Autor Tópico: Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.  (Lida 18469 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #150 Online: 17 de Setembro de 2012, 19:57:19 »
Não sei quanto aos demais, mas eu não lembro de ter defendido em nenhum momento no tópico que a polícia brasileira é "santa" e nem sei como essa questão surgiu e por quê.


Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline _tiago

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.343
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #151 Online: 17 de Setembro de 2012, 20:27:40 »
Os assuntos vão se desdobrando, muitas vezes pra um lado que o interlocutor nem quis mencionar ou o fez sem querer, com outras intenções. Mas foi deu entender que ele não gosta da polícia principalmente daqui,
E já que estamos falando de "idéia geral", fica aqui o registro da dissonância cognitiva da classe média. Assumem que os serviços prestados pelo funcionalismo público como um todo são horríveis, menos, tadã, que surpresa, a exemplar polícia, os verdadeiros heróis da nação, incorruptíveis e impecáveis em sua atuação.
E da notícia que ele postou.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #152 Online: 17 de Setembro de 2012, 21:36:05 »
[...]
Por outras razões, a responsabilidade, que sempre orbitou pelos 18 (e em algumas matérias era por volta de 21), passou a  ser cobrada de faixas etárias menores.

Se um fedelho de 16 anos pode votar na escolha do presidente da República porque é que ele não poderia ser responsabilizado por um crime, hediondo ou não?
Foto USGS

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #153 Online: 17 de Setembro de 2012, 21:37:47 »
[...]
Bem, isso confirma a minha argumentação e a do Temma de que a criminalidade está ligada diretamente à pobreza.
[...]

A Índia é a prova, em escala de país, que este argumento, usado sob a forma genérica, é absolutamente falso.
Foto USGS

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #154 Online: 17 de Setembro de 2012, 21:41:49 »
[...]
E já que estamos falando de "idéia geral", fica aqui o registro da dissonância cognitiva da classe média. Assumem que os serviços prestados pelo funcionalismo público como um todo são horríveis, menos, tadã, que surpresa, a exemplar polícia, os verdadeiros heróis da nação, incorruptíveis e impecáveis em sua atuação.

Então eu não sofro de dissonância cognitiva (ou não sou de classe média!!!) porque eu acho a qualidade do serviço policial semelhante aos dos demais funcionários públicos: Tão "fraco" quanto, mas com honrosas exceções.
« Última modificação: 17 de Setembro de 2012, 21:58:49 por Geotecton »
Foto USGS

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #155 Online: 17 de Setembro de 2012, 21:47:53 »
Não entendo esse ranço do Temma contra a "classe média" e os policiais. Já foi mostrado nesse tópico que os pobres são quem mais sofrem nas mãos dos bandidos e quem mais defendem a máxima "bandido bom é bandido morto".

A classe média atualmente é a maioria da população* e é de onde saem 90% dos teóricos esquerdistas defensores de bandidos.

*Incluindo a classe média do Lula.

Não sei o que voces pensam sobre, mas enquadrar a maior parte da população brasileira como sendo de "classe média" requer ou uma redefinição do termo ou então uma não-comparação com a classe média de países mais sólidos financeira e socialmente falando.

Ou então ser muito "cara-de-pau".
Foto USGS

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #156 Online: 17 de Setembro de 2012, 21:50:35 »
[...]
E tirei minhas impressões não do ibope, nem de nenhuma pesquisa de opinião. É o que eu vejo em comentários na internet, blogs, facebook, twitter, youtube. Pessoas com português impecável, curso superior, que postam de seus iphones, reclamam de impostos, e têm ereções quando policiais executam criminosos, mesmo rendidos.

A impressão que eu tenho é que os mais pobres "vibram" tanto quanto os mais ricos, quando um bandido é morto.
Foto USGS

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #157 Online: 17 de Setembro de 2012, 21:54:56 »
[...]
Curiosamente, quando a ONU divulga relatórios sobre a corrupção, ninguém se opõe, quando ela ataca a polícia, estão errados.

Todas as fontes podem ser suspeitas, dependendo do contexto.
Foto USGS

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #158 Online: 17 de Setembro de 2012, 22:29:13 »
Os assuntos vão se desdobrando, muitas vezes pra um lado que o interlocutor nem quis mencionar ou o fez sem querer, com outras intenções. Mas foi deu entender que ele não gosta da polícia principalmente daqui,
E já que estamos falando de "idéia geral", fica aqui o registro da dissonância cognitiva da classe média. Assumem que os serviços prestados pelo funcionalismo público como um todo são horríveis, menos, tadã, que surpresa, a exemplar polícia, os verdadeiros heróis da nação, incorruptíveis e impecáveis em sua atuação.
E da notícia que ele postou.

O Temma e o Titoff já deixaram mais do que claro em vários tópicos que não gostam da polícia. Parece que eles têm algum tipo de trauma com a mesma.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #159 Online: 17 de Setembro de 2012, 22:34:10 »
Não entendo esse ranço do Temma contra a "classe média" e os policiais. Já foi mostrado nesse tópico que os pobres são quem mais sofrem nas mãos dos bandidos e quem mais defendem a máxima "bandido bom é bandido morto".

A classe média atualmente é a maioria da população* e é de onde saem 90% dos teóricos esquerdistas defensores de bandidos.

*Incluindo a classe média do Lula.

Não sei o que voces pensam sobre, mas enquadrar a maior parte da população brasileira como sendo de "classe média" requer ou uma redefinição do termo ou então uma não-comparação com a classe média de países mais sólidos financeira e socialmente falando.

