Autor Tópico: Karl Marx, para crianças  (Lida 65068 vezes)

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Offline Fabi

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #650 Online: 18 de Setembro de 2011, 04:05:54 »
Entender a mais valia apenas pelo viés do liberalismo atual, que forma a escola austríaca, é ignorar a história do pensamento econômico, onde estes estão defendendo um ultraliberalismo e por isso tem como alvo o marxismo, que é a principal crítica ao liberalismo clássico.

É usar o pensamento econômico, e suas lições práticas, e não ficar presa no século XVIII, como se ainda fosse o séc. XVIII.
Reducionismo político? A China incorporou as mazelas capitalistas e tem uma das piores desigualdades do mundo.
Mao Tse Tung matou 20 milhões de pessoas com o grande salto adiante, depois perceberam que economicamente comunismo não funciona e então usaram o totalitarismo comunista pra manter o escravismo pra poder lucrar. Queria que Marx tivesse vivo pra ver isso. Isso sim é mais valia. :hihi:

A União Soviética, ao querer implantar a administração científica (taylorismo) na economia, acabou por incorporar o processo de mais valia para o estado, que se tornou a classe dirigente. Por isso é, criticamente, chamado de capitalismo de estado. Esta foi a força do crescimento econômico soviético e do seu poderio econômico frente aos Estados Unidos.
A união soviética escondia dados, e era como a China hoje, com suas gulags e escravos. Assim é fácil competir com o capitalismo, os capitalistas tem que pagar seus empregados de acordo com as leis de mercado, os comunistas tem mão de obra de graça.
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Offline Adriano

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #651 Online: 18 de Setembro de 2011, 09:20:56 »
Apagado.
« Última modificação: 18 de Setembro de 2011, 11:39:19 por Adriano »
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Adriano

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #652 Online: 18 de Setembro de 2011, 09:30:24 »
Apagado.
« Última modificação: 18 de Setembro de 2011, 11:38:21 por Adriano »
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Offline Barata Tenno

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #653 Online: 18 de Setembro de 2011, 11:09:56 »
Adriano, ja te falei uma vez, se não quiser debater, não debata.
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Offline Adriano

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #654 Online: 18 de Setembro de 2011, 11:20:47 »
Ok, me desculpe e peço desculpas a Fabi também  :ok:

Acho que poderia ser uma boa discussão e perdi a oportunidade por não saber conduzi-la  :vergonha:

« Última modificação: 18 de Setembro de 2011, 11:25:09 por Adriano »
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Offline Liddell Heart

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #655 Online: 18 de Setembro de 2011, 12:03:40 »
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Só acho engraçado a crítica marxista vir da "igreja" austríaca. É uma grande arquitetura acadêmica  :)

Existem várias críticas marxistas dentro da Escola Austríaca, seja a crítica metodológica de Mises ou a crítica de cálculo econômico de Hayek.
Conhece Oskar Lange? É um crítico da escola austríaca e que faz uma reconciliação entre a planificação central e a liberdade de mercado.

Sim, Oskar Lange foi um ótimo crítico do calculo econômico socialista de Mises, mesmo que para isso ele tenha que deixar o marxismo econômico para adotar a economia Neoclássica (em suma, Mises diz que não há cálculo econômico sem existência de propriedade privada, porém Lange argumentou a possibilidade da existência de uma "simulação" de um mercado, e Mises retrucou dizendo que a simulação teria um resultado errôneo). Porém, quando Hayek entrou no debate com o seu "problema do conhecimento" (em suma, não há como um planejador central controlar/coordenar milhões, talvez bilhões, de informações diferentes ao mesmo tempo), a Escola Austríaca parece ter ganho o debate perante os ciclos acadêmicos.
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Offline Adriano

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #656 Online: 18 de Setembro de 2011, 12:15:49 »
Conhece Oskar Lange? É um crítico da escola austríaca e que faz uma reconciliação entre a planificação central e a liberdade de mercado.

