O ROE (Return On Equity) dos bancos estatais é péssimo, com as exceções do Banco do Brasil e da CEF, porque estes tem o predomínio, assegurado por lei, do financiamento da agricultura e da habitação, cujos recursos são assegurados pelo Tesouro Nacional e pelo FGTS, respectivamente.
Nos relatórios do Banco Central, denominados "50 maiores bancos e o Consolidado do Sistema Financeiro Nacional" é possível verificar que os cinco maiores bancos privados tinham melhor correlação de ROE até 2.007. Mas em 2.008 e 2.009, com a crise e a retração econômica mundial, os dois mega bancos estatais brasileiros, assumiram a ponta, com uma ROE um pouco superior aos dos cinco maiores bancos privados.
E isto ocorreu por determinação política, onde o governo federal ordenou que estas instituições alavancassem operações cujos riscos nenhum banco do setor privado assumiria, principalmente no período entre setembro de 2.008 e agosto de 2.009. Os especialistas afirmam que a partir de 2.011 é que o quadro de rentabilidade será mais claro, já sem a influência da crise.
A eficiência operacional dos bancos privados é significativamente melhor que os bancos públicos, porque estes frequentemente são manipulados com o intuito de "resolver" problemas de empresas ou setores da economia onde há forte presença de políticos ou apaniguados, sem contar que estes bancos são feudos de sindicatos pelegos.
Poderia por favor descrever com números, onde, como e quando e os atuais bancos públicos federais "resolvem" esse problemas por você citado?
Não fica um post sem destilar seu preconceito contra sindicatos, movimentos sociais ou o PT. Desculpe, mas é preciso anotar.
Caro _Juca_
Primeiro. Onde é que, na postagem anterior, eu fiz alguma menção crítica (ou "destilei preconceito" segundo voce) sobre qualquer "movimento social"?
Segundo. Eu não fiz uma crítica vazia e generalizada aos sindicatos (ou "destilei preconceito" segundo voce), mas somente àqueles que agem como pelegos de governos ou de empresários. O sindicato dos bancários é um caso típico de pelego político, dominado pela CUT. Por conta disto, a ação deles nos bancos públicos sempre teve mais impacto que nos bancos privados. Basta ver a última greve dos bancários, que praticamente não fechou os bancos privados, mas paralisou por um bom tempo as atividades de atendimento ao público no Banco do Brasil e, principalmente, na Caixa Econômica Federal.
Terceiro. Reli três vezes a postagem e não consegui achar o trecho em que "destilei preconceito" contra o PT. A não ser que voce chame de "destilar preconceito" a minha análise crítica, como por exemplo isto:
E isto ocorreu por determinação política, onde o governo federal ordenou que estas instituições alavancassem operações cujos riscos nenhum banco do setor privado assumiria, principalmente no período entre setembro de 2.008 e agosto de 2.009.
Ou isto:
Tenho sérias dúvidas sobre os números apresentados.(número de empregos formais gerados)
Ou isto:
Leia o conteúdo deste trabalho ("link indicado") e voce encontrará as proposições petistas pré-2.002 e que, felizmente, não se concretizaram.
São estes os exemplos de "destilar preconceito" que voce me atribuiu na postagem anterior?
Quarto. Caramba! Onde foi que eu escrevi que os bancos públicos são mais sujeitos às pressões e manipulação somente neste governo? Isto é uma marca de todos os governos. Veja o caso dos usineiros de cana, cujo calote começou em 1.977 e se arrasta até hoje. Veja o caso dos
calotes agrícolas que ocorrem com frequência há pelo menos 40 anos. Veja o caso da aquisição pelo Banco do Brasil da financeira BV (setor automotivo) por pressão da indústria, em 2.009. Veja o caso dos
precatórios de uma recente PEC.
Caro _Juca_ não leia o que eu não escrevi, por favor!
Dos outros bancos públicos, principalmente os estaduais, a situação sempre foi essa mesmo, mas como em São Paulo o último banco do Estado foi comprado pelo BB, não tenho informações para levantar opinião.
Sem dúvida que os bancos estaduais eram (e são) muito mais vulneráveis às pressões porque eles eram (são) instrumentalizados pelos respectivos governos. A situação somente melhorou após a Lei de Responsabilidade Fiscal.
