Dizer que a matemática não tem significado intrínseco é como dizer que a linguagem também não tem.
Exatamente e, como eu já disse antes (se você se lembra), a matemática é, apenas, uma linguagem HUMANA e, de modo algum, a "linguagem da natureza" (como se costuma pensar). Nenhuma linguagem tem significado intrínseco de forma que, para traduzir qualquer linguagem, é necessário ter o código gerado durante sua criação. Sem o código, qualquer linguagem nada significa.
O que eu fiz foi pegar o conceito que mais teve significado na mensagem dele e destacar. É uma recursividade possível na linguagem. No seu caso está usando o termo código com uma certa propriedade que poderia ser equiparada a linguagem, como no caso da linguagem científica. Por exemplo, os genes são o código da vida.
Há confusão em suas construções linguísticas (o que dificulta a minha compreensão do que diz -- ou quer "tentar" dizer -- e deve afetar, também, a compreensão do que digo).
Os genes não são o código da vida. São códigos que usamos para tentar interpretar processos e fenômenos mais fundamentais da vida (totalmente INVENTADOS por mentes humanas, os que conhecemos). Códigos linguísticos são regras interpretativas dos símbolos e das associações dos símbolos linguísticos. A natureza não possui nenhum código definível em si mesma. É esta a razão da linguagem ser tão "perigosa" para a apreensão da mesma (da natureza).
A própria matemática é uma realidade da vida e conseguentemente do universo.
A matemática pode ser uma realidade da vida cognitiva humana mas, definitivamente, não do universo. Esta ligação consequente que você estabeleceu entre a "vida" e o universo explicita um pensamento antropocêntrico e, até, antropomórfico universal incompatível com ceticismo.
Um universo "morto" não quer dizer que seja diferente do qual temos.
De fato, não é diferente mesmo. O universo que "temos" (você é quem diz -- eu, antes, preferiria dizer *que nos CONtém*) é morto no sentido de que "vida" (o conceito que a mente tem de) é mais uma construção ilusória da mente. Não há vida no universo e nem o mesmo é vivo ou é vida. Há processos e as categorizações dos mesmos são mais construções ilusórias da mente QUANDO A MENTE PROJETA SUAS CARACTERÍSTICAS, SUAS PROPRIEDADES NESSES PROCESSOS.
Somos nós mesmos, seres vivos, que nos diferenciamos dos seres não-vivos.
Mas é muita confusão e falta de clareza MESMO (deve ser efeito do "barroquismo" gerado pela filosofação). "Seres não-vivos" soa estranho ainda que o substantivo ser aplique-se, de fato, a qualquer coisa que simplesmente "exista". Nos diferenciamos (no sentido que você insinua querer tomar das palavras) do que "não é vivo" não a partir da nossa condição de "seres vivos", mas de seres mentais, porém essa "diferenciação", quando vista como transcendente, é mero produto de fantasia mental, como crer que linguagens criadas pela mente podem possuir significado intríseco, autônomo. Ou, o que pode ser pior, crer que essas linguagens podem ser representações fidedignas da estrutura da natureza.
Eu posso não ter sido bem claro no meu post, o que nem sempre é possível, devido ao reduzido espaço utilizado.
Sem dúvida, não foi mesmo e, realmente, nem sempre é possível ser claro (fato que demonstra a ausência de significado intrínseco em nossa linguagem intercomunicativa) e você continua não sendo: "Reduzido espaço utilizado". O que você quis dizer com isso? Aqui, diferentemente daquele site a que te direcionei (em que eu tinha, por vezes, que abreviar as palavras para que meus comentários coubessem nos 500 caracteres disponíveis -- na época em que escrevi, pelo menos),por exemplo, há bastante espaço para escrever. Lá eu tinha que me esforçar para ser bem claro e concatenado. Mas te adianto que, como eu já disse, não é por falta de espaço ou de tempo que nem sempre é possível ser linguisticamente claro. É porque nenhuma linguagem tem significado intrínseco mesmo. Contudo, teria sido melhor se tivesse dito que não teve *tempo* para glosar com mais clareza.