Ou então ser muito "cara-de-pau".

Classe média é o que nome diz: o grupo de pessoas com renda média dentro de um determinado país. É claro que aqui considera-se classe média qualquer pessoa que estaria acima da linha da pobreza nos EUA.  :)
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Diegojaf

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 24.204
  • Sexo: Masculino
  • Bu...
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #160 Online: 17 de Setembro de 2012, 22:40:42 »
Os assuntos vão se desdobrando, muitas vezes pra um lado que o interlocutor nem quis mencionar ou o fez sem querer, com outras intenções. Mas foi deu entender que ele não gosta da polícia principalmente daqui,
E já que estamos falando de "idéia geral", fica aqui o registro da dissonância cognitiva da classe média. Assumem que os serviços prestados pelo funcionalismo público como um todo são horríveis, menos, tadã, que surpresa, a exemplar polícia, os verdadeiros heróis da nação, incorruptíveis e impecáveis em sua atuação.
E da notícia que ele postou.

O Temma e o Titoff já deixaram mais do que claro em vários tópicos que não gostam da polícia. Parece que eles têm algum tipo de trauma com a mesma.

Tenho minhas suspeitas... ::)
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Price

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.564
  • Manjo das putarias
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #161 Online: 18 de Setembro de 2012, 00:07:53 »
Não fui eu quem iniciou sobre a polícia. De qualquer modo, como disseram que a minha afirmação anterior é uma mera generalização e aparentemente algumas outras pessoas têm pontos de vista semelhantes, convido quem se enquadra a isto a ler "Punishment and Social Structure" de Rusche e Kirchheimer e "Understanding Social Control" de Innes.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #162 Online: 18 de Setembro de 2012, 10:20:39 »
[...]
Curiosamente, quando a ONU divulga relatórios sobre a corrupção, ninguém se opõe, quando ela ataca a polícia, estão errados.

Todas as fontes podem ser suspeitas, dependendo do contexto.

E não é nem bem o caso da fonte ser "suspeita", apenas de poder estar apenas fazendo considerações muito superfciais sobre os números. Muitas mortes = policia ruim, malvada.

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #163 Online: 18 de Setembro de 2012, 11:17:18 »
Talvez fosse interessante criar-se um tópico sobre a polícia, violência policial, aceitação da mesma, e etc (ou voltar com algum anterior sobre o tema), já que a forma como isso se encaixa com esse tópico aqui não é muito clara (mas novamente, não revi as páginas anteriores). Enquanto isso não é feito:


Citar
51% DA POPULAÇÃO NÃO APROVA SEGURANÇA PÚBLICA         

Constata a pesquisa que a segurança pública é o segundo pior problema enfrentado pela população brasileira, só perdendo para a saúde, mas quando combinada com as drogas, que aparecem em terceiro lugar na lista das mazelas nacionais, assume a dianteira.
Segundo o levantamento, 36% dos brasileiros avaliaram como “regular” o serviço de segurança pública. O cenário piora quando se verifica que para 37% das pessoas o serviço piorou nos últimos três anos, permanecendo do mesmo jeito para 47% dos entrevistados. A pesquisa CNI-Ibope - que ouviu 2.002 pessoas em 141 municípios entre os dias 28 e 31 de julho - faz um diagnóstico da percepção da população sobre várias questões da segurança pública e sobre temas como pena de morte, redução da maioridade penal, qualidade das instituições, entre outros.

SOLUÇÕES
A melhor solução para melhorar a segurança pública, apontada por 58% da população, é combater o tráfico de drogas. Dos entrevistados, 37% sugeriram aumentar o policiamento nas ruas, 27% aumentar as penas pelos crimes cometidos e 24% reprimir a venda ilegal de armas. Outros 17% propuseram ampliar a presença do Estado nas comunidades carentes com políticas públicas, como de educação e saneamento, e igualmente 17% sugeriram ampliar as políticas de combate à pobreza (14%).
Uma parcela significativa da população, de 58%, considera que a polícia não melhorou nem piorou nos últimos 12 meses. Na avaliação de 42%, para que a atuação policial melhore, é preciso haver aumento de salários, enquanto para 41% é necessário melhorar a formação profissional. Punição exemplar de maus policiais (37%) e a melhora nos equipamentos utilizados pela polícia (36%) são outras ações apontadas para uma atuação mais eficiente da polícia.

DIVIDIDA
De acordo com a pesquisa CNI-Ibope, a população está rigorosamente dividida sobre a aplicação da pena de morte no Brasil: 46% são favoráveis e 46% são contrários.
A instituição da prisão perpétua, porém, tem a aprovação de 69% dos brasileiros. O gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, que divulgou o estudo, enfatizou que tais dados demonstram haver grande vontade da sociedade no combate à violência. As Forças Armadas e a Polícia Federal são as instituições melhor avaliadas pela população, com conceitos de “ótima” e “boa” para 63% (Forças Armadas) e 60% (PF). Em oposição, o Congresso Nacional e o Poder Judiciário são as instituições com pior conceito: nada menos do que 40% dos brasileiros consideram a atuação do Congresso “ruim” e “péssima”, índice que é de 32% no caso da Justiça.

http://www.aquiamapa.com.br/site/option=com_content&view=article&id=587:51-da-populacao-nao-aprova-seguranca-publica&catid=46:cidade&Itemid=67



Citar
Quase metade dos brasileiros aprova provas obtidas por tortura

Pesquisa da USP foi elaborada com 4025 entrevistas domiciliares em onze capitais

SÃO PAULO - Quase metade dos brasileiros (47,5%) concorda que os tribunais aceitem provas obtidas mediante tortura policial, segundo pesquisa realizada em 2010 e divulgada nesta terça-feira pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP). Os dados indicam que aumentou a aceitação à prática em relação a 1999, quando 28,8% diziam ser favoráveis a obtenção de provas por meio de violência. A Pesquisa sobre Atitudes, Normas Culturais e Valores em Relação à Violação de Direitos Humanos e Violência foi elaborada com 4025 entrevistas domiciliares em onze capitais brasileiras, incluindo Rio e São Paulo.

