O acaso e a dança dos treinadores: estou lendo o livro "O Andar do Bêbado" de Leonard Mlodinow e isso reforçou a minha conclusão de que o futebol, especificamente um campeonato disputado como o brasileiro, depende muito, mas muito mais mesmo da sorte do que o torcedor, a imprensa e os profissionais do esporte admitem. E isso é o que torna o esporte tão interessante.
Recentemente o treinador Adílson Batista do São Paulo foi demitido após uma série de 6 jogos sem vitória. Tite do Corinthians também já passou por uma crise por atingir 6 partidas sem vitória e Wanderley Luxemburgo do Flamengo se segurou na cadeira após 10 resultados negativos. E todos estes times atualmente estão na ponta do campeonato, disputando o título, de forma que ninguém duvida que eles têm qualidade.
Assumindo que o futebol fosse 100% sorte e sem nenhuma influência da habilidade, tentei calcular a probabilidade de uma série como essas acontecer. Historicamente, há um padrão no futebol de que o time mandante tende a vencer 50% das vezes, empatar 25% e perder 25% das partidas. Assim, a menos que meus conhecimentos em probabildade sejam ainda menores do que eu acho que são (e nesse caso há dezenas de pessoas mais competentes no fórum para me corrigir), em 6 jogos, três com mando e três sem mando, as chances de não conseguir vitórias são:
C F C F C F
.5 .75 .5 .75 .5 .75
O produto das probabilidades dá algo como 0,05; ou seja, 5% ou uma chance em 20. O campeonato tem exatamente 20 equipes, então isso não torna plausível que ao fim de 6 rodadas pelo menos um time esteja passando por uma série azarada? E sendo que o campeonato tem 38 rodadas, não faltam oportunidades a partir da sexta rodada para um time completar uma série ruim. Que acham disso?