Quanto ao uso de pedras e não de algum material tecnologicamente avançado, não sei dizer o porquê. Já ouvi dizer que as pedras eram fabricadas (geopolímeros), o que por si só já é algo fascinante.
Você "ouviu dizer"? Que pitoresco!
Foi de algum especialista (geólogo)? Se a resposta for "sim", peça para ele apresentar o artigo para que eu possa analisa-lo.
E, apenas por curiosidade, como você distingue uma rocha de um "geopolímero" (sic)?
Geopolímeros
Caro Metatron
Chegastes a ler e entender os dois
links que postastes em relação a este segmento do assunto que estamos discutindo, qual seja, a composição mineralógica e petrológica dos blocos das pirâmides egípcias?
Parece que não!
Então tentarei lhe esclarecer, explicando de forma didática.
Das fontes realmente científicas que eu apurei, todas mencionam que os blocos são constituídos de granitos e variantes mineralogicamente similares, ou seja, apresentam cristais bem formados e de granulação ao menos média de quartzo, micas (geralmente biotita), feldspatos (principalmente microclina e plagioclásio) e anfibólio (hornblenda); dispostos em uma estrutura principalmente do tipo granoblástica. Visualmente isto pode ser assim apresentado, em escala de fotografia de secção delgada:
http://uploaddeimagens.com.br/imagens/microfotografia_de_granito-jpgMas, segundo você, há "pesquisadores" que afirmam que os blocos das pirâmides são de "geopolímeros". Para suportar a sua crença você forneceu dois
links, sendo que o primeiro (infra)
link foi para mostrar o que são "geopolímeros". Pois muito bem, eis o que a sua fonte afirma sobre "geopolímeros":
O termo geopolímero foi introduzido por Davidovits para representar polimeros de origem mineral resultantes da investigação geoquímica. O processo de geopolímerização envolve uma reacção química que se produz num meio altamente alcalino onde certos minerais como a sílica e a alumina irão reagir criando polimeros com ligações do tipo Si-O-Al-O.
A composição química dos geopolímeros é similar à dos zeólitos embora demonstre possuir uma microestrutura amorfa. Os zeólitos são um conjunto de alumino-silicatos cristalinos hidratados de metais alcalinos. A sua estrutura química é essencialmente constituída por tetraedros de silica e alumina ligados entre eles por iões de oxigénio. Os zeólitos encontram-se na Natureza quando, por exemplo, existe a deposição de cinzas vulcânicas em meio líquido com elevada alcalinade ou quando há inundações de depósitos de cinzas vulcânicas por águas com elevada alcalinidade (água com elevado teor de sódio sob a forma de carbonato ou bicarbonato).
O processo de endurecimento e de ganho de resistência ainda se encontra sob investigação. O mecanismo de geopolímerização consiste na dissolução, transporte ou orientação e policondensação ocorrendo através de uma reacção exotérmica. O material de origem do geopolímero contém um elevado teor de sílica e alumina e é activado por um líquido de elevada alcalinidade.
O produto final é um material polimérico que se encontra num estado amorfo e possui excelentes propriedades em termos de resistência mecânica e durabilidade. A qualidade do geopolímero depende essencialmente da natureza do material de origem. Caso sejam produtos obtidos por calcinação, como por exemplo o metacaulino (caulino calcinado) ou cinzas volantes, o geoplímero possuirá boas características de resistência quando comparados com outro produtos de origem não calcinados, com o caulino. O activador (substância alcalina) pode ser simples ou composto. A diferença reside no facto de se utilizar um activador constituído por uma única substância ou por várias.
De todo o texto quero destacar este trecho, especialmente o excerto em negrito
O termo geopolímero foi introduzido por Davidovits para representar polimeros de origem mineral resultantes da investigação geoquímica. O processo de geopolímerização envolve uma reacção química que se produz num meio altamente alcalino onde certos minerais como a sílica e a alumina irão reagir criando polimeros com ligações do tipo Si-O-Al-O.
A composição química dos geopolímeros é similar à dos zeólitos embora demonstre possuir uma microestrutura amorfa. Os zeólitos são um conjunto de alumino-silicatos cristalinos hidratados de metais alcalinos. A sua estrutura química é essencialmente constituída por tetraedros de silica e alumina ligados entre eles por iões de oxigénio. Os zeólitos encontram-se na Natureza quando, por exemplo, existe a deposição de cinzas vulcânicas em meio líquido com elevada alcalinade ou quando há inundações de depósitos de cinzas vulcânicas por águas com elevada alcalinidade (água com elevado teor de sódio sob a forma de carbonato ou bicarbonato).