Sim, Oskar Lange foi um ótimo crítico do calculo econômico socialista de Mises, mesmo que para isso ele tenha que deixar o marxismo econômico para adotar a economia Neoclássica (em suma, Mises diz que não há cálculo econômico sem existência de propriedade privada, porém Lange argumentou a possibilidade da existência de uma "simulação" de um mercado, e Mises retrucou dizendo que a simulação teria um resultado errôneo). Porém, quando Hayek entrou no debate com o seu "problema do conhecimento" (em suma, não há como um planejador central controlar/coordenar milhões, talvez bilhões, de informações diferentes ao mesmo tempo), a Escola Austríaca parece ter ganho o debate perante os ciclos acadêmicos.
Achei interessante a relação entre mercados e localidade, numa perspectiva geográfica e que se alinha com a noção de estado, enquanto administrador de um país. Outro aporte teórico dele, que me pareceu muito bom, é o aprofundamento no estudo das ideologias.
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Offline Liddell Heart

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #657 Online: 18 de Setembro de 2011, 12:40:41 »
A riqueza é gerada pela sociedade humana. O marxismo é uma filosofia econômica, acima de tudo.
Isso é muito vago...
Mas que resume bem o entendimento histórico do marxismo. Pois se não existisse almoço grátis, o restante dos animais não comeriam nada jamais  :hihi:

A aberração americana com o fanatismo com os números é exemplificado e exacerbado através da economia da escola austríaca e do furado problema do calculo econômico.

Mas sempre gostei da relação entre matemática e economia, através da econometria. É uma excelente matéria e os cálculos utilizados em economia são muito úteis, principalmente pela sua metodologia. Gostava que aprendemos como funcionava as fórmulas econométricas para poder entender a sua aplicação. Com o Snow já conversamos até sobre o pessoal que estuda econofísica.

E...?
Foi apenas uma resposta a isso:

Mas é um jogo de números e fatores difíceis de entender, tem que ser bom em matemática, e quem defende o marxismo não costuma ser muito bom nisso (com exceção do Kajsar). Sério, economia é como se fosse Física só que 10 vezes mais difícil.
Primeiro você diz que somente o Kajsar é bom em matemática e eu te digo que domino a econometria. Mas não adianta de nada a tagarelice matemática dos austríacos. E dizer que a economia é difícil pela sua parte matemática é se iludir na tentativa falha de matematização do mundo, que gerou ótimos teoremas sobre esta impossibilidade, como o teorema da incompletude de Gödel. A filosofia da matemática contribui muito para entender isto.

Os austríacos (aliás, existem diversas vertentes de economistas austríacos, mas algumas vertentes, como a ala socialista fabiana de Wieser, já foram eliminadas), na maioria das vezes, acreditam que a matemática pode ter sim uma função descritiva porém não pode ter, em boa parte das vezes, uma função prescritiva. É mais ou menos o que pensava Jevons e boa parte dos fundadores da matemática econômica.

Citar
O respeitável forista só tem banca de quem entende economia e sequer respeita os principais interlocutores no debate. Qualificando os que o admiram e destratando os que o contrapõe. Mas é algo comum entre os economistas, existem várias piadas a respeito desta discordância teórica entre os famosos economista. Mas ficar citando manualzinho de economia, que são todos de vertente americana, é muito fraco. Na minha humilde opinião.

Cite um melhor, aponte o erro... sei lá...
O erro é não entender que o motivo do antimarxismo da escola austríaca é que todas as críticas são direcionadas a Karl Marx por ele ser o principal crítico do liberalismo clássico.

O antimarxismo austríaco (os economistas austríacos são mais anti-intervencionismo do que anti-marxismo, aliás) é igual ao anti-liberalismo dos marxistas, que se dá por serem os liberais os principais críticos do marxismo.
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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #658 Online: 18 de Setembro de 2011, 12:43:50 »
Conhece Oskar Lange? É um crítico da escola austríaca e que faz uma reconciliação entre a planificação central e a liberdade de mercado.

Sim, Oskar Lange foi um ótimo crítico do calculo econômico socialista de Mises, mesmo que para isso ele tenha que deixar o marxismo econômico para adotar a economia Neoclássica (em suma, Mises diz que não há cálculo econômico sem existência de propriedade privada, porém Lange argumentou a possibilidade da existência de uma "simulação" de um mercado, e Mises retrucou dizendo que a simulação teria um resultado errôneo). Porém, quando Hayek entrou no debate com o seu "problema do conhecimento" (em suma, não há como um planejador central controlar/coordenar milhões, talvez bilhões, de informações diferentes ao mesmo tempo), a Escola Austríaca parece ter ganho o debate perante os ciclos acadêmicos.
Achei interessante a relação entre mercados e localidade, numa perspectiva geográfica e que se alinha com a noção de estado, enquanto administrador de um país. Outro aporte teórico dele, que me pareceu muito bom, é o aprofundamento no estudo das ideologias.

