Você teme o fim por estar vivo, depois de morto, nada se percebe ou se sente. Assim, temer a morte é uma preocupação inútil.
(Foi algo assim que pregou Epicuro, não me recordo das palavras exatas.)
É, o temor da morte não provém do nosso instinto de sobrevivência antes de tudo?
Não é o temor da morte mas sim o temor da forma como se vai morrer (eventual sofrimento, agonia, duração de todo este processo)... Reparem que se houvesse um modo imediato, fácil e indolor para morrer, muitos aceitariam morrer já..., ou será que não?
Essa conversa mole de "não há o que temer/se preocupar com a morte" com "justificativas filosóficas refinadas" é aspecto religioso de pseudodescrente, autoentreguismo por impotência e busca, pela degeneração filosófica, de "algo maior amenizante confortante" como uma "consciência consciente do fim". Temor da morte pela via de como se pode morrer pode ser bem significativo, convenientemente diferenciado até, e até mais sensorial e emocionalmente impositivo, *talvez*, podendo ser vinculado à instintividade, portanto objetivamente biológica, mas há que se considerar a associação com a interrupção dos projetos, dos objetivos (de quem tem, claro), podendo-se incluir aí o objetivo, e projetos para alcançá-lo, de não morrer (sendo que tudo isso é biológico também e, claro, em última análise, físico).
Vários suicidam-se até por meios difíceis, dolorosos, assustadores... Isso não tem qualquer significado especial. Está dentro da "falhas" esperadas para um maquinismo simples.
Minha máxima é: eu morro mas não me mato! Mas posso dar defeito...
Não querer morrer e tentar isso não precisa ser diferente essencialmente de correr de um urso, leão ou qualquer perigo mortal aproximante. Pode ser muito pouco provável conseguir fugir de um animal desses com as próprias pernas (o que se tem à disposição para a fuga), mas tenta-se mesmo assim. Pode ser que não que seja muito clara uma via para a longevidade indefinida e pode mesmo até ser o mais provável que não se consiga a tempo para nenhum de nós aqui em funcionamento, ou mesmo jamais para qualquer um em qualquer tempo (penso que existe um detalhe no recente experimento da equipe do Nicolelis que, se bem entendido, pode significar uma possibilidade extraordinária para o acesso aos dados cerebrais... mas isso... bem, não vem ao caso agora). Mas não é por isso que vou aceitar a ideia filosófica de que morrer é lindo maravilhoso e vou ficar "parado esperando o urso me alcançar".