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Você é um Travesti? Você se traveste de homem e de mulher de acordo com o que é ser homem e mulher para ESTA sociedade, ou não, e se houvesse nascido uma criança selvagens ainda agiria exatamente como seu gênero age nesta sociedade?

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Autor Tópico: Você é um Travesti??  (Lida 15305 vezes)

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Offline AleYsatis

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #101 Online: 02 de Janeiro de 2013, 20:58:16 »
O travesti é a construção social de se vestir como a construção social modal do sexo oposto.
Quem disse isso? O dicionário? Você esquece que a língua é viva, o que chamamos de travesti, essa palavra e seu conteúdo também é uma invenção, não corresponde a nenhuma verdade eterna e não precisa ser imutável. Então, travesti para mim é qualquer pessoa que se veste de alguma forma social que o transforma do animal que seria na natureza num ser que obedece a categorias estéticas pré-definidas por uma cultura...

PS: Como você me prova que está correto e eu errado?

Ok, atualmente e localmente (ainda que quase em escala mundial, e diria que bem próximo de atemporal, ainda que não sugiro que como "verdade física imutável") "travesti" é quem se veste com roupas típicas usadas pelo outro sexo.

PS.: o mesmo vale para todas as palavras usadas na frase, e praticamente todas as outras. Nenhuma palavra é "lei natural".
Ótimo ai começamos a nos entender. Se é mero contrato social estabelecido e reforçado pelo costume, precisamos começar a pensar a que serve isso... Se tem uma utilidade fundamental vamos manter, senão se não passa de opressão calcificada podemos lutara para mudar e desconstruir sem medo, já que não estamos falando de uma verdade. Então, se tudo é assim, temos que começar e pegar essa palavras e esses conceitos do senso comum e pensar uma a um para descobrir a serviço do que esta imposição está hoje, e o que está causando na sociedade. Se é mera amarra desnecessária, mera diferenciação por diferenciação, é desnecessária é quanto menos amarras destas mais liberdade, então vamos trabalhar para subverter esses conceitos velhos... Ou então me diga e me prove qual a utilidade hoje de que essas construção de gênero permaneçam exatamente como estão, enquanto você não fizer isso me sinto autorizado a lutar pela desconstrução dessas amarras já que ninguém me mostrou sua utilidade e já concordamos que são apenas conceitos inventados...
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Offline Gigaview

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #102 Online: 02 de Janeiro de 2013, 21:00:32 »
Homens nudistas poderiam provocar ginecomastia para imitar a Madonna.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #103 Online: 02 de Janeiro de 2013, 21:25:08 »
Ótimo ai começamos a nos entender. Se é mero contrato social estabelecido e reforçado pelo costume, precisamos começar a pensar a que serve isso... Se tem uma utilidade fundamental vamos manter, senão se não passa de opressão calcificada podemos lutara para mudar e desconstruir sem medo, já que não estamos falando de uma verdade. Então, se tudo é assim, temos que começar e pegar essa palavras e esses conceitos do senso comum e pensar uma a um para descobrir a serviço do que esta imposição está hoje, e o que está causando na sociedade. Se é mera amarra desnecessária, mera diferenciação por diferenciação, é desnecessária é quanto menos amarras destas mais liberdade, então vamos trabalhar para subverter esses conceitos velhos... Ou então me diga e me prove qual a utilidade hoje de que essas construção de gênero permaneçam exatamente como estão, enquanto você não fizer isso me sinto autorizado a lutar pela desconstrução dessas amarras já que ninguém me mostrou sua utilidade e já concordamos que são apenas conceitos inventados...

Não acho que "serve" para muita coisa, mas também não provoca problema algum, é só algo "natural", não no sentido de ser "biológico", mas de que "aconteceu" de forma mais ou menos espontânea e ficou assim.

