase tudo isso, mas continuo não vendo em que justifica a gratuidade do ensino superior público
Particulares, com receita só de mensalidades dos alunos, não têm como manter pesquisa. É sempre bom dar uma olhada na "pizza" de Harvard pra lembra disso.
Isso é tão óbvio pra quem está na área acadêmica... pena que nem todos percebem.
O que é óbvio? Imagino que não esteja se referindo à gratuidade do ensino superior público, porque tudo o que falta aí é obviedade.
Quem garante que o imposto que o pobrezinho paga vem pra universidade e não vai pra pagar posto de saúde pra ele?
Você se refere às notas ou às moedinhas de real que ele pagou de imposto? Se sim, não, não tenho como provar, não sei se aquela nota ou moedinha específica foi parar nos cofres de alguma IES. Mas se se refere ao montante de impostos pago por todos, ele vai pra um mesmo saco, e é desse saco que
todos enchem que sai o dinheiro que sustenta o ensino superior gratuito
de poucos. Assim, se a favelada paulistana dona Maria paga, por mês, 30 Reais de ICMS nas compras que ela faz no supermercado, pouco mais de 30 centavos vão pra USP. Evidentemente, outros tantos podem ir pro posto de saúde. E é fato que ela talvez gaste mais do que paga de impostos, em valores absolutos (ainda que em termos percentuais da sua renda, provavelmente ela pague mais que os ricos). Na verdade, o filho da dona Maria pode até estar na USP, e o filho da dona Marta, de classe média alta, que paga em termos absolutos muito mais do que seria preciso pra bancar dez USPs pro filho dela, não está.
Não tem jeito. Pra onde quer que se corra, a injustiça do sistema só faz ficar cada vez mais evidente. E as cotas vêm aí!
Raveiga.... Raveiga...
Do jeito que você fala, a USP deveria ter muito mais dinheiro... pois parece que o Brasil todo (vide o número de habitantes de SP) paga imposto pra sustentar os Uspianos... e que TODO imposto recolhido no Brasil vai pra custeá-los.
Não. Apenas os contribuintes paulistas. E não vejo em que qualquer coisa que eu tenha dito dê a entender que TODO o imposto vai pra custear a USP. Cadê o Poindexter, o caçador de espantalhos?
Você por acaso teria números pra provar seus argumentos?
Onde você vê a necessidade de números? Posso procurá-los, se tiver um tempinho, mas realmenta não vejo onde eles sejam estritamente necessários.
Não há o que relacione diretamente a cobrança de mensalidades com a piora no nível do ensino. Se assim fosse, Harvard, MIT, Stanford, Yale, Chicago, Oxford, Cambridge, London não estariam entre as mais conceituadas universidades do mundo, pois todas cobram pelos seus serviços educacionais.
No Brasil temos evidências bonitas.... quantas particulares estão entre as 500+ do mundo?
Isso é evidência de que cobrar mensalidade piora o nível do ensino
Cadê o Poindexter, o caçador de
non sequitur?
A propósito, quantas IES públicas brasileiras estão entre as 2000+?
Agora você tá começando a entender onde está o problema... mas ainda está buscando a solução no lugar errado. Não é acabando com a universidade pública que você vai melhorar o nível das particulares.
Que bom que você reconhece que eu entendi o problema
Só falta agora você entender a minha solução, aí fica tudo de bom. Nunca disse que deveríamos acabar com a universidade estatal, apenas que elas deveriam cobrar mensalidades dos seus alunos para custear o ensino. Nada contra o Estado continuar a custeando a pesquisa, que é sim de interesse público.
Você só melhorará o nível do ensino superior brasileiro se melhorar o nível do ensino público de base. E pasme!!! Ele é um direito universal!!!!
Pois é. O que é
direito de todos, é ruim. O que é
pra poucos, (ainda) é razoavelmente bom. Ê, Brasilzão, onde só o corporativismo e o patrimonialismo prosperam!
Percebi...
Yeahhhhhhhhh
Desde que o próximo se mantenha afastado do meu bolso...
Quanto ódio no coração... você não vai pro céu!!!
Graças a Deus. Só espero que o Capeta não me queira no Inferno. Vida eterna? Tô fora!