Autor Tópico: Estados Unidos da América  (Lida 30103 vezes)

0 Membros e 2 Visitantes estão vendo este tópico.

Offline Diegojaf

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 24.204
  • Sexo: Masculino
  • Bu...
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #225 Online: 29 de Agosto de 2016, 13:51:26 »
Justíssimo.

No Brasil é a população que paga a formação dos universitários.

Quando a bolha estourar, vai ser justíssimo também.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #226 Online: 29 de Agosto de 2016, 13:52:25 »
Justíssimo.

No Brasil é a população que paga a formação dos universitários.

Quando a bolha estourar, vai ser justíssimo também.

Em que sentido?
Foto USGS

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #227 Online: 29 de Agosto de 2016, 14:22:54 »
Quer estudar  no Ensino Superior pague. Está correto.


Apenas lembrando que correto ou incorreto, certo ou errado, dependem completamente  do sistema ético  (e/ou ideologia política) escolhido subjetivamente por cada indivíduo.

O que você julga  subjetivamente como correto  pode ser julgado  subjetivamente como incorreto. 

Um e outro não estarão  absolutamente certos ou errados, apenas se poderá dizer que estão coerentes com tal sistema ético e/ou político.

São meros julgamentos subjetivos de valores.  É importante ter isso em mente quando se faz julgamentos de certo ou errado, correto ou incorreto.




Offline Gaúcho

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.288
  • Sexo: Masculino
  • República Rio-Grandense
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #228 Online: 29 de Agosto de 2016, 14:28:51 »
Quer estudar  no Ensino Superior pague. Está correto.


Apenas lembrando que correto ou incorreto, certo ou errado, dependem completamente  do sistema ético  (e/ou ideologia política) escolhido subjetivamente por cada indivíduo.

O que você julga  subjetivamente como correto  pode ser julgado  subjetivamente como incorreto. 

Um e outro não estarão  absolutamente certos ou errados, apenas se poderá dizer que estão coerentes com tal sistema ético e/ou político.

São meros julgamentos subjetivos de valores.  É importante ter isso em mente quando se faz julgamentos de certo ou errado, correto ou incorreto.





Relativo. Isso pode estar tanto certo, quanto errado, dependendo da opinião sobre opiniões da pessoa que está lendo sua postagem. Essa relativização é ainda mais relativa quando colocado na equação a opinião sobre relativização das relativizações das opiniões destas mesmas pessoas. É importante ter isso em mente quando relativizamos as relativizações das opiniões.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #229 Online: 29 de Agosto de 2016, 14:31:43 »
Quer estudar  no Ensino Superior pague. Está correto.


E deixando de lado o julgamento subjetivo,  algo que podemos dizer objetivamente  é que há preços muito altos de mensalidades.  Esta é uma questão objetiva para a qual não houve comentário, sendo que é muito comum  dizer como os preços de várias coisas  são caras  no Brasil.  Enquanto que para esses preços muito caros não  houve  nenhuma criticazinha, não houve nenhuma comparação. 






Offline Diegojaf

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 24.204
  • Sexo: Masculino
  • Bu...
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #230 Online: 29 de Agosto de 2016, 14:36:29 »
Justíssimo.

No Brasil é a população que paga a formação dos universitários.

Quando a bolha estourar, vai ser justíssimo também.

Em que sentido?

No sentido de que vai corrigir uma distorção do mercado.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #231 Online: 29 de Agosto de 2016, 14:55:04 »
Quer estudar  no Ensino Superior pague. Está correto.
Apenas lembrando que correto ou incorreto, certo ou errado, dependem completamente  do sistema ético  (e/ou ideologia política) escolhido subjetivamente por cada indivíduo.

O que você julga  subjetivamente como correto  pode ser julgado  subjetivamente como incorreto. 

Um e outro não estarão  absolutamente certos ou errados, apenas se poderá dizer que estão coerentes com tal sistema ético e/ou político.

São meros julgamentos subjetivos de valores.  É importante ter isso em mente quando se faz julgamentos de certo ou errado, correto ou incorreto.

Como assim 'julgamentos subjetivos'?

Sob o ponto de vista do direito, a pessoa usou um serviço e estava ciente das condições gerais do contrato. A não ser que ela demonstre cabalmente que FOI ENGANADA, não há o que ser discutido. Ela deve. Ela que pague.

Mas se você enveredar por algo mais... filosófico, por assim dizer, querendo justificar que toda a sociedade tenha que pagar por uma OPÇÃO de parte de alguns, neste caso podemos discutir isto.
Foto USGS

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #232 Online: 29 de Agosto de 2016, 14:56:51 »
Justíssimo.

No Brasil é a população que paga a formação dos universitários.

Quando a bolha estourar, vai ser justíssimo também.

Em que sentido?

No sentido de que vai corrigir uma distorção do mercado.

Correndo o risco de ser vítima de uma gozação...

Eu concordo. Quem emprestou sem garantia, que arque com as consequências. Mas mais ainda deve ser penalizado quem usou o serviço sabendo que não tinha como pagar.
Foto USGS

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #233 Online: 29 de Agosto de 2016, 15:30:44 »
Justíssimo.

No Brasil é a população que paga a formação dos universitários.

E lá são os estudantes que pagam/se endividam por programas esportivos decrépitos.

Provavelmente novamente é algo em que temos melhores exemplos em outros lugares, para ambos os casos, seja de subsídio estatal, ou algo completamente privado.

Offline Gauss

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.232
  • Sexo: Masculino
  • A Lua cheia não levanta-se a Noroeste
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #234 Online: 29 de Agosto de 2016, 16:13:21 »
Quer estudar  no Ensino Superior pague. Está correto.