Homens geralmente estão satisfeitos com as suas roupas típicas, não comumente se vendo com necessidade/vontade de usar alguma roupa feminina, mas sob pressão para não fazê-lo. Com mulheres é essencialmente o mesmo, até um pouco mais ameno nesse aspecto porque há uma boa quantidade de roupas "femininas" que não diferem em muito ou em nada das "masculinas". Na verdade se preocupam mais em como se vestir para não serem julgadas negativamente em várias situações, e geralmente não ocorre de serem julgamentos que seriam evitados se elas "pudessem" usar roupas mais masculinas, ao mesmo tempo em que se vêem forçadas a usar femininas. O mais comum é se ver a reclamação oposta, que elas gostariam de poder se vestir mais femininamente sem serem julgadas negativamente por isso. Isso é algo mais sério do que o "problema" de haver convenções em geral na minha opinião.

"Problema" esse que não só é falso para a população em geral, como para os travestis propriamente ditos, que simplesmente não poderiam "existir" se não houvesse convenções de roupas de gênero. Se todo mundo fosse hipster, ser hipster seria mainstream. Um cara pode até ser mal visto se sair por aí de bailarina-clássica--dominatrix, mas faz isso assim mesmo, muito provavelmente exatamente pela "atenção" que só consegue por ser atípico.

Offline AleYsatis

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #104 Online: 02 de Janeiro de 2013, 21:37:47 »
Descobri por que não nos entendemos em nenhum tópico sobre a questão de gênero, vocês tomam o que falo só pela questão estética, que é na verdade a menor das questões. Gênero não é só a estética de cada gênero, o gênero define características e possibilidades de atuação e de colocação dentro de uma sociedade, esse é o problema. A roupa é o de menos. Quando trago assuntos e questões que lidam com a desconstrução desse aspecto estético é só para ter por onde começar a atacar o senso comum dos gêneros, então vamos atacando e mostrando as arbitrariedades pelas coisas mais bestas e arbitrárias que são as formas de se vestir estabelecidas... Agora, o importante não nem de longe ai. O importante já começa em querer saber PARA que DIFERENCIAR? Se você diferencia os seres humanos catalogando-os em grupos algo já está errado... Nunca esses dois grupos serão iguais, porque a partir do momento que são definitivamente iguais em tudo, já não se diferenciam mais e enquanto os vemos como deferentes é porque não são iguais, é a lógica. Diferenciar é simplesmente restringir a liberdade de expressão das pessoas no mundo, não só te obrigando a ficar neste ou naquele polo do espectro mas impossibilitando que pessoas saiam fora dele, não sejam nem uma coisa (homem) nem outra (mulher), e isso muda todas as possibilidades de ação de uma pessoa no mundo. Não adianta, hoje se você é mulher sofrerá muito mais para ter o mesmo direito a transar como os homens, você já é colocada num lugar de "menor libido" e se transcende isso terá que carregar os estigmas sociais de puta e o caramba. Ou se um homem for frágil, meigo, delicado, ele prontamente sofrerá por isso mais do que os outros homens, terá que ser colocado numa categoria sexual do homossexual mesmo que não seja, é assim que o tomarão...
 
Agora, porque manter isso se no fundo todo mundo sabe que existem mulheres que gostam de transar tanto ou mais que alguns homens e no fundo sabemos que isso não define seu caráter? Para que manter essa imposição de que homem é forte, rude e tal, se todos sabemos na prática que nem todo homem é assim, e isso nem tem nada a ver com sua orientação sexual? Alias, porque manter essa ideia de que se de um gênero necessariamente, ou normalmente, você precisa gostar do gênero oposto, se sabemos que nem todo mundo é assim? Então lutar para manter ou justificar essas construções arbitrárias que no fundo sabemos que é arbitrária é tudo uma grande hipocrisia...

Enfim, quando um filho seu nasce, sendo homem, ou mulher, você determina completamente a existência desse ser, colocando num lugar que o empurrará necessariamente para determinidades escolhas de como agir, se vestir, falar, no trabalhar, o que desejar, do que gostar ou desgostar, tudo isso que para o que ele quiser ir contra terá muito mais sofrimento embutido... Enfim, essas construção como imposição são completamente desnecessárias e cruéis...
« Última modificação: 02 de Janeiro de 2013, 21:42:54 por AleYsatis »
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #105 Online: 02 de Janeiro de 2013, 21:51:23 »
Agora você já está falando de outra coisa.

