Tome o exemplo dessa discussão e você verá que, em uma discussao metafisica, o grau de inutilidade é proporcional à probabilidade de se chegar a alguma conclusão útil.
Não posso dizer que toda a discussão metafísica é inútil. Posso te dizer que todas as que presenciei sim foram inúteis. Por favor me lembre de algum avanço que foi possibilitado pela metafísica.
Depende do ponto de vista, se a filosofia pode ser vista como história da filosofia, então essa filosofia que te agrada hoje, como por exemplo a empirista que descarta a metafísica, só pôde existir por toda a filosofia anterior. Veja, alguém precisou um dia pensar sobre "O que constitui o mundo", algo bem metafísico, como resposta durante muito tempo surgiu o dualismo, o mundo seria composto de duas essências a matéria (res extensa) e alma ou mente (res cogitans). Bem, outras pessoas, ainda sobre influencia de uma busca metafísica não enxergaram ai a verdade e propuseram seu oposto, o mundo seria monista, tudo o que é matéria, logo esta está condicionada às leis da fisica e podem ser estudadas e manipuladas... Chegamos ao cientificismo que você gosta e que em ultima analise surge de um pensamento metafísico que a principia ACREDITA que tudo é matéria e que esta obedece leis, para só depois irmos para sua comprovação...
Então, não há como existir NADA, nem filosofia, nem ciência, nem história, nada se descartarmos TUDO o que não não pareça empírico a priori. Um cientista, um físico teórico, enfim, todos os pensadores passam necessariamente por um período intuitivo (intuição é assunto metafísico), onde lhes surge uma ideia sem qualquer comprovação, um simples palpite, que poderíamos dizer que é uma ideia da ordem da metafisica, e esta vai ser depois comprovada ou não. Então mesmo para se aplicar esse método empírico que tanto gosta, passamos por processos que poderiam ser tidos como metafísicos e que são completamente necessários para a construção de uma certeza.
Sei lá, como exemplo, pense na descoberta da estrutura do DNA, que rendeu o prêmio nobel para Francis Crick, que a imaginou sob efeito de lsd, ou seja, ele viajou, pensou em algo totalmente intuitivo que foge de qualquer explicação empírica a priori e só depois isso pode ser tomado como objeto de estudo e comprovado empiricamente. Nestes processos muita coisa, muitas dessas ideias e palpites não se comprovam, mas já me parece mostrar que o mundo não pode seguir procurando apenas discussão pela ótica cientificista-empírica a priori. Primeiro agente pensa, cogita, faz metafisica num certo sentido, para depois sim aplicar esses modelos empírico-científicos sobre essas ideias...
Então reforço, para discutir a liberdade, mesmo que seja pela ótica das coisas práticas, a própria ideia de liberdade deve ser pensada antes, então matamos qualquer possibilidade de criação de coisas novas... Se todo cientista estive preso a esse pensamento com tanto medo daquilo que parece mera cogitação e mero conceito, nada novo teria sido produzido.