Você está propondo que idealmente o valor produzido deva ficar com quem fabricou as máquinas utilizadas em qualquer tipo de produção e que as pessoas que utilizam as máquinas devem ficar apenas com o valor que elas conseguiriam produzir se não as utilizassem? Isso não me parece uma coisa boa. Faria com que aqueles que não fabricam os meios de produção vivessem sempre com um estilo de vida semelhante ao neolítico, mesmo com avanços metodológicos e tecnológicos. Já aqueles que fabricam as máquinas utilizadas teriam um padrão de vida anormalmente elevado.
Aquilo foi só um exemplo. Eu não proponho que os trabalhadores fiquem apenas com a parte pela qual foram responsáveis. O exemplo serviu para ilustrar que para eles serem considerados "explorados", deveriam receber menos do que a sua contribuição efetiva, o que não ocorre na esmagadora maioria dos casos, nos países industrializados de economia livre.
Você parece estar usando uma definição diferente de como avaliar o valor produzido por um trabalho. Eu deixei a minha definição clara alguns tópicos atrás. Caso tenha algum contraponto, comente e deixe clara a sua definição.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paridade_do_poder_de_compraO que importa é o "poder de compra" das pessoas, e não o quanto os bens que elas possuem têm de "trabalho humano incorporado".
No exemplo dos caçadores, o empregado continua com o "poder de compra" igual (continua tendo uma renda de 1 coelho por 18 horas de trabalho), embora o "trabalho humano incorporado" ao coelho seja menor.
Na prática, ele poderá facilmente acertar um salário de mais de 1 coelho por dia. Suponha que ele ganhe 2 coelhos. O "poder de compra" dele dobrou, embora a quantidade de "trabalho humano médio incorporado" nesses 2 coelhos que ele ganha seja metade da que havia no 1 coelho que ele obtinha antes do arco-e-flecha.
Entendeu? Alguma dúvida?
Mas lembre-se que "comprar" ou "ser dono" de uma máquina não gera riqueza nenhuma por si só.
Como não?! Graças às máquinas a produção é multiplicada! Como você pode dizer que máquinas não geram riquezas?
Se você é o dono da máquina (porque a comprou, a encomendou, ou a fez...de qualquer maneira tendo gasto com ela), os produtos da máquina serão seus. Simples. Ninguém investiria em máquinas se os produtos da máquinas ficassem com terceiros ao invés do dono.
Por que devemos recompensar de alguma forma algo que não gera riqueza se eu assumo que nós dois concordamos que a produção de riqueza deve ser estimulada em uma sociedade?
Frase sem sentido. Respondida acima.
O fato de você estar usando roupas, comidas, eletroeletrônicos, carros e muitos outros bens que você SABE que não conseguiria produzir sozinho, por seus próprios meios, mesmo tendo disponível as matérias-primas brutas e o know-how, serve para você ver que os investimentos em bens de capital feitos pelos empreendedores lhe beneficiaram bastante.
Nem eu e nem ninguém consegue produzir sozinho isso. Não existe uma categoria especial de humanos que conseguiria.
Logo, se você assume que não conseguiria produzir estas coisas sem as máquinas dos empresários, você assume que está LEVANDO VANTAGEM em cima das máquinas dos outros (ao invés de estar sendo "explorado").
A diferença seria cada vez maior e qualquer pessoa com um mínimo de inteligência iria preferir ser um fabricante, e não um utilizador das máquinas.
Todos preferem, mas poucas pessoas e sociedades têm a disposição para poupar.
Mesmo quando só trabalhar operando as máquinas requer um esforço maior do que só produzir uma máquina e depois colher as recompensas?
?????????????
É o velho dilema do HOJE versus AMANHÃ.
Um operário de fábrica teria como comprar a sua própria fábrica se poupasse o bastante para isso e fôsse esforçado na linha de produção?
Obviamente que ele não poderia inicar de cara com uma fábrica. Ele teria que iniciar em empreendimentos menores, como todos os empresários fizeram (onde provavelmente ele mesmo trabalharia sozinho, como autônomo). À medida que ele começasse a lucrar, poderia juntar maior quantidade de dinheiro e investir em mais capital. Nenhum empresário começou do topo de cara (exceto quem herdou).
Existe até mesmo um sistema financeiro e bancário para lhe adiantar as coisas!
Como isso seria inviável para manter a sociedade, seria preciso existir um estado ou organização social que de alguma forma criasse empecílios para limitar a categoria de fabricantes de máquinas à apenas uma minoria de indivíduos.
Por quê?!
Se cada pessoa tivesse sua própria máquina, qual o problema?
Porque estamos assumindo que todo o benefício do progresso tecnológico iria para os proprietários das máquinas. Gerar máquinas seria vantajoso, mas empregá-las não.
Empregá-las em que sentido? Não produzir com elas?!
Se todos tivessem máquinas, isso iria requerer mudanças na sociedade que acabasse com esta distinção. O privilégio inicial de ter máquinas desapareceria.
Como assim?!
Se todos tivessem máquinas, todos teriam à sua disposição a produção das mesmas!
Não entendi o que mudaria.
Obviamente, se as máquinas exigirem mais de um operador (ou seja, o dono não pudesse operá-las sozinho), as pessoas se reorganizariam de tal forma que algumas operariam as máquinas dos outros, em uma forma de "sociedade", onde ficariam com a metade da produção.
Em uma situação hipotética onde cada pessoa tivesse uma "máquina universal" que lhe permitisse produzir todos os bens que ela usa tualmente, não haveria mudanças significativas em relação às diferenças de riquezas: quem tivesse mais máquinas (ou mais "potentes"), seria mais rico.
Correto. Até porque as máquinas também são riqueza e tem valor (que sempre é bem maior do que o valor de uma unidade de produto que produzem).
Nem tanto pore causa disso. Quem tivesse mais máquinas, ou mais potentes, teria uma maior produção, ou seja, seria mais "rico".
Você ignorou de novo (a exemplo do Eremita nesse tópico) a contribuição das máquinas para a produção dos vídeo-games.
Você se limita a acrescentar o custo de depreciação das máquinas, e só!
Levei em conta o valor das máquinas sim. Ele está incluso dentro do valor da fábrica e é, inclusive, bastante elevado comparado ao das mercadorias que elas geram.
Mas IGNOROU que sem as máquinas a produção não seria sequer 1 décimo da produção com as máquinas.
Esquecendo-se que, se um vídeo-game com as máquinas leva 100 horas de trabalho humano para ser produzido (desde as matérias-primas brutas), sem as máquinas envolvidas em todas as etapas do processo, ele levariam pelo menos 20 vezes mais tempo!
Ou seja, ao invés de 500 mil vídeo games, seriam produzidos uns 25 mil!
Ao ignorar solenemente a contribuição das máquinas e demais bens de capital, todo o resto vem abaixo.
Não é que eu ignorei as máquinas. É que eu pareço ter usado uma metodologia de cálculo de valor diferente da que você esperava. Você pode argumentar o porquê da minha metodologia de cálculo de valor é inadeqüada.
Pesquise sobre "poder de compra".
Uma metodologia que nos force a concluir que o Egito Antigo era mais rico (ou "gerava mais valor" do que a Suiça atual obviamente está completamente desvinculada da realidade. Não acha?