Apenas lembrando que correto ou incorreto, certo ou errado, dependem completamente  do sistema ético  (e/ou ideologia política) escolhido subjetivamente por cada indivíduo.

O que você julga  subjetivamente como correto  pode ser julgado  subjetivamente como incorreto. 

Um e outro não estarão  absolutamente certos ou errados, apenas se poderá dizer que estão coerentes com tal sistema ético e/ou político.

São meros julgamentos subjetivos de valores.  É importante ter isso em mente quando se faz julgamentos de certo ou errado, correto ou incorreto.

Tudo tem um custo. Estudar custa caro. Eu pago a minha faculdade, meus colegas em sua maioria também pagam. Existem financiamentos oferecidos por bancos ou até mesma pela própria faculdade ou governo(o governo financiar é arriscadíssimo, inclusive). Há a opção de a faculdade oferecer bolsas através de um fundo próprio para pessoas de baixa renda, o que é justíssimo. Mas tem um custo também saneado pela faculdade ou por alguma outra instituição. Tudo tem um custo. Agora, se a discussão for se as pessoas devem estudar de graça o  ensino superior, é meramente filosófico como sugeriu o Geo. No mundo que vivemos, é assim que funciona.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #235 Online: 29 de Agosto de 2016, 16:22:16 »
As coisas teoricamente poderiam ser tais que, a sociedade enriquece mais subsidiando a formação superior da população. (Ao mesmo tempo em que se evitaria distorções como os alunos se endividarem financiando programas esportivos, e não sua própria formação)

A "subjetividade" está em geralmente se ter uma opinião sobre isso ser mesmo verídico de modo geral, ou mesmo se é moralmente aceitável, apesar de um benefício geral concreto.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #236 Online: 29 de Agosto de 2016, 16:35:05 »
Justíssimo.

No Brasil é a população que paga a formação dos universitários.
E lá são os estudantes que pagam/se endividam por programas esportivos decrépitos.

Não entendi, Buck.


Provavelmente novamente é algo em que temos melhores exemplos em outros lugares, para ambos os casos, seja de subsídio estatal, ou algo completamente privado.

Tudo bem. Concordo.

Mas o ponto central nesta discussão é: Aqueles que contraíram uma dívida devem pagar por ela.
Foto USGS

Offline Gauss

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.232
  • Sexo: Masculino
  • A Lua cheia não levanta-se a Noroeste
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #237 Online: 29 de Agosto de 2016, 16:57:00 »
As coisas teoricamente poderiam ser tais que, a sociedade enriquece mais subsidiando a formação superior da população. (Ao mesmo tempo em que se evitaria distorções como os alunos se endividarem financiando programas esportivos, e não sua própria formação)

Teoricamente era para ser essa mais ou menos a ideia das Universidades públicas aqui, não?
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #238 Online: 29 de Agosto de 2016, 17:18:31 »
Justíssimo.

No Brasil é a população que paga a formação dos universitários.
E lá são os estudantes que pagam/se endividam por programas esportivos decrépitos.

Não entendi, Buck.


Os alunos se matriculam e pagam pela formação profissional, mas a maior parte de dinheiro investido é nos esportes, mesmo que percam dinheiro com esse empreendimento.

<a href="https://www.youtube.com/v/guHL1pNtVS8" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/guHL1pNtVS8</a>





As coisas teoricamente poderiam ser tais que, a sociedade enriquece mais subsidiando a formação superior da população. (Ao mesmo tempo em que se evitaria distorções como os alunos se endividarem financiando programas esportivos, e não sua própria formação)

Teoricamente era para ser essa mais ou menos a ideia das Universidades públicas aqui, não?

Talvez seja em algum grau, embora uma parte do investimento vá pelo ralo em cracolândias de luxo e/ou produção de coisas que seriam mais baratamente geradas no gerador online de pós-modernismo.

http://www.elsewhere.org/journal/pomo/

Offline Gauss

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.232
  • Sexo: Masculino
  • A Lua cheia não levanta-se a Noroeste
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #239 Online: 29 de Agosto de 2016, 17:29:21 »
Talvez seja em algum grau, embora uma parte do investimento vá pelo ralo em cracolândias de luxo e/ou produção de coisas que seriam mais baratamente geradas no gerador online de pós-modernismo.

http://www.elsewhere.org/journal/pomo/

Creio que esse seja um problema maior na parte de humanidades. Em outras áreas mais "técnicas" a produção científica é muito boa.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #240 Online: 29 de Agosto de 2016, 19:41:02 »
Quer estudar  no Ensino Superior pague. Está correto.
Apenas lembrando que correto ou incorreto, certo ou errado, dependem completamente  do sistema ético  (e/ou ideologia política) escolhido subjetivamente por cada indivíduo.

O que você julga  subjetivamente como correto  pode ser julgado  subjetivamente como incorreto. 

Um e outro não estarão  absolutamente certos ou errados, apenas se poderá dizer que estão coerentes com tal sistema ético e/ou político.

São meros julgamentos subjetivos de valores.  É importante ter isso em mente quando se faz julgamentos de certo ou errado, correto ou incorreto.

Como assim 'julgamentos subjetivos'?

Sob o ponto de vista do direito, a pessoa usou um serviço e estava ciente das condições gerais do contrato. A não ser que ela demonstre cabalmente que FOI ENGANADA, não há o que ser discutido. Ela deve. Ela que pague.

Mas se você enveredar por algo mais... filosófico, por assim dizer, querendo justificar que toda a sociedade tenha que pagar por uma OPÇÃO de parte de alguns, neste caso podemos discutir isto.