O estudo indica que para a maioria dos entrevistados, a polícia deve interrogar sem violência. No entanto, para alguns crimes a população defende o uso de métodos como “bater”, “dar choques ou queimar com ponta de cigarro” e “deixar alguém sem água ou comida”. O uso de algum desses métodos contra suspeitos de estupro é aceito por 43,2% dos entrevistados. O porcentual de apoio aumenta entre os entrevistados mais jovens.

[...]

http://oglobo.globo.com/pais/quase-metade-dos-brasileiros-aprova-provas-obtidas-por-tortura-5130102



Citar
Sociologias, Porto Alegre, ano 4, nº 7, jan/jun 2002, p. 188-221

A polícia dos pobres: violência policialem classes populares urbanas
EDUARDO PAES MACHADOAES MACHADO* ee CECI VILCECI VILAR NORONHAAR NORONHA

[...]

Facilmente compreensível, o medo de ser roubado associa a perdade valores logrados com a venda da força de trabalho, essenciais para osustento da família, com a violência sofrida, a impotência para revidar e oressentimento contra os agressores. Conforme o depoimento de Oscar, 52anos, negro, eletricista, Você vai trabalhar para ter seu pão, seu trocado ...chega para dar aos seus filhos ... chega um aí e lhe toma. Então nessa horaa pessoa perde a cabeça [controle] e se puder dar fim naquele, então umacoisa dá na outra ... então se você puder matar não morra.

[...]

Na visão demonológica, o delinqüente é o mal absoluto, a encarnaçãodo diabo que, impulsionado pelo egoísmo, rompeu com a ordem do mun-do. A luta do bem e do mal se reatualiza na escolha dos indivíduos por umou por outro, como é colocado por Sara, para quem: A pessoa tem um filho. Será que aquele filho nasce la-drão? Não nasce. Quando a pessoa cresce... o egoísmo, odesejo vai fazer daquela pessoa um ladrão. A mesma coi-sa é o diabo. Deus não fez o diabo. Ele mesmo se tornou pelo egoísmo. Ele queria ter riquezas, então hoje tem muitas pessoas que fazem pacto como o diabo.

Ambas as visões são coerentes com a transformação do marginal embode expiatório. Exacerbando o elemento condenatório das outras inter-pretações, a figura do bode expiatório nomeia ameaças, unifica visõesconflitantes e parece oferecer uma saída para a crise social. Mais do que asoutras, esta interpretação contribui para aumentar o isolamento dos mar-ginais e justificar ações drásticas contra eles. As palavras de Cristina, 51 anos, parda, lavadeira, mostram a relação entre essa visão e as atitudessociais de pessoas como ela, que estão inclinadas a defender a pena demorte para os marginais: Eu acho assim: devia ter pena de morte, paraquando eles [os marginais] fazerem perversidade também morrerem. Por-que estão matando gente demais. Concentrando a culpa nos marginais, a população termina legitiman-do, como vamos mostrar, a brutalidade policial.

[...]

Entre as duas polícias, os moradores demonstram mais simpatia pelacivil. A PM é vista com mais desconfiança pelo método mais padronizadode trabalho, pela maior impessoalidade e uso ostensivo da força em ope-rações “pesadas”. Os PMs usam farda e corte de cabelo militar, exibemarmas pesadas, andam em bandos e se deslocam em carros oficiais. Sãodescritos ora como arrogantes, quando fazem demonstração de força edesrespeitam os habitantes, ora como ineptos, por não serem capazes dereconhecer e tomar medidas enérgicas contra os marginais.Tal como a PM, a Polícia Civil é considerada violenta, mas em con-traste com a primeira, a sua maneira é mais do agrado dos moradores.Sendo menos freqüente a rotatividade dos efetivos que integram suas ex-pedições, moradores estabelecem familiaridade com os policiais e podem,desta forma, exercer alguma influência sobre as ações destes. Por outrolado, essa polícia tem uma forma de agir mais seletiva e direcionada aossuspeitos, e suas ações não parecem assumir o caráter espetacular imputa-do aos PMs. Assim, os policiais civis são retratados como cidadãos “co-muns” na aparência e nos modos de proceder às ações repressivas. Usam roupas e cortes de cabelo comuns, se deslocam em carros comuns e co-nhecem os moradores. Tendo mais conhecimento da área, os policiais ci-vis possuem referências precisas das pessoas que estão procurando e doslocais onde encontrá-las. Cometem menos erros quanto a confundir omorador pacato com um fora-da-lei.Ambas as polícias obtêm informações sobre as atividades dos margi-nais através de moradores e, mais freqüentemente, de outros marginais.Em um meio social como este, onde todos se conhecem, e as relaçõespessoais constituem um recurso valioso, estabelecem-se facilmente laçosde cumplicidade por meio dos quais são transmitidas e barganhadas infor-mações que facilitam a identificação dos “bandidos”. No entanto, respei-tando a chamada “lei do silêncio”, que preserva a autoria dos crimes e avida de quem sabe, os moradores só dão informações quando estão sobameaça dos marginais ou são fortemente pressionados pela polícia.A maior fonte de informação são os próprios marginais, que delatam(“entregam”) os comparsas, por terem sido forçados pela polícia ou porlivre vontade, para tirar vantagens pessoais. Levando em conta o poucosenso de solidariedade e hierarquia entre os membros das quadrilhas (Zaluar,1994), estas se convertem em verdadeiras armadilhas para os marginaisque, além de correrem riscos nos assaltos e confrontos com outros margi-nais, estão sujeitos a delações de companheiros que se tornam colabora-dores da polícia.