Eu acho, e acho que muitos aqui também acham, que não se deve educar os filhos com coisas como, "filho, você nunca deve ser um professor de jardim da infância, está me entendendo? Nunca!", "filha, se algum dia você se tornar uma caminhoneira, terá morrido para mim".

Mas isso não implica que se deva privá-los de consciência de gênero, tentar criá-los de forma forçadamente neutra. Mais do que qualquer benefício, isso provavelmente só traria problemas de ajuste social mais tarde (ou mesmo durante a tentativa).

Offline AleYsatis

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #106 Online: 02 de Janeiro de 2013, 21:57:05 »
Meu filho(a) vou vestir de maneira completamente andrógina, vai brincar do que quiser, vai ganhar bonecas e armas, vai fazer alguma luta e vai dançar balé, enfim, o que ela(e) quiser... Sem forçar obviamente, ela(e) vai fazendo o que quiser daquilo que vou oferendo para ele(a), até que decida, ou não decida também, se quer ou não quer ser alguma coisa disso que foi pré-definido por alguns...

PS: A questão sexual também, desde sempre vou deixar bem claro que pode namorar menino, menina, pode não querer namorar, pode querer namorar ambos... Vai poder levar namorado (a) (s) para dormir em casa quando tiver na adolescência...  "Filho(a), tem alguma amiguinha ou amiguinho que você acha bonitinho na sua sala tem?" Não sei qual problema acarretaria, não vejo qual a diferença de uma educação que direcione para algo certo...
« Última modificação: 02 de Janeiro de 2013, 22:02:54 por AleYsatis »
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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #107 Online: 02 de Janeiro de 2013, 23:27:24 »
Não sei qual problema acarretaria, não vejo qual a diferença de uma educação que direcione para algo certo...

Medo que o filho sofra preconceito, basicamente. Aparentemente é algo valido a se pensar, será que vale a pena expor essa criança a um desgaste desnecessário?
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #108 Online: 02 de Janeiro de 2013, 23:32:34 »
A criança fica dividida entre se ajustar à sociedade e satisfazer à ideologia dos pais.

É diferente incentivar ou forçar, de aceitar, se já houver interesse manifesto espontaneamente nisso. O que ainda que não deva ser repreendido de qualquer forma severa, possivelmente é benéfico se desencorajar, ou orientar discrição, falando sobre os problemas que pode ter.

Offline AleYsatis

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #109 Online: 02 de Janeiro de 2013, 23:46:18 »
Não sei qual problema acarretaria, não vejo qual a diferença de uma educação que direcione para algo certo...

Medo que o filho sofra preconceito, basicamente. Aparentemente é algo valido a se pensar, será que vale a pena expor essa criança a um desgaste desnecessário?
Eu não me pauto pelo medo... E sofri preconceito minha vida toda e nunca morri, alias seu filho vai sofrer também sendo ajustadinho ou não. Gordinho sofre preconceito, negro sofre, orelhudo sofre, narigudo também... Enfim... Não vejo porque motivo deveria aceitar restringir a liberdade do meu filho(a) determinando as coisas por ele só para que supostamente ele sofresse menos. Sem contar que eu vou oferecer tudo, mas isso não quer dizer que ele(a) vai permanecer assim... Eu não fazer imposição não significa que a sociedade não vaio fazendo e ele possa passar a querer se normatizar, sem problemas...

Agora, para falar a verdade, é obvio que não serei tão extremista doido como pinto aqui. Se tiver um menino, por exemplo, não vou vesti-lo necessariamente de menina. Eu coloco os termos aqui para trazer e discussão e fazer pensar. Porque quando um pai segue toda a imposição social isso não nos parece tão agressivo e autoritário quanto se um pai fizer o que disse que faria? Aposto que muitos que lerem isso que falei vão pensar, "que absurdo, cara loco, vai deixar a criança doente..." Mas ninguém percebe que todo mundo está agindo com o mesmo grau de autoritarismo e de agressão quando decide encaixar o seu filho no padrão normativo da sociedade.