E os bancos públicos tem por definição o fomento ao desenvolvimento antes de visar lucros, ao contrário dos bancos privados, é preciso levar isso em conta. E a crise acabou sendo uma ótima oportunidade para retomarem a dianteira que o Bradesco e Itaú já ameaçavam.
Em tese sim, tanto que eu já citei isto anteriormente. Mas voce acabou mostrando a faceta "negra" da situação ainda que de modo involuntário. Se tivesse ocorrido uma hecatombe financeira mundial aos moldes de 1.929, os bancos estatais seriam seriamente prejudicados, mas ainda assim não quebrariam, mesmo com uma gestão temerária. Sabe porque? Porque eles são garantidos pelo Tesouro Nacional. E os bancos privados não tem este suporte.
Já fiz menção, do período FHC, sobre as políticas sociais, inclusive de transferência de renda; sobre o aumento real do salário mínimo; sobre as privatizações; sobre as melhorias na infra-estrutura; sobre a estruturação da base jurídica para o controle do setor público; entre outros aspectos.
As políticas sociais no governo FHC foram pequenas e tímidas, mas existiram, não havia política de aumento do salário mínimo, por que proporcionalmente foi irrisória, as privatizações foram meia boca, cheias de denúncias e algumas empresas vendidas a preços mínimos, não houve melhoria em infra-estrutura que fosse no mínimo satisfatória, vide racionamento de energia, portos sucateados e uma completa falta de estratégia para o desenvolvimento das ferrovias e de sua malha, não era preciso nem mesmo muita coisa, se já tivessem um plano, seria algo.
Voce está errado.
Salário mínimo. Basta comparar qual foi a inflação acumulada (105,50%) e a variação do salário mínimo (186,00%).
Privatizações. As que ocorreram permitiram aliviar a pressão para investimentos em estradas e portos, por exemplo. Na parte de telefonia, ela permitiu uma gigantesca alavancagem, de tal modo que existem hoje mais de 40 milhões de fixos e mais de 175 milhões de celulares. Voce acha que teríamos estes números sem a privatização? E tão importante quanto o número de telefones, é o fato de que o custo de aquisição despencou! E isto ajudou no crescimento deste país, inclusive no período de governo de seu admirado líder.
Infra-Estrutura. Já fiz menção em outra postagem sobre alguns exemplos de ampliações e melhorias. Basta procurá-la.
Ferrovias. O que é que o atual governo fez em termos de planejamento e expansão da malha ferroviária?
Aqui eu errei conceitualmente. Não importa a taxa de natalidade e sim a de fecundidade. De qualquer modo a taxa de fecundidade vem seguindo com uma tendência de declínio há mais de 35 anos.
Supondo que alguém entre no mercado de trabalho com 18 anos, as pessoas nascidas entre 1.977 e 1.984 é que teriam começado a trabalhar no período FHC. E neste intervalo a taxa de fecundidade foi de 4,3 para 3,4, segundo o Anuário Estatístico do Brasil (IBGE, 1995). Então, de fato haveria um déficit para o aumento de empregabilidade da PEA. Mas há outros fatores que voce não considerou e que, sinceramente eu não sei mensurar, mas que sei que ocorreu (e ocorre), que é a existência de um grande mercado de trabalho informal e o aumento na idade para a entrada no mercado de trabalho em função do aumento da escolaridade.
A Criação de empregos na era FHC, contando com os trabalhadores sem carteiras, não ultrapassou 1 milhão em 8 anos, basta ver a taxa de desemprego da época que se não em engano chegou perto de 20% em SP. Foi uma época muito difícil, para muita famílias Brasil afora, isso é fato.
Esta taxa, se for constatada, ocorreu na crise de 2.002. Durante a crise de 2.008, a taxa de desemprego em São Paulo bateu em 19,00%, se não estiver enganado.
Tenho sérias dúvidas sobre os números apresentados. A fração de universo amostral que eu conheço (CAGEDs mensais) do período de janeiro de 2.003 à junho de 2.010 não mostram esta tendência "avassaladora".
Outro ponto importante. Onde foi parar o grande desemprego ocorrido entre setembro de 2.008 e junho de 2.009? Somente neste período eu efetuei o encerramento ("baixa") de 14 empresas, com mais de 150 pessoas desempregadas formais.
