Tópico: Terremoto arrasa Japão

[Fabi]

Talvez (o que eu duvido), mas o medo que ela exibe no texto eu vejo nos olhos e no discurso de muita gente.

Na verdade estou trazendo uma questão levantada por muita gente em fóruns e comentários que eu vejo por aí.

E com mais um bônus, que foi a tragédia em Chernobyl, com o desencontro de informações, e consequentemente muitas pessoas morreram ou ficaram com sequelas porque na época disseram que não era "nada". Tem um documentário que mostra isso.

E o Japão não é Chernobyl. O Japão é um país que reconstruiu uma estrada em 6 dias, que construiu prédios que resistem a terremotos, os japoneses são organizados até no caos. E mesmo assim tiveram problemas com as usinas nucleares. Fico imaginando se fosse no Brasil.

[Fabi]

Você traçou um limite (não devemos mexer com energia nuclear).

Na verdade o limite seria não devemos ficar arrogantes com energia nuclear (ou qualquer outra coisa). Dizer que é totalmente seguro, que não causa risco a saúde*, que é a melhor alternativa que existe**... É muito precipitado.


*exposição a radiação ionizante.
**É o que alguns defensores dizem por aí (não no clube cético, mas em outros lugares).

[Dbohr]

Nessa era de internet e comentários rápidos é justamente contra opiniões definifitivas que a gente tem que se guardar. Passa no meu blog e dá uma olhada na última entrada; falei justamente sobre duvidar de quem diz que está tudo bem e de quem é catastrofista:

http://otelhado.wordpress.com

[SnowRaptor]

Só pra constar, outro terremoto, de intensidade 7.3, atingiu a região de fukushima novamente:

http://blogs.nature.com/news/thegreatbeyond/2011/04/new_quake_rocks_japan.html

[Geotecton]

O negócio é pesquisar e aprimorar novas formas de geração de energia e talvez reforçar, ainda mais, a segurança nuclear com novos projetos, que sejam feitos para aguentarem coisas até piores que um mega-terremoto e um tsunami.

Nenhuma estrutura pelo homem resiste a uma liberação de energia mecânica de um terremoto de escala 9,5, se ela estiver no raio de máxima intensidade. Mesmo que seja em uma região de substrato rochoso sem qualquer descontinuidade estrutural.

[Fabi]

Mesmo no caso de um meltdown completo, o material radioativo é capturado em reservatórios sob a usina que sào construídos de forma a conter o material e a isolá-lo para reduzir a taxa de reação e cosnequentemente sua temperatura. Isso desde 1970, pelo menos.

Sério? E por que tiveram que concretar o chão por baixo do reator que explodiu em chernobyl? Disseram que se o núcleo derretido entrasse em contato com a água* que estava embaixo do reator ia acontecer uma segunda explosão (tá naquele documentário que eu indiquei).

*que os bombeiros jogaram para a apagar o incêndio.

Nessa era de internet e comentários rápidos é justamente contra opiniões definifitivas que a gente tem que se guardar. Passa no meu blog e dá uma olhada na última entrada; falei justamente sobre duvidar de quem diz que está tudo bem e de quem é catastrofista:

http://otelhado.wordpress.com

Mas é que aqui tem mais físico por metro quadrado do que qualquer outro lugar da net ... aí eu quero ver as respostas.

Bom, no seu post só tem uma coisa, os danos causados por radiação ionizante é conhecido até certo ponto, mas o corpo humano é tão cheio de "poréns" que na verdade somos cobaias... O estudo da genética é relativamente recente, a manipulação de energia nuclear também. Então não tem muitos dados.

[SnowRaptor]

Mesmo no caso de um meltdown completo, o material radioativo é capturado em reservatórios sob a usina que sào construídos de forma a conter o material e a isolá-lo para reduzir a taxa de reação e cosnequentemente sua temperatura. Isso desde 1970, pelo menos.

Sério? E por que tiveram que concretar o chão por baixo do reator que explodiu em chernobyl? Disseram que se o núcleo derretido entrasse em contato com a água* que estava embaixo do reator ia acontecer uma segunda explosão (tá naquele documentário que eu indiquei).

Porque você esquece que Chernobyl foi construído com recursos escassos sob o comando do governo soviético, cujo cuidado com o ambiente e segurança de seus camaradas era garantir que o negócio não desmoronaria sozinho durante a inauguração.

[Dbohr]

Depende do que você entende por "não tem muitos dados"... depois de Hiroshima e Nagasaki e de todos os testes de armas nucleares reuniu-se um monte de dados empíricos sobre contaminação radiativa; que foram suplementados por eventos como Three Mile Island, Goiânia e Chernobyl.