P.S. Lembra-se de que 'lá' comentei sobre uma "linguagem de máquina" da natureza, a qual os cientistas compreendem?
Não entendi essa suposta falta de significado da matemática.
Não é suposta e, para perceber isso, você precisa libertar-se um pouco mais da filosofia.
Liberdade é um dos conceitos mais amplamente empregados e utilizados na filosofia. E conselhos comportamentais e cognitivos são uma grande marca da religião e da auto-ajuda. Você se torna muito repetitivo com esse discurso e demonstra mais sobre você mesmo.
Se liberdade é um conceito amplamente empregado em filosofia, garanto-te que não tenho nenhuma responsabilidade (culpa) por isto, e não estou oferecendo conselho nenhum aqui. Liberdade é um conceito usado em Física, se desconhece. Estou apontando para a condição necessária para que possa entender o que você mesmo afirmou não ter entendido.
Se demonstro mais sobre mim mesmo está ótimo (desde que esteja me entendendo corretamente) mas, acusar-me de repetitividade é algo descabido. Que outra alternativa há, além da repetição (ainda que de "formas variadas"), quando o interlocutor não nos entende? Só se for a desistência (que eu costumo muito usar).
Então o termo "significado intrínseco" não possui um significado intrínseco. Se você quer derrubar a matemática ou outras linguagens através da própria linguagem, estará caindo em contradição.
E não possui mesmo. Não me pareceu que o objetivo do Dbohr fosse "derrubar" a matemática ou qualquer outra linguagem específica (tenho impressão de que você tomou a coisa como pessoal).
Eu já disse antes, mais de uma vez (procure analisar BEM isso): o problema maior da ilusão é que ela não pode ser observada diretamente pelo iludido. Só pode ser percebida indiretamente. No caso específico das linguagens humanas, este problema da ilusão é o maior de todos pois a mente humana *É* a linguagem. É preciso entender isso para que seja possível "libertar-se" dela, o que é muito difícil, me parece (tem me parecido aqui, pelo menos).
Parece os escolhidos de deus dizendo que somente os escolhidos podem saber de deus, tinha um recentemente aqui assim, não me recordo o nick dele. Ilusão é o conceito que está usando para proferir sua idéia do que é correto e o que não é correto. Claro que não é só sua, existem idéias para dar e vender no universo. Ainda bem que você comprou a do ceticismo e está até defendendo o ceticismo de "verdade".
Querendo usar do meu próprio veneno contra mim, Adriano? Causas-me risos, meu caro. É inútil e disparatado comparar-me a estes.
Deve estar se referindo ao Nada -- o maior viajante maionésico que vi por aqui. Não me ofendo, mas sinto por você, em vê-lo exibir tão tacanha capacidade discriminadora, o que muito me entristece.
Só uma correção: não existem idéias no universo. Elas só "pensam" que existem, NAS mentes.
Perceba o paradoxo do que está querendo expor, já que a origem da linguagem (matemática inclusa) está ligada a toda uma busca de significação do mundo. Neste mundo está incluido o conhecimento objetivo (Popper) formalizado nas bibliotecas e consequentemente na ciência. São soluções (criações) aos problemas históricos existentes.
A "significação do mundo" não precisa, não pode e não deve ser "buscada", mas a mente pode cometer erros ao (tentar) "interpretá-la". É aí que entra todo o problema da filosofia, inclusive na matemática.
A mente é mais uma dessas significações filosóficas. Problemas é outra conceituação referente a realidade observada e a prospecção de uma realidade melhor mediante a construção de soluções modificadoras desta.
Você está entendendo as coisas que digo ou está aturdido com algo? A mente é uma significação filosófica? Com isso você define a mente como subproduto filosófico? Não seria o contrário? Quem surge primeiro: a mente ou o filósofo?
Uma coisa, COM CERTEZA, você está conseguindo com tudo isso: tornar-se um belo dançarino de minueto. Ainda está um pouco cambaleante, mas você chega lá.