Discordo, Juca. Você está postulando que para o pensamento científico é preciso ser materialista, quando há visões espiritualistas que não impedem o entendimento e aceitação das explicações científicas e exemplos disso. O próprio cristianismo quando visto alegorica e não literalmente é um caso. Mas, novamente, não sei se é o caso do colega.
Materialismo/espirualismo, não querem dizer nada para o pensamento científico, e não coloquei as coisas nesses termos alegóricos.
Qualquer religioso pode aceitar o pensamento científico, mesmo porque mais dia menos dia isso se torna inevitável, dado que a religiosidade, as crendices, as superstições ou como você quer chamá-los, a espiritualidade, não passam de fantasias mágicas com explicações sobrenaturais sobre as convenções do dogmatismo religioso, como a salvação ou a criação, que são os dois fundamentais para o cristianismo, sejam eles cristãos de carteirinha ou adaptados ao mundo moderno.
A desonestidade intelecutal ocorre quando são aceitas crenças que contradizem as explicações científicas, como milagres, por exemplo, no sentido de eventos que violem as leis da física, mas não, por exemplo, no sentido de eventos extremamente raros.
Quando alguém diz que deus criou o Universo, é preciso que demonstre como. Não basta dizer que se existe ordem/desordem, matemática/cosmos é porque ele existe. Isso é propriedade do pensamento mágico, onde se aceita os fatos e as teses científicas e tenta preencher as lacunas como os dogmas aprendidos quando criança. Se a pessoa se diz profundamente científica e não entende o que é o método científico, ao mesmo tempo que desfere as tão manjadas e batidas falácias religiosas, é porque ele está num intenso frenesi de masturbação intelectual a fim de encaixar em algum lugar seu pensamento mágico e dogmático. Qualquer fresta ele coloca seu deus, sua criação e sua salvação. Mesmo que diante do contraditório e do incoerente.
O JohnnyRivers deu um bom exemplo. Por Newton, podemos dizer que é possível ser profundamente religioso e científico, sem que uma coisa impeça a outra. Sua profunda religiosidade não impediu a honestidade na conclusão de suas observações. E temos outros.
Duplipensar, talvez, o que ocorre quando são aceitas tanto as crenças quanto as explicações que as contradizem, só deus sabe como.
A religiosidade/espiritualidade é algo tão particular que não se deve generalizar.
Como já foi dito, evocar Newton é só mais uma falácia. Newton não viveu numa época onde já se podia explicar como a vida, a terra, as estrelas, o universo surgiram de modo científico e falseável. O pensamento mágico era uma saída razoável, embora não única, para essas questões, e ainda lhe dava o bônus da salvação.
E também dizer que a espiritualidade é algo particular, soa como quando um crente diz que só quem tem fé pode sentir deus, ou um espírita diz que só quem tem a mediunidade por ver os espíritos, tentado se eximir de provar o que diz. Não, se você afirma, você prova. A espiritualidade é passível das mesmas críticas que qualquer pensamento mágico e religioso o são, quando é inserida nesse contexto.