[...]
Neste caso, o conjunto seria monominerálico (só um mineral), sob a forma de cristais de granulação muito fina, dispostos em uma estrutura do tipo nematoblástica. Visualmente, o geopolímero supra seria similar a isto, em escala de fotografia de secção delgada:
http://uploaddeimagens.com.br/imagens/zeolita_em_obsidiana-jpgEntão, meu caro Metatron, se os blocos das pirâmides são "geopolímeros" certamente não são semelhantes aos do
link que você postou. E "não", os blocos não são "geopolímeros" porque neles podem ser observadas feições que apenas as rochas e os seus minerais apresentam, tais como maclas, estruturas de crescimento intersticial e de re-solubilizações, entre outras.
Mas, mesmo sem dar suporte para a sua interpretação, o primeiro
link ainda tem respeitabilidade. O mesmo não pode ser dito do segundo, que apresenta, inclusive, "conclusões" que se opõe ao primeiro
link postado por você, especialmente neste trecho:
[...]
A composição das pedras das pirâmides é “bem mais complexa do que aquelas das pedras das pedreiras” de Toura e de Maadi, de onde teriam sido extraídos os elementos da pirâmide de Gizé. As pedras das pirâmides seriam geopolímeros, ressaltou a revista, citando os trabalhos de Gilles Hug, do Escritório Nacional de Estudos e de Pesquisas Aeroespaciais (Onera), e Michel Barsoum, da Universidade de Drexel, na Filadélfia (EUA).
[...]
A composição dos "geopolímeros" do primeiro
link é bem menos complexa em termos de variação da mineralogia, de texturas e de estruturas do que as rochas dos blocos.
“As pedras das pirâmides do Egito podem ter sido fabricadas a partir de pedras sintéticas coladas como asfalto, estimaram cientistas na revista francesa “Science et Vie”.
A composição das pedras das pirâmides é “bem mais complexa do que aquelas das pedras das pedreiras” de Toura e de Maadi, de onde teriam sido extraídos os elementos da pirâmide de Gizé. As pedras das pirâmides seriam geopolímeros, ressaltou a revista, citando os trabalhos de Gilles Hug, do Escritório Nacional de Estudos e de Pesquisas Aeroespaciais (Onera), e Michel Barsoum, da Universidade de Drexel, na Filadélfia (EUA).
Segundo os exames de raios X realizados por esses especialistas, “alguns microconstituintes dessas pedras apresentam traços de uma reação química rápida que não permitiram uma cristalização natural (…), uma reação inexplicável se considerarmos pedras talhadas, mas perfeitamente compreensível se pensarmos que as pedras foram coladas como asfalto”, acrescentou.
Diferentes técnicas de microscópio eletrônico mostraram que “os espectros de difração das pedras das pirâmides diferem nitidamente daqueles das pedras de pedreiras”, continuou a “Science et Vie”.
Para um outro especialista, o químico Joseph Davidovits, que defende há 30 anos a tese do asfalto de geopolímero para a edificação dos túmulos dos faraós, blocos de calcário natural reconstituído teriam sido colados no local.
Eles podem ter sido formados com “entre 93% e 97% de elementos de calcário natural e entre 3% e 7% de material de ligação”, como argila caolinítica, um silicoaluminato que se desagrega na água e ao qual teria sido adicionada cal apagada, explicou a revista.
Um quarto cientista, o físico Guy Dumortier, das Faculdades Universitárias Notre-Dame de la Paix de Namur (Bélgica), também defendeu, na “Science et Vie”, a teoria da pedra aglomerada. De fato, ele detectou um teor bem mais elevado do que o natural de flúor, silício, magnésio e sódio.
“Sem querer desagradar os egiptólogos, a utilização de geopolímero para a construção de pirâmides é mais verossímil”, assegurou. (http://tecnocientista.info/hype.asp?cod=3782)
Por fim, eu procurei pelos artigos mencionados no texto supra (reproduzido na íntegra, por você) e não achei nenhum deles em revistas científicas, que chegasse às conclusões de que seriam "geopolímeros". Você poderia apresentá-los?