Vou "subir" com o tópico porque parece ter textos interessantes apesar de ainda não ter lido.
Duas questões para os livre-arbritristas:
- o que é o nosso arbítrio, como funciona?
- do que ele é livre?
A resposta não-sobrenatural para a primeira pergunta é que ele é um complexo processo físico-químico que ocorre no nosso cérebro, a partir de variáveis ambientais e armazenadas no próprio cérebro. A segunda pergunta, tendo aceito isso como verdade, perde muito do que eu imagino ser o significado "clássico" que se costuma dar ao termo "livre arbítrio". A "liberdade" existente é apenas a flexibilidade de comportamento, como todo esse processamento se dá de forma complexa a ponto das respostas humanas ao meio não serem ridigidamente determinadas ou previsíveis.
Não discordo de que ainda seja possível chamar isso de "livre arbítrio" se comparado a alguma situação/condição de menor complexidade neuronal onde haja uma determinação mais rígida/simples, mas ao mesmo tempo o processo não deixa de ser físicamente determinado. Nosso arbítrio não escapa das leis da física, tudo que queiramos chamar de "livre arbítrio" que realmente exista deve necessariamente ser produto delas, e não algo que de alguma forma as subverte, e portanto nada diferente de cadeias determinadas de ação e reação* em qualquer outra coisa na natureza. E isso
inclui eventuais randomizações no comportamento (em biologia, se não me engano isso se chama "comportamento proteômico**", e existe até em animais mais simples, sendo nada mais do que uma estratégia adaptativa para se tornar menos previsível a predadores ou presas).
* indeterminismo quântico provavelmente não afeta em nada, e no que afetar, não dá margem ainda a uma defesa substanciada de um livre arbítrio que não seja fisicamente determinado.
Ainda é determinista, apesar do "indeterminismo", que, excluindo-se teorias new age, é apenas um mecanismo físico que gera aleatoriedade "pura" determinando o comportamento, em vez de algo não-aleatório.
** vindo de "Proteus", e não de "proteoma".