Como já disse alhures, Nikolai Bukharin, para mim, foi o melhor economista marxista.
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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #659 Online: 18 de Setembro de 2011, 13:02:59 »
Os austríacos (aliás, existem diversas vertentes de economistas austríacos, mas algumas vertentes, como a ala socialista fabiana de Wieser, já foram eliminadas), na maioria das vezes, acreditam que a matemática pode ter sim uma função descritiva porém não pode ter, em boa parte das vezes, uma função prescritiva. É mais ou menos o que pensava Jevons e boa parte dos fundadores da matemática econômica.
Mas essa questão da matemática não se prende a economia. É uma disputa dentro do próprio desenvolvimento da matemática. Porém em termos de econometria, que é a tecnologia da informação associada ao cálculo econômico, penso que pode muito contribuir.

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O erro é não entender que o motivo do antimarxismo da escola austríaca é que todas as críticas são direcionadas a Karl Marx por ele ser o principal crítico do liberalismo clássico.

O antimarxismo austríaco (os economistas austríacos são mais anti-intervencionismo do que anti-marxismo, aliás) é igual ao anti-liberalismo dos marxistas, que se dá por serem os liberais os principais críticos do marxismo.
Mas vejo muita relação entre o anti-intervencionismo com o antimarxismo. Pela própria proposta de planejamento central para domar as intempéries do descontrolado mercado.

Achei interessante a relação entre mercados e localidade, numa perspectiva geográfica e que se alinha com a noção de estado, enquanto administrador de um país. Outro aporte teórico dele, que me pareceu muito bom, é o aprofundamento no estudo das ideologias.
Como já disse alhures, Nikolai Bukharin, para mim, foi o melhor economista marxista.
Sem dúvida. Além da direção da política econômica soviética, seu desenvolvimento teórico sobre a economia socialista foi de muita importância.  :)
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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #660 Online: 18 de Setembro de 2011, 13:43:55 »
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O erro é não entender que o motivo do antimarxismo da escola austríaca é que todas as críticas são direcionadas a Karl Marx por ele ser o principal crítico do liberalismo clássico.

O antimarxismo austríaco (os economistas austríacos são mais anti-intervencionismo do que anti-marxismo, aliás) é igual ao anti-liberalismo dos marxistas, que se dá por serem os liberais os principais críticos do marxismo.
Mas vejo muita relação entre o anti-intervencionismo com o antimarxismo. Pela própria proposta de planejamento central para domar as intempéries do descontrolado mercado.

Há pouco planejamento central em Bukharin, talvez pela sua influência da esquerda anti-estatista européia. Foi Yevgeni Preobrazhensky, o economista que propôs regulação do mercado.
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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #661 Online: 18 de Setembro de 2011, 14:09:55 »
Mas vejo muita relação entre o anti-intervencionismo com o antimarxismo. Pela própria proposta de planejamento central para domar as intempéries do descontrolado mercado.

Há pouco planejamento central em Bukharin, talvez pela sua influência da esquerda anti-estatista européia. Foi Yevgeni Preobrazhensky, o economista que propôs regulação do mercado.

Tem razão quanto a quem é o principal economista. Mas Bukharin defendeu a tese do  socialismo em um só país. Foi essa orientação nacionalista que levou a ascenção do stalinismo. A disputa política interna ao partido era sobre essa orientação aos rumos da União Soviética. E com a violência histórica característica desta cultura russa de guerra.
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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #662 Online: 18 de Setembro de 2011, 14:18:07 »
Mas vejo muita relação entre o anti-intervencionismo com o antimarxismo. Pela própria proposta de planejamento central para domar as intempéries do descontrolado mercado.

Há pouco planejamento central em Bukharin, talvez pela sua influência da esquerda anti-estatista européia. Foi Yevgeni Preobrazhensky, o economista que propôs regulação do mercado.

Tem razão quanto a quem é o principal economista. Mas Bukharin defendeu a tese do  socialismo em um só país. Foi essa orientação nacionalista que levou a ascenção do stalinismo. A disputa política interna ao partido era sobre essa orientação aos rumos da União Soviética. E com a violência histórica característica desta cultura russa de guerra.

Essa característica passional ( :P) dos russos é herança cultural da horda de ouro e dos tártaros, se não me engano. 
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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #663 Online: 18 de Setembro de 2011, 14:37:52 »
Tem razão quanto a quem é o principal economista. Mas Bukharin defendeu a tese do  socialismo em um só país. Foi essa orientação nacionalista que levou a ascenção do stalinismo. A disputa política interna ao partido era sobre essa orientação aos rumos da União Soviética. E com a violência histórica característica desta cultura russa de guerra.