Veja, se o argumento de um provável sofrimento for levado a sério, então você tem que pensar que criando o seu filho exatamente como a sociedade determina você pode estar fazendo ele sofrer muito se por acaso ele for um transexual, e ai? Eu fui criado nos moldes mais senso comum e padrão da sociedade, numa família evangélica nem conservadora de mais que me colocou para fora quando soube que era gay, nem liberal que achou super legal, e eu ainda sofri um monte por questões psicológicas ligadas a essas questões, e ai?

Bola de cristal ninguém tem... Então não me parece um bom argumento.

Só mais uma coisa que acho que vocês não entenderam, aceitar intelectualmente uma visão de mundo, um problema, não quer dizer que preciso viver necessariamente da mesma forma e no mesmo nível do meu discurso. Veja, se algum de vocês entender o que falo e aceitar que essas questões são padrões sociais opressores, normativos, desnecessários, não implica que amanhã tenha que sair travestido de mulher na rua... Nós todos, inclusive eu, jé estamos inscritos nessa sociedade como esta dada, já desenvolvemos nossa identidade, tendo sidos mais ou menos coagidos em nossas escolhas, mas agora já estamos determinados... Então eu não preciso para defender esses pontos de vista a nível de discurso, viver necessariamente assim, todo desconstruindo ou forçar meu filho a fazê-lo... O que não significa que eu tenha que viver endossando, mas tenho que com discursos e questionamentos ir tentando mudar a percepção do maior numero de pessoas possíveis para que QUEM SABE, um dia essas imposições vão se tornando cada vez mais tênues e possamos ir alcançando cada vez mais liberdade de expressão num mundo cada vez mais polifônico e diversificado... 
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #110 Online: 02 de Janeiro de 2013, 23:53:45 »
Matéria relacionada, uma pré-escola que trata os alunos de forma 100% "unissex":

Citar
[...] Jay Belsky, a child psychologist at the University of California, Davis, said he's not aware of any other school like Egalia, and he questioned whether it was the right way to go.

"The kind of things that boys like to do – run around and turn sticks into swords – will soon be disapproved of," he said. "So gender neutrality at its worst is emasculating maleness."

Egalia is unusual even for Sweden. Staff try to shed masculine and feminine references from their speech, including the pronouns him or her – "han" or "hon" in Swedish. Instead, they've have adopted the genderless "hen," a word that doesn't exist in Swedish but is used in some feminist and gay circles.

"We use the word "Hen" for example when a doctor, police, electrician or plumber or such is coming to the kindergarten," Rajalin says. "We don't know if it's a he or a she so we just say 'Hen is coming around 2 p.m.' Then the children can imagine both a man or a woman. This widens their view."

Egalia doesn't deny the biological differences between boys and girls – the dolls the children play with are anatomically correct.

What matters is that children understand that their biological differences "don't mean boys and girls have different interests and abilities," Rajalin says. "This is about democracy. About human equality." [...]

http://www.huffingtonpost.com/2011/06/26/gender-bias-egalia-preschool_n_884866.html


Tópico relacionado:

Educação sexualmente igualitária para as crianças

Offline AleYsatis

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #111 Online: 03 de Janeiro de 2013, 00:31:43 »
 :biglol:

Deixa eu ver se consigo deixar claro o que penso. A ideia de existir essa escola, seu conceito e sua utilidade me fazem achá-la uma iniciativa muito boa, mas eu não matricularia meu filho nela, por achá-la ineficaz. Ela anula a diferença, e isso não é legal e é tão opressor quanto o que temos. Mas é uma alternativa, traz a questão a baila e faz muita gente pensar, então por esse lado eu acho interessante.

