Achei interessante você pontuar. Vou responder, e já prevejo o Geo cotando ponto a ponto.
Também prevejo outras coisas, essas prefiro não comentar.
Vocês poderiam me dizer se o exposto abaixo está correto:
Caso a Petrobrás fosse privatizada:
- O Brasil teria o dinheiro da venda;
Depende muito. Provavelmente teria. O ponto é, o que o Brasil venderia, como venderia, como o comprador pagaria, com que dinheiro e principal de que lugar viria esse dinheiro.
1- O Brasil venderia a Petrobrás de porteira fechada para uma só empresa? Somente um consórcio das maiores empresas multinacionais teria cacife para adquirir a empresa sem comprometer totalmente os lucros e dividendo dos sócios e parceiros. Mesmo assim seria uma dívida gigante, somente os poços onde a BR tem o direito de exploração valem centenas de bilhões de dólares ou mais, fora todo patrimônio, como refinarias, plataformas, navios, empresas petroquímicas, etc, mais algumas centenas. O mais provável é que a empresas fosse loteada e assim mais fácil de ser vendida.
Mas nada disso seria possível, pois a BR não é uma estatal de verdade. Ela é uma empresa de economia mista. E a maior parte dela não é do governo, somente a maior parte das ações de controle. A União é controladora, mas não tem menos de 50% das ações. Então ela teria que ser vendida na Bolsa se Valores, e continuaria uma só empresa.
2 - De onde viria o dinheiro para pagar a metade da empresa pertencente ao governo? Se viesse do exterior, o Brasil estaria correndo o risco de passar décadas sem conseguir equilibrar o déficit financeiro das remessas de dólar que as empresas adquirentes teriam que fazer para os bancos estrangeiros, lembrando que seriam centenas de bilhões de dólares. O governo vendedor, nem se fosse totalmente irresponsável conseguiria que isso fosse adiante, tal a pressão que estaria sujeito de setores empresariais nacionais, que não tem interesse algum em ver o país com uma moeda ultravalorizada pela procura desses dólares no mercado. Seria o fim total das exportações e a falência do Banco Central. Então essa opção está já descartada, aliás pra mim, sempre foi isso que impediu que a BR fosse privatizada no governo tucano. Somente uma parte menor de dinheiro estrangeiro poderia ser usada para pagar a empresa.
3- Então o dinheiro teria que vir de dentro do próprio Brasil. Quais as instituições financeiras nacionais tem condições de emprestar tanto dinheiro de uma vez? Sozinhas nenhuma, teria que ser um aporte de várias juntas. Itaú e Bradesco as principais. Não dariam conta sozinhos, as maiores instituições de fomento do Brasil saõ o BNDES, Caixa e BB.
Na prática o único que tem condições de financiar maior parte da compra dessa empresa são as próprias estatais, sendo que hoje e mesmo daqui há uma década elas não dariam conta, dado que já emprestaram muito nos últimos anos. Sobraria para o tesouro nacional, ou minaríamos nossas reservas internacionais, que é um puta de um colchão contra crises internacionais, ou o tesouro nacional arcaria com o problema, aumentando a dívida do governo, provavelmente o governo emitiria mais moeda e a inflação iria estourar várias vezes.
Conclusão, não tem como vender a Petrobrás sem causar uma crise financeira no País.
4- A única opção que sobra é vender participação ao poucos, mas como? Que governo compraria uma luta política dessa envergadura por anos a fio, ainda mais que o último governo privatizante saiu com uma popularidade muito baixa. Difícil demais, a jogada teria que ser feita numa só ação.
- Sendo que o petróleo é do Brasil, quem fosse explorá-lo teria que pagar alguma coisa pela exploração (royalties?);
Sim. Os contratos já estão estabelecidos, os royalties seriam pagos. Mas o problema é outro.
1-Digamos que os tucanos tivessem privatizado a BR. Como o governo estrategicamente garantiria o suprimento de petróleo necessário para o Brasil. Duas são as opções ou importa ou procura petróleo dentro do território. Importar a gente já sabe quais são os custos e o quanto de dólares é necessário, entrando o problema das contas externas novamente, então o lógico é procurar petróleo dentro do Brasil. Em solo nós sabemos que tem muito pouco, e no mar somente a tecnologia desenvolvida pela própria BR foi capaz de aumentar as reservas nacionais. Então qual garantia teríamos ,se por exemplo a maior parte das empresas fosse estrangeiras, de que teríamos essa exploração voltada para nosso consumo? A petroleira da China procura petróleo mundo afora para garantir o abastecimento da China, as petroleiras americanas estão voltadas para os EUA, o mesmo as europeias. Então, qual garantia? Se o governo as obrigasse a vender aqui quase toda a produção como é hoje, teriam o mesmo interesse? Nos campos atuais no pre sal não há muito entusiasmo das empresas estrangeiras, e olha que todo o petroleo está lá, e a tecnologia já está disponível.
2- Sobra para o governo a estratégia de tentar vender o controle para empresas de capital nacional, para brasileiros. Beleza, talvez esse problema fosse resolvido em parte. E quem garantiria que elas não seriam vendidas um dia para estrangeiras? Ninguém, não é proibido. Como as opções ficaram escassas, o governo teria que fazer o que fez com a Vale, vender uma parte menor para estrangeiros, outras parte para nacionais e ficar com uma grande parte via outras estatais. Não sei se seria viável no caso da BR, muitos fatores adversos juntos. É uma dor de cabeça sem tamanho, além do que não mudaria muita coisa.
- Impostos continuariam sendo cobrados dos derivados, arrecadando fundos para o Brasil;
Sim, mas como eu disse anteriormente, primeiro teria que haver garantias de que continuassem a procura por reservas aqui. Não adiantaria muito, se as reservas começarem a cair, as receitas diminuiriam.
Outro problema seria o do controle dos preços dos derivados. Se o governo não tiver o controle do petróleo, não conseguiria regular o preço dos derivados dentro do País, seria inviável, empresas privadas se desinteressariam por investir em projetos aqui. Então estaríamos muito mais vulneráveis aos inumeros e recorrentes choques de preços do petróleo. As crises viriam com mais força, choques inflacionários, dos quais somo muito sensíveis, estariam sempre à nossa porta, e a coisa ficaria um tanto mais difícil para nós, como população.
- Redução da folha de pagamento do governo (mais dinheiro no cofre);
Não, funcionários de estatais não são funcionários do governo. Não haveria redução de custos em relação às receitas.
- Sem chance de roubalheira por parte do governo;
Não há garantia alguma, vide caso Alston. O governo ainda seria um grande cliente das petroleiras e distribuidoras.
[/list]No meu entendimento, só teríamos a ganhar.
No meu perderíamos muito.