Essa característica passional ( :P) dos russos é herança cultural da horda de ouro e dos tártaros, se não me engano. 
E Marx que leva a culpa  :x  Embora os alemães deram um espetáculo em termos de destruição humana.  :1o: *

E a relação entre União Soviética e Alemanhã é muito disputada militarmente. Mas de nada adiantou o alvoroço alemão, já que ficaram politicamente despedaçados entre os impérios econômicos do oriente e do ocidente  :?




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Offline Luiz Souto

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Re: Karl Marx, para crianças
« Resposta #664 Online: 18 de Setembro de 2011, 14:44:25 »
Mas vejo muita relação entre o anti-intervencionismo com o antimarxismo. Pela própria proposta de planejamento central para domar as intempéries do descontrolado mercado.

Há pouco planejamento central em Bukharin, talvez pela sua influência da esquerda anti-estatista européia. Foi Yevgeni Preobrazhensky, o economista que propôs regulação do mercado.

Tem razão quanto a quem é o principal economista. Mas Bukharin defendeu a tese do  socialismo em um só país. Foi essa orientação nacionalista que levou a ascenção do stalinismo. A disputa política interna ao partido era sobre essa orientação aos rumos da União Soviética. E com a violência histórica característica desta cultura russa de guerra.

Essa característica passional ( :P) dos russos é herança cultural da horda de ouro e dos tártaros, se não me engano. 

Segundo Boris Kagarlitsky ( A Desintegração do Monolito) , na história russa as conquistas reais sempre se transformam em catástrofe nacional.
E a defesa do "socialismo em um só país" por Bukharin era menos por considerá-lo realmente viável ( que ele sabia que não era) , do que tentar uma forma de sustentabilidade do sistema criado pela revolução no contexto de isolamento internacional pelo refluxo revolucionário na Europa.
E já que tocaram nas preferências , acho que o melhor economista marxista foi Ernest Mandel. A sua obra mais acessível no Brasil é O Capitalismo Tardio (coleção Os Economistas) , mas o Tratado de Economia Marxista ( sem edição brasileira mas com edição portuguesa) é muito bom.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline Fabi

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #665 Online: 02 de Outubro de 2011, 16:58:41 »
Gente.... Tudo que o DDV falou é verdade. :|

Citação de:  O capital
(...)
Ora, se abstrairmos do valor-de-uso das mercadorias, resta-lhes uma única qualidade; a de serem
produto do trabalho. Então, porém, já o próprio produto do trabalho está metamorfoseado sem o
sabermos.
(...)
Vimos que um valor-de-uso ou um artigo qualquer só tem valor na medida em que nele está [objectivizado,] materializado trabalho humano [abstracto]. Ora, como medir a grandeza do seu valor? Pela quantidade da substância «criadora de valor» nele contida, isto é, pela quantidade de trabalho. Por sua vez, a quantidade de trabalho tem por medida a sua duração, e o tempo de trabalho mede-se em unidades de tempo, tais como a hora, o dia, etc.

O tempo socialmente necessário à produção das mercadorias é o tempo exigido pelo trabalho executado com um grau médio de habilidade e de intensidade e em condições normais, relativamente ao meio social dado. Depois da introdução do tear a vapor na Inglaterra, passou a ser necessário talvez apenas metade de trabalho que anteriormente era necessário para transformar em tecido uma certa quantidade de fio. O tecelão manual inglês, esse continuou a precisar do mesmo tempo que antes para executar essa transformação; mas, a partir desse momento, o produto da sua hora de trabalho individual passou a representar apenas metade de uma hora social, não criando mais que metade do valor anterior.
(...)
É, pois, somente a quantidade de trabalho ou o tempo de trabalho necessário numa dada sociedade para a produção de um artigo que determina a grandeza do seu valor.9 Cada mercadoria particular conta em geral como um exemplar médio da sua espécie.10 As mercadorias que contêm iguais quantidades de trabalho ou que podem ser produzidas no mesmo tempo têm,
portanto, um valor igual.
(...)
A mesma quantidade de trabalho extrai mais metal das minas ricas do que das minas pobres, etc. Os diamantes só raramente aparecem na camada superior da crosta terrestre; para encontrá-los, torna-se necessário, em média, um tempo considerável, de modo que representam muito trabalho num pequeno volume. Segundo essa lógica, o petróleo que é mil vezes mais dificil e trabalhoso de extrair deve ser zilhões de vezes mais caro que o diamante.
(...)Com minas mais ricas, a mesma quantidade de trabalho representaria uma maior quantidade de diamantes, cujo valor baixaria. (A produção de diamantes nos dias de hoje é bem alta e mesmo assim o diamanate continua caro  :( .)Se se conseguisse transformar com pouco trabalho o carvão em diamante, o valor deste último desceria talvez abaixo do valor dos tijolos. Mas hoje existe o diamante industrial e é mais caro que tijolos. Em geral: quanto maior é a força produtiva do trabalho, menor é o tempo necessário à produção de um artigo, menor é a massa de trabalho nele cristalizada, menor é o seu valor. Mas os carros continuam caros, e os trabalhadores, que realizam menos trabalho que no passado, ganham bem mais que no passado.  :desconfiado:

