Mas talvez mais importante, e unificando a justificativa para cotas sociais e/ou raciais, a noção de que é mais fácil para pessoas numa situação mais confortável conseguirem um desempenho X nos exames de admissão, enquanto que requer mais esforço para conseguir o mesmo desempenho se a situação financeira é mais complicada.
Não é tão simples. Os que tentam o curso de medicina numa federal, por exemplo, fazem um esforço muito grande pra passar no vestibular, ficam 3 anos ou mais fazendo cursinho, mesmo que tenham boa condição financeira e possam ficar estudando o dia inteiro é difícil conseguir um desempenho que garanta o ingresso no curso. Você que criar mais dificuldade para essas pessoas que ficam nesse calvário todo ano até finalmente passar.
Eu sou horrível em matemática e física, um menino que sentava do meu lado resolvia todas as questões de sala em 10 minutos, e era o maior playboy do universo. E o Unknown, o Price, o Partiti, (...) a lista é longa, também são bons nessas matérias. Você acha que é a questão financeira que fez isso?
Sempre vai ser mais fácil pra alguém, não tem como eliminar essas diferenças. A única vantagem que os "ricos" tem é o acesso a uma melhor educação básica, e é aí que deve ser resolvido o problema. Melhorar o ensino público, aumentar a carga horária, tirar os professores ruins pra sociedade querer aumentar o salário deles, e fazer as escolas cumprirem o currículo do que deve ser ensinado (eles sempre ensinam a metade).
E a parte de tirar os professores ruins é crucial, existe (em escolas públicas) professores que agem igual a Edna Krabappel dos Simpsons. Sabe qual é o resultado desse comportamento? Os alunos não vão respeitar os outros professores. Infelizmente é mais fácil lembrar das coisas ruins do que das boas, então os bons professores
pagam o pato.
A atitude que esses maus professores possuem, de que
"não adianta ensinar, vocês não vão conseguir aprender, o governo não liga para a educação e vocês vão sair do ensino médio sem aprender nada"; produz o
feedback que todos conhecem, os alunos não estudam, os pais (que provavelmente tiveram uma Edna Krabappel durante sua vida escolar) não se importam, os bons professores se desinteressam, e assim caminha o ensino público.
Não estou dizendo que só isso vai resolver, mas já é um grande passo.