A mesma Dilma que se comprometeu com os evangélicos para não permitir a votação de temas que "ofendam aos religiosos"?
Efeito colateral da bosta de campanha que o PSDB bem fazendo. Discordo da postura da Dilma nesse aspecto - acho que ela deveria bater de frente com o hipócrita e demagogo do Zé Baixaria (que é igualzinho a adversária nesses assuntos - vide opinião pré-campanha), tanto na questão do aborto como, como na questão da união civil de homossexuais. Mas isso é de menos e não faz mudar em nada meu voto. O Brasil, ao contrário do que o PSDB quer fazer a população acreditar, é muito mais que isso.
A possível mudança de seu voto não está em discussão, pois é um assunto irrelevante (assim como o meu voto).
A guinada pró-conservadorismo social das religiões também é pouco importante, pois claramente ocorreu em função da acirrada busca de votos nesta disputa eleitoral.
Ao meu ver os dois pontos mais importantes são:
a) A candidata governista não tem preparo nenhum, pois nem é uma técnica consagrada e nem é política por excelência. Sua candidatura foi totalmente estruturada no rastro do carisma do atual presidente e vem sendo construída, de forma ilegal e anti-ética, nos últimos dois anos, pelo presidente. Mas, de qualquer modo, o próximo ponto é o mais importante.
b) O PT não implementou uma só linha dos programas de governo que foram elaborados ao longos do período de 1985 a 2002, cuja base ideológica e econômica estavam a cargo de intelectuais como Florestan Fernandes, Maria da Conceição Tavares e Paul Singer (ainda que este tenha mudado de opinião sobre muitas coisas que tinha escrito antes, mas que não vem ao caso agora). De fato manteve quase toda a política do governo anterior, chegando mesmo a ampliar os benefícios de alguns setores do capitalismo que eram, antes da chegada ao poder, motivos de "demonização ideológica". Isto se chama, de onde eu venho, de "falsidade ideológica" com finalidade eleitoral.