A ideia e julgamento de que só é correto  que o Estado ofereça educação pública de nível fundamental e médio é meramente uma ideia baseada em ideias políticas, subjetivas, valores pessoais:

Não existe objetividade na afirmação de que o correto é apenas o Estado fornecer educação pública de nível fundamental e médio; e não existe objetividade na afirmação de que incorreto  que o Estado forneça educação pública de nível superior (e gratuita para os usuários diretos).


Tais julgamentos são políticos, baseados em ideologias políticas subjetivamente acolhidas.




« Última modificação: 29 de Agosto de 2016, 19:44:29 por JJ »

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #241 Online: 29 de Agosto de 2016, 19:44:01 »
Talvez seja em algum grau, embora uma parte do investimento vá pelo ralo em cracolândias de luxo e/ou produção de coisas que seriam mais baratamente geradas no gerador online de pós-modernismo.

http://www.elsewhere.org/journal/pomo/

Creio que esse seja um problema maior na parte de humanidades. Em outras áreas mais "técnicas" a produção científica é muito boa.



Ainda bem que pôs essa palavrinha entre aspas.








Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #242 Online: 19 de Outubro de 2016, 08:40:55 »


Origens do bipartidarismo. Uma tentativa de entender as eleições norte-americanas
 


Antonio Pedro Tota

Professor de História da América no Curso de Relações Internacionais da PUC-SP

 
RESUMO


A eleição nos Estados Unidos intriga os brasileiros. Poucos conseguem entendê-las: nem mesmo os americanos sabem exatamente como funciona sua democracia. Não escolhem o presidente pelo voto direto, como aqui. Delegam o poder de escolha a um Colégio Eleitoral composto por representante dos dois únicos partidos que conseguem realmente participar do processo.

Palavras-chave: eleições norte-americanas; Barack Obama; primárias; bipartidarismo.

SUMMARY

The American elections are a mystery for Brazilians. Even for Americans elections are difficult to understand. Under the Electoral College system the popular vote for president has no significance. For us is a basic principle. The two party system creates barriers for a small party. It is impossible, for a third party, to achieve power.

Keywords: American elections; Barack Obama; primaries; two party system.

 

 

Novembro de 2004, Universidade de Maryland, cerca de vinte minutos da Casa Branca, Washington DC. Os Estados Unidos estavam em alerta total, não por questões de segurança nacional: a tensão era pela disputa entre o democrata John Kerry e o republicano George W. Bush, buscando a reeleição. "Não se troca o cavalo no meio da jornada." Essa metáfora western-hollywoodiana foi usada para justificar a vitória, relativamente fácil, de George W. Bush, considerado o pior presidente que os americanos já tiveram.


Militantes do Partido Democrata protestaram quando, aparentemente, alguns votos não foram contados porque os eleitores não conseguiram entender a disposição dos nomes dos candidatos nas cédulas - que são diferentes em cada estado. Intrigado com o mecanismo das eleições que eu não podia entender completamente, por mais atenção que prestasse, pedi a um professor de História Americana explicações sobre o sistema eleitoral do país. O professor não hesitou em responder: "não sabemos exatamente".


O processo eleitoral nos Estados Unidos é bastante complexo e confuso, para os próprios americanos; para nós, é quase impossível de entender. A leitura de um livreto editado pelo Bureau of International Information Programs1 do Departamento de Estado no início do corrente ano, ajudou a esclarecer um pouco.


Os Estados Unidos da América são uma democracia representativa desde que a constituição de 1787 foi ratificada. Eleição nunca foi uma novidade para os habitantes das treze colônias inglesas na Costa Leste do continente americano. O township na América, lembrada por Tocqueville, vinha da Inglaterra e elegia seus administradores.


As eleições atuais guardam alguns resquícios dos tempos da colônia. A escolha do presidente e do vice-presidente ocorre a cada quatro anos e se realiza em anos pares. E a cada dois anos são eleitos 435 membros da câmara dos deputados, assim como, aproximadamente, um terço dos cem membros do senado (o mandato dos senadores é de seis anos).


O sistema federativo americano é muito complexo. O governo federal exerce o poder central, evidentemente. Mas nem tanto. Os governos dos estados têm muita autonomia, quando se compara com o que ocorre no Brasil. Na verdade, muitas vezes, ao governo federal não é permitido exercer certas funções que só competem ao governo dos estados. Os estados e governos locais (entenda-se governos dos condados ou county - o que corresponde mais ou menos a nossos municípios) têm uma variedade muito grande de independência. Há dois tipos básicos de eleições: uma primária e outra geral. As primárias são, como o nome indica, realizadas antes das eleições para presidente e servem para indicar o candidato de cada um dos dois partidos americanos, isto é, o Democrata e o Republicano. A rigor, a política dos Estados Unidos funciona como um sistema bipartidário. Há outros partidos, mas foram poucas as vezes em que um terceiro partido chegou perto da vitória. Chegou perto, mas nunca ameaçou o monopólio, ou melhor, o duopólio, dos dois partidos.


Desde o começo do século XX, as eleições primárias têm sido, em certo sentido, o principal instrumento para a escolha do candidato do partido à presidência. Raramente aquele que ganha nas primárias não é escolhido candidato do partido. Em alguns estados o candidato é escolhido por tradição em convenções locais em vez de primárias. Esse sistema é chamado caucus. O caucus é uma espécie de encontro de membros do partido de uma pequena localidade para escolher o delegado. O caucus envolve reuniões em casas de pessoas conhecidas ou clube de uma comunidade. Cada pequeno grupo reúne-se num cômodo da casa ou nas dependências do clube e tenta chegar a um consenso, depois numa reunião maior dizem o nome escolhido até chegarem a um nome comum.


