Cadê Maria do Rosário?
Cadê José Cardozo?
Por que esses tipos só aparecem quando não há necessidade deles e se escondem quando seus cargos exigem que se pronunciem
Maria do Rosário é aquela que perseguiu blogueiro humorista, jogando a Polícia Federal em cima dele só porque não gostou dos comentários de humor da página dele, botando pra correr a liberdade de expressão que a Constituição garante. É a mesma que circulou fofoca em rede social, leia-se tuíter, acusando a oposição de boatos sobre o Bolsa Família, o que foi apurado depois que a própria CEF tinha dado início à comédia aloprada de erros.
Ela, José Cardozo e Gilberto Carvalho também se uniram, em companhia de Dilma, numa gritaria quando se deu a tal desocupação do Pinheirinho, em São Paulo. A Polícia Militar cumpria uma decisão judicial. Os extremistas de esquerda infiltrados entre os moradores incitaram o confronto com a polícia. Naquele ato não houve uma morte sequer.
Agora nós temos decapitados, crianças incendiadas, esposas de presidiários submetidas a "estupros consentidos" no galpão comum da penitenciária...
E nenhum deles dá um pio!Sobre a situação dos presídios do Maranhão:
Há, no estado, apenas 128,5 presos por 100 mil habitantes — para comparar: em São Paulo, são 633,1. Assim, o Maranhão prende pouco — 5.417 pessoas em 2012 — e trata seus detentos como bestas-feras. O resultado é o que se vê.
A edição desta terça da Folha informa que um contrato firmado em 2011 entre o governo do estado e o Depen — órgão do Ministério da Justiça que coordena a política penitenciária nacional — foi cancelado. Ele previa o repasse de R$ 20 milhões para a construção de dois presídios, com capacidade para abrigar 513 detentos. Segundo o governo maranhense, “um mês e sete dias depois de o Estado do Maranhão ter cumprido as últimas exigências do Depen”, um decreto invalidou “todos os restos a pagar não liquidados até o dia 30 de junho [de 2013]”. E o dinheiro não apareceu.
Cadê José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça? Cadê Maria do Rosário, dos Direitos Humanos? Cadê Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e homem encarregado de fazer a tal “interlocução” com os chamados “setores organizados da sociedade”? Desapareceram. Sumiram. Uma ocorrência como essa em um estado que fosse governado pela oposição geraria uma falação dos diabos. Desde 2004, só dois dos sete contratos do Depen com o Maranhão foram concluídos.
Cabe ao departamento acompanhar as execuções penais Brasil afora. Outra de suas atribuições é justamente fiscalizar as instituições prisionais. Mas quê… No ano passado, o governo federal investiu em presídios 34,2% menos do que em 2012: caiu de R$ 361,9 milhões para R$ 238 milhões. E tal queda se deu num ano em que a violência explodiu no país.
Agora, sobre a dinastia Sarney:
O homem está no poder, no estado, pessoalmente ou por intermédio de prepostos, desde 1966. Só a ditadura dos Irmãos Castro, em Cuba, é mais longeva, Sarney também construiu a sua ilha de atraso. Nestes 48 anos em que o estado está sob a gestão da família, sucessivos governos se encarregaram de transformar a vida da população numa rotina de pobreza e desesperança.
http://www.youtube.com/v/XmYSZhwLUpAEm 2000, Roseana Sarney era apontada como pré-candidata do então PFL à Presidência. Ocupava o primeiro lugar nas pesquisas. O chefão petista a esculhambava impiedosamente, atacando também seu pai, José Sarney. O segundo momento se deu em 2006. Lula estava disputando a reeleição e fazia um comício no Maranhão, ao lado de Roseana, que já havia se aliado a ele em 2002. Aí a mulher já tinha virado heroína.
A ex-inimiga Roseana acabou virando amiga do peito. O petismo classifica as pessoas em heroínas ou bandidas na exata medida em que servem ou não servem a seu projeto.
Não deu para culpar o antecessor:
Políticos costumam culpar os antecessores pelos problemas crônicos enfrentados por suas gestões. Mas a governadora Roseana Sarney (PMDB), no quarto mandato no Maranhão, não poderá fazê-lo: com exceção de um período de dois anos, o Estado é governado desde 1966 pelos integrantes do clã político de José Sarney. O único revés do grupo ocorreu em 2006, quando Jackson Lago (PDT) derrotou Roseana nas urnas. Mas ele só resistiu até o começo de 2009, dois anos depois da posse: a Justiça Eleitoral tirou o cargo do pedetista sob a acusação de compra de votos. Roseana herdou o mandato, e venceu também as eleições de 2010.