Conhecemos agora a substância do valor: é o trabalho. Conhecemos a medida da sua grandeza: é
a duração do trabalho.
*Meus comentários em vermelho.
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Offline Fabi

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #666 Online: 02 de Outubro de 2011, 17:26:40 »
Citação de: O capital
Ao conjunto dos valores-de-uso de todas as espécies corresponde um conjunto de trabalhos úteis
igualmente diversos, conforme o género, a espécie, a variedade - uma divisão social do trabalho.
Esta é condição de existência da produção de mercadorias, embora reciprocamente a produção de
mercadorias não seja condição de existência da divisão social do trabalho. Nas antigas comunidades da Índia, o trabalho encontra-se socialmente dividido sem que por isso os produtos  e tornem mercadorias. Só de falar das antigas comunidades da Índia, me dá vontade de parar de ler. Lembram das castas? E extrema pobreza e miséria da Índia que nada tem a ver com o capitalismo e sim com a religião e tradição?.
(...)
O trabalho não é, portanto, a única fonte dos valores-de-uso que produz, da riqueza material. Ele é o pai e a terra a mãe, como diz William Petty.
(...)
Em última análise, se abstrairmos do seu carácter útil, toda a actividade produtiva é apenas um
dispêndio de força humana. Sem dúvida, a força humana de trabalho, que não faz mais que mudar de forma nas diversas actividades produtivas, tem de estar mais ou menos desenvolvida para poder ser dispendida sob esta ou aquela forma. Mas o valor das mercadorias representa simplesmente trabalho do homem, um dispêndio de força humana em geral.
E cultura, procura, valor sentimental, moda.... não fazem parte do valor das mercadorias.. ::)

Como a grandeza de valor de uma mercadoria representa apenas a quantidade de trabalho nela contido, daí resulta que todas as mercadorias, numa certa proporção, devem ter sempre valores da mesma grandeza.
Mas aí se temos duas fábricas de jeans, e os trabalhadores tem a mesma condição de trabalho, e fazem o mesmo trabalho. Mas uma paga 1200,00 por mês e outra 1800,00, e com a diferença de que uma fábrica vende mais jeans que a outra.  Qual é a explicação? Não é só o trabalho que determina o salário?

E a crise de 1929? Onde se aumentou a produção, mas não tinha demanda? E um monte de gente faliu. Faltou trabalho? Ora, se o trabalho gera riqueza, e aumento de produção é aumento de trabalho, então não devia ter acontecido a crise de 1929...deveria ter é aumentado a riqueza.

*Meus comentários em vermelho.

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #667 Online: 02 de Outubro de 2011, 19:57:10 »
[...]
Citação de:  O capital
[...]
A mesma quantidade de trabalho extrai mais metal das minas ricas do que das minas pobres, etc. Os diamantes só raramente aparecem na camada superior da crosta terrestre; para encontrá-los, torna-se necessário, em média, um tempo considerável, de modo que representam muito trabalho num pequeno volume.
[...]
Segundo essa lógica, o petróleo que é mil vezes mais dificil e trabalhoso de extrair deve ser zilhões de vezes mais caro que o diamante.

Não, pois o petróleo é mais fácil de ser achado e está presente em volume (massa) muito maior que o diamante.


Citação de:  O capital
[...]
Com minas mais ricas, a mesma quantidade de trabalho representaria uma maior quantidade de diamantes, cujo valor baixaria.
[...]
A produção de diamantes nos dias de hoje é bem alta e mesmo assim o diamanate continua caro  :( .)

A produção de diamantes não é tão maior que nos anos 90 mas as condições de explotação são mais difíceis e por isto o valor continua alto.
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #668 Online: 02 de Outubro de 2011, 20:17:21 »
Não, pois o petróleo é mais fácil de ser achado e está presente em volume (massa) muito maior que o diamante.

