E pra que haver forma culta?
Ela serve para padronizar os documentos oficiais e os momentos formais de fala. Mas mesmo ela consegue ser relativa. Você não precisa da norma culta - para a academia, "norma padrão" - para escrever um emeio para sua namorada, por exemplo, a menos que ela exija isso de você. Mas com certeza você vai precisar dela para redigir um artigo científico ou uma ata. Da mesma forma, você não precisa dela em uma conversa de bar, a menos que seus acompanhantes exijam isso de você, mas vai precisar dela para se expressar em uma entrevista de emprego ou em uma reunião de negócios.
Pra que eu passei anos estudando que m vem antes de p e b, trocentos tipos de conjulgações verbais, analise sintatica e morfologica?
Isso é você quem deve responder. Se você não sabe a resposta, a escola foi incompetente com você. Mas é sempre bom lembrar: a língua muda, a sociedade muda e as demandas para a educação também mudam. Não é porque você precisou disso na sua época de escola que os alunos de hoje precisam. Análise sintática é uma das coisas que mais beiram a inutilidade na escola - não chega a ser 100% inútil, mas a maior parte é.
Cada um fala e escreve do jeito que quiser e ta valendo. Exatamente o ponto da gravidade, eu estudando ou não as pedras vão cair, mas estudar portugues pra que? Não existe uma regra, um modelo ou qualquer coisa do tipo, é uma anarquia em que cada um fala intuitivamente como quiser.
Essa é uma interpretação equivocada, mas muito comum quando se começa a discutir e problematizar o que é "certo" ou "errado" no uso da língua portuguesa. Relativizar isso não significa declarar a anarquia. Falar e escrever são atos de interação social que exigem adequações: para quem você fala/escreve e com que objetivos regula o uso da língua que você vai fazer e, logo, o uso ou não da norma. O papel da escola, hoje, é mostrar isso ao aluno.
O que não vale é eu me aproximar do meu aluno, na hora do intervalo, enquanto ele está jogando bola, e dizer a ele que ele está errado quando afirma que seu time fez "dois gol". É válido, sim, que eu diga a ele que existem momentos em que ele será estigmatizado por falar assim, e que é importante para ele saber como é, para a norma, essa frase, porque isso poderá ser cobrado dele futuramente. É valido, sim, que eu corrija seus textos se ele, por acaso, escrever "gou" e não "gol", para que ele saiba como se convenciona escrever tal palavra.
Se interessar a você ou a mais alguém por aqui, os Parâmetros Curriculares Nacionais respondem bem a essas questões sobre o ensino de língua portuguesa:
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Ensino Fundamental - 1o. e 2o. ciclos-
Ensino Fundamental - 3o. e 4o. ciclos-
Ensino MédioSó clicar e baixar o arquivo.