Entenda que as consequências da contaminação radiativa são estocásticas, ou seja, não se pode dizer com certeza o que vai acontecer quando se é exposto a uma dose de radiação ionizante. Pode-se desenvolver câncer apenas tirando uma chapa de raio-X odontológico -- mas as chances disso ocorrer são muito pequenas. Somente com uma dose maciça é que vamos observar sequelas determinísticas.

[Arcanjo Lúcifer]

Porque você esquece que Chernobyl foi construído com recursos escassos sob o comando do governo soviético, cujo cuidado com o ambiente e segurança de seus camaradas era garantir que o negócio não desmoronaria sozinho durante a inauguração.

E viva a eficiência estatal!

[Geotecton]

Porque você esquece que Chernobyl foi construído com recursos escassos sob o comando do governo soviético, cujo cuidado com o ambiente e segurança de seus camaradas era garantir que o negócio não desmoronaria sozinho durante a inauguração.

Os padrões de construção e de segurança na URSS eram muitíssimo inferiores aos do Ocidente.

[Contini]

Trazendo mais informação ao debate:
http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=coal-ash-is-more-radioactive-than-nuclear-waste

[Fabi]

tsc tsc...

Crise nuclear no Japão já é igual a de Tchernobil, diz emissora
 
A Agência de Segurança Nuclear do Japão decidiu aumentar a gravidade da crise nuclear no país do nível 5 para o 7, o pior na escala internacional e de mesma intensidade do desastre nuclear de Tchernobil, na Ucrânia, em 1986, informa a emissora estatal japonesa NHK.

De acordo com a NHK o governo deve conceder uma entrevista coletiva na terça-feira detalhando os motivos da decisão. De acordo com o porta-voz do governo, Yukio Edano, a Agência de Segurança Nuclear e o ministro de Energia devem fazer um anúncio sobre o nível de gravidade da crise nas próximas horas.

No entanto, fontes da agência governamental adiantaram à NHK que a decisão foi tomada após a constatação de que quantidades consideráveis de substâncias radioativas têm vazado da usina nuclear de Fukushima, e que tais materiais colocam em risco a saúde humana e o meio ambiente num raio em torno do complexo maior do que se estimava.

Mais cedo, a agência Kyodo informou que a Agência de Segurança Nuclear do governo estima que a quantidade de material radioativo que vazou dos reatores de Fukushima chegou ao máximo de 10 mil terabequerels por hora em um determinado ponto por diversas horas, o que classificaria o incidente como um grande acidente, de acordo com a escala internacional de intensidade Ines.

A escala elaborada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, ligada às Nações Unidas) classifica os acidentes nucleares e radiológicos de 1 a 7.

O Japão já tinha classificado o acidente nos reatores operados pela Tokyo Electric Power Co (TEPCO), cujos engenheiros ainda tentam estabilizar a usina, como nível 5, o mesmo estabelecido no acidente de 1979 em Three Mile Island, nos EUA.

Em 11 de março, um terremoto de magnitude 9,0 seguido por um tsunami danificaram os reatores do complexo nuclear Fukushima Daiichi, que desde então tem sofrido com vazamentos radioativos.

Um porta-voz da Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão disse, nesta terça-feira, que a classificação do acidente em Fukushima permanecia no nível 5, e que ele não tinha conhecimento de elevação do nível.

TCHERNOBIL

O acidente da usina nuclear de Tchernobil, norte da Ucrânia, em 1986, é considerado o pior da história. A explosão foi de nível 7, o topo da classificação da Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos.

A usina de Tchernobil, construída pela antiga União Soviética na década de 1970, explodiu durante um teste de segurança.

A explosão de um reator liberou uma grande quantidade de material radioativo no solo e na atmosfera. Ao menos 50 pessoas morreram imediatamente, e houve aproximadamente 4.000 casos de câncer provocados pela radiação.

As autoridades soviéticas tentaram "abafar" o estrago, o que aumentou a contaminação. O acidente fez com que o mundo passasse a questionar o uso da energia nuclear.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/901374-crise-nuclear-no-japao-ja-e-igual-a-de-tchernobil-diz-emissora.shtml

I told you so.

[_Juca_]

O piores medos da Fabi estão se concretizando.

[Fabi]

O piores medos da Fabi estão se concretizando.

era só constatação de fatos... e eu sei que não dá pra esconder isso por muito tempo...
Agora tá confirmado, o governo japones finalmente admitiu que a coisa tá feia mesmo..