Sarney nunca fez oposição a um presidente da República: apoiou a ditadura militar enquanto lhe interessou e foi pulando de barco até firmar a improvável aliança com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Dos dois, recebe deferências – e o poder de nomear afilhados em órgãos importantes da administração federal. Enquanto isso, os maranhenses convivem com um cenário desolador: segundo dados do Atlas do Desenvolvimento, o Estado tem o penúltimo lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), à frente apenas de Alagoas. A renda per capita, de 348 reais, é a menor do país. Apenas 4,5% dos municípios do estado têm rede de esgoto.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20,8% dos maranhenses eram analfabetos em 2012. Pior: o número significa um aumento em relação a 2009, quando 19,1% da população não sabiam ler e escrever. Ou seja, durante o governo de Roseana, a situação se agravou – o Maranhão foi o único Estado do Nordeste que regrediu no período.
Um dos poucos índices nos quais o Maranhão não se destacava negativamente no plano nacional era a violência. Mas, como mostra o episódio de Pedrinhas, isto também é passado: entre 2000 e 2010, a taxa de mortes por armas de fogo no Estado subiu 282%. O surgimento de facções criminosas tornou mais evidente o fracasso do governo nessa questão. O governo do Estado falhou ao evitar o conflito sangrento entre criminosos encarcerados e novamente depois, ao tentar debelá-lo. Por fim, receberá ajuda do governo federal para resolver a situação, com a transferência de detentos para outras unidades prisionais do país.
O Maranhão já era pobre quando Sarney assumiu o poder. E sabe-se que não é fácil resolver o problema do subdesenvolvimento crônico. Mas, em 2014, isso já não pode ser usado como desculpa.
E mais sobre o incêndio ao ônibus:
Os detentos devem ter ouvido a sua ladainha macabra e ordenaram aos “companheiros” que estavam nas ruas que botassem o terror na população. A menina Ana Clara Santos Souza, de 6 anos, morreu às 6h45 de segunda-feira no Hospital Estadual Infantil Juvêncio Matos, em São Luís. Ela teve 95% do corpo queimado em um ataque a um ônibus ocorrido no dia 3. A ordem para atacar os ônibus saiu… dos presídios para as ruas.
Não creio que Dilma tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que Maria do Rosário tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que José Eduardo Cardozo tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que Gilberto Carvalho tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Os petistas só são defensores fanáticos dos direitos humanos no quintal dos adversários.
Vídeo chocante da ação criminosa que matou a menina:
http://www.youtube.com/v/5kUKuygHIUQAs câmeras de segurança do ônibus atacado e incendiado na última sexta-feira por bandidos em São Luís do Maranhão gravaram a morte da menina Ana Clara Santos Souza, de 6 anos. Ela entrou no carro com a mãe, Juliane, de 22, e a irmã, Lorane, de 1 ano, às 20h07. No minuto seguinte, um bandido conhecido como “Porca Preta” entrou com uma pistola na mão e rendeu o motorista.
As imagens da câmera não mostram, mas, do lado de fora, seis comparsas – sendo três menores de idade — cercavam o veículo. Um deles despejou gasolina no interior do carro e ateou fogo. Em pânico, os passageiros começaram a correr em direção à saída. Quando chegou a vez de Juliane e suas filhas, as chamas tomaram conta da escada. As três foram atingidas. A mãe e a filha menor correram para dentro do ônibus. Ana Clara ficou na escada, no meio do fogo. Uma passageira chegou a pular por cima dela para conseguir escapar.
Quando a menina saiu do ônibus, já estava com o corpo em chamas. As câmeras mostram Ana Clara perambulando pela rua por alguns segundos, em choque. Ela morreu dois dias depois, com 95% do corpo queimado, na UTI pediátrica do Hospital Estadual Juvêncio Matos. A mãe, que teve 40% do corpo queimado, e a irmã continuam internadas em estado grave.
A polícia já sabe que a ordem para os ataques perpetrados em São Luís nos últimos dias, incluindo o que matou Ana Clara, partiu de um detento do presidio de Pedrinhas, Jorge Henrique Amorim Martins, o “Dragão” — um dos líderes da facção criminosa Bonde dos 40, que disputa com o Primeiro Comando do Maranhão o domínio sobre os presídios e a venda de drogas no Estado.
A ordem inicial de Dragão, dada às 17h da sexta-feira, era para promover quarenta ataques na cidade, não apenas contra ônibus, mas também contra contêineres que abrigavam postos de atendimento da PM. Seria uma represália à entrada da PM em Pedrinhas naquele mesmo dia. Na ação, os PMs quebraram ventiladores, misturaram água sanitária em sacos de arroz que os presos haviam guardado dentro das celas e puseram sabão em pó no café.
Os criminosos só não levaram o plano adiante porque a Polícia Civil, que interceptava as conversas dos detentos com autorização judicial, conseguiu passar a informação para a PM, que aumentou o patrulhamento e retirou seus contêineres das ruas. Os principais comparsas de Dragão do lado de fora da penitenciária, entre eles Porca Preta, foram presos ao longo do final de semana.
Meus pêsames ao Maranhão.
... e acho que o Brasil todo também merece pêsames.