Governo interino de Honduras diz que não vai deixar Zelaya aterrissarEnrique Ortez, chanceler do governo interino de Honduras, anunciou que as autoridades não pretendem permitir a aterrissagem do avião do presidente deposto Manuel Zelaya, que prometeu voltar ao país neste domingo.
"Está proibido de aterrissar a aeronave que estiver trazendo o ex-presidente, independentemente de quem vier junto e de qual aeronave seja", declarou, em entrevista a uma rádio local.
No sábado, Zelaya anunciou em Washington sua intenção de regressar neste domingo a Tegucigalpa, apesar de alguns países membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) terem recomendado o adiamento da viagem por motivos de segurança.
O ex-embaixador de Honduras na OEA, Carlos Sosa, anunciou que o avião de Zelaya deve sair "por volta das 10h00 (14h00 GMT) de Washington para Honduras", chegando "às 15h00 (21h00 GMT)" a Tegucigalpa.
DeclaraçãoO presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou no sábado que iria regressar ao país neste domingo, mesmo diante da ameaça de que seja preso ao fazê-lo. O governo interino hondurenho, instaurado após a deposição de Zelaya no domingo passado, diz que o presidente afastado cometeu 18 delitos, entre eles traição à pátria.
O anúncio do presidente foi feito em uma gravação enviada à emissora de televisão regional Telesur.
Em uma entrevista à BBC, a vice-chanceler hondurenha, Martha Lorena de Casco, afirmou que, se o líder afastado regressar, "nós estaremos em uma situação muito ruim, porque ele será preso imediatamente".
O presidente eleito hondurenho está em Washington, acompanhando a reunião de emergência da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Zelaya disse que virá acompanhando de outros líderes latino-americanos, entre eles a presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, e o líder do Equador, Rafael Corrêa.
Zelaya conclamou seus correligionários a ir às ruas recebê-lo, mas adotou um tom apaziguador, ao dizer que o façam "desarmados".
O líder deposto usou termos fortes para se referir aos representantes do governo interino, chamando-os de "Judas, que me beijaram no rosto, para, em seguida, realizar um forte golpe contra nosso país e nossa democracia".
Igreja CatólicaNo sábado, o cardeal Óscar Rodriguez, líder da Igreja Católica hondurenha, havia pedido, em um pronunciamento feito à TV do país, que o presidente afastado não regressasse a Honduras, uma vez que isso poderia causar um "banho de sangue".
Na sexta-feira à noite, o governo interino de Honduras anunciou sua retirada da OEA, se antecipando à provável suspensão do país da entidade.
Ainda na sexta, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, veio a Tegucigalpa, para tentar negociar um fim ao impasse político no país.
Mas os representantes da Suprema Corte, da classe política e do clero com quem Insulza se reuniu teriam se mostrado irredutíveis em relação à condição sine qua non manifestada pelo líder da OEA, de que Zelaya possa voltar ao país.
Neste sábado, a capital hondurenha viveu um "ensaio" do clima que poderá acometer a cidade caso Zelaya cumpra a promessa de regressar.
Milhares de manifestantes favoráveis ao presidente afastado marcharam desde o centro da cidade até a região do aeroporto de Toncontin, carregando cartazes e faixas em defesa de Zelaya.
Os líderes da organização procuraram adotar um tom sereno, elogiando o trabalho da polícia, que autorizou a manifestação, e enfatizando o caráter pacífico da organização.
Eles só se mostraram menos contidos ao dar uma estimativa sobre o número de presentes ao evento.
Do alto de um carro de som, um dos organizadores disse que a passeata reuniu 400 mil pessoas, o que representaria mais da metade da população de Tegucigalpa.
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