[Fabi]

E agora eu quero ouvir o que o pessoal da "crise nuclear japonesa sob controle" tem a dizer.
E também aproveitar pra lembrar daquele blog( http://morgsatlarge.wordpress.com/2011/03/13/why-i-am-not-worried-about-japans-nuclear-reactors/ )
que todo mundo leu e seguiu como um mantra....

[Dr. Manhattan]

tsc tsc...

Relaxa, Fabi:

Japan's Nuclear Safety Commission has decided that the situation at the Fukushima Daiichi reactor plant is a level 7 incident, the highest rating on the standard scale used to rate nuclear accidents. It is only the second ever incident to be rated 7 - the first was the Chernobyl disaster of 1986.

Kyodo News explains that the decision to up the rating from 5 to 7 was triggered by the amount of radioactive materials released to date:

    The nuclear regulatory agency under the industry ministry and the Nuclear Safety Commission of Japan, a government panel, said that between 370,000 and 630,000 terabecquerels of radioactive materials have been emitted into the air from the nos 1 to 3 reactors of the plant. Level 7 accidents on the International Nuclear Event Scale correspond to the release into the external environment of radioactive materials equal to more than tens of thousands of terabecquerels of radioactive iodine-131.

But this does not mean Fukushima is now on a par with Chernobyl. Indeed, as Bloomberg notes, the data so far suggests that Fukushima has released only one-tenth as much radioactive material as Chernobyl did.

It's also important to note that the upgrading does not mean that the situation is getting worse. Rather, it is a reassessment of what has already happened. The largest releases of radioactive material occurred in the first days after the earthquake, and the amount released every day has generally been decreasing as various leaks have been plugged.

As we have noted previously, at the time of Chernobyl accident the reactor was running: it ran away with itself, overheated and blew up. By contrast Fukushima shut down immediately following the earthquake, and was on the way to being secured when the tsunami came in and wiped out the backup power generators, shutting down the cooling system.

Grifo meu.

fonte: http://www.newscientist.com/blogs/shortsharpscience/2011/04/fukushima-crisis-raised-to-lev.html

[Gaúcho]

Tchernobyl vai ser o nome da usina nuclear aqui do RS

[SnowRaptor]

É o problema de ter de falar de coisas com nomes em outros alfabetos...

Chernobyl é a transliteração usada em idiomas germânicos. O som é igual ao de "tchau" mesmo. Em português, acho que seria Tcher, mesmo, como o Tchaikovsky, que começa com a mesma letra Ч

[Dbohr]

Classificação é uma coisa, sequelas ambientais são outra.

Desde o dia 1 a gente está falando que a situação era séria e que não dava para . E desde o dia 1 também se fala que isto é fundamentalmente diferente de Chernobyl -- e isso não mudou.

O desastre em Chernobyl foi muito mais intenso e de evolução muito mais rápida. A crise em Fukushima é análoga a um paciente com hemorragia grave de difícil estancamento que está recebendo transfusões com frequência.

[_Juca_]

Tchernobyl vai ser o nome da usina nuclear aqui do RS

Tchê-nobil é trilegal !!!

[_Juca_]

Classificação é uma coisa, sequelas ambientais são outra.

Desde o dia 1 a gente está falando que a situação era séria e que não dava para . E desde o dia 1 também se fala que isto é fundamentalmente diferente de Chernobyl -- e isso não mudou.

O desastre em Chernobyl foi muito mais intenso e de evolução muito mais rápida. A crise em Fukushima é análoga a um paciente com hemorragia grave de difícil estancamento que está recebendo transfusões com frequência.

Eu já não confio tantos nos fatos Dbhor. O desastre já está em nível máximo e não para de progredir...

[Dbohr]

Como eu disse, não se falou aqui que a coisa não era séria. Só que não é igual a Chernobyl, por mais que a classificação tenha sido reavaliada para o mesmo nível.

Mas é bom que se diga que os reais parâmetros de comparação só poderão ser estabelecidos depois que a situação for finalmente controlada. POR ENQUANTO, com que se se sabe HOJE eu ainda sustento que Chernobyl foi ordens de grandeza pior.

[Dr. Manhattan]

OT: Acho que a melhor analogia com o acidente de Chernobyl foi o vazamento de gas tóxico em Bhopal:
http://en.wikipedia.org/wiki/Bhopal_disaster

[Dbohr]

http://blogs.nature.com/news/thegreatbeyond/2011/04/how_fukushima_is_and_isnt_like_1.html

Artigo interessante comparando Fukushima e Chernobyl, que diz mais ou menos o que a gente tem falado aqui.

[_Juca_]

Ou seja, devagar se chega lá...  Mas como disse, vamos ter que esperar um bom tempo para saber a real dimensão.