Quando eu tiver um filho(a), e quero ter mesmo, quero que ele seja, se minha educação funcionar, o mais crítico e consciente possível. Numa educação como a dessa escola ao invés de as crianças estarem "ganhando" algo, elas estão perdendo, não estão ensinando para elas que as existem diferenças SOCIAIS entre homens e mulheres, para além dos muros da escola e que se isso é ruim precisa ser desconstruído, mas que para desconstruir elas precisam saber que isso existe. Ou seja, quando caírem no mundo, estarão num mundo que não conhecem porque para tentar fazê-los iguais a escola suprimiu deles as informações de que nossa sociedade não está pensando como eles... Para o meu filho eu gostaria que ficasse bem claro, olha nós como sociedade diferenciamos sim homens e mulheres, o que para mim não é bom, mas você está nesse jogo e tem que se tornar o mais consciente dele possível, não fingir que somos iguais e não olhar para o mundo. Deixaria bem claro pra ele que tendo nascido num ou noutro sexo ele já foi condicionado por isso, mesmo que queira trocar de sexo, toda a sua vida e escolhas girará e será afetada por isso que a sociedade determina. Só que tentar fazer dele o mais consciente possível para saber que isso é mera construção social, de que nem ele, nem ninguém vai escapar, mas que pode e deve ser contestado o mais que puder para tentarmos fazer uma sociedade diferente nestes assuntos no futuro.

Então, como um ideal de minha criação para meu filho, é que ele escolhendo ser o que quiser, e ele vai acabar escolhendo, que sempre saiba que ele não teve escolha total, que aquilo que ele escolheu não passa de mera determinação social, e que logo, no fundo todo mundo é igual... Nesta sociedade como esta dada ele vai ter que escolher ser algo, homem, mulher, travesti, mas será algo, será sempre encaixado em algum grupo e vai pagar o pato destas "escolhas". É simples assim, só queria que ele soubesse que o que ele é não precisava ser, que ele não foi livre de tudo para escolher e que o que somos é algo daquilo que uma determinada cultura e sociedade nos permitiu ser neste tempo em que nós vivemos de acordo com as categorias que esta sociedade inventou, logo todo mundo é igual e merece os mesmo respeito, tratamento e oportunidades, enfim, só quero um filho consciente...
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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #112 Online: 03 de Janeiro de 2013, 08:47:15 »
Não sei qual problema acarretaria, não vejo qual a diferença de uma educação que direcione para algo certo...

Medo que o filho sofra preconceito, basicamente. Aparentemente é algo valido a se pensar, será que vale a pena expor essa criança a um desgaste desnecessário?
Eu não me pauto pelo medo... E sofri preconceito minha vida toda e nunca morri, alias seu filho vai sofrer também sendo ajustadinho ou não. Gordinho sofre preconceito, negro sofre, orelhudo sofre, narigudo também... Enfim... Não vejo porque motivo deveria aceitar restringir a liberdade do meu filho(a) determinando as coisas por ele só para que supostamente ele sofresse menos. Sem contar que eu vou oferecer tudo, mas isso não quer dizer que ele(a) vai permanecer assim... Eu não fazer imposição não significa que a sociedade não vaio fazendo e ele possa passar a querer se normatizar, sem problemas...

Agora, para falar a verdade, é obvio que não serei tão extremista doido como pinto aqui. Se tiver um menino, por exemplo, não vou vesti-lo necessariamente de menina. Eu coloco os termos aqui para trazer e discussão e fazer pensar. Porque quando um pai segue toda a imposição social isso não nos parece tão agressivo e autoritário quanto se um pai fizer o que disse que faria? Aposto que muitos que lerem isso que falei vão pensar, "que absurdo, cara loco, vai deixar a criança doente..." Mas ninguém percebe que todo mundo está agindo com o mesmo grau de autoritarismo e de agressão quando decide encaixar o seu filho no padrão normativo da sociedade.

Veja, se o argumento de um provável sofrimento for levado a sério, então você tem que pensar que criando o seu filho exatamente como a sociedade determina você pode estar fazendo ele sofrer muito se por acaso ele for um transexual, e ai? Eu fui criado nos moldes mais senso comum e padrão da sociedade, numa família evangélica nem conservadora de mais que me colocou para fora quando soube que era gay, nem liberal que achou super legal, e eu ainda sofri um monte por questões psicológicas ligadas a essas questões, e ai?