Depois disso, o partido se reúne na convenção nacional, geralmente entre julho e setembro. Desde os anos 1970, já se fica sabendo o nome do candidato muito antes da convenção. É o que está acontecendo agora: McCain, pelo Republicano, e Barack Obama, pelo Democrata. Tudo isso porque eles conseguem a nomeação de delegados partidários de suas candidaturas antes que as primárias e os caucuses terminem... Assim, as convenções viram uma festa. Apitos, balões, ou melhor, bexigas, e principalmente bandas acompanhadas de cheerleaders. E os chapéus de "palheta", herança da moda do fim do XIX. Na verdade, a convenção já é um primeiro e importante passo para a propaganda nacional do candidato.


Daí vai-se para as eleições gerais. O problema é que não se escolhe somente o candidato. Alguns estados aproveitam para fazer petições por escrito na própria cédula para aprovar o orçamento de uma obra pública. Segundo o site da UOL, para a próxima eleição um grupo de democratas da Califórnia está recolhendo assinaturas para incluir nas cédulas das eleições de novembro uma proposta de mudança do nome de uma estação de tratamento de água, de "Oceanside Water Pollution Control Plant" para "George W. Bush Sewage Plant" - ou seja, Estação de Tratamento de Esgotos George W. Bush. Não é fácil votar nos Estados Unidos. A escolha do candidato, na eleição geral, é feita por meio de uma lista escrita numa cédula. Assinala-se e deposita-se numa urna. No livreto do Departamento de Estado há uma fotografia de uma funcionária segurando uma máquina de votar. Essas novas máquinas estão sendo adotadas em alguns estados.


O número de votantes vem caindo de eleição em eleição. Com exceção das duas últimas (2000 e 2004), votam no máximo 50% dos eleitores. Daí a dúvida que paira sobre a legitimidade do pleito. O voto não é obrigatório, mas voluntário. O sistema complica-se com o grande número de eleições que podem ocorrer simultaneamente nos planos local e geral. O eleitor precisa se auto-registrar, o que é diferente em cada condado, cada estado, cada pequena cidade perdida no "sertão" de Montana ou de Oregon. Tudo isso leva o americano a uma preguiça eleitoral macunaímica. E mais: a eleição não é feita num domingo, e sim em dia comum de trabalho.


Só americano nato pode se candidatar a presidente. Um terceiro mandato ficou proibido desde que a vigésima segunda emenda foi aprovada, em 1951. O último que se reelegeu por mais de uma vez foi Franklin Delano Roosevelt. No começo, isto é, em 1787, na época em que foi escrita a constituição, os chamados founding fathers não planejaram a existência de partidos na acepção moderna do termo. Os primeiros mecanismos estavam assentados nas premissas da separação entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O federalismo era a base e o presidente deveria ser eleito por um colégio eleitoral. Isso ajudou a nova república a ficar mais independente de partidos e facções políticas.


No entanto, apesar das intenções dos pais da pátria, por volta de 1800 a nova república possuía organizações políticas em bases nacionais semelhantes a partidos. Sem dúvida, isso era novo no mundo da política. Mesmo na França revolucionária, não havia exatamente partidos nacionais. Pela primeira vez podia-se transferir o poder de uma facção para a outra por meio de eleições. O desenvolvimento e expansão dos partidos foram seguidos pela extensão do direito de voto. No começo da república, somente proprietários do sexo masculino é que podiam votar. No século XIX, com a chegada dos imigrantes, a expansão para o Oeste e o crescimento das cidades, os novos atores sociais começaram a exercer poderosa pressão para uma maior participação política. Aos poucos, o direito foi se tornando extensivo a todos. Uma cena do filme O homem que matou o facínora (The man who shot Liberty Valance), de John Ford, dá uma boa idéia do significado do direito de voto adquirido pelos imigrantes. Ramson Stoddart, o advogado do Leste recém-chegado em Chimbone, uma imaginária cidadezinha perdida no Oeste, dá aulas de cidadania aos semi-analfabetos habitantes da localidade, adultos e crianças. Num determinado momento, o improvisado professor pergunta a Nora, uma sueca, o que ela havia aprendido sobre a democracia. "Se o representante em quem votamos", respondeu a imigrante, "não fizer o que prometeu, vamos dar um chute nos 'manda-chuvas' de Washington e não vamos votar mais nesses políticos." Na época em que o filme foi ambientado, isto é, pouco depois da Guerra Civil, o voto ainda não tinha se estendido às mulheres, mas já havia clara consciência dos direitos. Direitos limitados, entretanto. Depois da Guerra Civil, teoricamente os ex-escravos estavam habilitados a votar. Durou pouco. Em 1877, o programa de reconstrução foi dado por encerrado, e os negros livres voltaram a uma quase-escravidão, pelo menos em muitos estados do Sul.


O Partido Republicano e Partido Democrata têm suas origens nos predecessores do século XIX e dominam totalmente o processo eleitoral. Com raríssimas exceções, são os dois partidos que controlam a presidência, o congresso, a câmara dos deputados, os governos dos estados. Por exemplo, desde 1852 todos os presidentes foram eleitos ou pelo Partido Republicano, ou pelo Democrata. Há possibilidade da participação de outros partidos? Legalmente sim. Eles podem e têm seus candidatos. Mas a máquina dos dois partidos é de tal forma poderosa que, na prática, é impossível a eleição por meio de um terceiro partido.


Os dois partidos majoritários não têm uma programação claramente ideológica. Há, isto sim, uma base mais pragmática, o que facilita uma adaptação ao processo político.