Então querem me convencer que entre janeiro de 2.003 e setembro de 2.009 foram criados mais 8,4 milhões de empregos formais e que nos 15 meses que se seguem serão criados mais 5,6 milhões? Passarei a confiar nestes números se eles forem corroborados por auditores independentes.
Quanto ao mercado informal de trabalho eu concordo com você. Mas faço um adendo. Ele também existia no tempo de FHC, como eu já mencionei antes.
Acredite no quiser, o direito lhe está assegurado, mas são números oficiais, que nenhuma grande instituição de economia contesta. Também são fatos.
Não é acreditar no que quiser _Juca_. É contestar, baseado no conhecimento de economia que possuo, as informações desencontradas e exageradas fornecidas pelos atuais "donos da quitanda federal".
E voce ainda não me explicou qual foi a influência da crise de 2.008 no mercado de trabalho, pois todos sabemos que houve uma grande taxa de desemprego.
Aqui há uma diferença significativa nos informes do número de empregos gerados e que consolidam a minha desconfiança neles e nas fontes. Na fonte fornecida por mim, os petistas afirmaram que foram criados 8,4 milhões de empregos entre janeiro de 2.003 e setembro de 2.009. E na fonte citada por voce afirma-se que foram 10 milhões entre janeiro de 2.003 e dezembro de 2.007.
Contando com carteira assinada e sem, acho que disse isso antes, estou contabilizando os empregos formais e informais. Outro fato. E mesmo que só entrasse na conta os empregos formais, da era Lula contra todos os outros de FHC, e mesmo que pegassemos os 5 primeiros anos de Lula contra os oito de FHC, assim mesmo a comparação já fica ridícula, menos de 1 mi em 8 anos, contra mais de 8 mi em 5 anos.
Não _Juca_. Em 1.999 a CAGED (mensal) e a RAIS (anual) foram modificadas para que permitissem quantificar o número de admitidos e demitidos de maneira cumulativa. O número de 1 milhão de novos empregos da era FHC, que voce alardeia, provem do período de 1.999 a 2.002.
Não existe comparação entre números desse governo e do passado. Embora, na conta final, e respeitando o período histórico eu ainda tenho o governo passado como um governo razoavelmente bom, porque assegurou a estabidade institucional e monetária (não econômica), ainda que com altos custos e políticas equivocadas, qualquer comparação de números com o governo atual é covardia.
Endosso a primeira parte da sua análise, mas discordo de sua opinião sobre a não-importância econômica da era FHC. E não preciso lhe explicar qual teria sido o grau de destruição da economia brasileira se o PT tivesse chegado ao poder em 1.994 e tivesse implantado as tais "políticas econômicas socialistas". Hoje seriamos um misto escabroso de Coréia do Norte, Cuba e Venezuela.
Felizmente a ala moderada do PT amadureceu e prevaleceu. O que não é pouco, se comparar com o que eu ouvia e lia dos petistas nos anos de 1.980.
Todos os índices econômicos, financeiros e sociais são muito melhores, os piores desse governo ainda são melhores que do outro, a comparação é inevitável e se tudo que o Lula fez foi continuação das políticas anteriores, gostaria muito de saber porque FHC não teve um sucesso tão pequeno assim, mesmo depois de oito anos. Se fosse continuação de verdade era para Lula já ter pego o bonde andando ao menos em primeira marcha, na questão econômica e social e não somente na institucional.
O importante, ao meu ver, não é apenas centrar o foco de análise na questão da estatística econômica, mas sim determinar em que contexto político-ideológico-programático os números econômicos foram obtidos.
Os indicadores sócio-econômicos no geral hoje estão melhores que no governo federal anterior? Sim, felizmente! Afirmar o contrário seria um contra-senso, uma "miopia" intelectual, pois os números são fáceis de visualizar.
Estes indicadores refletem a política macro-econômica histórica preconizada pelo PT? Não, definitivamente não! Afirmar o contrário seria uma desonestidade intelectual, ainda que aqui seja necessário um pouco de conhecimento e capacidade de interpretação, pois não é o caso de "apenas comparar números". De fato a política atual é, em essência, a
continuidade da anterior, que por sua vez usou das bases materiais lançadas pelo regime militar.