O nível máximo (e ninguém deveria atingir esse nível) é de 2,4msv por ano num prazo de 30 anos.
De onde você tirou isso?
Vejamos a Norma CNEN.NN.3.01, que estabelece os limites de dose anuais:
http://www.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm301.pdfRepare ali na tabela da página 15 do pdf: um indivíduo ocupacionalmente exposto (ou seja, um técnico de Raio-X, um funcinário de usina etc.) pode ter uma dose efetiva de corpo inteiro anual de 20 mSv/ ano. Um indivíduo do público apenas 1 mSv/ ano -- isto
além da radiação natural ambiental, esta sim da ordem de 2,4 mSv/ ano. Mas uma tomografia de corpo inteiro, por exemplo, vai te expor a qualquer coisa entre 6 e 18 mSv de uma vez só.
Além disso, o chamado Princípio da Justificação (pg. 14) nos diz que "nenhuma prática ou fonte associada a essa prática será aceita pela CNEN, a não ser que a prática produza benefícios, para os indivíduos expostos ou para a sociedade, suficientes para compensar o detrimento correspondente, tendo-se em conta fatores sociais e econômicos, assim como outros fatores pertinentes". Ora, trabalhadores em Fukushima estão correndo pra salvar vidas e impedir uma catástrofe verdadeira. Esses caras, HERÓIS, pela legislação aceita em vários países, podem ser expostos a 500-1000 mSv durante o seu trabalho.
Quando teve o acidente de Chernobyl foi o mesmo lero lero, ninguém falava nada, não se tinha dados e nem níveis de radiação e só tinha aquele raio de 30 km de isolamento ao redor da usina de Chernobyl. Até o presidente da época, olha só que doido, teve que mandar a KGB trazer dados e relatar tudo.
Desculpe, mas eu acho que você está se deixando enganar pelo pânico. Chernobyl não pode ser comparada. Primeiro, porque Fukushima tem um vaso de contenção ao redor do núcleo do reator. Segundo, porque há técnicos dos EUA e da AIEA no local, bem como sensores de radiação em Tóquio. NENHUM detectou algo nem remotamente tão grave quanto Chernobyl ainda. Não há qualquer indicação até agora que combustível nuclear tenha vazado para o ambiente - apenas hidrogênio e vapor com partículas de decaimentos secundários, que tem meia-vida curta.
Terceiro e mais importante, se eu fosse um técnico no Japão eu também seria parcimonioso com a divulgação de informações. Se com um monte de gente da área explicando e com alguns gráficos e dados disponíveis as agências de notícias do mundo inteiro já estão à beira da histeria, imagine o que uma torrente de dados repletos de informação técnica que nem a população, nem os jornalistas têm como decifrar não causariam?