 

OS DOIS PARTIDOS E O COLÉGIO ELEITORAL


O domínio dos dois partidos, desde os anos 1860, está ligado a aspectos da estrutura do sistema político americano. A formação de bases nacionais do partido exige um aperfeiçoamento de gerenciamento, fontes de financiamento e apelo popular para vencer nos distritos legislativos por todo o país. Sob esse sistema, pequenos partidos ou o chamado terceiro partido não têm chance de ter representação. Mas os americanos não parecem ver nisso um problema. "Estamos satisfeitos com os dois partidos. Dois partidos dão conta de nossos aspirações políticas ideológicas", parece dizer o eleitor. Além do mais, para o historiador Richard Hofstader, "o destino dos Estados Unidos da América não é o de ser uma nação que possui ideologias, mas de ser uma ideologia"2.


Tecnicamente, os americanos não elegem o presidente e o vice-presidente por meio do voto direto. Essa é uma atribuição do colégio eleitoral. Os americanos votam dentro de seus estados em um grupo de eleitores que se compromete com um ou outro candidato (somente um) e formam um Colégio Eleitoral. Cada Estado tem um determinado número de eleitores no colégio, baseado no tamanho de sua população. Em quase todos os estados, o vencedor do voto popular leva todos os votos do colégio eleitoral daquele estado. Por causa desse sistema, um candidato pode chegar à Casa Branca sem ter o maior número de votos populares em âmbito nacional. O número de eleitores corresponde ao número de representantes (deputados) e senadores de cada estado. A eleição do presidente requer maioria absoluta dos 538 votos dos cinqüenta estados.


Os pais fundadores dos Estados Unidos planejaram o colégio eleitoral para que os estados pudessem repartir o poder estatal e nacional. É por isso que, sob o sistema de colégio eleitoral, o voto popular não possui um peso significativo no resultado final. Algumas vezes, candidatos foram eleitos sem a maioria dos votos populares.


As eleições primárias (presidência, senado e governo estadual) são consideradas peças fundamentais para a existência da democracia. Se algum militante mais radical, ou mais liberal, na linguagem da cultura política americana, conseguir ser nomeado nas eleições primárias, ele pode e deve fazer valer sua plataforma política dentro dos limites do programa do partido. A elasticidade política dos partidos americanos é social e étnica. Com exceção dos judeus e dos negros americanos (que majoritariamente votam com os democratas), os dois partidos recebem votos de quase todos os segmentos sociais e étnicos do país. Ou seja, os partidos têm grande flexibilidade e grande diversidade a ponto de absorver em suas fileiras radicais de todos os lados. Em outras palavras, como já vimos, quando um partido assume o poder, o pragmatismo tende a suplantar a ideologia. E para complicar mais as coisas, um presidente não pode exigir do senador ou deputado de seu próprio partido um voto de lealdade partidária.


Se a exigência de maioria absoluta torna impossível a eleição de um candidato por um terceiro partido, algumas vezes isso quase foi possível. Em fevereiro de 1912, o ex-presidente Theodore Roosevelt quis disputar a indicação como candidato do Partido Republicano. A disputa era severa. Do outro lado do partido estava William Howard Taft, antigo amigo de Roosevelt que disputava a reeleição. A máquina do partido estava nas mãos dos seguidores de Taft. Roosevelt, sabendo que seria derrotado, fundou um novo partido de caráter progressista. Durante sua presidência, Roosevelt ficou conhecido como durão e se dizia forte como o alce gigante encontrado nas florestas frias da América do Norte - em inglês, moose. O novo partido ficou conhecido como Bull Moose Party. Três nomes disputavam a eleição em novembro de 1912: Theodore Roosevelt pelo Bull Moose Party, William Taft pelo Partido Republicano e Woodrow Wilson pelo Partido Democrata. A participação de um candidato (Roosevelt) com forte apelo popular por meio de um terceiro partido que tentava romper com a tradição do bipartidarismo só serviu para dividir os eleitores do Partido Republicano. O democrata Wilson, como sabemos, foi eleito. Theodore Roosevelt arrumou sua bagagem e veio curtir a ressaca da derrota na selva amazônica, ao lado de Cândido Rondon3. Algo parecido ocorreu em 1992 quando o bilionário texano Ross Perot saiu por um terceiro partido com uma plataforma conservadora. O Partido Republicano dividiu-se, e Bill Clinton, do Partido Democrata, venceu, derrotando George Bush pai. Há quem afirme que a candidatura do verde Ralph Nader foi financiada, secretamente, pelo Partido Republicano, já que Nader surrupiou muitos votos que iriam para Al Gore, do Partido Democrata, facilitando a duvidosa vitória de George W. Bush em 2000. Ou seja, a candidatura por um terceiro partido é legal, mas a eleição, impossível.

 

ORIGEM DOS PARTIDOS


O Partido Republicano que elegeu Abraham Lincoln em 1860 descendia do "Partido Federalista/Whig". Nasceu com base de uma plataforma reformista, progressista, antiescravista e favorável a taxas que protegessem as indústrias e manufaturas. Durante a ausência dos democratas no Congresso (na Guerra Civil 1861-1865), o Partido Republicano implementou leis favoráveis aos negócios e aos agricultores do Norte: com altas tarifas, ferrovia transcontinental, assentamentos de agricultores no Oeste (homesteads). A vitória do Norte na Guerra Civil garantiu o domínio dos republicanos até 1913 (exceção feita a dois mandatos de Grover Cleveland, em 1885-1889 e 1893-1897). Em grande parte, graças à Guerra Civil, consolidou-se como um dos dois partidos que dominam o cenário político americano.