Você não se pauta pelo medo mas você não é 'todo mundo", a sociedade teme a hostilidade que esta mesma produz e cria diversos padrões para evitá-la, quem não quer ou não pode seguir o padrão tende a ser excluído. Se você analizar a minha frase vai perceber um "descnecessário", isso quer dizer que os pais sempre devem estar cientes de que os seus filhos sofrerão preconceitos em sua vida, ainda mais quando seus filhos saem do padrão social, o que os fará ser objeto de escárnio dos seus próximos com muito mais frequência do que alguém que se enquadra melhor nestes padrões.

Educação parental não é autoritarismo nem agressão, isso é exagero, os pais vão educar os filhos do melhor modo que puderem de acordo com o que acharem pertinente considerando a atualidade social, o meio em que estão dispostos e sua própria experiência de vida. Considerar a atitude X como autoritária ou agressora só faz sentido com um ponto de vista empregado, o que tente a interpretar erroneamente cada caso.

Iniciar a criação do filho na heteronormatividade não obriga que toda a criação seja feita deste modo, se o filho falar aos pais que não é hetero os pais podem simplesmente mudar sua abordagem na educação.
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Offline JohnnyRivers

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #113 Online: 03 de Janeiro de 2013, 09:08:33 »
[...]
Iniciar a criação do filho na heteronormatividade não obriga que toda a criação seja feita deste modo, se o filho falar aos pais que não é hetero os pais podem simplesmente mudar sua abordagem na educação.

E diga-se de passagem: todo filho é hétero até que ele mesmo diga que não é quando for capaz de fazer isto.
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Offline Gigaview

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #114 Online: 03 de Janeiro de 2013, 10:56:13 »
Aqui uma boa idéia para quem quer aparecer e dar um showzinho. Pode até sair por baixo de uma mini-saia.

http://colunas.globorural.globo.com/planetabicho/2013/01/03/japones-cria-rabo-para-humanos-conectado-ao-coracao-o-objeto-abana-quando-a-pessoa-esta-feliz/
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Offline Lucks

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #115 Online: 03 de Janeiro de 2013, 11:33:14 »
[...]
Iniciar a criação do filho na heteronormatividade não obriga que toda a criação seja feita deste modo, se o filho falar aos pais que não é hetero os pais podem simplesmente mudar sua abordagem na educação.
E diga-se de passagem: todo filho é hétero até que ele mesmo diga que não é quando for capaz de fazer isto.
Eu acredito que a educação deve direcionar a criança para o padrão...uma educação igualitária me parece ser capaz de criar mais dúvidas do que facilitar as coisas para elas.
A criança precisa ser tratada como hétero até que se manifeste no sentido oposto...(geralmente nesse ponto já está deixando de ser criança).
Os pais não deveriam decidir a opção sexual das crianças, portanto, o natural seria direcionar inicialmente no sentido mais natural/comum.
:)

Offline Osler

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #116 Online: 03 de Janeiro de 2013, 11:36:04 »
Marquei não, por coerência
Travesti é um consturto social, as palavras são construtos mentais.  Escolher uma opção é uma ilusão criada para oprimir, quando vocês entenderem o objetivo de ter de fazer uma escolha vão conseguir me entender.
Além disso o Não significa negativa apenas como imposição dessa sociedade patriarcal repressora, na verdade (que diga-se de passagem naõ existe) ao clicar no Não quis dizer sim, que na verdade é outro construto opressor.. etc. etc. etc.
“Como as massas são inconstantes, presas de desejos rebeldes, apaixonadas e sem temor pelas conseqüências, é preciso incutir-lhes medo para que se mantenham em ordem. Por isso, os antigos fizeram muito bem ao inventar os deuses e a crença no castigo depois da morte”. – Políbio


Offline Price

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #118 Online: 03 de Janeiro de 2013, 15:23:43 »
Afirmar que ele oprime a sociedade é claramente um ato opressor.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline JohnnyRivers

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #119 Online: 03 de Janeiro de 2013, 15:33:14 »
Sugerir que é opressão o fato dele afirmar que o Osler está querendo oprimir a sociedade tende a ser uma visão conservadora patriarcal opressora.
"Que homem é um homem que não torna o mundo melhor?"