[...]

Estas características violentas do aparelho policial geram reaçõesambivalentes, que expressam a dificuldade da população em se posicionardiante de uma força que também é percebida como garantia de proteção.Mas, neste “mundo cão” o limite entre ser protetor e agressor é mínimo. Povo contra polícia Dada a soma de violências existente e o sentimento de insegurançadespertado por elas, os moradores se voltam para a polícia como a instân-cia que deveria protegê-los das agressões praticadas pelos vizinhos e, prin-cipalmente, pelos marginais. Em lugar disso, a ação policial está pautadana omissão, cumplicidade com infratores, preconceito e violência. A expectativa popular é de que a polícia se configure como um servi-ço extensivo, que cubra o bairro como um todo, e intensivo durante a noite, em especial, a madrugada, um horário de deslocamento para ostrabalhadores ali residentes e de atuação dos marginais. Para os insegurosmoradores do lugar, assim como para outros segmentos da população, sóo policiamento efetivo pode proporcionar segurança, impondo “respeito”,e reduzir o controle dos marginais sobre os espaços comuns.

Dada a falta de policiais para fazer rondas, atender chamados urgen-tes e apurar crimes, essa aspiração está longe de ser atendida. Assim, se-gundo avaliação de Rosa, 72 anos, parda, doméstica: A polícia aqui no bairro eu não sei o que anda fazendo (...)Tem um posto lá na frente... mas estão resguardados lá... ecá o movimento como é que fica? Eu acho que era muitobom que a polícia andasse nos lugares mais arriscados. Por-que o nosso bairrozinho por causa do risco é demais (...) Épor isso que se dão as coisas e quando a polícia vem dar fé...já passou o tempo! Não dá nem mais tempo de dar jeito.

Em contraste com outras áreas da cidade, onde moradores abonadose órgãos públicos dispõem de recursos para contratar serviços privados desegurança e fazer convênios com a polícia, o padrão de policiamento deNovos Alagados não oferece segurança. Assim, na percepção de Claúdioos policiais deveriam fazer aqui como eles fazem em outros bairros. Elesdão segurança. Aqui não, eles dão insegurança.

inda que o depoimento idealize o serviço policial prestado aosmoradores dos bairros de classe alta e média, que tem seus próprios pro-blemas de segurança, o mesmo depoimento chama atenção para o fato dea polícia cometer menos abusos contra residentes aqueles do que contramoradores das áreas urbanas periféricas, que não têm meios de reclamarou serem ouvidos pelas autoridades (Gabaldón, Birbeck, 2000).Esta crítica é alimentada pela falta de sigilo e suspeitas de colabora-ção com o crime por parte dos agentes públicos. O fato de a polícia nãomanter sigilo sobre denunciantes, expõe os mesmos a retaliações, reforçando a “lei do silêncio” e enfraquecendo mecanismos de controle socialque deveriam ser estimulados como parte de um modelo efetivo de polici-amento. Este é o sentido do depoimento de Luiza, 38 anos, negra, profes-sora primária, ao afirmar que: Outro dia uma mulher informou para a polícia onde aquadrilha estava fumando [maconha]... na mesma hora apolícia chegou e disse: ‘foi a mulher de toalha que falou’.Aí ela ficou mal vista. Eles não deviam ter dito isso. Quan-do não dá uma informação eles xingam, esculhambam...e quando informa eles entregam. Como é que a gente vaiajudar a polícia? Não pode porque ela não dá segurançanenhuma(...) E agora mesmo a gente nem pode falar, estáse dando um caso muito grave, eu tenho até medo defalar porque aqui se você não fala está seguro, se falapode levar um tiro... Agora tem aqui uma quadrilha quequem está ajudando é a própria polícia(...) E não é sóesse caso não, tem vários e vários.

[...]


Bandido é para morrer Apesar de serem eles próprios alvo de agressão, os moradores de No-vos Alagados aprovam o terror da polícia e grupos de extermínio contramarginais do bairro e áreas próximas do Subúrbio Ferroviário. Esta aprovação é justificada pela distinção estabelecida por eles, entre a violência ilegí-tima cometida contra “nós”, pessoas direitas, pais de família e trabalhadoreshonestos, da violência “legítima” que é praticada contra “eles”, os marginais.Pensando dessa maneira, alguns moradores entrevistados conside-ram a violência policial como algo necessário, e que só atinge as pessoas“erradas” ou que estão em lugares “errados”. Joaquim, por exemplo:

Eu sempre me dei bem com a polícia. Porque é o seguin-te, eu não faço nada a ela, ela não pode fazer nada amim. É como eu lhe disse também, as vezes as pessoasficam em certos lugares inconvenientes e as vezes elassão pegas pela polícia... são até espancadas.