Já o Partido Democrata originou-se no "Partido Republicano Jeffersoniano", por volta de 1790, para opor-se ao "Partido Federalista/Whigs". De Jefferson, o partido recebeu os fundamentos de um governo mínimo - opondo-se aos impostos que os Federalistas defendiam - e o apoio aos interesses agrários, em especial os do Sul. Nos anos 1830, o Partido Populista de Andrew Jackson (apoiado por pequenos agricultores) reforçou as fileiras do Partido Democrata, transformando-o. Com a Guerra Civil, o Partido Democrata, por ter iniciado a secessão, ficou associado aos sulistas, ao racismo e ao reacionarismo.


Os herdeiros políticos democratas-jacksonianos-populistas renasceram no final do século XIX com uma plataforma de defesa dos interesses dos pequenos sitiantes (farmers) e de trabalhadores em geral. Esse grupo acabou por se fundir aos progressistas de Theodore Roosevelt, representado também pelos partidários de Wilson do Partido Democrata. Nos anos 1920, muitos membros do Partido Democrata - que haviam ficado fora do poder por muitos anos - fundiram-se aos conservadores do Partido Republicano. Foi aproximadamente nesse período que os dois partidos começaram a mudar de sinal. Isto é, a bandeira de conservadorismo passou para o Partido Republicano, e a bandeira do liberalismo (na concepção americana), mais progressista, passou para o Partido Democrata, que finalmente se livrou do estigma de escravista. Mas foi somente com Franklin Delano Roosevelt (depois de 1933) que o Partido Democrata foi transformado em verdadeiro agente de uma revolução democrática, que reviveu as reformas wilsonianas (e também do primeiro Roosevelt), radicalizando-as. Devem-se levar em conta as particularidades do Sul dos Estados Unidos, onde o Partido Democrata continuou sendo o baluarte de um reacionarismo racista. A revolução de Roosevelt apoiava-se fortemente na classe operária dos grandes centros urbanos e industriais, na classe média ascendente, nos sindicatos, em minorias étnicas e religiosas e em alguns democratas do Sul.

 

PRIMÁRIAS


As eleições primárias nem sempre foram a regra nos Estados Unidos. No século XIX e em parte do XX, a escolha do candidato se fazia nas convenções, que eram controladas pelos líderes dos partidos. A liderança política usava sua influência para garantir que os delegados votassem corretamente (de acordo com o interesse dos grupos) na convenção. No entanto, no começo do século XX, os oponentes dos caciques dos partidos demandaram modificações no sistema de escolha. Aos poucos, muitos estados começaram a fazer eleições para a escolha dos delegados, isto é, eleições primárias. Em 1916, mais da metade dos estados americanos já realizavam esse tipo de eleição. Durou pouco a alegria das oposições aos caciques. Depois da Primeira Guerra, os poderosos do partido perceberam que as primárias minavam a estrutura de poder criada e mantida há muitos anos. Houve pressões sobre os poderes dos estados: as primárias eram muito caras, e poucas pessoas participavam ó esse era o argumento deles. Na eleição de 1936, somente doze estados as realizaram.


Depois da Segunda Guerra Mundial, o crescimento das cidades, a expansão dos subúrbios e, principalmente, a difusão da televisão como meio de comunicação de massas transformaram a sociedade americana. Antes mesmo de 1960, quando Kennedy foi eleito, mais de 90% das famílias americanas possuíam pelo menos um aparelho de televisão. E foi a televisão que ajudou a trazer de volta as eleições primárias. A maioria das pessoas podia ver e ouvir as campanhas políticas entre a propaganda de um sabão em pó e de um novo modelo de aspirador ou de uma soap opera. Um candidato a presidente poderia exibir seu popular appeal, como foi o caso de John Kennedy. Da televisão para a retomada na participação das primárias foram necessárias algumas décadas. Até chegar à situação atual.


A vitória de Obama sem dúvida insere-se nesse quadro. O papel de Oprah Winfrey, conhecida líder de audiências na televisão americana em talk-show, não foi determinante, mas foi fundamental. Ela abraçou a candidatura de Barack Obama. E isso, sem dúvida, ajudou o senador por Illinois a superar Hillary Clinton em várias primárias em redutos brancos do Centro-Oeste e Centro-Norte. Controvérsias dentro do Partido Democrata podem ainda complicar as coisas. O historiador Sean Wilentz, autor de livros sobre a democracia americana, põe em dúvida a lisura da campanha de Obama. E as militantes feministas democratas hillaristas preferem votar em McCain por discordar da plataforma mais elástica de Obama, que pode dar margem a interpretações machistas. No recente encontro pela unidade do partido, elas gritavam da platéia: "Nobama!", ou ainda "Snobama!", uma alusão ao caráter elitista do jovem advogado formado em Harvard.


O que sabemos, neste meio de ano eleitoral americano, é que as pesquisas indicam uma ampla vantagem para o candidato afro-americano. É fato inédito na história de um país com heranças racistas.

 

 

Recebido para publicação em 14 de junho de 2008.

 

 

[1] USA - Elections in brief. Bureau of International Information Programs. U.S. Department of State. <http://usinfo.state.gov/ 2008>, acessado em 01/07/2008.         [ Links ]
[2] Ver Lipset, Seymour Martin. American excepcionalism - a double edge sword. Nova York: W.W.Norton & company, 1996, p. 18.         [ Links ]
[3] Ver Millard, Candice. O rio da dúvida: a sombria viagem de Theodore Roosevelt e Rondon pela Amazônia. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.        [ Links ]




http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002008000200007



EM PDF:


http://www.scielo.br/pdf/nec/n81/07.pdf

« Última modificação: 19 de Outubro de 2016, 08:51:01 por JJ »

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #243 Online: 19 de Outubro de 2016, 08:50:11 »
Ótima análise.
Foto USGS

Offline Pedro Reis

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 4.084
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #244 Online: 19 de Outubro de 2016, 09:28:42 »
O curioso é que o partido democrata, em sua origem, era mais reacionário e sulista. E o republicano mais progressista e nortista.