Mas não tem que ter uma plataforma no meio do oceano, com uma broca que perfure uns quilometros de profundidade? E depois não tem que ser destilado? É um trabalhão enorme...

E não to falando de volume e demanda, to falando de trabalho, como Marx disse no "O Capital":

"Como a grandeza de valor de uma mercadoria representa apenas a quantidade de trabalho nela contido, daí resulta que todas as mercadorias, numa certa proporção, devem ter sempre valores da mesma grandeza."

A produção de diamantes não é tão maior que nos anos 90 mas as condições de explotação são mais difíceis e por isto o valor continua alto.
To falando em relação ao século XIX. As teorias de Marx sobre o valor da mercadoria, que para ele era só o trabalho humano que dava valor, não funcionam na prática.

No livro "O Capital" ele usa o diamante como exemplo, dizendo que se tivesse mais trabalho nas minas de diamante, tipo,  tanto quanto numa plantação de trigo, o preço do diamante teria o preço do trigo.
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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #669 Online: 02 de Outubro de 2011, 22:05:04 »
Não, pois o petróleo é mais fácil de ser achado e está presente em volume (massa) muito maior que o diamante.

Mas não tem que ter uma plataforma no meio do oceano, com uma broca que perfure uns quilometros de profundidade? E depois não tem que ser destilado? É um trabalhão enorme...

Sim, para a explotação de petróleo off shore, mas assim mesmo há muito mais abundância de petróleo do que de diamantes.


E não to falando de volume e demanda, to falando de trabalho, como Marx disse no "O Capital":

"Como a grandeza de valor de uma mercadoria representa apenas a quantidade de trabalho nela contido, daí resulta que todas as mercadorias, numa certa proporção, devem ter sempre valores da mesma grandeza."

Por isto mesmo que o valor de um bem ou serviço não reflete apenas a quantidade de homens-hora de trabalho neles empregados.

 
A produção de diamantes não é tão maior que nos anos 90 mas as condições de explotação são mais difíceis e por isto o valor continua alto.
To falando em relação ao século XIX. As teorias de Marx sobre o valor da mercadoria, que para ele era só o trabalho humano que dava valor, não funcionam na prática.

Marx não escapou de seu tempo histórico, inclusive no que concerne ao vício de análise impregnada de ideologia.


No livro "O Capital" ele usa o diamante como exemplo, dizendo que se tivesse mais trabalho nas minas de diamante, tipo,  tanto quanto numa plantação de trigo, o preço do diamante teria o preço do trigo.

Eu não lembro de mais nada de O Capital (para poder discutir com o Luiz Souto, eu buscarei este livro, entre outros, nesta semana na minha biblioteca que está na casa de meus pais), mas se foi assim colocado, então ele estava redondamente enganado.
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Offline Adriano

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #670 Online: 02 de Outubro de 2011, 22:36:36 »
A produção de diamantes não é tão maior que nos anos 90 mas as condições de explotação são mais difíceis e por isto o valor continua alto.
To falando em relação ao século XIX. As teorias de Marx sobre o valor da mercadoria, que para ele era só o trabalho humano que dava valor, não funcionam na prática.

Marx não escapou de seu tempo histórico, inclusive no que concerne ao vício de análise impregnada de ideologia.
Marx foi o principal nome na estruturação da ideologia relacionada ao aspecto econômico.

Citação de: Wikipédia
Ideologia

Karl Marx desenvolveu uma teoria a respeito da ideologia na qual concebe a mesma como uma consciência falsa, proveniente da divisão entre o trabalho manual e o intelectual. Nessa divisão, surgiriam os ideólogos ou intelectuais que passariam a operar em favor da dominação ocorrida entre as classes sociais, por meio de idéias capazes de deformar a compreensão sobre o modo como se processam as relações de produção. Neste sentido, a ideologia (enquanto falsa consciência) geraria a inversão ou a camuflagem da realidade, para os ideais ou interesses da classe dominante. (Fonte: Marx, Karl e Engels, Friedrich. A Ideologia Alemã (Feuerbach). São Paulo: Hucitec, 2002.)

Entretanto, não é apenas n'A Ideologia Alemã que Marx trata do tema ideologia e, devido às inconsistências entre seus escritos sobre o tema, não seria correto afirmar-se que Marx possui uma única e precisa definição sobre o significado do termo ideologia. O sociólogo John B. Thompson faz uma análise minuciosa sobre três desenvolvimentos encontrados ao longo da obra de Marx sobre o termo ideologia, com convergências e divergências entre si, batizados por Thompson como (1) polêmica, (2) epifenomênica e (3) latente.