Ainda nessa linha de defesa da violência oficial, Joaquim emprega omesmo álibi usado pelo policiais para justificar seus excessos, a dificuldade decontrolar infratores maliciosos e bem armados, dispostos a revidar ou matar:

Ela [a polícia] vem fazer uma blitz, aí ela sempre, ela já lidacom tanta gente maliciosa, que ela tem que quase ser, setornar igual a pessoa, porque senão morre, você está en-tendendo onde eu quero chegar, senão ela morre (...) Mas,a maneira como ela chega, ela faz assim como é que sediz, ela acha que todo mundo é um [marginal] não é, en-tão a maneira dela trabalhar é essa, mas aí, eu não soucontra pelo seguinte: eu lhe pergunto, se não existisse apolícia, mesmo com as falhas dela, o que seria da gente?Ela está aí, o camarada faz o que faz, e se ela não existisse?

Conforme uma visão difundida, a violência das autoridades é a res-posta à violência dos criminosos, mesmo que os indivíduos e grupos, sur-preendidos no fogo cruzado, tenham que pagar um alto preço por isso,perdendo seus direitos ou arriscando a serem tratados do mesmo modo.Concordando com isso, a crítica dos abusos policiais coexiste com suaaprovação. Sobre isso, esclarece Jandira, 17 anos, parda, estudante:

Muito violenta, ignorante. É polícia, por exemplo, a pro-fissão deles eu sei, é para fazer ignorância, mas não écom as pessoas, é com ladrão! E as vezes matam muitosinocentes, não querem saber de nada, vão logo matandopessoas, eles agem com muita violência, são muito vio-lentos. Vão atirando não é, sei lá. Eu acho uma hora [que]eles estão certos porque ela [a polícia] não quer morrer,se ela vir com mão abanando vai ter ladrão que vai meterbala nela. Aí eu não sei dizer.

Obedecendo ordens ou atuando por conta própria, os policiais ati-ram sem maiores cuidados e aplicam sentenças de morte contra infratores,suspeitos e pessoas inocentes, sem receberem punição. Quanto aos meiosde comunicação, eles vêm denunciando os abusos policiais e contribuin-do para debater a segurança coletiva. Contudo, na falta de ações enérgicasdos poderes públicos, a tendência desse debate é a repetição de motivo, abanalização do inaceitável e confirmação da impotência social para con-trolar o uso da força policial. Uma ilustração deste uso ilegal da força estácontida no depoimento de Claúdio:

Aconteceu uma morte aqui que até hoje não me sai dacabeça. Um cara marginal entrou na casa de uma irmãquando a polícia chegou. Metralharam a casa da mulhertoda, mataram todos os filhotes de cachorro [por sinalmuito numerosos no bairro], mataram a cadela,esburacaram a televisão, geladeira... o que você imagi-nar... a sorte foi que não matou os filhos desta mulherporque eles se esconderam debaixo da cama do quarto.Mas mataram o cara, metralharam de toda a forma... as-sim que terminou amarraram um fio no cara e saíramarrastando lá do fim da ponte até a frente da rua.

[...]

http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/868/86819567009.pdf



Offline _tiago

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.343
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #164 Online: 18 de Setembro de 2012, 14:10:13 »
Não fui eu quem iniciou sobre a polícia. De qualquer modo, como disseram que a minha afirmação anterior é uma mera generalização e aparentemente algumas outras pessoas têm pontos de vista semelhantes, convido quem se enquadra a isto a ler "Punishment and Social Structure" de Rusche e Kirchheimer e "Understanding Social Control" de Innes.
Você e o Titof?

Offline Fabrício

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 7.318
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #165 Online: 18 de Setembro de 2012, 14:33:08 »
Não fui eu quem iniciou sobre a polícia. De qualquer modo, como disseram que a minha afirmação anterior é uma mera generalização e aparentemente algumas outras pessoas têm pontos de vista semelhantes, convido quem se enquadra a isto a ler "Punishment and Social Structure" de Rusche e Kirchheimer e "Understanding Social Control" de Innes.
Você e o Titof?

 :lol:
"Deus prefere os ateus"

Offline Price

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.564
  • Manjo das putarias
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #166 Online: 18 de Setembro de 2012, 16:02:56 »
Não fui eu quem iniciou sobre a polícia. De qualquer modo, como disseram que a minha afirmação anterior é uma mera generalização e aparentemente algumas outras pessoas têm pontos de vista semelhantes, convido quem se enquadra a isto a ler "Punishment and Social Structure" de Rusche e Kirchheimer e "Understanding Social Control" de Innes.
Você e o Titof?

Não.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Temma

  • Visitante
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #167 Online: 21 de Setembro de 2012, 11:32:24 »
Voltando ao tópico. Primeiro vou ler os textos, inclusive pesquisar as sugestões do Price, mas é impossível deixar de fazer um contraponto.


[...]
Curiosamente, quando a ONU divulga relatórios sobre a corrupção, ninguém se opõe, quando ela ataca a polícia, estão errados.

Todas as fontes podem ser suspeitas, dependendo do contexto.

E não é nem bem o caso da fonte ser "suspeita", apenas de poder estar apenas fazendo considerações muito superfciais sobre os números. Muitas mortes = policia ruim, malvada.