Ao longo do século 20 essa configuração quase se inverteu.


Offline Pasteur

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.305
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #245 Online: 03 de Fevereiro de 2017, 22:14:31 »
Citar
Os amigos dos EUA segundo os americanos (dos mais pros menos):

Canada
Britain
Australia
France
Ireland
Italy
Germany
New Zealand
Sweden
Norway
Switzerland
Netherlands
Denmark
Finland
Spain
Israel
Iceland
Austria
Belgium
Greece
Japan
Poland
Greenland
Brazil
Portugal   
Luxembourg
South Korea
Hungary
Costa Rica
India
Dominican Republic
Panama
Chile
Haiti
South Africa
Taiwan
Czech Republic
Thailand
Peru   
Argentina
Philippines
Mexico
Romania
Madagascar
Ecuador
Paraguay
Morocco
Lithuania
Slovenia
Uruguay
Malaysia
Indonesia
Estonia
Georgia
Croatia
Nepal
Jordan
Guatemala
Honduras
Papua New Guinea
Ukraine
Bulgaria
Egypt
Armenia
Bangladesh
Ethiopia
Kenya
Latvia
Guyana
Tanzania
Guinea
Bolivia
Moldova
Turkey
Cameroon
Macedonia
Montenegro
El Salvador
Albania
Namibia
Mali
Bosnia and Herzegovina
Vietnam
Mongolia
Kuwait
Slovakia
Laos
Gabon
Zambia
Botswana
Zimbabwe
Ivory Coast
Niger
Belarus
Uganda
Mauritania
The Democratic Republic of the Congo
Kosovo
Ghana
Bahrain
Mozambique
Angola
Burkina Faso
Nicaragua
Bhutan
Oman
Nigeria
Colombia
United Arab Emirates
Congo
Cambodia
Sierra Leone
Serbia
Chad
Kyrgyzstan
Suriname
Myanmar
Rwanda
Algeria
Azerbaijan
Central African Republic
Tunisia
Turkmenistan   
Venezuela
Kazakhstan
Saudi Arabia
Liberia
Cuba
China
Tajikistan
South Sudan
Lebanon
Sudan
Yemen
Palestinian Territories
Pakistan
Somalia
Russia
Libya
Afghanistan
Iraq   
Syria
Iran
North Korea

NYT

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #246 Online: 05 de Fevereiro de 2017, 16:02:37 »
Por que o Brasil está um nível acima de Portugal? :hein:

E ambos uma porção de níveis acima do Chile...


Até acima do México! Isso é um ranking Trumpiano?

Offline Gauss

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.232
  • Sexo: Masculino
  • A Lua cheia não levanta-se a Noroeste
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #247 Online: 05 de Fevereiro de 2017, 17:50:08 »
Por que o Brasil está um nível acima de Portugal? :hein:

Você confia em portugueses? ::)
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Gigaview

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.604
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #248 Online: 05 de Fevereiro de 2017, 18:56:43 »
As relações EUA-Portugal são excelentes. Diria que são até melhores que EUA-Brasil, se não fosse pelo peso decorrente da dimensão continental do Brasil.

https://en.wikipedia.org/wiki/Portugal%E2%80%93United_States_relations

Pelos critérios trumperianos de sucesso é de se estranhar a posição da Grécia e da Espanha pois são dois países quebrados que vão a reboque da Comunidade Européia. Não posso imaginar que tipo de relação os EUA teriam com esses países sem o aval da Europa.
« Última modificação: 05 de Fevereiro de 2017, 19:01:12 por Gigaview »
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Estados Unidos da América
« Resposta #249 Online: 27 de Fevereiro de 2017, 12:16:59 »


A Guerra Secreta de Obama


Em 30 de setembro de 2011, Anwar al-Awlaki, um tipo de pregador muçulmano radical que ganhou força na turba incontrolável de acontecimentos do Pós-11/9, foi destroçado pelo míssil de um drone controlado a distância por algum jovem oficial militar. Parecia mais uma morte corriqueira em uma republiqueta com poder dividido entre tribos tão poderosas quanto o mandatário igualmente ditatorial e cruel, mas ela gerou revolta e uma ampla discussão jurídica que tomou boa parte dos ativistas dos Estados Unidos.


Al-Awlaki era considerado “a principal face do terror no Iêmen, envolvido na doutrinação e até — possivelmente, já que nunca se investigou completamente a questão — no planejamento de ataques terroristas da Al-Qaeda. Junto com ele, morreu seu filho Abdul. Mas, ao contrário do que disseram na época, o jovem de 16 anos não morreu junto com o pai, mas em um segundo ataque, também com drones. Abdul só foi identificado porque restou um único pedaço do crânio dele com uma mecha longa de cabelo, um cabelo com estilo bem diferente da utilizada no Iêmen.


As duas mortes foram parte das diretrizes especiais aprovados pelo próprio presidente americano Barack Obama. Segundo o jornalista investigativo Greg Palast em sua coluna na revista VICE, toda terça-feira Obama analisa listas de pessoas marcadas para morrer ao redor do mundo e aprova as operações secretas que as mandarão dessa para uma melhor. Tudo feito silenciosamente, sem julgamento.