Depois de Marx, vários outros pensadores abordaram a temática da ideologia. Muitos mantiveram a concepção original de Marx (Karl Korsch, Georg Lukács), outros passaram a abordar ideologia como sendo sinônimo de "visão de mundo" (concepção neutra), inclusive alguns pensadores marxistas, tal como Lênin. Alguns explicam isto graças ao fato do livro A Ideologia Alemã, de Marx, onde ele expõe sua teoria da ideologia, só tenha sido publicado em 1926, dois anos depois da morte de Lênin. Vários pensadores desenvolveram análises sobre o conceito de ideologia, tal como Karl Mannheim, Louis Althusser, Paul Ricoeur e Nildo Viana.

É baseada na distinção de classe social.

Citação de: Wikipédia
Classe social

Segundo a óptica marxista, em praticamente toda sociedade, seja ela pré-capitalista ou caracterizada por um capitalismo desenvolvido, existe a classe dominante, que controla direta ou indiretamente o Estado, e as classes dominadas por aquela, reproduzida inexoravelmente por uma estrutura social implantada pela classe dominante. Segundo a mesma visão de mundo, a história da humanidade é a sucessão das lutas de classes, de forma que sempre que uma classe dominada passa a assumir o papel de classe dominante, surge em seu lugar uma nova classe dominada, e aquela impõe a sua estrutura social mais adequada para a perpetuação da exploração.
A divisão da sociedade em classes é consequência dos diferentes papeis que os grupos sociais têm no processo de produção, seguindo a teoria de Karl Marx. É do papel ocupado por cada classe que depende o nível de fortuna e de rendimento, o género de vida e numerosas características culturais das diferentes classes. Classe social define-se como conjunto de agentes sociais nas mesmas condições no processo de produção e que têm afinidades políticas e ideológicas.

E a análise histórica tem que considerar a origem do capitalismo, através dos burgos, que constituirão a classe dominante de então, devido principalmente ao comércio exercido por estes, findando-se o sistema feudal.
« Última modificação: 02 de Outubro de 2011, 22:39:09 por Adriano »
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Liddell Heart

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #671 Online: 02 de Outubro de 2011, 23:02:06 »
(...)Com minas mais ricas, a mesma quantidade de trabalho representaria uma maior quantidade de diamantes, cujo valor baixaria. (A produção de diamantes nos dias de hoje é bem alta e mesmo assim o diamanate continua caro  :( .)

Se a produção de diamantes se elevar, é bem provável que o preço do mesmo caia. Aumenta a oferta, isto é, diminui-se a escassez.

Citar
Se se conseguisse transformar com pouco trabalho o carvão em diamante, o valor deste último desceria talvez abaixo do valor dos tijolos. Mas hoje existe o diamante industrial e é mais caro que tijolos.

A produção de diamantes é tão barata e vasta quanto o dos tijolos?

Citar
Em geral: quanto maior é a força produtiva do trabalho, menor é o tempo necessário à produção de um artigo, menor é a massa de trabalho nele cristalizada, menor é o seu valor. Mas os carros continuam caros, e os trabalhadores, que realizam menos trabalho que no passado, ganham bem mais que no passado.  :desconfiado:

Deve ser muito mais barato produzir os carros daquela época hoje em dia, e o "trabalho" despendido dos trabalhadores se elevou qualitativamente. O aumento dos salários pode se dar por culpa da maior necessidade de especialização (aumentou a escassez dos trabalhadores, ou diminui a "reserva de trabalhadores), elevação do capital humano ou aumento da produtividade marginal.

Citar
Conhecemos agora a substância do valor: é o trabalho. Conhecemos a medida da sua grandeza: é
a duração do trabalho.

A teoria do valor-trabalho pode muitas vezes se confundir com a escassez e produtividade marginal.
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Offline Fabi

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #672 Online: 02 de Outubro de 2011, 23:24:34 »
Sim, para a explotação de petróleo off shore, mas assim mesmo há muito mais abundância de petróleo do que de diamantes.
(...)
Por isto mesmo que o valor de um bem ou serviço não reflete apenas a quantidade de homens-hora de trabalho neles empregados.
Você fala em leis de oferta e procura. Mas o Marx falava que o que gerava a riqueza e o preço dos produtos não era essa lei e sim o trabalho humano. Ele passa um* capítulo inteiro falando isso. 