 A questão que coloquei foi simples. Eu parti do pressuposto de Estado ineficiente, que vejo como uma crítica comum ao papel do Estado brasileiro. A consequência lógica para mim de um estado ineficiente e que mata é a de mortes injustas.


Quanto à polícia, eu trouxe à tona o seu papel quando falaram da impunidade do país.

Offline Barata Tenno

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 16.283
  • Sexo: Masculino
  • Dura Lex Sed Lex !
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #168 Online: 21 de Setembro de 2012, 15:21:10 »
Eu vejo de outra maneira, estado ineficiente é o que não consegue previnir o crime e apenas combate, obviamente que se existe mais combate o numero de mortes é maior, mas isso não implica que as mortes são injustas e criminosas.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline O Grande Capanga

  • Nível 39
  • *
  • Mensagens: 3.872
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #169 Online: 01 de Outubro de 2012, 23:37:21 »
A propósito...

Italiana é internada com traumatismo craniano após ser agredida por menor

Menor tentou estuprá-la; ao se defender Alice Bianchi levou uma pedrada.
Ela trabalha em ONG que presta serviços a educandário em Nova Iguaçu.


A italiana Alice Bianchi, de 24 anos, está internada em estado grave, com traumatismo craniano, no Hospital Geral de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Um menor de idade do Educandário Padre Renato, também em Nova Iguaçu, onde Alice trabalha prestando serviços para uma ONG, tentou estuprá-la.

Segundo informações da sala de polícia do hospital, o menor usou da força para agarrar Alice e ela, para se defender, entrou em uma luta corporal com o rapaz. A italiana perdeu a força e o menor atirou uma pedra na cabeça de Alice e tentou afogá-la em uma poça d’água.

O menor chegou a arrancar o sutiã da vítima. Ele foi contido pelos outros integrantes da ONG e Alice foi encaminhada ao Hospital Geral, onde deu entrada às 16h com sangramento na cabeça. A italiana respira por aparelhos.

O menor foi conduzido à 58ª DP (Posse) e está detido no local.

http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/09/italiana-e-internada-com-traumatismo-craniano-apos-ser-agredida-por-menor.html

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #170 Online: 02 de Outubro de 2012, 00:24:42 »
Nem o Champinha, nem os moleques dormindo no bueiro, nem esse caso aí têm a ver com a notícia, que é sobre trá-fi-co por menores.

Parece que de um lado tem a idéia de que, "oh, que crime ser contra isso, sendo que o tráfico seria uma salvação para essas crianças", e do outro, "se o menor pode traficar uma vez e se safar porque foi a primeira vez, logo vai poder estar roubando e matando porque é a primeira vez".

Se bem que já tem toda uma amolecida com réus primários de qualquer jeito, independentemente dessa proposta específica.

Offline DDV

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 9.724
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #171 Online: 10 de Novembro de 2012, 21:47:27 »
Citação de: Temma
A PM de São Paulo matou mais que todas as forças policiais nos EUA em cinco anos

E em relação a policiais mortos, o que os dados mostram? Lá mata-se muitos policiais como aqui?

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Pasteur

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 6.305
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #172 Online: 10 de Novembro de 2012, 22:16:10 »
Citar
Ação da PM em maio gerou onda de crimes em SP, apontam investigações

Três policiais da Rota foram presos por suspeita de execução em julho.
Facção criminosa divulgou carta em agosto com ordens para matar agentes.

Investigações do Ministério Público indicam que a causa da atual onda de violência na região metropolitana de São Paulo foi desencadeada por uma operação da Rota, a tropa de elite da Polícia Militar. Em 28 de maio, policiais da Rota mataram seis suspeitos de pertencerem a uma facção que se reuniam no estacionamento de um bar na favela Tiquatira, na região da Penha, Zona Leste. Em junho, como represália, 11 policiais foram assassinados, quase o dobro do mês anterior (em todo estado, foram registrados 92 homicídios dolosos a mais).

Segundo a PM, naquela noite de maio os criminosos, que planejavam a libertação de um comparsa preso, foram surpreendidos pela Rota e reagiram à abordagem. Todos os seis morreram na troca de tiros. Para a facção que atua dentro e fora dos presídios paulistas, porém, a operação policial foi “covarde”.

Uma testemunha denunciou que os policiais levaram um dos suspeitos até a Rodovia Ayrton Senna e o executaram lá. Essa denúncia levou três agentes da Rota ao Presídio Romão Gomes, que abriga PMs envolvidos em crimes.

 
Para promotores ouvidos pelo G1, essa ação foi o estopim para criminosos da facção, em busca de vingança, passarem a executar policiais militares. "Esse caso da ação da Rota que matou seis foi o estopim para desencadear essa onda de violência", disse o promotor Marcelo Alexandre Oliveira.
 
A Polícia Civil e a PM, por meio de sua Corregedoria, além da Ouvidoria das Polícias, através de denúncias anônimas, também apuram essa suspeita. Luiz Gonzaga Dantas, ouvidor das Polícias, que monitora a atividade e letalidade policial, afirma que o órgão investiga a relação entre policiais e a onda de violência. "Após aquelas mortes houve esse revide e chamamento do crime organizado. A PM também estaria revidando e fazendo ações de vingança", disse.

Dados dos índices de criminalidade divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo mostram que houve aumento no número de homicídios dolosos no estado e na capital após a ação da Rota em 28 de maio. Junho teve 92 assassinatos a mais registrados no estado do que maio.
 