O detalhe é que Anwar e Abdul eram cidadãos americanos, o que os torna privilegiados — os primeiros americanos assassinados por drones sem julgamento.


Seguido dos assassinatos, veio o cinismo. Quando questionado do motivo da morte do menino — repare que Anwar já fora considerado um alvo legítimo, já que teoricamente os Estados Unidos estavam em guerra contra o Terror e Anwar era um traidor dessa guerra — o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs na época, respondeu simplesmente:

“Eu sugeriria que ele tivesse um pai mais responsável”.

Pra que produzir relatórios e mais relatórios falsos e possíveis mentiras bem arquitetadas no melhor estilo CIA de ação, quando uma dose sarcástica de cinismo resolve tudo nesses tempos malucos? Essa é a Nova Fase da Guerra Contra o Terror, que não mais envolve os processos burocráticos rotineiros de guerra — não existem mais declarações oficiais, cuidado com prisioneiros, acordos de paz e coisas do gênero. Agora temos esquadrões de drones e grupos de operações especiais que nem mesmo constam nos registros oficiais.

al-Awlaki, que virou apenas um pedaço de carvão após ser achado por um drone


Por volta do ano 2000, Eu era apenas um moleque (ou um adolescente moleque) com recente acesso a Internet e uma curiosidade grande. Na época, pesquisava tudo que podia sobre espionagem e guerras, especialmente a II Guerra Mundial. Até que li o livro Congo, de Michael Crichton. Em uma certa parte, o autor faz uma digressão sobre o que seria a Guerra do Futuro, toda controlada por máquinas e encerradas em questão de dias ou até minutos. A mente humana era apenas coadjuvante nesse universo meio Isaac Asimov. Lembro de ter ficado especialmente desapontado quando li aquilo.


Pra onde iriam as operações cuidadosas? As missões de reconhecimento? Momentos heroicos? Espionagem? Certamente para os livros de História. Mas obviamente a Realidade se mostrou um pouco diferente. Crichton previa um mundo polarizado como a Guerra Fria, com duas ou três superpotências rumo à tecnologias quase inacreditáveis, mas hoje temos terroristas, guerrilhas que usam a Internet para se propagar e grupelhos de poucas centenas com alcance mundial. As máquinas como última Entidade de Guerra parece uma utopia agora e a mente humana precisa novamente descer a lama da guerra para garantir a hegemonia dos Estados Unidos.
Isso ficou ainda mais claro após a CIA e a NSA e seus aparatos de espionagem titânicos não serem capazes de evitar o 11/9 e outros ataques terroristas pelo mundo.
Mas as máquinas também entraram nesse jogo sujo. De forma diferente da prevista ambiciosamente por Crichton, mas ainda lá. Ao invés de controlarem a guerra, elas seriam as pontas-de-lança dos embates — guerreiros sujos que não sentem dor ou remorso.


E elas matam pra valer, sem precisarem de ordens de juiz ou qualquer tipo de licença. Após Anwar, inúmeros outros morreram pela ação de drones. No Iêmen, a guerra não-declarada ganhou dimensões ainda mais bizarras, já que fazia parte de uma espécie de consórcio de matança: os americanos matavam quem eles queriam, e o governo do Iêmen assumia a responsa. Em 2009, um míssil de cruzeiro foi disparado de um navio na costa do país e atingiu a vila de Majala, o que foi logo seguido a uma declaração bisonha do governo local, afirmando que matara supostos terroristas. Não demorou para descobrirem que os terroristas eram 14 mulheres e 21 crianças. O repórter iemenita Abdulelah Haider Shaye visitou o local, fotografou os restos do tal míssil e a farsa foi descoberta… e ele acabou na cadeia pela denúncia. Quando o presidente do Iêmen Ali Abdullah Saleh deu perdão ao repórter, Obama ligou para ele e exigiu medida um pouco menos democrática — que ele ficasse preso “por uns tempos”.

Em 12 de dezembro de 2013, um comboio de carros rumava para um casamento movimento em terras iemenitas. Era o tipo de festa tribal imperdível na região. Virou tragédia quando drones da CIA detonaram o carro e o transformaram em uma pilha de destroços retorcidos. Segundo informações, ali dentro iam “de quatro a cinco terroristas da Al-Qaeda”, mas no fim não havia nenhum. Todas as 15 pessoas do comboio morreram sem nem entenderem o que ocorreu. É, talvez Crichton devesse ser levado em consideração em planejamento de guerra…


Junto com a Somália e Paquistão, o Iêmen é uma espécie de campo de treino onde as forças americanas podem utilizar drones sem enfrentarem quaisquer obstáculos. É como se o país fosse um campo de batalhas alugado. O uso dos aparelhos é catalogado desde 2004. Foram mais de 380 ataques entre 2004 e 2013, “com entre 2.534 mil e 3.642 mil mortos”, segundo um estudo publicado pelo Bureau of Investigative Journalism. Tinham cerca de 700 civis no meio. Mais de 85% desse sangue todo derramado por máquinas ocorreu durante a administração Obama.


É bem fácil entender todo o conceito por trás da utilização dos drones de forma assustadoramente pragmática. Após Bush e suas guerras-atoleiro, sem fim e com orçamentos mamutescos, não deve ter sido difícil para Obama iniciar uma Nova Nova Era das Guerras. Saem os milhares de soldados, entram os drones e as tropas especiais. Saem as operações caras, entram os “assassinatos seletivos”. Não é difícil imaginar um Obama orgulhoso segurando uma pasta ultra-secreta com nomes para serem riscados do mapa apenas por uma ordem dele.

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!