*Talvez 2...e fica repetindo isso nos outros capítulos.
Eu não lembro de mais nada de O Capital (para poder discutir com o Luiz Souto, eu buscarei este livro, entre outros, nesta semana na minha biblioteca que está na casa de meus pais), mas se foi assim colocado, então ele estava redondamente enganado.
Na verdade ele disse isso:

Citação de:  "O Capital"
(...)A mesma quantidade de trabalho é representada, por exemplo, por oito alqueires de trigo se a estação é favorável e por quatro alqueires somente, no caso contrário. A mesma quantidade de trabalho extrai mais metal das minas ricas do que das minas pobres, etc. Os diamantes só raramente aparecem na camada superior da crosta terrestre; para encontrá-los, torna-se necessário, em média, um tempo considerável, de modo que representam muito trabalho num pequeno volume. É duvidoso que o ouro tenha alguma vez pago completamente o seu valor. Isto ainda é mais verdadeiro no caso dos diamantes. Segundo Eschwege, o produto total da exploração das minas de diamantes do Brasil, durante oitenta anos, não tinha ainda atingido em 1823 o preço do produto médio de um ano e meio das plantações de açúcar ou de café do mesmo país, embora representasse muito mais trabalho e, portanto, mais valor. Com minas mais ricas, a mesma quantidade de trabalho representaria uma maior quantidade de diamantes, cujo valor baixaria. Se se conseguisse transformar com pouco trabalho o carvão em diamante, o valor deste último desceria talvez abaixo do valor dos tijolos. Em geral: quanto maior é a força produtiva do trabalho, menor é o tempo necessário à produção de um artigo, menor é a massa de trabalho nele cristalizada, menor é o seu valor. Inversamente, quanto menor é a força produtiva do trabalho, maior é o tempo necessário à produção de um artigo, maior é o seu valor. A grandeza de valor de uma mercadoria varia, pois, na razão directa da quantidade e na razão inversa da produtividade do trabalho que nela se realiza.
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Offline Geotecton

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #673 Online: 02 de Outubro de 2011, 23:30:35 »
Sim, para a explotação de petróleo off shore, mas assim mesmo há muito mais abundância de petróleo do que de diamantes.
(...)
Por isto mesmo que o valor de um bem ou serviço não reflete apenas a quantidade de homens-hora de trabalho neles empregados.
Você fala em leis de oferta e procura. Mas o Marx falava que o que gerava a riqueza e o preço dos produtos não era essa lei e sim o trabalho humano. Ele passa um* capítulo inteiro falando isso. 

E é por isto que ele estava errado, pois a riqueza, ou melhor, o valor final de cada bem não depende apenas do trabalho humano.
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Offline Liddell Heart

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Re:Karl Marx, para crianças
« Resposta #674 Online: 02 de Outubro de 2011, 23:30:55 »
Citar
Como a grandeza de valor de uma mercadoria representa apenas a quantidade de trabalho nela contido, daí resulta que todas as mercadorias, numa certa proporção, devem ter sempre valores da mesma grandeza.
Mas aí se temos duas fábricas de jeans, e os trabalhadores tem a mesma condição de trabalho, e fazem o mesmo trabalho. Mas uma paga 1200,00 por mês e outra 1800,00, e com a diferença de que uma fábrica vende mais jeans que a outra.  Qual é a explicação? Não é só o trabalho que determina o salário?

Segundo Marx, o trabalho não determina o salário, mas sim o capitalista. Marx diria que, provavelmente, em ambos os casos os trabalhadores deveriam ganhar, sei lá, 2500 reais ( :P).



Citar
E a crise de 1929? Onde se aumentou a produção, mas não tinha demanda? E um monte de gente faliu. Faltou trabalho? Ora, se o trabalho gera riqueza, e aumento de produção é aumento de trabalho, então não devia ter acontecido a crise de 1929...deveria ter é aumentado a riqueza.

Marx diz:
Citar
Sabeis todos que, por motivos que não me cabe aqui explicar,
a produção capitalista move-se através de determinados ciclos perió-
dicos. Passa por fases de calma, de animação crescente, de prosperidade,
de superprodução, de crise e de estagnação
. Os preços das mercadorias
no mercado e a taxa de lucro no mercado seguem essas fases; ora
descendo abaixo de seu nível médio ora ultrapassando-o. Se conside-
rardes todo o ciclo, vereis que uns desvios dos preços do mercado são
compensados por outros e que, tirando a média do ciclo, os preços das
mercadorias do mercado se regulam por seus valores.
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