Na capital o acréscimo foi de 26 mortos. A partir daquele período, 43 ônibus foram atacados na cidade e na região metropolitana, sendo 38 deles incendiados. Desde então, ocorreram mais de 15 ataques a bases e carros policiais.
 
Dos 90 PMs mortos desde o início do ano até novembro, 62 foram assassinados depois do ocorrido na Zona Leste.
 
Segundo interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, a informação da execução de um suspeito revoltou a facção. Em 8 de agosto, as lideranças resolveram intensificar a resposta nas ruas contra a ação da Rota e ordenaram os assassinatos de PMs. O "salve geral", como é chamada a ordem enviada pelos criminosos, determinava a morte de dois policiais militares para cada integrante da facção que fosse morto.

As execuções passaram a ser feitas por criminosos que não conseguem pagar a mensalidade da facção.
  “Até nossas avós sabem: violência gera violência. Essas ações da PM que resultaram em mortes de bandidos acabaram contribuindo para que essa facção ordenasse a vingança”, disse o promotor Marcelo Alexandre Oliveira, que atua em Guarulhos, na Grande São Paulo.
 
Marcelo Oliveira é responsável por apurar a morte do policial militar Ismael Alves dos Santos, em 5 de setembro, por criminosos ligados à facção. Um dos executores chegou a ser morto posteriormente. Há suspeitas do envolvimento de policiais militares nesse último assassinato. “Mata de um lado há revide do outro”, comentou.
 
Morte de policiais: 48 execuções
 De acordo com a estatística da PM, após a ação da Rota que matou seis, o mês seguinte teve um pico de assassinatos de policiais militares: foram 11  mortos em junho contra seis em maio.
 
Dos 90 PMs mortos de janeiro até novembro, cerca de 70 deles estavam de folga e sem farda. Do total de assassinados, 18 eram aposentados e 72 estavam na ativa. De acordo com a corporação, 48 das mortes têm características de execuções.
 
Em meio a esse fogo cruzado envolvendo motociclistas atirando em pessoas em pontos de tráfico de drogas e criminosos disparando em PMs de folga, famílias de ambos os lados acabaram destruídas. Um dos últimos casos a ganhar destaque na mídia foi da policial militar Marta Umbelina da Silva. Em trajes civis, ela foi executada na garagem da sua casa, na Vila Brasilândia, Zona Norte. Sua filha de 11 anos a acompanhava e presenciou a mãe ser morta.
 
A corporação reagiu, com aumento de efetivo e criação de operações, como a Saturação, em favelas e bairros violentos onde o crime tem influência, como Paraisópolis e Vila Brasilândia. Ao todo, 129 suspeitos de participarem de ataques contra PMs foram presos. Outros 20 foram mortos em tiroteios e mais 20 são procurados.

A violência também fez com que os governos estadual e federal deixassem de lado suas diferenças (evidenciadas após atrito entre o secretário da Segurança Antonio Ferreira Pinto e o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo) e firmassem acordo para criar uma central integrada de inteligência contra o crime organizado.

Em encontro entre representantes da União e do Estado, na sede do governo paulista, foi determinada a transferência de integrantes da facção que ordenou ataques contra policiais para presídios federais e para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
 
O primeiro preso a sentir na pele essa decisão foi Francisco Antonio Cesário da Silva, o Piauí. Acusado de ser o mandante da morte de PMs em São Paulo, ele foi levado da Penitenciária Estadual de Avaré, no interior paulista, para a Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia.
 
Chefe do tráfico de drogas na Favela de Paraisópolis, ele é apontado como autor de uma lista com nomes de policiais marcados para morrer. No papel, apreendido pela PM, havia endereços de policiais, características físicas e locais onde frequentam.
 
Agentes penitenciários ouvidos pela reportagem temem que a transferência de chefes da facção para outras unidades provoque a ira dos presos. Há temor de novos ataques a agentes e rebeliões nas penitenciárias paulistas.

Estatuto
 O plano da facção de atacar PMs já vinha sendo fomentado desde o final do ano passado. À época, o estatuto que norteia a ação dos integrantes da quadrilha recebeu dois novos artigos, passando de 16 para 18. O último item termina com uma frase que, meses depois, sairia do papel e ganharia as ruas: “Vida se paga com vida, e sangue se paga com sangue”.


Segundo o deputado estadual Olímpio Gomes (PDT), major da reserva da Polícia Militar, o governo já havia sido avisado dos ataques. “Em julho, tive acesso a documentos com ordens para matar PMs e os encaminhei para o sistema de inteligência das forças de segurança do Estado de São Paulo prontamente”, disse ao G1 o deputado. “Essas ordens foram determinadas depois da morte dos seis suspeitos pela Rota.”

O delegado-geral da Polícia Civil paulista, Marcos Carneiro Lima, diz que constatou a existência desses assassinatos encomendados. “Essa articulação covarde do crime organizado está querendo compensar eventuais mortes de criminosos em atitudes suspeitas pela polícia. É uma das teorias que a polícia está trabalhando, mas terá de apresentar provas.”

Apesar disso, somente na semana passada o governador Geraldo Alckmin (PSDB) confirmou que criminosos haviam ordenado a morte de PMs. O coronel da Polícia Militar Marcos Roberto Chaves, comandante do policiamento da capital, que participa das operações para combater a onda de violência, afirmou que a PM está desarticulando o grupo criminoso. “Independente deles [bandidos] entenderam se a morte do colega deles foi injusta, não cabe a eles praticarem outros crimes”, disse.

