A ironia não me escapa, mas o caso é que a estatística está do meu lado. Já ouviu falar da Proposition 8, que tentaram passar no Estado da Califórnia recentemente? Ilustra exatamente o meu exemplo. E lá nos EUA eles são muito ciosos dos direitos civis, ou assim me dizem. Da mesma forma, os EUA são constantemente apontados como um país com instituições sólidas, onde a impunidade é muito menor do que aqui, onde o judiciário funciona e tudo mais.
Claro, ativistas dos direitos gays ainda estão lutando para conseguir o que querem -- e eu tenho confiança que o casamento gay vai ser uma realidade em pouco tempo. Mas não muda o fato que o pensamento de grandes populações tende a ser conservador e refratário.
Mas não se fixe neste exemplo. Existem outros muito melhores, como por exemplo: o país deve investir em termoelétricas, usinas nucleares ou fontes alternativas? Aborto deve ser legalizado? Consumo de maconha?
Todos esses são assuntos eminentemente técnicos. Como o referendo das armas patentemente demonstrou, não há espaço para discussões técnicas numa campanha. É possível expor os argumentos pró e contra cada uma dessas coisas, mas não vai haver um *diálogo* entre os defensores de cada um e o povo, que é quem iria decidir numa democracia direta. Seria, na melhor das hipóteses, uma mera enumeração de argumentos aliada (como é de costume) a uma alta dose de demagogia e apelos emocionais.
Essa é sua ideia de debate informado?
Então me desculpe. Pode me chamar de fascista autoritário quanto quiser, mas não vejo no momento uma só vantagem em trocar a democracia representativa pela democracia direta.