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Offline Price

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #120 Online: 03 de Janeiro de 2013, 15:50:52 »
Respirar é oprimir a atmosfera com a emissão gás carbônico.
Se você aceitar algumas colocações minhas...
A única e verdadeira razão de eu fazer este comentário em resposta é deixar absolutamente claro que NÃO ACEITO "colocações" suas nem de quem quer que seja.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #121 Online: 03 de Janeiro de 2013, 16:09:44 »
Esse ponto de vista é científico-europeu (BRANCO) e portanto racista com todas as demais culturas para quais nem existe a construção cultural do CO2.

Offline AlienígenA

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #122 Online: 03 de Janeiro de 2013, 16:13:55 »
[...]
Iniciar a criação do filho na heteronormatividade não obriga que toda a criação seja feita deste modo, se o filho falar aos pais que não é hetero os pais podem simplesmente mudar sua abordagem na educação.
E diga-se de passagem: todo filho é hétero até que ele mesmo diga que não é quando for capaz de fazer isto.
Eu acredito que a educação deve direcionar a criança para o padrão...uma educação igualitária me parece ser capaz de criar mais dúvidas do que facilitar as coisas para elas.
A criança precisa ser tratada como hétero até que se manifeste no sentido oposto...(geralmente nesse ponto já está deixando de ser criança).
Os pais não deveriam decidir a opção sexual das crianças, portanto, o natural seria direcionar inicialmente no sentido mais natural/comum.

O problema é que o padrão não é muito bem definido na infância. Meninos e meninas costmam gostar dos mesmos brinquedos e brincadeiras, antes que essa separação fique clara ou seja estabelecida. Neste ponto é que talvez ocorram dúvidas. É normal que meninos e meninas tenham alguns gostos trocados de acordo com padrão, isso pode ser até benéfico em pequeno grau ou deve ser desincentivado?

Offline AleYsatis

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #123 Online: 03 de Janeiro de 2013, 16:45:25 »
[...]
Iniciar a criação do filho na heteronormatividade não obriga que toda a criação seja feita deste modo, se o filho falar aos pais que não é hetero os pais podem simplesmente mudar sua abordagem na educação.
E diga-se de passagem: todo filho é hétero até que ele mesmo diga que não é quando for capaz de fazer isto.
A: Eu acredito que a educação deve direcionar a criança para o padrão...
B: A criança precisa ser tratada como hétero até que se manifeste no sentido oposto...
C: Os pais não deveriam decidir a opção sexual das crianças
Contradição detectada... Ou eles devem direcionar, ou não, na verdade tratar como hétero, ou como homo, é direcionar, o que não seria direcionar seria tratar o filho lhe dando todas as possibilidades...
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Offline AleYsatis

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Re:Você é um Travesti??
« Resposta #124 Online: 03 de Janeiro de 2013, 16:51:44 »
Pergunta sincera, e vocês se sentem assim completamente confortáveis em saber que estão apenas seguindo um padrão, que no fundo não importa se tem lógica, se é bom ou não para todos, mas como todo mundo é assim, que legal serei também sem qualquer questionamento?? ASSUSTADOR  :susto: Eu não conseguiria, para mim só faltava o rabinho ali que postaram pra me sentir uma ovelhinha completa...

Acho que falta para vocês, como já disse, separar um pouco o nível intelectual de uma questão do nível mais prático. Falta perceber que tentar entender como se dão as construções sociais, como elas funcionam e para que elas estão servindo não necessariamente equivale em viver isso na prática... Vocês poderiam pensar essas questões e ainda assim, na vida, no dia a dia, ser exatamente como são, ensinar o filho dentro de todos os padrões e tal. Mas apenas exercitando um pouco de crítica em cima disso que fazemos simplesmente porque todo mundo faz, ainda que mesmo criticando decida-se continuar seguindo esses padrões...
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