 Uma das ferramentas usadas pelas forças de segurança para tentar inibir as ações da facção é o uso de grampos telefônicos. As interceptações estariam sendo feitas pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), por autorizações da Justiça e acompanhas por promotores. Em seguida, as informações do que os criminosos conversam por telefone dentro e fora das cadeias são passadas para a Polícia Civil e para a PM.
 
Luiz Gonzaga Dantas, ouvidor das Polícias, confirmou que o órgão também notou que as ordens para matar PMs começaram após a ação da Rota. “Todos policiais têm um limite e esse limite é a própria lei. Tivemos informações das investigações policiais de que essas mortes também são decorrentes de acerto de contas entre grupos organizados fora da lei. E não descartaram policiais aproveitando esse momento se infiltrando e fazendo justiciamento por conta própria”,disse.

Para o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos humanos e segurança pública, a política de Ferreira Pinto está privilegiando a PM e tirando da Polícia Civil o poder de investigação. “Parece que a Polícia Civil está colocada de lado atualmente e a Polícia Militar que passou a fazer o trabalho de inteligência e de investigação. Será que o governo não confia na sua Polícia Civil?”, indagou o advogado.

 O delegado-geral Marcos Lima discorda de quem diga que a Polícia Civil está sem poder de investigação. “A Polícia Civil e a Polícia Militar estão trocando informações de inteligência. Existe uma integração muito maior entre as duas polícias”.

O mesmo discurso do delegado-geral foi usado pelo coronel Marcos Chaves para defender o trabalho das duas polícias. “Temos informações da Polícia Civil também. Ela tem autorização para escutas e as passa para a PM”, disse o oficial, que, no entanto, admitiu que, em alguns casos, a Polícia Militar também tem autonomia para trabalhar com escutas telefônicas. “A PM trabalha na parte de planejamento, entre aspas, chamamos de ‘investigação’, para ver a situação criminosa num lugar específico."
 
O coronel ressalta a importância das escutas para a PM também. "Mas lembro que ela só é autorizada judicialmente. Eu sou favorável e não concordo com quem diga que a PM esteja sendo favorecida. Percebo que tenta se criar animosidade entre as duas polícias. Isso não é verdade.”


http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/11/acao-da-pm-em-maio-gerou-onda-de-crimes-em-sp-apontam-investigacoes.html

A facção tem até estatuto!

Offline Luiz F.

  • Nível 30
  • *
  • Mensagens: 1.752
  • Sexo: Masculino
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #173 Online: 10 de Novembro de 2012, 22:25:50 »
Citação de: Temma
A PM de São Paulo matou mais que todas as forças policiais nos EUA em cinco anos

E em relação a policiais mortos, o que os dados mostram? Lá mata-se muitos policiais como aqui?



Acho que ninguém vai te responder. Ninguém me respondeu essas até agora:


Isso vale também em relação a polícia, certo?


Pra qualquer pessoa. Mas minhas referências no tópico dizem respeito à classe policial, eu não estou pegando o policial X, do governo Y, que atuou na operação Z, e acusando-o de ter executado a sangue frio Ν pessoas.




Ok, mas até que ponto essa violência policial pode ser descrita como corriqueira a ponto de ser considerada default e ser associada à instituição policial como um todo? Aliás, qual policia? No Brasil existe policia civil, federal, guarda de trânsito, 27 polícias militares, batalhões especiais, etc. Todas elas sofrem do mesmo mal?

Ainda, qual o tamanho do problema? Você postou um dado de que a polícia de São Paulo matou 6 vezes mais que toda a policia americana junta, mas as outras polícias de outros estados mataram tanto quanto a paulista? Esse dado por si só é suficiente para dizer que tem algo de errado?

Pra haver alguma luz na questão deveriam ser apresentados mais dados. Quantos policiais são mortos em serviço? Quais são as taxas de crimes? qual o nível de armamento dos bandidos brasileiros? Quantas trocas de tiros ocorrem? Quantas abordagens são feitas? Quanto tempo de preparação os policiais recebem? Em outros países as polícias invadem favelas sendo recebidos a tiros? Como funciona a justiça do Brasil em relação a de outros países?

Sobre corregedorias que não investigam supostas violências cometidas por policiais, ela não pode ser mudada? Outros órgãos como o MP não podem investigar esses casos? Quantos policiais são expulsos por má conduta?

Se algumas (ou todas) essas questões forem respondidas talvez seja possível uma análise realmente crítica sobre o assunto e não as generalizações que costumamos fazer.
"Você realmente não entende algo se não consegue explicá-lo para sua avó."
Albert Einstein

Offline Price

  • Nível 37
  • *
  • Mensagens: 3.564
  • Manjo das putarias
Re:Menores agora podem traficar drogas sem serem presos.
« Resposta #174 Online: 11 de Novembro de 2012, 10:52:18 »
Citar
Ação da PM em maio gerou onda de crimes em SP, apontam investigações

HAHAHAHHAHAHA!!! Então agora quando a PM mata bandidos ligados ao tráfico, é sua a culpa da onda de violência? Será que esses jornalistas/investigadores acham que não haveria violência se a polícia não mexesse com o PCC, que estava quieto no seu canto?

Edit: O correto é mexer e não mecher. :)
« Última modificação: 11 de Novembro de 2012, 11:13:23 por Price »
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!