Se entendemos liberdade/livre-arbítrio como uma forma de autonomia, uma forma de controle desimpedido sobre suas próprias ações, eu creio que esse conceito não faz sentido. O problema com o livre-arbítrio não é o determinismo, é a causalidade, o que é pior ainda.
Pense no Duas-Caras, inimigo do Batman, que toma suas decisões com base em um lançamento de moeda. Por acaso essa personagem é mais livre porque suas decisões vêm de uma fonte supostamente aleatória em vez de serem pré-determinados por eventos passados?
Sejam os nossos pensamentos, desejos, impulsos e conclusões determinados pela história do universo ou frutos de fenômenos quânticos estocásticos, de qualquer maneira você não tem poder sobre seu estado mental atual.
Podemos dizer que nesses termos livre-arbítrio/liberdade não existe. No entanto, podemos pensar em definições mais úteis para essas palavras. A essa coisa que eu opinei que não existe eu costumo dar o nome de livre-arbítrio. O que eu chamo de liberdade é a ausência da coerção de agentes externos.
Exemplos evidentes de coerção de agentes externos seriam a violência praticada por uma pessoa ou outro animal mais forte, o encarceramento ou o efeito de substâncias químicas que influenciem nossas ações. Mas claro que a quantidade de coerção que um agente externo impõe, ou mesmo a definição de o que afinal é um agente externo, não é algo binário, é algo nebuloso. Por exemplo a chantagem de uma namorada é menos coerciva do que a de um sequestrador apontando uma arma para a cabeça dessa mesma namorada. Então há um gradiente de decisões provavelmente mais livres ou menos livres do que as outras.